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Marina Lá, será?

Enviado: 13 Ago 2009, 20:04
por Anna
Essa recebi por email. Ainda não sei o que penso... e vocês?

FOLHA DE S. PAULO

TENDÊNCIAS/DEBATES

A hipótese Marina

ALFREDO SIRKIS

As reações até agora escamotearam o essencial: Marina representa ideias e aspirações compartilhadas por milhões de brasileiros

É COMPREENSÍVEL que a possibilidade de uma candidatura da senadora e ex-ministra do meio ambiente Marina Silva cause, por um lado, entusiasmo e excitação e, por outro, preocupação.

Milhões de brasileiros sensíveis à causa ecologista, à sustentabilidade ambiental e social de nosso modelo econômico, aos destinos do planeta ameaçado pelo aquecimento global, à devastação de nossos ecossistemas e à qualidade de vida nas nossas cidades vivem na expectativa de dispor de uma voz própria, eloquente, na campanha presidencial -até agora arena exclusiva dos defensores do desenvolvimentismo clássico dos anos 60.

Por outro lado, entende-se que haja políticos inquietos, cada qual fazendo seu cálculos: afinal, uma eventual candidatura da Marina Silva me ajuda ou me atrapalha? Quanto ajuda? Quanto atrapalha? Bombardear? Não bombardear?

É curioso que as reações políticas e a maioria das análises jornalísticas gravitem em volta desses cálculos pragmáticos enquanto escamoteiam o essencial: Marina representa ideias e aspirações hoje compartilhadas por milhões de brasileiros.

Não será legítimo e até importante para a democracia brasileira que elas estejam representadas em uma eleição de dois turnos?

Numa dimensão minimalista, teríamos uma campanha altamente instrutiva e educativa, não apenas naquele discurso clássico, defensivista, do ambientalismo (deter a destruição da Amazônia e de sua biodiversidade, a contribuição das suas queimadas em emissões de CO2 etc.) mas também na didática daquilo que as vertentes hegemônicas do desenvolvimentismo clássico não conseguem perceber: o futuro econômico e social do Brasil, hoje, depende de mergulharmos de cabeça numa economia verde!

Nenhum outro país está tão bem posicionado quanto o Brasil para atrair investimentos para um ecodesenvolvimento, muito embora insistamos em monoculturas, na devastação da biodiversidade para estender mais e mais a fronteira pecuária, em subsidiar veículos poluentes e emissores de carbono, em novas termoelétricas a carvão e novas rodovias no coração da floresta.

No entanto, Marina tem um potencial além do eloquente discurso de primeiro turno para depois arrancar compromissos programáticos.

Ela pode contribuir para a superação dessa abissal fenda da política brasileira: a compulsória aliança das duas vertentes da social-democracia com as oligarquias políticas na busca da governabilidade.

PT e PSDB disputam, como lucidamente notou em certa ocasião o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, "quem vai liderar o atraso".

No instável sistema político-institucional produto do nosso "voto jabuticaba", proporcional personalizado, ambos dependem do clientelismo e do fisiologismo profissional para governar. Melhor fariam em se aliar em algum momento, mas, como a disputa central se dá entre eles, isso dificilmente acontecerá, e a rivalidade entre eles é feroz.

Nós, verdes, nos relacionamos com ambos e reconhecemos o papel que respectivamente tiveram nos inegáveis avanços econômicos e sociais vividos pelo Brasil desde 1994.

Marina é bem talhada para promover uma nova governabilidade com ambas as vertentes que, enfim, supere essa polarização bizarra, isole o atraso e abra caminho para uma reforma do nosso sistema eleitoral, secando sua dependência do clientelismo, do fisiologismo e do assistencialismo, fontes maiores da corrupção, do excesso de cargos comissionados, do mau uso da máquina pública e da compra de votos, direta ou via centros assistenciais.

O direito de ter um sonho de país e lutar para tirá-lo do papel é inalienável. Os verdes não abrem mão dele, mas também reconhecem que isso transcende suas limitadas fileiras.

