Queremos dividir o Brasil?

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Apo
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Re: Queremos dividir o Brasil?

Mensagem por Apo »

No Brasil é assim: alguém sempre é culpado e devedor. Bandido e vagabundo sempre está em crédito por motivos "óbvios". Entenderam, crianças? Tão tá bom. Agora sentem e copiem.
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Fernando Silva
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Re: Queremos dividir o Brasil?

Mensagem por Fernando Silva »

marta escreveu:Ademais, se os negros do Brasil quiserem retornar para a África, eu não tenho nada contra. Até outubro desse ano, somos um país livre. Cada um vai viver onde quiser e onde achar melhor para si.

Por alguma razão misteriosa, os angolanos cismam de vir para o Rio, nem que seja de clandestinos em porões de navio.
E chegam em ondas à Europa, terra dos malvados colonizadores e escravistas.

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marta
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Re: Queremos dividir o Brasil?

Mensagem por marta »

Fernando Silva escreveu:
marta escreveu:Ademais, se os negros do Brasil quiserem retornar para a África, eu não tenho nada contra. Até outubro desse ano, somos um país livre. Cada um vai viver onde quiser e onde achar melhor para si.

Por alguma razão misteriosa, os angolanos cismam de vir para o Rio, nem que seja de clandestinos em porões de navio.
E chegam em ondas à Europa, terra dos malvados colonizadores e escravistas.


E só não vão para os EUA porque, lá, não entram. É como os nordestinos. Eles saem do nordeste, chegam no Rio e em SP para exigir usdireito. Lá a bandalha desvia até as doações das vítimas das enchentes e todo mundo acha bacana. Aqui, eles querem moradia, saúde, educação, creche DE QUALIDADE. A vida é assim mesmo.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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Fernando Silva
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Re: Queremos dividir o Brasil?

Mensagem por Fernando Silva »

O mérito, as cotas e o racismo

DEMÓSTENES TORRES


Em audiência no STF, defendi as cotas sociais, em vez das raciais, para a ação afirmativa atender a quem dela precisa: os pobres de todas as cores

O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, me acusa de um delito, o racismo, que teria sido cometido em audiência no Supremo Tribunal Federal, em 2010.

Nela, defendi as cotas sociais, em vez das raciais, para a ação afirmativa atender a quem realmente precisa: os pobres de todas as cores.

Em nenhum trecho falei o que Vicente alega em artigo publicado nesta Folha no dia 19 de abril ("É o racismo, estúpidos!", "Tendências/Debates").

Naquele e em outros debates sobre cotas me vali das ciências, como a biologia e a história. Citei dados para embasar afirmações como a de que só existe uma raça, a humana. Nas vagas de cotas, qual critério usar? A cor da pele?

Pesquisa do projeto Raízes Afro-brasileiras mostrou que os genes do sambista Neguinho da Beija-Flor são 67,1% europeus e 31,5% africanos. O país inteiro é assim. O sangue é tão misturado que um laboratório é incapaz de identificar a coloração da epiderme que picou para extraí-lo. Só sabe que foi bombeado por um coração brasileiro.

Há filhos do mesmo pai, da mesma mãe, em que um é negro e o outro é branco. Gêmeos idênticos, cor de pele igual, foram divididos por universidade cotista: "Esse é negro, esse é branco". É a diversidade de um país que celebra Pelé e Clarice Lispector, Machado de Assis e Patrícia Pillar. Isso acabou evitando, no texto de que fui relator e do qual resultou o Estatuto da Igualdade Racial, a implantação de uma guerra que o povo nunca travou.

Ao contrário. A legislação, ao longo dos anos, tem sido implacável com o racismo. No artigo, Vicente me acusa de "destilar em praça pública os venenos que reservava para ambientes privados". Membros de ONGs acreditaram na matéria e a distribuíram via e-mail e em sites, blogs e perfis nas redes sociais. Começou com premissa não checada por um reitor, e o efeito viral tornou um parlamentar o racista da vez.

Quem, então, "destila veneno"?

O rosário vai do jogador Roberto Carlos aos brutamontes que brigam em estacionamento.

O propósito da colagem de manchetes é dar a impressão de que a apologia ao mérito tem o efeito de formar gangues. E sou eu o acusado de usar "retórica dissimulada".

Ao abrir, do alto do prestígio do jornal e da massificação da internet, o travesseiro com as penas das inverdades, Vicente me obriga a recolhê-las, uma a uma, como no tradicional exemplo dos crimes contra a honra. E sou eu quem "faz mau uso do direito de expressão pra fins pessoais inconfessáveis".

Nos comentários dos leitores virtuais, sobraram xingamentos raivosos. E sou eu quem "fomenta, de modo irresponsável, o ódio racial".

Os dados sem checagem o fizeram errar nome de congressista (confunde o deputado Júlio Campos com o senador Jayme Campos) e enxergar ligação entre a defesa do mérito e a "perseguição, a agressão e a eliminação de negros, de judeus e de homossexuais". Não há qualquer relação com esses absurdos. O que celebrei foi o painel multicor que torna tão belo e rico este Brasil heterogêneo.

A intolerância se disfarça dos mais nobres sentimentos, nutre-se do senso comum e, espalhando-se pelo politicamente correto, "tateia sutilmente pelas frestas e se mistura sinuosamente com naturalidade cotidiana". A saída é a educação.

Inclusive na Zumbi, mas quando se trabalhar para tirá-la do 1.568º lugar entre as faculdades e da nota 2 no índice de cursos.

Melhorar dá trabalho, mas é mais eficiente que achincalhar honra, crime que devemos "repudiar e combater sem trégua e sem piedade, sem diminuí-lo e sem ignorá-lo", exatamente como agimos nos casos de racismo.

DEMÓSTENES TORRES, procurador de Justiça, é senador da República pelo DEM-GO.

Fonte: Folha de S. Paulo, 24 de maio de 2011

Trancado