Governo retarda a devolução do Imposto de Renda
Enviado: 09 Out 2009, 17:59
08/10/09 - 23h59 - Atualizado em 09/10/09 - 00h54
Governo retarda a devolução do Imposto de Renda
O governo apertou um pouco a vida de quem já havia sido mordido pelo leão, e estava esperando a restituição do imposto de renda.
Vladimir Netto
Brasília, DF
Elaine Bast -
São Paulo, SP
Apertado pela queda da arrecadação e o aumento dos gastos, o governo segurou a devolução do IR.
Por essa o contribuinte não esperava. O governo está segurando a restituição do Imposto de Renda. "Como a gente é assalariado, nós precisamos desse dinheiro, com certeza", afirma o administrador de empresas, Robledo Araújo.
A informação foi divulgada pela 'Folha de S. Paulo'.
Até outubro, o governo devolveu R$ 5,5 bilhões. No ano passado, nessa mesma época, R$ 7 bilhões. Diferença de R$ 1,5 bilhão.
Não há lei que fixe prazo para o governo devolver o imposto recolhido a mais. Só que o normal é que o contribuinte que não cair na malha fina receba a restituição até dezembro. Tem sido assim nos últimos anos e existe até um cronograma divulgado pela Receita em maio prevendo isso. Só que desta vez.
"Nós estamos em um ano mais difícil, a nossa arrecadação tem sido mais baixa, portanto existe um ajuste. Agora se ate o final do ano houver uma recuperação, nos aceleraremos", afirmou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Alguns economistas duvidam que isso aconteça. Acham que o governo pode não ter dinheiro para pagar todo mundo até dezembro. A arrecadação caiu por causa da crise e os gastos aumentaram. "O governo sabia que existia uma crise e queria arrecadar menos. O que ele está chamando agora é o contribuinte para colaborar e isso é uma manifestação de que houve uma postura displicente em relação a essa questão de gasto", afirma o economista, José Matias Pereira.
O governo ainda argumenta que ninguém vai sair perdendo. O valor da restituição é corrigido mês a mês, pela taxa Selic, até a data do pagamento. Mas e quem contava com o dinheiro agora? E quem antecipou o recebimento da restituição no banco e agora tem uma dívida para pagar?
Por causa da dívida no cartão de crédito, a coordenadora fiscal, Joyce Juarez, decidiu antecipar o que iria receber do Imposto de Renda e fez um empréstimo no banco em junho. "Se não chegar até dezembro o banco vai debitar da minha conta e eu vou ficar no vermelho".
Os bancos costumam cobrar entre 2,25% e 4% por cento ao mês em empréstimos que tem a restituição do Imposto de Renda como garantia. O pagamento é feito de uma só vez, quando sai à restituição, ou numa data limite estabelecida pelo banco. Muitos deles escolhem dezembro, mês em que geralmente sai o último lote.
O problema é que quanto maior a demora para receber o dinheiro da restituição, mais juros o correntista paga na operação, já que eles são cobrados a cada mês. Se o financiamento não for pago na data de vencimento ele pode ser renegociado, só que com taxas de juros nem sempre favoráveis.
O professor de finanças, Rogério Frutuozo, fez as contas. Quem pegou R$ 2.000 em abril a uma taxa de 3% ao mês terá que pagar, em dezembro, R$ 2.533. Se não receber a restituição e não tiver saldo em conta o susto pode ser grande.
"Ele vai sair de um juros que era em torno de R$ 60 por mês para entrar em juros que pode ser de R$ 120 por mês em um empréstimo pessoal ou até R$ 200 por mês se for no cheque especial", explica.
Bem acima dos juros que o governo paga para corrigir as restituições. Ele aplica a Selic, a taxa básica da economia, hoje em 0,7% ao mês. "Enquanto o governo te remunera por aquele atraso o valor em torno de R$ 14,50, o banco te cobra R$ 66. Então são R$ 50 de diferença quem paga isso?".
