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Como surgiu a guerra entre sunitas e xiitas

Enviado: 11 Mai 2009, 15:37
por Fernando Silva
O início do islamismo foi marcado por guerras de conquista em que a nova religião foi imposta por meio de vantagens para os convertidos, como impostos menores. Tais guerras são denominadas "jihad" (guerra santa) e, hoje em dia, há uma tentativa de se suavizar o termo explicando-o como a guerra espiritual contra o pecado que cada um trava internamente, sendo que a guerra externa é apenas de defesa. Considerando-se o tamanho do império conquistado em poucos séculos, fica claro que não se tratou de "guerra de defesa".

Quando Maomé morreu, em 632 d.C., os membros de sua enorme família começaram imediatamente a disputa pela liderança. Os dois principais candidatos eram Abu Bakr, pai da esposa mais jovem de Maomé (e sua favorita, tendo se casado com ele aos 9 anos) e Ali ibn Abi Talib, primo de Maomé e casado com uma de suas filhas.

Bakr venceu, mas morreu 2 anos depois e passou o comando ao pai de uma outra esposa de Maomé. Seu nome era Umar ibn Khattab. Em 638, Umar invadiu a Síria e depois conquistou o que hoje é o Iraque e parte do Irã. Em poucos anos, conquistaram o Egito.

Umar foi assassinado em 644, mas, em seu leito de morte, designou um colégio eleitoral, que escolheu como califa Uthman ibn Affan, casado com uma filha de Maomé. Uma facção rival o assassinou. Um outro oponente, Ali ibn Abi Talib, reuniu um grupo para se opor aos seguidores de Uthman que ainda restavam.

Em 661, Ali foi morto a facadas enquanto rezava numa mesquita e seu filho, Hassan, o substituiu, mas, em 669, Hassan foi envenenado.

A matança seguiu pelos séculos afora e continua até hoje, com os islamitas divididos em sunitas (83%), xiitas (16%) e 1% de facções menores.

Abaixo, um texto mais detalhado sobre as subdivisões dos islamitas.

Re: Como surgiu a guerra entre sunitas e xiitas

Enviado: 11 Mai 2009, 15:38
por Fernando Silva
http://www.islam.noble7fix.com/bismillah.html
Islã Sunita

O islã Sunita é o maior ramo do islã, ao qual no ano de 2006 pertenciam 84% do total dos muçulmanos. A maioria dos sunitas acredita que o nome deriva da palavra Suna, que se refere aos preceitos estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Muhammad (saw) e dos quatro califas ortodoxos. Alguns afirmam porém que o termo deriva de uma palavra que significa "um caminho moderado", referindo-se à ideia de que o sunismo toma uma posição mais neutra do que aquelas que têm sido percebidas como mais extremadas, como é o caso dos xiitas e dos caridjitas.

História

No islã, o desacordo político manifestou-se muitas vezes pelo desacordo religioso. O exemplo mais antigo disto foi que 30 anos após a morte de Muhammad (saw), a comunidade islâmica mergulhou numa guerra civil que deu origem a três grupos. Uma causa próxima desta guerra civil foi que os muçulmanos do Iraque e do Egito ressentiram-se do poder do terceiro Califa e dos seus governadores; outra causa foi a de rivalidades comerciais entre facções da aristocracia mercantil.

Após o assassinato do Califa, a guerra eclodiu entre grupos diferentes, todos eles lutando pelo poder. A guerra terminou com a instauração de uma nova dinastia de Califas, que governavam desde Damasco.

Um dos grupos que surgiram desta disputa foi o dos sunitas. Eles tomam-se como os seguidores da sunna (prática) do profeta Muhammad (saw) tal como relatado pelos seus companheiros (os sahaba). Os Sunitas também acreditam que a comunidade islâmica (ummah) se manterá unida. Eles desejavam reconhecer a autoridade dos Califas, que mantinham o governo pela lei e persuasão. Os sunitas tornaram-se o maior grupo do islã.