Nesse momento, é impossível saber, de fato, se Marina será ou não candidata. É uma decisão difícil, de fé íntima, que há que aguardar.

O caminho político, no entanto, é claro: não é anti-PT. Nossa fraternidade, muito particularmente com o PT do Acre, remonta a Chico Mendes.

Também não é antitucanos.

Certamente não é anti-Lula, embora não possamos abrir mão de criticar sua atitude frequentemente atrasada e deseducativa na questão ambiental.

Pode, eventualmente, vir a ser pós-Lula...

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ALFREDO SIRKIS, 58, é vereador pelo PV no Rio de Janeiro, presidente do Partido Verde do Rio e vice-presidente nacional de seu partido. É autor, entre outras obras, de "Os Carbonários".

MIRIAM LEITÃO
Coluna no Globo 09/AGO/09
Para além do verde

Espaço existe. Pode aparecer uma candidatura ou um programa de governo que vão além da mesmice dos potenciais candidatos a presidente em 2010. Marina Silva pode ou não ser essa pessoa, mas, ao surgir, ajuda a vislumbrar como pode ser verde o eixo de uma campanha. Hoje, a questão ambiental virou climática, ganhou dramaticidade, urgência e transbordou. Foi além do verde.

Pode ser outra candidatura, ou uma transformação convincente de um atual candidato. Mas espaço existe. Hoje, o desafio posto sobre o planeta e sobre o Brasil é como construir a saída da crise ficando diferente; como injetar dinamismo na economia por mudar o modelo. Isso leva a programas transformadores e escolhas novas em todas as áreas. O desafio climático atingiu o patamar de dar coerência a um novo programa de desenvolvimento.

O desenvolvimentismo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem vários problemas. O mais grave dele é ser velho. Ele ecoa ainda um "governar é abrir estradas", do mais remoto e arcaico Brasil; recorda a ideologia dos "projetos de impacto" do governo Médici. Não há, nunca houve, no programa de obras com o qual a possível candidata Dilma Rousseff pretende concretar sua subida pela rampa do Planalto, a menor sombra de atualidade. É impossível conciliar a esta altura o carro-chefe da ministra Dilma com o crescimento sustentável. Eles são opostos.

Um exemplo: a BR-319 tem sido defendida com o mesmo autoritarismo e falta de sentido da Transamazônica do governo militar. Não se sabe por que fazer a estrada, não se conhece estudo de modal alternativo, nem de viabilidade econômica. A ideia é apenas rasgar a floresta, num ponto nevrálgico, para levar as hordas de sempre de grileiros, especuladores, que abrirão novas cidades, que viverão dos repasses da União e repetirão a tragédia de atraso e violência. Está sendo usada a mesma técnica de pôr o Exército, como se fosse uma empreiteira, para tocar a obra enquanto a licença não vem. É a estratégia do fato consumado usada na transposição do Rio São Francisco. Dilma ainda vê o ambientalismo como inimigo a ser derrotado.

O dilema hamletiano da oposição tucana se agrava. O ser-não-sendo-candidato do governador de São Paulo, José Serra, tem vários defeitos. O pior deles é deixar espaço vazio, o que em política pode ser fatal. Se Serra tem uma ideia na cabeça, se ele tem um programa diferente, não se sabe. Ele vai disputar a mesma embalagem de bom gerente na qual se enrola a ministra da Casa Civil. Com uma vantagem: Serra já testou com sucesso o modelo da pessoa que faz acontecer em vários níveis de governo, em vários cargos. A Dilma é mais recente nesta vestimenta e tem contra si as evidências dos erros gerenciais do governo e as estatísticas de baixo desempenho do PAC. Se o candidato tucano for o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ele também, até agora, mostrou que quer disputar o modelo do bom gerente com obras a apresentar. A grande divergência que Serra tem com o governo é a política cambial e monetária. A mesma que tinha quando as bases dessa política foram implantadas no governo tucano. Isso já era velho em 2002 e apequena qualquer campanha.

