Kardecismo e a herdabilidade de comportamentos
Enviado: 02 Nov 2005, 19:04
Dificilmente, na aurora dos espiritualistas positivistas no Século XIX, muitos destes conheciam o legado mendeliano da hereditariedade, que só foi efetivamente divulgado no mainstream científico por volta de 1900.
Apesar disso, o conceito de que comportamentos eram características herdáveis como a fisiologia era bem divulgado ( e na primeira metade do Século XX, por influência dos behaviouristas, aparentemente teve sua importância relegada novamente ). Tanto que este é o período de deterministas genéticos como Sir Francis Galton ( primo de Darwin ).
O ponto crucial é que os pré-mendelianos ( melhor dizendo, os ignorantes da existência da produção de Mendel ) possuíam concepções equivocadas da hereditariedade; a "herança líquida" lamarckiana era uma malha de informação extraordinária que registrava cada estágio do desenvolvimento de um corpo, e fazia com que o filho do ferreiro nascesse mais fortinho. Mendel reduziu a herança à partículas, à corpúsculos delimitados que foram efetivamente modelados há pouco mais de 50 anos.
Mas antes desse paradigma, não vejo como a concepção de um "fluido inteligente" não parecesse uma hipótese interessante e mesmo cientificamente apropriada para explicar o fenômeno empírico da hereditariedade.
E mesmo o fato da herdabilidade muito alta de diversos comportamentos não condizia com as previsões dos deterministas genéticos do Século XX; a influência do DNA para a neurofisiologia e desta para o comportamento do indivíduo é indireta, na forma de predisposições. Fatores ambientais diferentes favorecem, condicionam a expressão de genes diferentes. O DNA não pode ser associado ao "fluido inteligente", a não ser como metáfora.
Faço então a pergunta aos kardecistas; se a herdabilidade de comportamentos está associada de alguma forma com o "espírito", e o mesmo não é um simples "blank state", onde exatamente que a ciência contemporânea estaria errada ao inferir que o fenótipo de um indivíduo é um trabalho conjunto entre genótipo e fatores ambientais?
Qual a necessidade de outra variável?
Apesar disso, o conceito de que comportamentos eram características herdáveis como a fisiologia era bem divulgado ( e na primeira metade do Século XX, por influência dos behaviouristas, aparentemente teve sua importância relegada novamente ). Tanto que este é o período de deterministas genéticos como Sir Francis Galton ( primo de Darwin ).
O ponto crucial é que os pré-mendelianos ( melhor dizendo, os ignorantes da existência da produção de Mendel ) possuíam concepções equivocadas da hereditariedade; a "herança líquida" lamarckiana era uma malha de informação extraordinária que registrava cada estágio do desenvolvimento de um corpo, e fazia com que o filho do ferreiro nascesse mais fortinho. Mendel reduziu a herança à partículas, à corpúsculos delimitados que foram efetivamente modelados há pouco mais de 50 anos.
Mas antes desse paradigma, não vejo como a concepção de um "fluido inteligente" não parecesse uma hipótese interessante e mesmo cientificamente apropriada para explicar o fenômeno empírico da hereditariedade.
E mesmo o fato da herdabilidade muito alta de diversos comportamentos não condizia com as previsões dos deterministas genéticos do Século XX; a influência do DNA para a neurofisiologia e desta para o comportamento do indivíduo é indireta, na forma de predisposições. Fatores ambientais diferentes favorecem, condicionam a expressão de genes diferentes. O DNA não pode ser associado ao "fluido inteligente", a não ser como metáfora.
Faço então a pergunta aos kardecistas; se a herdabilidade de comportamentos está associada de alguma forma com o "espírito", e o mesmo não é um simples "blank state", onde exatamente que a ciência contemporânea estaria errada ao inferir que o fenótipo de um indivíduo é um trabalho conjunto entre genótipo e fatores ambientais?
Qual a necessidade de outra variável?