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Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 08:33
por Aurelio Moraes
Romaria de esquerda

"A velha esquerda está morta. Surge a esquerda juvenil. Seus romeiros são milhões. Não são inofensivos. Um vácuo metafísico facilita seu proselitismo"

A esquerda juvenil latino-americana reuniu-se na semana passada em Caracas, no Fórum Social Mundial, o maior encontro de socialistas do planeta. Esse fórum é uma romaria de jovens (e de madurões infantilizados) em busca de um sentido para a sua agenda política. Essa gente não pode mais contar com a espiritualidade religiosa que consolou as gerações passadas. Também perdeu a ilusão no racionalismo econômico do marxismo.

A velha esquerda marxista e o moderno capitalismo propunham a mesma coisa no século passado. Ambos propunham dar o máximo de satisfação ao ser humano. A diferença estava nos métodos. A economia de mercado partia da liberdade individual para criar um sistema que produzisse o máximo de conforto em bens e serviços. O comunismo argumentava que o modelo mais eficiente para chegar à abundância era o planejamento econômico centralizado. Seria preciso começar com uma ditadura, mas isso era irrelevante. No fim, o comunismo proporcionaria mais felicidade para todos.

A economia de mercado ganhou. Em todos os países que adotaram o socialismo (metade do mundo era socialista há poucas décadas), o projeto original desandou em regimes totalitários e pobreza. Sem exceção. O comunismo matou mais de l00 milhões de pessoas. As que escaparam ilesas acabaram na fila do racionamento. Surpresa! A velha esquerda está morta, mas, de seus escombros, surge uma esquerda juvenil revigorada.

Em primeiro lugar, os socialistas do bermudão abandonaram a racionalidade econômica em que se baseou o marxismo. Afinal, já havia ficado claro que fazer contas só serve para desmoralizar ainda mais a utopia do igualitarismo. Em compensação, o projeto esquerdista voltou a incorporar idealizações de pensadores socialistas que antecederam Marx, como a "fraternidade", a "solidariedade", a "vida em comunidade". São idealizações que podem ter apelo num mundo que perdeu o sentido de transcendência para a vida.

A economia de mercado é o melhor sistema apenas para satisfazer as necessidades materiais do ser humano. As necessidades metafísicas não são um problema essencial do projeto capitalista. Para a moderna sociedade industrial e tecnológica, questões como religião, filosofia política, impulso à filantropia ou preferências estéticas são escolhas ligadas à esfera individual, nada que o sistema forneça coletivamente. Perfeito do ponto de vista racional. Aí está, no entanto, a maior fragilidade da sociedade capitalista. A racionalidade não é um atributo das massas. Apenas uma minoria de pessoas tem escala intelectual suficiente para manter vida espiritual por conta própria.

Os socialistas que estiveram no Fórum Social Mundial não se definem claramente em termos ideológicos. Explicam vagamente que combatem a sociedade de consumo, o agronegócio, o neoliberalismo, a globalização, o imperialismo. Não podem dizer a verdade. Seus inimigos são, na realidade, a economia de mercado e sua expressão política, a democracia. São milhões. São antidemocráticos. Não são inofensivos. Um vácuo metafísico facilita seu proselitismo.

http://veja.abril.com.br/010206/tales_alvarenga.html

Enviado: 29 Jan 2006, 08:47
por Liquid Snake
Perfeito o texto.

A economia de mercado é o melhor sistema apenas para satisfazer as necessidades materiais do ser humano. As necessidades metafísicas não são um problema essencial do projeto capitalista. Para a moderna sociedade industrial e tecnológica, questões como religião, filosofia política, impulso à filantropia ou preferências estéticas são escolhas ligadas à esfera individual, nada que o sistema forneça coletivamente. Perfeito do ponto de vista racional. Aí está, no entanto, a maior fragilidade da sociedade capitalista. A racionalidade não é um atributo das massas. Apenas uma minoria de pessoas tem escala intelectual suficiente para manter vida espiritual por conta própria.


Exato! Eu diria mais, o capitalismo é apenas um método de produção. Uma técnica, amoral. Em NADA se relaciona com a moral, valores, etc. Quem deve construir esses valores é a própria sociedade que o adota. Dizer que o capitalismo, por si, "gera desigualdades" é uma contradição em termos, um julgamento moral a uma técnica de produção amoral.