Houve um tempo em que o verde era apenas verde e o tema só fazia sucesso no gueto. Hoje, mudou radicalmente o conceito de progresso. Hoje, ele se desdobra em várias áreas: uma política externa que dará ao Brasil liderança na questão climática; uma política econômica de desenvolvimentismo moderno que mude a forma de produzir e usar energia; novas escolhas nos financiamentos públicos; na transformação da indústria. Significa ainda mudança de comportamentos; investimentos maciços em ciência e tecnologia; novos eixos da política de saúde pública; uma educação voltada para o que será exigido no futuro que começa agora, um mercado de trabalho que criará empregos ligados a novas tecnologias de energia e produção.

Uma proposta de governo que trate a questão climática-ambiental com a seriedade devida terá de enfrentar a falta de respeito à lei na Amazônia e isso será um avanço civilizatório. O combate ao atraso de uma parte do agronegócio abrirá novos mercados ao Brasil. O verde pode ser o veio central de uma proposta coerente em todas as áreas e atualizada com o que de mais moderno se conversa no mundo. O conhecimento do assunto se aprofundou tanto que os candidatos que usarem o nome da "sustentabilidade" em vão serão desmascarados como impostores. Não há clima para improvisos e maquiagem.

Se a senadora Marina Silva (PT-AC) for a candidata deste programa tem muito a fazer. Primeiro, precisa ir além da própria origem. Os passos que a levaram à militância política partiram do extrativismo. Isso é pequeno. Não dá nem para o começo da construção de um programa robusto. Precisará absorver o que está acontecendo no mundo e terá sim "enfrentamento". Inevitável. O Brasil atrasado e arcaico está em plena ofensiva contra o meio ambiente, como a própria senadora denunciou na aprovação da MP da grilagem. Não há composição possível com quem acha natural um programa decenal de energia que prevê 82 termelétricas a combustível fóssil. É preciso denunciar o que já caducou, contrariar interesses, enfrentar o velho.

Essa possibilidade pode não ser percebida pelos partidos que estão muito ocupados com as cenas de pugilato verbal e de degradação em que se transformou o ambiente político. Se a questão climática não tiver a atenção que merece, o Brasil terá uma campanha eleitoral, na segunda década do século XXI, discutindo ainda o século XX.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 13 Ago 2009, 20:38
por Apo
Quando a gente pensa que pode piorar, aí é mesmo é que piora muito mais ainda.

O destino da República de Bananas estaria assim escrito? :emoticon11:

Tomara que seja marola.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 06:44
por Johnny
É tão provável quanto uma candatura de FHC novamente...

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 07:18
por Fernando Silva
Se ela realmente for uma pessoa decente, já seria um progresso, mas não basta.
Boas intenções não resolvem tudo.
Por outro lado, preparo por preparo, quais são as qualificações do Lula?

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 08:37
por O ENCOSTO
Precisamos de usinas geradoras de energia, estradas, ferrovias, hidrovias, industrias de todos os tipos, etc.

Quando o Brasil chegar ao nível de desenvolvimento da europa, ai sim podemos nos dar ao luxo de preservar a natureza.

Quem podera nos ajudar?

Maluf?????? :emoticon26:

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 08:38
por O ENCOSTO
A proposito, isso não significa que defendo derrubada ilegal de arvores, trafico de animais silvestres, etc.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 10:18
por Johnny
O ENCOSTO escreveu:A proposito, isso não significa que defendo derrubada ilegal de arvores, trafico de animais silvestres, etc.

Defina derrubada ilegal de árvores. Que eu saiba, qualquer indio sabe que a amazona é uma zona...

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 10:51
por Apo
Johnny escreveu:
O ENCOSTO escreveu:A proposito, isso não significa que defendo derrubada ilegal de arvores, trafico de animais silvestres, etc.

Defina derrubada ilegal de árvores. Que eu saiba, qualquer indio sabe que a amazona é uma zona...


