zumbi filosófico escreveu:Acho que de todos socialistas/canibalizadores de criancinhas, eu sou o que mais concorda com o u.f.k.a. Cabeção
E é por isso que você é meu maconhista/abortista/sodomitófilo/comuno-pedocanibal favorito, depois é claro do saudoso Samael.
zumbi filosófico escreveu:sendo apenas cético quanto a viabilidade de uma situação onde não existe um aparato para definição e manutenção da lei, ou, havendo, que isso pudesse ser significativamente diferente do que se costuma chamar de "estado", numa acepção mais branda do termo onde ele não é necessariamente composto pela escória da humanidade.
Mas é claro que é necessário um aparato de definição e manutenção da lei. [exceto talvez se a avassaladora maioria as pessoas tivessem internalizado uma noção de ética individual que eu julgo muito pouco provável de ocorrer, mas isso é apenas um sentimento que eu tenho por conhecer as pessoas de hoje...]
Os serviços de homegeneização, interpretação, comunicação e aplicação da lei continuariam existindo, eles apenas deixariam de ser impostos. Simplesmente porque a franca maioria dos indivíduos, ainda que não tenha internalizado uma ética super-clara, são capazes de reconhecer que é melhor viver com leis do que sem leis, e que é do interesse dela portanto contratá-los. E empresas interessadas em vendê-los poderiam fazer num regime de concorrência e colaboração, como ocorrem entre diversas empresas hoje no mercado atuando no mesmo ramo ou em ramos complementares.
Aliás, o comércio de regulamentos e dos mecanismos de manutenção de ordem não é algo surreal que eu ou algum barbudo com tempo disponível na internet inventou, é uma atividade francamente estabelecida, e isso já vem de muito tempo.
Se você consegue detectar a diferença nada sutil entre o síndico do seu prédio e o governador do estado, entre o segurança da garagem e o policial fardado, entre uma lista negra de devedores tipo SPC e um mandato judicial de expropriação, você entende o que eu estou falando.
zumbi filosófico escreveu:Não digo que as pessoas iriam tirar facas das bainhas e pular em cima das outras em qualquer conflito de interesses. Mesmo que as resoluções forem se procedendo de forma civilizada na maior parte do tempo, o que se terá como resultado não será algo fundamentalmente diferente do que se tem hoje. Gente estabelecendo regras, gente impondo essas regras, uns concordando com elas, outros as considerando injustas.
Também nunca neguei essa afirmação.
Não estou defendendo nada fundamentalmente diferente, estou apenas chamando atenção para o elefante que está na sala. Na verdade, elefante não, leviatã.
Eu já afirmei que hierarquias são coisas naturais e que a maioria das pessoas simplesmente segue líderes sem pensar muito por si mesmas. Não sou contra isso, até porque faria tanto sentido quanto ser contra as pintas de uma onça, ou contra os anéis de Saturno. As pessoas são assim. A hierarquia dentro de uma empresa e de um grupo de amigos não é violentamente imposta, ela emerge também, dos talentos e do carisma, ou mesmo de outras qualidades e posses dos indivíduos. Certas empresas funcionam de acordo com um regime hierárquico rígido, outras funcionam segundo regras mais horizontais.
Mas é verdade que as pessoas confundem lideranças naturais com uma suposta necessidade da tirania e da imposição violenta de uma coisa chamada Estado, uma entidade encarregada de descobrir e fazer valer a lei custe o que custar, e planejar o futuro de todos os membros da grande-sociedade. A crença estatal é estabelecida sobre fundamentos de animação do coletivo, de entidades misteriosas supra-individuais, que teriam vontades e necessidades próprias. Essa tendência a seguir lideranças naturais no passado tribal fazia sentido, dentro de comunidades pequenas de poucos indivíduos, onde todos se conheciam e todos os desconhecidos eram essencialmente inimigos. No escopo local da sua família ou da sua comunidade de amigos ou vizinhos ou companheiros de trabalho, lideranças podem fazer sentido, hierarquias podem ser naturais ou necessárias, mas simplesmente falar de hierarquias se sobrepondo ao mecanismo de mercado é não vislumbrar como esse funciona.
A civilização moderna é o resultado de um fenômeno de extensão dessa micro-ordem. Hoje você sobrevive do trabalho de milhões de desconhecidos anônimos, e oferece seus serviços a outros milhões de anônimos, graças ao mecanismo invisível e emergente do mercado. Nenhum burocrata o desenhou, e centenas de milhares tentaram até impedi-lo. A idéia vendida hoje de que existe a necessidade e/ou possibilidade de regulação top-bottom da economia por burocratas é completamente ilegítima, mas ela recolhe sua grande popularidade do fato das pessoas perceberem que dentro de uma casa de família ou de um ambiente de trabalho, autoridades se fazem necessárias as vezes, e estendem essa analogia aos grandes sistemas sociais. Mas essa analogia é completamente incorreta.
Não existe governo mundial, e nem por isso as nações do mundo estão em guerra permanente por qualquer picuinha que seja, nem são blocos isolados. A Espanha não vai invadir o Marrocos se um espanhol for assassinado em território marroquino, nem vai tentar impor o aborto e o casamento gay no Brasil sob ameaça de cortar relações diplomáticas.
É essencialmente disso que eu estou falando, a lei não precisa ser completamente homogênea para existir interação, basta que os dois escopos legais sejam suficientemente compatíveis. Sistemas legais ultra-localizados poderiam existir, assim como dois edifícios com estatutos diferentes existem hoje e duas nações com diferentes constituições.
A minha idéia de anarquia é na verdade uma forma de federalismo ulra-radical, aliás, era assim como os anarquistas (da esquerda e da direita) se definiam antes do termo ser popularizado no fim do século XIX. Você elimina o Estado ao reduzir as relações hierárquicas a escala mínima onde elas são simplesmente mais eficientes, eficiência verificada pela competição de mercado. Por exemplo, uma comuna hippie onde todo mundo é igual e tudo é permitido perderia em popularidade talvez a pequenas cidades condominiais com regras mais rígidas e autoridades locais vigiando por infrações.
Você pode até dizer, ah, isso então é apenas um nano-estado, mas esses na medida que o vínculo hierárquico fosse apenas contratual (a casa dentro do condomínio estaria formalmente sujeita a administração da firma condominial), e não soberano (o sujeito nascido em Oceania é propriedade do Big Brother), essa comparação perderia sentido.
Eu tampouco acho que o fim do Estado seria o fim de coisas legais como Olimpíadas e Copas do Mundo. Nações e Estados são coisas diferentes, mas as vezes o Estado procura parasitar o conceito de Nação, para dele extrair sua força.
Por exemplo, Estados frankenstein como a URSS ou a Iuguslávia participavam dos jogos como "nações únicas", enquanto o Reino Unido possui conderações esportivas distintas para as diferentes nações que fazem parte dele.