Enviado: 29 Jan 2006, 09:15
por Samael
Essa é a nossa Veja. :emoticon12:

Enviado: 29 Jan 2006, 09:22
por Samael
Liquid Snake escreveu:Dizer que o capitalismo, por si, "gera desigualdades" é uma contradição em termos, um julgamento moral a uma técnica de produção amoral.


E por que é que o sistema de produção, por si só, não pode gerar desigualdades? Por que é amoral?

Ora, o capitalismo enquanto sistema aplicado gera desigualdades por se basear, exatamente, nelas. Ou não foi você mesmo que defendeu o livre enriquecimento econômico dos seres?

E o capitalismo, por si só, é muito mais complexo que uma simples "técnica de produção", é um sistema social. Cria, por suas próprias normas, classes sociais e, graças à realidade material gerada em conseqüencia da sua apregoada desigualdade, é determinante direto nas "esferas pessoais" que o texto tanto cita e que você, por sua vez, defende.

Tentar separar as "esferas sociais" do sistema social e econômico vigente é uma compartimentação arbitrária.

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 10:08
por Poindexter
As pessoas possuem o direito de procurar alternativas, como no caso do FSM. A questão é como se procurar essas alternativas e como serão estas alternativas. A forma como o FSM vem sendo feito me desagrada por alguns motivos.

Em primeiro lugar, os jovens que lá fazem muito estardalhaço e muitas vezes poucas alternatibas viáveis sugerem ao modelo liberal.

Em segundo, montam acampamentos que são uma verdadeira bagunça, com precárias condições de higiene e privacidade. Se fossem cobradas algumas taxas para os que vão para o FSM sem ser para palestrar, talvez muita gente que lota os acampamentos mas que só vai para fazer festa e "pegar mulher/homem" não iria e o fórum tivesse sua imagem melhorada.

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 10:10
por Aurelio Moraes
Eu acho ridículo esse pessoal sem a menor noção de política, que vira esquerdista só por oba-oba e sem nunca ter lido um livro. Constantemente eu vejo gente com camisa do Che Guevara sem nem saber quem ele foi.

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 10:11
por O ENCOSTO
Viva a Veja!

Re: Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 10:29
por Samael
Poindexter escreveu:As pessoas possuem o direito de procurar alternativas, como no caso do FSM. A questão é como se procurar essas alternativas e como serão estas alternativas. A forma como o FSM vem sendo feito me desagrada por alguns motivos.

Em primeiro lugar, os jovens que lá fazem muito estardalhaço e muitas vezes poucas alternatibas viáveis sugerem ao modelo liberal.

Em segundo, montam acampamentos que são uma verdadeira bagunça, com precárias condições de higiene e privacidade. Se fossem cobradas algumas taxas para os que vão para o FSM sem ser para palestrar, talvez muita gente que lota os acampamentos mas que só vai para fazer festa e "pegar mulher/homem" não iria e o fórum tivesse sua imagem melhorada.


Ou assumam que é mera diversão.

Fiquei "seco" para ir ano passado por essa diversão e para ver a palestra do Saramago. Mas meu nome não foi sorteado dentre os inscritos. Vários amigos acabaram indo.

Re: Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 12:28
por Washington
Poindexter escreveu:As pessoas possuem o direito de procurar alternativas, como no caso do FSM. A questão é como se procurar essas alternativas e como serão estas alternativas. A forma como o FSM vem sendo feito me desagrada por alguns motivos.

Em primeiro lugar, os jovens que lá fazem muito estardalhaço e muitas vezes poucas alternatibas viáveis sugerem ao modelo liberal.

Em segundo, montam acampamentos que são uma verdadeira bagunça, com precárias condições de higiene e privacidade. Se fossem cobradas algumas taxas para os que vão para o FSM sem ser para palestrar, talvez muita gente que lota os acampamentos mas que só vai para fazer festa e "pegar mulher/homem" não iria e o fórum tivesse sua imagem melhorada.


Bebeu.

Desde quando esta ralé procura alternativa para alguma coisa.

São um bando de fdp. Pode ser que ser que haja algum inocente bem intencionado, mas como diria os evangélicos: Vão para o inferno do mesmo jeito."

São uns parasitas que vivem da miséria da maioria, se acabar com a miséria terão de trabalhar para viver. Você acha que querem isso?