Acho que o Encosto disse sob o ponto de vista moral presumível para pessoas de bem. :emoticon1:

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 13:11
por O ENCOSTO
O Johnny é um fanfarrão.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 13:14
por Johnny
O ENCOSTO escreveu:O Johnny é um fanfarrão.

Não se aplica ao contexto.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 13:17
por O ENCOSTO
Porra meu. Derrubada ilegal de arvores é quando uma ou mais arvores são derrubadas ilegalmente.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 13:34
por Johnny
O ENCOSTO escreveu:Porra meu. Derrubada ilegal de arvores é quando uma ou mais arvores são derrubadas ilegalmente.

Seu comentário sobre eu ser fanfarrão, bobinho...

Quanto a ser ilegal, bem...aqui no Brasil só é ilegal o otário que não paga impostos arbitrados pelo estado. O resto é balela de botequim.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 15:45
por Apo
Estive fazendo uma estatística. Cerca de 90% dos posts se referindo a brasileiros ( em quaisquer assuntos ) contêm as palavras: OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Os tópicos seriam bem menos poluídos de conversa fiada se a gente apenas escrevesse usando estes atalhos:

Brasileiro = OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Se alguém tiver mais alguma sugestão de atalho, poste aí.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 15:58
por Johnny
Apo escreveu:Estive fazendo uma estatística. Cerca de 90% dos posts se referindo a brasileiros ( em quaisquer assuntos ) contêm as palavras: OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Os tópicos seriam bem menos poluídos de conversa fiada se a gente apenas escrevesse usando estes atalhos:

Brasileiro = OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Se alguém tiver mais alguma sugestão de atalho, poste aí.

Sou brasileiro
Não sou burro
Não sou idiota
Então a definição não serve.

Otário? Dependo de um governo eleito por outros
Trouxa? Pago impostos para não ter retorno

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 14 Ago 2009, 18:04
por Apo
Johnny escreveu:
Apo escreveu:Estive fazendo uma estatística. Cerca de 90% dos posts se referindo a brasileiros ( em quaisquer assuntos ) contêm as palavras: OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Os tópicos seriam bem menos poluídos de conversa fiada se a gente apenas escrevesse usando estes atalhos:

Brasileiro = OTÁRIO, TROUXA, BURRO, IDIOTA E CRENTE.

Se alguém tiver mais alguma sugestão de atalho, poste aí.

Sou brasileiro
Não sou burro
Não sou idiota
Então a definição não serve.

Otário? Dependo de um governo eleito por outros
Trouxa? Pago impostos para não ter retorno


Vou fazer outra pesquisa. Quem sabe consigo separar os burros e idiotas dos otários e trouxas. :emoticon16:

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 15 Ago 2009, 01:50
por Anna
14/08/2009 - 10:55
Exclusivo/Marina Silva no Balaio: as utopias e a mosca azul
BRASÍLIA _ Duas da tarde de quinta-feira, dia 13. A senadora Marina Silva (PT-AC), 50 anos, está terminando de almoçar com Moara, sua filha de 19 anos, estudante de Direito, que acabara de chegar da Inglaterra.

Sai da cozinha do seu amplo, mas modesto apartamento funcional da 309 Sul, e recebe-me na sala com um beijo e o mesmo sorriso sereno e amigo de sempre.

Como o tempo que temos para conversar é pouco, alertou-me a assessora de imprensa Jandira Gouveia, vou direto ao assunto que agitou a semana política e o cenário da sucessão presidencial, desde que a sua candidatura presidencial foi lançada pela direção do PV.

Balaio _ Você sempre foi uma pessoa movida pelo coração, que eu sei. Neste momento, o que diz o teu coração: você fica no PT ou vai para o PV, que te ofereceu a candidatura à Presidência da República?

Marina _ Olha, se eu tivesse esta certeza no coração, chamaria meus velhos companheiros Binho (o ex-colega de faculdade e atual governador do Acre, Binho Marques), Jorge (duas vezes governador do Acre, Jorge Viana) e Tião (senador Tião Viana, do PT-AC), e falaria primeiro para eles. Nesse momento, eu ainda estou vivendo a elaboração de toda a exposição a que me submeti nos últimos dias, ouvindo todas as pessoas, que não foram poucas, para que seja uma decisão consciente da minha parte.