FONTE: http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MU ... RENDA.html
JornaldaGlobo
Governo retarda a devolução do Imposto de Renda
O governo apertou um pouco a vida de quem já havia sido mordido pelo leão, e estava esperando a restituição do imposto de renda.
Vladimir Netto
Brasília, DF
Elaine Bast -
São Paulo, SP
Apertado pela queda da arrecadação e o aumento dos gastos, o governo segurou a devolução do IR.
Por essa o contribuinte não esperava. O governo está segurando a restituição do Imposto de Renda. "Como a gente é assalariado, nós precisamos desse dinheiro, com certeza", afirma o administrador de empresas, Robledo Araújo.
A informação foi divulgada pela 'Folha de S. Paulo'.
Até outubro, o governo devolveu R$ 5,5 bilhões. No ano passado, nessa mesma época, R$ 7 bilhões. Diferença de R$ 1,5 bilhão.
Não há lei que fixe prazo para o governo devolver o imposto recolhido a mais. Só que o normal é que o contribuinte que não cair na malha fina receba a restituição até dezembro. Tem sido assim nos últimos anos e existe até um cronograma divulgado pela Receita em maio prevendo isso. Só que desta vez.
"Nós estamos em um ano mais difícil, a nossa arrecadação tem sido mais baixa, portanto existe um ajuste. Agora se ate o final do ano houver uma recuperação, nos aceleraremos", afirmou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Alguns economistas duvidam que isso aconteça. Acham que o governo pode não ter dinheiro para pagar todo mundo até dezembro. A arrecadação caiu por causa da crise e os gastos aumentaram. "O governo sabia que existia uma crise e queria arrecadar menos. O que ele está chamando agora é o contribuinte para colaborar e isso é uma manifestação de que houve uma postura displicente em relação a essa questão de gasto", afirma o economista, José Matias Pereira.
O governo ainda argumenta que ninguém vai sair perdendo. O valor da restituição é corrigido mês a mês, pela taxa Selic, até a data do pagamento. Mas e quem contava com o dinheiro agora? E quem antecipou o recebimento da restituição no banco e agora tem uma dívida para pagar?
Por causa da dívida no cartão de crédito, a coordenadora fiscal, Joyce Juarez, decidiu antecipar o que iria receber do Imposto de Renda e fez um empréstimo no banco em junho. "Se não chegar até dezembro o banco vai debitar da minha conta e eu vou ficar no vermelho".
Os bancos costumam cobrar entre 2,25% e 4% por cento ao mês em empréstimos que tem a restituição do Imposto de Renda como garantia. O pagamento é feito de uma só vez, quando sai à restituição, ou numa data limite estabelecida pelo banco. Muitos deles escolhem dezembro, mês em que geralmente sai o último lote.
O problema é que quanto maior a demora para receber o dinheiro da restituição, mais juros o correntista paga na operação, já que eles são cobrados a cada mês. Se o financiamento não for pago na data de vencimento ele pode ser renegociado, só que com taxas de juros nem sempre favoráveis.
O professor de finanças, Rogério Frutuozo, fez as contas. Quem pegou R$ 2.000 em abril a uma taxa de 3% ao mês terá que pagar, em dezembro, R$ 2.533. Se não receber a restituição e não tiver saldo em conta o susto pode ser grande.
"Ele vai sair de um juros que era em torno de R$ 60 por mês para entrar em juros que pode ser de R$ 120 por mês em um empréstimo pessoal ou até R$ 200 por mês se for no cheque especial", explica.
Bem acima dos juros que o governo paga para corrigir as restituições. Ele aplica a Selic, a taxa básica da economia, hoje em 0,7% ao mês. "Enquanto o governo te remunera por aquele atraso o valor em torno de R$ 14,50, o banco te cobra R$ 66. Então são R$ 50 de diferença quem paga isso?".
FONTE: http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MU ... RENDA.html
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