Enviado: 29 Jan 2006, 13:41
por user f.k.a. Cabeção
Discordo no que diz respeito ao capitalismo satisfazer apenas às necessidades materiais.

O capitalismo tem como pedra angular a Liberdade, que é uma necessidade do espírito humano. A economia de mercado é moralmente superior a qualquer programa de controle planificador cujo modus operandi não difere em nada do escravismo sistemático de toda a humanidade, e o assassínio subseqüente de seu espírito.

O capitalismo em si pode não satisfazer todos os anseios do espírito humano, mas ele é o único sistema econômico que garante a Liberdade para que as pessoas busquem tal satisfação.

Enviado: 29 Jan 2006, 13:56
por Samael
user f.k.a. Cabeção escreveu:Discordo no que diz respeito ao capitalismo satisfazer apenas às necessidades materiais.

O capitalismo tem como pedra angular a Liberdade, que é uma necessidade do espírito humano. A economia de mercado é moralmente superior a qualquer programa de controle planificador cujo modus operandi não difere em nada do escravismo sistemático de toda a humanidade, e o assassínio subseqüente de seu espírito.

O capitalismo em si pode não satisfazer todos os anseios do espírito humano, mas ele é o único sistema econômico que garante a Liberdade para que as pessoas busquem tal satisfação.


Cabeça e seu louvor ao deus mercado...

Re: Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 14:33
por user f.k.a. Cabeção
Poindexter escreveu:As pessoas possuem o direito de procurar alternativas, como no caso do FSM. A questão é como se procurar essas alternativas e como serão estas alternativas. A forma como o FSM vem sendo feito me desagrada por alguns motivos.

Em primeiro lugar, os jovens que lá fazem muito estardalhaço e muitas vezes poucas alternatibas viáveis sugerem ao modelo liberal.

Em segundo, montam acampamentos que são uma verdadeira bagunça, com precárias condições de higiene e privacidade. Se fossem cobradas algumas taxas para os que vão para o FSM sem ser para palestrar, talvez muita gente que lota os acampamentos mas que só vai para fazer festa e "pegar mulher/homem" não iria e o fórum tivesse sua imagem melhorada.



Na verdade, nem é exatamente um fórum. É um encontro de advogados da mesma causa, para que alguns palestrantes lancem palavras de ordem que inflamem nas mentes desses jovens (que já vêm recebendo doutrinação prévia desde a mais tenra infância) o "ideal revolucionário", que é apenas uma bela licença poética para "ganhar votos", e, é claro, para promover uma baderna e um barulho que chame atenção para causa deles enquanto eles se divertem numa espécie de Woodstock sem Hendrix, nem Joplin, mas com Hugo Chavez e com o patrocínio do Foro de São Paulo.

Como um dos membros do Foro de São Paulo (que também não é um fórum, mas um partido internacional) é o partido do governo do Brasil, e como a maioria dos brasileiros que foram a tal "Fórum" são alunos das nossas universidades estatais, nos resta perguntar quem está pagando a conta dessa baderna afinal? Isso mesmo, eu e você.

Re: Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 29 Jan 2006, 19:49
por zencem
Mr.Hammond escreveu:Eu acho ridículo esse pessoal sem a menor noção de política, que vira esquerdista só por oba-oba e sem nunca ter lido um livro. Constantemente eu vejo gente com camisa do Che Guevara sem nem saber quem ele foi.


Hammond!

Por traz de um idealista de esquerda, existe sempre um incapaz de ser algo importante para a humanidade, doidinho pra se agarrar na primeira teta, que contribua com o ralo, por onde escorre o dinheiro que poderia ser aplicado para reduzir a marginalidade dos excluidos.

Enviado: 29 Jan 2006, 22:27
por zencem
O Fórum Social é um encontro de desocupados, que não tem nada o que dizer, e que procuram no Chaves, o seu grande lider, como se ele tivesse capacidade de dizer algo mais, do que chamar os Americanos de Imperialistas.

:emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 07:14
por Aurelio Moraes
O Fórum social até hoje não produziu uma idéia prática e objetiva, até aonde eu sei não fez nada de útil. Que eu saiba só produz palavras de ordem , gritaria, histeria coletiva de esquerda-festiva e idéias vazias, baratas e utópicas.

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 10:34
por Claudio Loredo


Para quem ainda não sabe o que é Fórum Social Mundial, segue sua carta de princípios.