Nos 50 minutos seguintes, Marina manteve-se impassível sentada na mesma posição no sofá, com sua fala mansa e firme sobre a importância da luta contra o aquecimento global e pela preservação da natureza para as futuras gerações, disposta a não abrir o jogo político-partidário por enquanto.

Saí de lá convencido de que ela já foi mordida pela mosca azul do PV. Posso estar enganado, mas agora é só uma questão de dias, não muitos, para que ela tome a grande decisão da sua vida. O calendário eleitoral fixa um prazo: 30 de setembro, a data limite para a mudança de partido.

Balaio _ Você já tinha pensado nesta idéia? Alguma vez já tinha passado pela tua cabeça o plano de se candidatar a presidente da República, antes de receber o convite dos dirigentes do PV?

Marina _ Tem uns seis meses que um grupo de jovens criou um site na internet chamado Movimento Marina Presidente. Perguntaram-me se eu autorizava, falei que não. Mas eles iam fazer de qualquer jeito. Não articulei nada para isso. Só ouvia as pessoas falarem sobre esta possibilidade da minha candidatura. Até pedi para que os assessores e as pessoas mais identificadas comigo não entrassem neste site para ninguém dizer que a Marina estava articulando alguma coisa.

A filha Moara vai até o escritório e, na volta, informa à mãe que o movimento foi criado no dia 17 de abril de 2006, mas só nos últimos meses a comunidade criada na internet começou de fato a funcionar.

As conversas com o pessoal do PV, lembra ela, começaram logo após o dia 13 de maio de 2008, quando ela entregou sua carta de demissão no Palácio do Planalto, depois de ocupar por 5 anos, 5 meses e 14 dias _ ela guarda os números na cabeça _ o cargo de ministra do Meio Ambiente do governo Lula.

Balaio _ Como foram estas conversas com os verdes?

Marina _ Eles me perguntavam por que eu não entrava no PV, mas eu levava na brincadeira. Pedia para eles pararem com isso, mas eles respondiam que estavam falando sério. Nas últimas semanas, começaram a me informar que estavam preparando a refundação programática do PV, com a participação de pessoas da academia, para colocar a questão do desenvolvimento sustentável na agenda estratégica do partido, planejando a desverticalização da direção e a conquista de novos militantes nos movimentos sociais. O quadro mundial mudou muito desde a criação do PV, há 24 anos, inspirado nos partidos verdes da Europa. Diante desta ameaça de aquecimento global, as questões ambientais não se resolvem sem uma forte integração com a dinâmica econômica. O mundo vive hoje uma forte mudança no modelo de desenvolvimento. É o grande desafio deste século. Estou fazendo uma grande reflexão sobre tudo isso.

Como se vê, o discurso de candidata pelo PV está pronto. O longo namoro dos verdes com Marina chegou ao pedido de casamento no dia 29 de julho último, quando ela foi chamada pela executiva nacional para ser oficialmente convidada a entrar no partido, acenando com o dote da candidatura.

Para convencê-la, mostraram-lhe uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), coordenada por Antonio Lavareda, que costuma trabalhar para o PSDB e o DEM nas campanhas, provando a viabilidade eleitoral do seu nome.

Nas 81 páginas desta pesquisa feita por telefone, que veio a público no mesmo dia em que conversamos, conclui-se que no confronto direto entre Marina e Dilma, em quatro cenários, a senadora perde em um, empata em outro e ganha em dois.

Balaio _ Além da pesquisa, o que mais vocês discutiram neste encontro do dia 29 de julho?

Marina _ Foi uma conversa que durou quatro horas em que eu mais ouvi do que falei. Eles me falaram dos novos desafios, das dificuldades que vivem em vários Estados onde há problemas. Mas não quero subordinar a minha decisão sobre a candidatura aos números da pesquisa. O centro da minha reflexão é programático. Como podemos presrvar os ativos ambientais sem que isso traga efeitos indesejáveis ao desenvolvimento? Como podemos integrar preservação com desenvolvimento?

