Religião é Veneno. Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico.
Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Ayn Rand é um daqueles pseudo-intelectuais cujo único conteúdo é ar quente e bazófia.
As forças que sustentam a coesão das sociedades são estudadas e descritas desde Platão e Confúcio até os Iluministas e..., que seja, marxistas. Se Rand propõe algo diferente e alegadamente mais racional do que a síntese dos trabalhos de todos estes autores, deveria começar selecionando alguns pensadores principais de cada época e demonstrando como e porque suas proposições são melhores que as deles. Ao contrário, ela opta pela alternativa espertalhona de lançar o desafio de comparar o mundo real e conhecido de hoje, resultante da aplicação destas filosofias, com o mundo proposto por ela, que só existe na cabeça dos que acreditam naquelas patacoadas.
Seria interessante vê-la, por exemplo, contestar as explanações de Weber sobre como o capitalismo liberal precisa de um substrato moral forte para se estabelecer – dado ser um sistema que encontra seu ótimo na confiança mútua de que contratos serão cumpridos. Poderia-se até alegar que tais comunidades depositam voluntariamente sua confiança mútua com fins egoístas, como ela propõe, só que Weber conclui o oposto, que é a moral cristã e o senso de obrigação com a comunidade derivada dela que cria este ambiente fértil para o liberalismo econômico, justamente aquilo do qual a dona fala contra.
E não é difícil encontrar este mesmo discurso de Rand, em outros formatos, em um Spencer e um Nietzsche, sendo idéia de jerico defender que alguma sociedade que presta poderia sair daquilo.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Dá que ouçamos tua voz!
Embora eu ache que "objetivismo" é uma péssima escolha para o nome da teoria da moça, concordo totalmente com o que ela define em termos de relações sociais ideais, se fôssemos capazes de forjar assim a ferro e fogo estes relacionamentos. O que é apenas utopia.
O segundo video deve ter servido de esteio para as teorias do cabeção
O terceiro é um cabo de força entre o repórter e Ayn. Acho que ela tem razão em algumas coisas, mas é tão utópica quanto o são os comunas de carteira.
De qualquer forma, é interessante, sobretudo pela época em que foi produzido: 1951.
Apo escreveu:O segundo video deve ter servido de esteio para as teorias do cabeção
Eu nunca li Ayn Rand diretamente. Tentei comecar a ler Atlas Shrugged uma vez, mas acabei desistindo.
Mas elas influenciou varios autores que eu li.
Acho que ela tem boas ideias, e com certeza dentro do quadro de "intelectuais populares" do seculo XX o que ela propoe e bem mais racional do que a media, ainda que seu circulo de influencia tenha se degenerado numa especie de culto a sua personalidade bastante questionavel.
Eu acho que os principais problemas com a filosofia dela sao o seu apego a um construtivismo racionalista como mecanismo para a fundamentacao da moral e o subsequente elogio ao egoismo como virtude. Assim como os pensadores proto-socialistas que inspiraram o marxismo, ela cre que atravez da mera introspeccao e exame logico de verdades auto-evidentes o homem deriva a moral verdadeira.
Nao e assim que funciona. Como Hayek argumenta, a moral vigente e o produto da evolucao complexa e nao intencional de valores, sujeitos a influencias racionais e institintivas. Os verdadeiros valores nao sao enunciados auto-evidentes ao alcance direto e sujeitos ao tratamento objetivo pela razao.
De uma certa forma eles existem em si num estado ideal abstrato, e apenas dispomos de um conhecimento imperfeito e limitado deles, sendo impossivel empregar essas ideias imprecisas que temos sobre o certo e o errado como parametros absolutos para construir uma moral racional que nao seja auto-contraditoria.
O processo de estabelecimento dos valores morais nao e completamente dedutivo, mas feito de descobertas e inovacoes que nao poderiam antes ser inferidas devido ao estado de conhecimento incompleto das verdades fundamentais.
Hayek ao dizer que a moral esta entre a razao e o instinto tinha essas consideracoes em mente. Ele chamou de "arrogancia fatal" a presuncao racionalista e construtivista de tentar derivar racionalmente a verdadeira moral e construir um novo homem. Embora ele tenha concentrado seu ataque no construtivismo mais proeminente dos socialistas, elas sao perfeitamente traduziveis para o libertarianismo objetivista de Rand.
Ainda que em principio eu concorde com a ideia do homem como fim em si mesmo, eu nao extraio dessa concepcao uma negacao necessaria do altruismo e da solidariedade como virtudes apreciaveis. Embora o bem estar e felicidade proprias possam ser objetivos primarios para todos, isso nao quer dizer que o sofrimento proximo ou distante seja indiferente.
Inspirar virtudes atraves de gestos solidarios nao e algo incompativel com o pensamento liberal classico, nem mesmo com o radicalismo libertario em geral. E apenas um corolario do principio fundamental que a srta Rand adotou para a sua filosofia moral objetiva. E um bastante problematico, pois aparentemente nem mesmo os seguidores mais ardorosos da filosofia conseguiram agir de maneira consistentemente egoista e funcional.
Tampouco sao irracionais o apego a principios, valores e aos proximos que conduzem algumas pessoas ao sacrificio da sua propria vida. Ter valores significa fazer sacrificios. Todos temos valores, e embora a nossa propria vida seja um enorme valor, nao precisa ser necessariamente o mais alto de todos, havendo inclusive diversas razoes logicas para que principios morais e instintos biologicos estabelecam valores maiores.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
Apo escreveu:De onde brota o desejo pelo liberalismo? É meio dificil discernir ovo e galinha...
No caso da Ayn Rand essa pergunta e bastante pertinente.
Eu acho que ela contribuiu para a nocao popular e falsa que a diferenca entre liberais classicos e socialistas esta na solidariedade dos ultimos e no egoismo dos primeiros. Apesar dela se definir como defensora do laissez faire, e preciso disssociar qualquer apologia do egoismo como virtude moral quando se defende o livre mercado (e a liberdade de um modo geral).
Ser livre significa ser livre para ser egoista ou altruista. Se acreditarmos que numa certa medida o altruismo faz parte da natureza humana e que e um valor moral verdadeiro e bom, ele sera praticado nao importando o regime politico-economico. (Alias, e pertinente questionar se altruismo imposto atraves da politica e algo moralmente justificavel, que e exatamente a proposta socialista)
Tampouco e verdadeira a assertiva comum de que apenas os mais egoistas, gananciosos e inescrupulosos terao sucesso no capitalismo. Isso e consistentemente falseado por diversos mega-capitalistas que doam gigantescas quantias de dinheiro para fundacoes humanitarias, ou mesmo empresas como o Google, que financiam e conduzem diversos projetos open-source e estao sempre procurando formas mais eficazes e menos invasivas de comercializar seus servicos. A maioria das pessoas acredita que capitalistas pensam apenas como Gordon Gekko ("Greed is good") e nao como Larry Page e Sergei Brin ("Don't be evil").
Ser a favor da liberdade individual significa reconhecer que a sociedade so se sustenta, expande e avanca em populacao e em sua riqueza material, cultural e moral, porque as pessoas sao livres para tomar decisoes por si mesmas e para estabelecer suas acoes cooperativas e comerciais, visem elas inteiramente o beneficio proprio dos agentes ou sejam elas acoes altruistas e solidarias.
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