Carta de Princípios do Fórum Social Mundial


O Comitê de entidades brasileiras que idealizou e organizou o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre de 25 a 30 de janeiro de 2001, considera necessário e legítimo, após avaliar os resultados desse Fórum e as expectativas que criou, estabelecer uma Carta de Princípios que oriente a continuidade dessa iniciativa. Os Princípios contidos na Carta, a ser respeitada por tod@s que queiram participar desse processo e organizar novas edições do Fórum Social Mundial, consolidam as decisões que presidiram a realização do Fórum de Porto Alegre e asseguraram seu êxito, e ampliam seu alcance, definindo orientações que decorrem da lógica dessas decisões.

1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra.

2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento localizado no tempo e no espaço. A partir de agora, na certeza proclamada em Porto Alegre de que "um outro mundo é possível", ele se torna um processo permanente de busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos em que se apóie.

3. O Fórum Social Mundial é um processo de caráter mundial. Todos os encontros que se realizem como parte desse processo têm dimensão internacional.

4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais. Elas visam fazer prevalecer, como uma nova etapa da história do mundo, uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de tod@s @s cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.

5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.

6. Os encontros do Fórum Social Mundial não têm caráter deliberativo enquanto Fórum Social Mundial. Ninguém estará, portanto autorizado a exprimir, em nome do Fórum, em qualquer de suas edições, posições que pretenderiam ser de tod@s @s seus/suas participantes. @s participantes não devem ser chamad@s a tomar decisões, por voto ou aclamação, enquanto conjunto de participantes do Fórum, sobre declarações ou propostas de ação que @s engajem a tod@s ou à sua maioria e que se proponham a ser tomadas de posição do Fórum enquanto Fórum. Ele não se constitui portanto em instancia de poder, a ser disputado pelos participantes de seus encontros, nem pretende se constituir em única alternativa de articulação e ação das entidades e movimentos que dele participem.

7. Deve ser, no entanto, assegurada, a entidades ou conjuntos de entidades que participem dos encontros do Fórum, a liberdade de deliberar, durante os mesmos, sobre declarações e ações que decidam desenvolver, isoladamente ou de forma articulada com outros participantes. O Fórum Social Mundial se compromete a difundir amplamente essas decisões, pelos meios ao seu alcance, sem direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que as tenham assumido.

8. O Fórum Social Mundial é um espaço plural e diversificado, não confessional, não governamental e não partidário, que articula de forma descentralizada, em rede, entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo.

9. O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e atuações das entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à diversidade de gênero, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios. Não deverão participar do Fórum representações partidárias nem organizações militares. Poderão ser convidados a participar, em caráter pessoal, governantes e parlamentares que assumam os compromissos desta Carta.

10. O Fórum Social Mundial se opõe a toda visão totalitária e reducionista
da economia, do desenvolvimento e da história e ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado. Propugna pelo respeito aos Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, participativa, por relações igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, gêneros e povos, condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano pelo outro.

11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é um movimento de idéias que estimula a reflexão, e a disseminação transparente dos resultados dessa reflexão, sobre os mecanismos e instrumentos da dominação do capital, sobre os meios e ações de resistência e superação dessa dominação, sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de exclusão e desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras do meio ambiente está criando, internacionalmente e no interior dos países.

12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de experiências, estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que dele participam, valorizando seu intercâmbio, especialmente o que a sociedade está construindo para centrar a atividade econômica e a ação política no atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à natureza, no presente e para as futuras gerações.

13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, que aumentem, tanto na esfera da vida pública como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso pela ação desses movimentos e entidades.

14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário.

[s]Aprovada e adotada em São Paulo, em 9 de abril de 2001, pelas entidades que constituem o Comitê de Organização do Fórum Social Mundial, aprovada com modificações pelo Conselho Internacional do Fórum Social Mundial no dia 10 de junho de 2001. [/s]

Enviado: 30 Jan 2006, 10:49
por Aurelio Moraes
O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão


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o debate democrático de idéias


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a formulação de propostas


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a troca livre de experiências


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de entidades e movimentos da sociedade civil


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foi um evento localizado no tempo e no espaço.



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O Fórum Social Mundial é um processo de caráter mundial.


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uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de tod@s @s cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.