Marina explica que sua reflexão tem que levar em conta três etapas. A primeira, e mais difícil, é se deve ou não se desfiliar do PT, o partido que ajudou a criar. Depois, filiar-se ao PV. Por último, discutir uma possível candidatura.

Balaio _ E em que pé está esta reflexão agora?

Marina _ Ninguém sai de um partido, depois de 30 anos, e vai para outro só para se candidatar a presidente da República. Esta é uma reflexão visceral para mim e para este século, principalmente para os jovens. Agora vou me recolher em mim mesma para decidir. Precisamos atender ao mesmo tempo às legítimas necessidades das gerações presentes sem inviabilizar o futuro. Precisamos construir uma aliança intergeracional com compromisso ético.

Em nenhum momento da nossa conversa, antes que eu tocasse no assunto, Marina falou dos seus tempos de governo ou dos programas e projetos do PT nesta área, como se ambos já fizessem parte do passado.

Balaio _ Neste um ano e meio que você deixou o governo, tem conversado com o presidente Lula? Como estão tuas relações com o governo e o PT?

Marina _ Sempre que há necessidade de uma interação institucional da senadora com o presidente e o governo é natural que a gente converse. Foi assim na recente homenagem ao João Candido, com a anistia póstuma e a inauguração da sua estátua, e no episódio da regulamentação fundiária na Amazônia. Estou me sentindo muito serena quanto a isso, graças a Deus. Vários companheiros do PT vieram falar comigo para que ficasse no partido, para continuarmos juntos. Conversamos muito também sobre a crise do Senado nestas últimas semanas. Mas é um erro ficarmos só falando da crise do Senado. Quantas possibilidades nós não temos de melhorar a vida no nosso país? Kant dizia que o projeto de um mundo melhor sempre caminha em paralelo com o projeto de um mundo pior. As coisas são mesmo paradoxais. Existe a crise do Senado, claro, ela é grave, mas também existe muita esperança neste Brasil, neste mundo em que a gente vive. Vivemos aqueles momentos do cerceamento da liberdade na ditadura, mas nunca vivi tanta esperança como naquela época. Mais tarde, um sociólogo consolidou a democracia e elegemos um metalúrgico realizador das nossas utopias. As políticas sociais do governo Lula são a realização das nossas utopias, embora estejam ainda apenas no começo. Isso precisa ser preservado e consolidado.

Marina se anima ao falar das utopias e dos utopistas, para desespero da assessora que fica olhando o relógio (num único dia, Jandira chegou a receber 60 ligações de jornalistas). Fala de Florestan Fernandes, Celso Furtado, Paulo Freire, Chico Mendes, D. Hélder, D. Moacyr, e junta na mesma lista Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, “os mantenedores das utopias”.

“Quero ser para os jovens e as pessoas da minha geração o que estas pessoas que citei foram para mim, uma mantenedora da utopia”.

Na hora de me despedir, Marina lembra que batizou sua única filha de Moara (ela tem mais três filhos homens), que quer dizer liberdade em tupi-guarani, em homenagem à primeira campanha presidencial de Lula, em 1989, quando ela estava grávida da menina.

“Viajava pelo Acre com uma barriga de oito meses, expremida num avião monomotor, entre o Jorge e o Tião, e eles falavam que eu ia entrar em trabalho de parto…”.

Em tempo: Se Marina for mesmo candidata, ela foi o quarto presidenciável que deu entrevista exclusiva a este Balaio desde a abertura do blog em setembro do ano passado (antes dela, foram Aécio, Ciro e Dilma). Agora só falta José Serra.

Se depender dos leitores do Balaio, que decisão Marina Silva deve tomar?