Dois outros grupos menores surgiram também deste cisma: Os Xiitas e os Kharijitas, também conhecidos por "dissidentes". Os xiitas acreditavam que a única liderança legítima era a que vinha da linhagem do primo e genro de Muhammad (saw), Ali. Os xiitas acreditavam que o resto da comunidade cometera um erro grave ao eleger Abu Bakr e seus dois sucessores como líderes.

O terceiro grupo que se formou foi o dos Caridjitas (dissidentes) que inicialmente apoiaram a posição dos xiitas de que 'Ali era o único sucessor legítimo de Muhammad (saw). Eles ficaram decepcionados quando 'Ali não declarou a guerra no momento em que Abu Bakr (ra) tomou a posição de Califa, crendo que isto era uma traição ao seu legado por Deus. Ali foi mais tarde assassinado pelos Caridjitas com uma espada envenenada.

Base para a Teologia


Os sunitas baseiam a sua religião no AlCorão e na Sunnah, como está registrada nos livros de Hadith. As coleções Hadith de Sahih Bukhari e Sahih Muslim são consideradas pelos sunitas como as coleções mais importantes. Para além destes dois livros, os Sunitas reconhecem quatro outros livros Hadith de autenticidade credível (apesar de não tão alta como os de Bukhari e de Muslim), todos juntos eles constituem os chamados "Seis Livros" ou também referenciados como Kutubi-Sittah.

Visão de outros grupos

Os sunitas não são unânimes quanto às suas visões dos xiitas. No entanto, os sunitas não consideram as diferenças entre xiitas e sunitas comparáveis às diferenças entre os diferentes mazahib do Fiqh (direito islâmico) sunita. Uma pequena minoria acredita que os xiitas (especificamente os Jafaryia ou Os dos doze) podem ser considerados como uma "quinta madhab" do islã.

Um decreto da prestigiosa Universidade Al-Azhar no Egito, apoiando este último ponto de vista foi amplamente condenado por acadêmicos sunitas em todo o mundo. Geralmente, a maioria dos sunitas considera o xiismo como um grupo herege, rebelde, mas dentro do islã.

No entanto, todas as três tendências estabelecidas dentro do sunismo, os Berailvi, os Deobandi e os Wahhabi consideram os Xiitas como apóstatas (desertores) do islã.

Por outro lado, grupos como a Nação do islã, Ahmadiyya, e Ismailis são considerados como hereges pela maioria dos sunitas e por isso estão fora do islã.

Na Rússia do século XIX (no Tartaristão e na Ásia Central), uma nova teologia do islã Sunita surgiu, conhecida como o Jadidismo ou Euroislã. A sua principal qualidade foi a tolerância para com outras religiões.

Autoridade religiosa

Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceite ou excluída da comunidade de crentes. O islã é aberto a todos, independentemente de raça, idade, gênero, ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do islã, ato formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do islã, sem o qual uma pessoa não pode ser considerada um muçulmano.

Embora não exista no islã uma estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existe contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se destacam pelo seu grande conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti, sendo responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei islâmica; em teoria estes pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa que os solicitou.

Re: Como surgiu a guerra entre sunitas e xiitas

Enviado: 11 Mai 2009, 15:39
por Fernando Silva
Ramos do islã

Há várias denominações no islã, cada uma com diferenças ao nível legal e teológico. Os maiores ramos são o islã Sunita e o islã Xiita.

O profeta Muhammad (saw) faleceu em 632 sem deixar claro quem deveria ser o seu sucessor na liderança da comunidade muçulmana (a Ummah). Abu Bakr (ra), um dos primeiros convertidos ao islã e companheiro do profeta, foi eleito como califa ("representante"), função que desempenhou durante dois anos. Depois da sua morte a liderança coube durante dez anos a Omar e logo de seguida a Otman durante doze anos.