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O Fórum Social Mundial reúne e articula somente entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo,


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Enviado: 30 Jan 2006, 11:23
por Ateu Tímido
Samael escreveu:
Liquid Snake escreveu:Dizer que o capitalismo, por si, "gera desigualdades" é uma contradição em termos, um julgamento moral a uma técnica de produção amoral.


E por que é que o sistema de produção, por si só, não pode gerar desigualdades? Por que é amoral?

Ora, o capitalismo enquanto sistema aplicado gera desigualdades por se basear, exatamente, nelas. Ou não foi você mesmo que defendeu o livre enriquecimento econômico dos seres?

E o capitalismo, por si só, é muito mais complexo que uma simples "técnica de produção", é um sistema social. Cria, por suas próprias normas, classes sociais e, graças à realidade material gerada em conseqüencia da sua apregoada desigualdade, é determinante direto nas "esferas pessoais" que o texto tanto cita e que você, por sua vez, defende.

Tentar separar as "esferas sociais" do sistema social e econômico vigente é uma compartimentação arbitrária.


]Acho que o capitalismo é muito mais um um sistema econômico, uma "forma de produção", que um único "sistema social".
O capitalismo dos Estados Unidos não é igual ao do Reino Unido, da Suécia ou do Brasil. Entretanto, gostem ou não os ideólogos da "pureza", todos continuam sendo capitalistas.
Mesmo ao longo do tempo o capitalismo varia em suas características. Da década de 30 até meados dos anos 80, prevaleceu o capitalismo baseado em "protocolos", que fez brilhar as estrelas de Keynes, Galbraith e outros.
Quando Friedman e seu grupo de Chicago apareceram, propondo uma retomada do liberalismo mais radical, com a queda de regulações estatais, foram chamados de radicais e até de malucos por gente que nada tem de socialista ou comunista. Entretanto, essa foi a estratégia que deu certo nesse período da história, tornando esse pensamento hegemônico na economia.
Para onde vamos depois?
Só com bola de cristal. Só afirmo que os verdadeiros capitalistas, aqueles que são os responsáveis pelo bom andamento do sistema, prezam tanto os conceitos abstratos "puros" do liberalismo econômico quanto Stalin prezava.
Eles irão para a direção que trouxer mais lucros. Essa é a lógica do sistema...

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 11:25
por Claudio Loredo


Aurélio, você é contra o que está escrito na carta de principios do FSM?


Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 11:26
por Aurelio Moraes
Palavras bonitas, porém utópicas e que não mudaram nada.

Enviado: 30 Jan 2006, 13:15
por Samael
Ateu Tímido escreveu:
Samael escreveu:
Liquid Snake escreveu:Dizer que o capitalismo, por si, "gera desigualdades" é uma contradição em termos, um julgamento moral a uma técnica de produção amoral.


E por que é que o sistema de produção, por si só, não pode gerar desigualdades? Por que é amoral?

Ora, o capitalismo enquanto sistema aplicado gera desigualdades por se basear, exatamente, nelas. Ou não foi você mesmo que defendeu o livre enriquecimento econômico dos seres?

E o capitalismo, por si só, é muito mais complexo que uma simples "técnica de produção", é um sistema social. Cria, por suas próprias normas, classes sociais e, graças à realidade material gerada em conseqüencia da sua apregoada desigualdade, é determinante direto nas "esferas pessoais" que o texto tanto cita e que você, por sua vez, defende.

Tentar separar as "esferas sociais" do sistema social e econômico vigente é uma compartimentação arbitrária.


]Acho que o capitalismo é muito mais um um sistema econômico, uma "forma de produção", que um único "sistema social".
O capitalismo dos Estados Unidos não é igual ao do Reino Unido, da Suécia ou do Brasil. Entretanto, gostem ou não os ideólogos da "pureza", todos continuam sendo capitalistas.
Mesmo ao longo do tempo o capitalismo varia em suas características. Da década de 30 até meados dos anos 80, prevaleceu o capitalismo baseado em "protocolos", que fez brilhar as estrelas de Keynes, Galbraith e outros.
Quando Friedman e seu grupo de Chicago apareceram, propondo uma retomada do liberalismo mais radical, com a queda de regulações estatais, foram chamados de radicais e até de malucos por gente que nada tem de socialista ou comunista. Entretanto, essa foi a estratégia que deu certo nesse período da história, tornando esse pensamento hegemônico na economia.
Para onde vamos depois?
Só com bola de cristal. Só afirmo que os verdadeiros capitalistas, aqueles que são os responsáveis pelo bom andamento do sistema, prezam tanto os conceitos abstratos "puros" do liberalismo econômico quanto Stalin prezava.
Eles irão para a direção que trouxer mais lucros. Essa é a lógica do sistema...