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 15 Ago 2009, 01:57
por Anna
Fernando Silva escreveu:Se ela realmente for uma pessoa decente, já seria um progresso, mas não basta.
Boas intenções não resolvem tudo.
Por outro lado, preparo por preparo, quais são as qualificações do Lula?



Marina é muito decente, mas eu não sei até onde ela possui força o suficiente para ser um presidete e para enfrentar essa empreitada. Não sei, ela me parece um pouco frágil demais, mas isso pode ser impressão minha, até porque essa mulher brigou muito e por muita coisa. Sempre podemos contar com a lucidez e a mão dela agindo em qualquer empreitada ou briga boa aqui na Amazônia. É uma luz na escuridão, mas seria uma boa presidente? Isso não sabemos...

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 15 Ago 2009, 13:56
por salgueiro
O que a gente acaba vendo em termos de preparo para o cargo só dá medo. :emoticon8:

Decência soa ao menos prá mim como mudança do status quo.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 15 Ago 2009, 20:20
por Johnny
salgueiro escreveu:O que a gente acaba vendo em termos de preparo para o cargo só dá medo. :emoticon8:

Decência soa ao menos prá mim como mudança do status quo.

Se Cristo fôsse presidente do Brasil, ou ele viraria corrupto ou não saberia de nada...

O Coronelismo ainda existe e é muito forte. E, sem preconteito, todos nordestinos. O que sobra para os presidentes e para os honestos são migalhas...e bem pequeneninhas...

E fanfarrão é tua avó Encosto!

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 15 Ago 2009, 21:53
por salgueiro
Johnny,

tá esquecendo que Deus é brasileiro ? :emoticon16:









( certo, de péssimo gosto ) :emoticon8:

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 16 Ago 2009, 11:03
por Fernando Silva
Anna escreveu:Marina é muito decente, mas eu não sei até onde ela possui força o suficiente para ser um presidente e para enfrentar essa empreitada.

Ela tem um grave defeito: é evangélica. Isto pode influenciar suas decisões ou não.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 16 Ago 2009, 11:49
por Darkside
Fernando Silva escreveu:
Anna escreveu:Marina é muito decente, mas eu não sei até onde ela possui força o suficiente para ser um presidente e para enfrentar essa empreitada.

Ela tem um grave defeito: é evangélica. Isto pode influenciar suas decisões ou não.


Reagan também era evangélico e foi um dos maiores presidentes americanos de todos os tempos.

Na verdade, as amizades dela são muito mais reveladoras do que a religião:

Marina _ Olha, se eu tivesse esta certeza no coração, chamaria meus velhos companheiros Binho (o ex-colega de faculdade e atual governador do Acre, Binho Marques), Jorge (duas vezes governador do Acre, Jorge Viana) e Tião (senador Tião Viana, do PT-AC), e falaria primeiro para eles.


Enfim, mais um lixo socialista, envolvida e pertencente ao resto da classe política que atualmente governa esse país.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 16 Ago 2009, 19:06
por Apo
Johnny escreveu:
salgueiro escreveu:O que a gente acaba vendo em termos de preparo para o cargo só dá medo. :emoticon8:

Decência soa ao menos prá mim como mudança do status quo.

Se Cristo fôsse presidente do Brasil, ou ele viraria corrupto ou não saberia de nada...



2

Sentiu que pode botar a bunda lá, já se corrompeu.

E esta Marina é uma chata de galochas! Parece uma crente de saião, coque e saia até o pé.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 16 Ago 2009, 19:07
por Apo
Fernando Silva escreveu:
Anna escreveu:Marina é muito decente, mas eu não sei até onde ela possui força o suficiente para ser um presidente e para enfrentar essa empreitada.

Ela tem um grave defeito: é evangélica. Isto pode influenciar suas decisões ou não.


Evangélica ???? E alguém ainda acha que ela pode ser uma boa opção para este país? Putz.

Re: Marina Lá, será?

Enviado: 17 Ago 2009, 12:10
por salgueiro
Lembrei de um comentário ouvido nos tempos da eleição do Collor de uma mulher, é lógico que vou votar nesse gato.