Quando Otman faleceu ocorreu uma disputa em torno de quem deveria ser o novo califa. Para alguns, essa honra deveria recair sobre Ali, primo de Muhammad (saw) que era também casado com a sua filha Fátima. Para outros, o califa deveria ser o primo de Otman, Muawiyah. Quando Ali é eleito califa em 656, Muawiyah contesta a sua eleição, o que origina uma guerra civil entre os partidários das duas facções. Ali acabaria por ser assassinado em 661 e Muawiyah conquista o poder para si e para a sua família, fundando a dinastia dos Omíadas. Contudo, o conflito entre os dois campos continua e, em 680, Hussein, filho de Ali, é massacrado pelas tropas de Yazid, filho de Muawiyah.

Estas lutas estão na origem dos dois principais ramos em que atualmente se divide o islã. Os partidários de Ali (shiat ali, ou seja, xiitas) acreditam que os três primeiros califas foram usurpadores que retiraram a Ali o seu direito legítimo à liderança. Esta crença é justificada em "hadiths" interpretados como reveladores de que quando Muhammad (saw) se encontrava ausente ele nomeava Ali como líder momentâneo da comunidade.

O islã Sunita compreende atualmente cerca de 90% de todos os muçulmanos. Divide-se em quatro escolas de jurisprudência (madhabs), que interpretam a lei islâmica de forma diferente. Essas escolas tomam o nome dos seus fundadores: maliquita (forte presença no Norte de África), shafiita (presente no Médio Oriente, Indonésia, Malásia, Filipinas), hanefita (presente na Ásia Central e do Sul, Turquia) e hanbalita (dominante na Arábia Saudita e Qatar).

O muçulmanos xiitas acreditam que o líder da comunidade muçulmana - o imã - deve ser um descendente de Ali e de sua esposa Fátima.

O islã Xiita pode por sua vez ser subdividido em três ramos principais, de acordo com o número de imãs que reconhecem: xiitas duodecimanos, ismailitas e zaiditas. Todos estes grupos estão de acordo em relação à legitimidade dos quatro primeiros imãs. Porém, discordam em relação ao quinto: a maioria do xiitas acredita que o neto de Hussein, Muhammad al-Baquir, era o imã legítimo, enquanto que outros seguem o irmão de al-Baquir, Zayd bin Ali (zaiditas).

Os xiitas que não reconheceram Zayd como imã permaneceram unidos durante algum tempo. O sexto imã, Jafar al-Sadiq (702-765), foi um grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos sunitas. A principal escola xiita de lei religiosa recebe o nome de jafarita por sua causa.

Após a morte de Jafar al-Sadiq ocorreu uma cisão no grupo: uns reconheciam como imã o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail bin Jafar (m. 765), enquanto que para outros o imã era o filho mais novo, Musa al-Kazim (m. 799). Este último grupo continuou a seguir uma cadeia de imãs até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi (falecido, ou de acordo com a visão religiosa, desaparecido em 874 para retornar no fim do mundo). Os primeiros ficaram conhecidos como ismailitas, enquanto que os que seguiram uma cadeia de doze imãs ficaram conhecidos como os xiitas duodecimanos; o termo "xiita" é geralmente usado hoje em dia como um sinónimo dos xiitas duodecimanos, que são maioritários no Irão.

Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho Muhammad ibn Ismael como seu sucessor, tendo a linha sucessória dos imãs continuado com ele e os seus descendentes. O ismailismo dividiu-se por sua vez em vários grupos.

Outra denominação que tem origem nos tempos históricos do islã é a dos Kharijitas. Historicamente, consideravam que qualquer homem, independentemente da sua origem familiar, poderia ser líder da comunidade islâmica, opondo-se às polêmicas de sucessão entre sunitas e xiitas. Os membros deste grupo hoje são mais comumente conhecidos como muçulmanos ibaditas. Um grande número de muçulmanos ibaditas vive hoje em Omã.