Ótima postagem, Bruno.

Re: Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 15:08
por Poindexter
Washington escreveu:Bebeu.

Desde quando esta ralé procura alternativa para alguma coisa.

São um bando de fdp. Pode ser que ser que haja algum inocente bem intencionado, mas como diria os evangélicos: Vão para o inferno do mesmo jeito."

São uns parasitas que vivem da miséria da maioria, se acabar com a miséria terão de trabalhar para viver. Você acha que querem isso?


Você mesmo está reconhecendo que, apesar de muitos baderneiros, há pessoas que vão lá realmente querendo contribuir com sugestões. Justamente por isso que propus que houvesse entraves maiores à participação nesse evento: para que apenas os realmente interessados pudessem participar. Desta forma, ao invés de o evento se tornar mais uma romaria, passeatas e comícios, nele de fato poder-se-ia haver mais espaço para a discussão propriamente dita, até mesmo porque bradar palavras de ordem contra o liberalismo é totalmente inútil na busca de novas alternativas justamente porque é ÓBVIO que as pessoas que participam do evento não estão satisfeitas com o liberalismo.

Este é o principal problema do FSM: por querer se mostrar mais "aberto à participação" que o de Davos, fica uma bagunça.

Enviado: 30 Jan 2006, 20:28
por Claudio Loredo
Será que o Fórum Social Mundial foi mesmo inútil?

O Fórum dos movimentos

Fonte: http://agenciacartamaior.uol.com.br/tem ... ia_id=9852

Ao final do capítulo venezuelano do FSM 2006, à revelia das discussões sobre o futuro do processo, os movimentos sociais se mostraram os grandes protagonistas da gestão de novos impulsos coletivos de ação.

Verena Glass - Carta Maior

CARACAS – Antes mesmo de começar a sexta edição do Fórum Social Mundial (FSM) deste ano, que, pela primeira vez, se dividiu em três etapas ou capítulos – Bamako, no Mali, Caracas, na Venezuela, e Karachi, no Paquistão, ainda por vir entre 24 e 29 de março -, o recorrente debate sobre o papel do FSM e seu futuro foi reavivado por vários posicionamentos e iniciativas de atores históricos e proeminentes do movimento altermundiasta (a serem analisados mais minuciosamente em breve).

No cerne das preocupações, o desafio seria, na elaboração do jornalista e co-mentor do processo FSM Ignacio Ramonet: limitando-se a debates sem uma tradução para um calendário de ações políticas, o FSM correria o risco de se despolitizar, folclorizar e se transformar em uma mera feira internacional da sociedade civil? Um debate de “bom governo” nos moldes do Fórum Mundial Econômico de Davos, impulsionado por melhores intenções?

Este debate, que esquentou as turbinas do FSM 2006 principalmente entre os setores mais ligados à organização orgânica do Fórum e a intelectualidade que vem colaborando com a sua construção desde seu nascimento, porém, parece ter passado ao largo, de certa forma, das preocupações dos movimentos sociais. Renovando e aprofundando sua articulações regionais, mundiais, setoriais e ideológicas, revigoraram em Caracas agendas políticas já consolidadas e apresentaram novas, segundo as demandas reais dos atores reais das lutas cotidianas, sistematizadas e compartilhadas na já tradicional Assembléia dos Movimentos Sociais, que fechou a programação de atividades do Fórum na manhã deste domingo (29).

A Assembléia, que reuniu movimentos indígenas, camponeses, estudantis, ambientalistas, de mulheres, de diversidade sexual, de moradia, de saúde, de comunicação, de luta contra o livre comércio e sua instituições financeiras internacionais, contra a guerra, contra as bases militares dos EUA, contra a ocupação da Palestina e do Iraque e contra a presença de tropas estrangeiras no Haiti, entre outros, resumiu, por assim dizer, o que foi a essência de Fórum de Caracas em sua avaliação das etapas cumpridas, na conceituação política dos desafios globais e na formulação das agendas setoriais compartilhadas.

Precioso para a compreensão do próprio movimento altermundista, o balanço da expressividade dos movimentos sociais no contexto global apresentou alguns logros importantes, principalmente frente ao cenário pouco animador da permanência ou do aprofundamento das desigualdades sociais, da militarização, do avanço do projeto imperialista norte-americano e da redobrada agressividade dos promotores da agenda neoliberal no mundo.

A primeira e mais importante avaliação é que as crescentes mobilizações sociais geraram uma crise de legitimidade do modelo neoliberal e do empenho imperialista americano. A segunda constatação é que houve uma expansão da abrangência destas mobilizações, que tiveram, direta ou indiretamente, um papel fundamental na ascensão de forças progressistas na América Latina.

Como a Assembléia fez questão de frisar, “durante os últimos anos assistimos a uma explosão das mobilizações contra o livre comércio, a militarização, os processos de privatização (...), mobilizações que, em alguns países, se traduziram na ascenso ao governo de alternativas políticas gestadas no calor das lutas populares”. Neste sentido, o maior exemplo seria a eleição de Evo Morales na Bolívia, a vitória de um líder indígena originário das lutas camponesas e sindicais que cresceu nas principais campanhas populares dos últimos anos.

A declaração final da Assembléia que, além de pontuar o posicionamento político dos movimentos sociais, também apresenta a agenda de lutas globais para 2006, confirma algumas tendências apontadas como emblemáticas desta edição do FSM. Confirma a luta antiimperialista como linha condutora ou embasamento político das ações, e marca posição sobre a relação movimentos/governos progressistas, uma das temáticas mais abordadas em Caracas. Segundo o documento, perante estes governos, “[nós], os movimentos sociais, devemos manter nossa autonomia política e programática, impulsionar a mobilização social para avançar na implementação dos nossos objetivos e pressionar contra qualquer adaptação destes governos ao modelo neoliberal”.

Agendão
Um dos principais indícios da evolução dos debates globais dos movimentos sociais no decorrer do último ano é talvez a inclusão na grande agenda de lutas e mobilizações de alguns novos temas, principalmente em decorrência das campanhas contra a agenda de liberalização de mercados debatida no âmbito das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). À já consolidada campanha “agricultura fora da OMC”, liderada pela Via Campesina, se agregaram este ano as campanhas água, recursos energéticos e saúde fora da OMC.

Esta última, ligada ao recém formado Fórum Mundial da Saúde, propõe colocar o tema no centro do próximo FSM, que acontece em janeiro do ano que vem em Nairobi, na Nigéria. O alvo da campanha, que pretende organizar ja este ano na Colômbia um encontro internacional entre 3 e 7 de abril, serão as políticas de saúde na África e as práticas de exploração das endemias que atingem a população do continente pela indústria farmacêutica, com a realização de um Tribunal Internacional dos Povos pelo Direito á Saúde.

Outra iniciativa agregada ao embrião da luta pela emancipação da Guiana Francesa, há três anos bandeira do Fórum Social Panamazônico, é a Campanha pela autodeterminação das últimas colônias no continente americano, tema polêmico uma vez que a manutenção das colônias é defendida pela maior parte dos participantes franceses do FSM, em nome de um pretenso colonialismo social.

Por fim, o movimento anti-guerra, nascido no primeiro Fórum Social Europeu em 2003 e que levou milhões às ruas no dia 15 de março daquele ano, na maior manifestação global da história contra a invasão americana do Iraque, quer repetir o feito este ano.

“Cada vez mais a ocupação do Iraque está se revelando um desastre para a administração Bush, à medida que ela se mostra incapaz de controlar a resistência no país. Hoje, mais do que antes da invasão, a população dos EUA e da Inglaterra está se posicionando contra a ocupação, em uma crescente crise para Blair e Bush. Por isso temos que aproveitar esse momento e fazer uma demonstração global massiva contra a guerra no dia 18 de março. A derrota de Bush nessa área seria terrível para os planos imperialista dos EUA, e se tiverem que se retirar derrotados do Iraque dificilmente teriam condições de invadir outros países como o Irã, a Síria ou a própria Venezuela”, explica Chri Neham, líder da coalizão anti-gerra da Inglaterra.[/b]

Re.: Romaria de esquerda

Enviado: 30 Jan 2006, 21:49
por Aurelio Moraes
Essa pregação de esquerda do Cláudio é tão chata quanto a de direita que vemos no RV.