18/10/2009
Amantes de vale-tudo lotam templo da Renascer
Léo Arcoverde
do Agora
Pela terceira vez no ano, amantes de vale-tudo, esporte oficialmente chamado de MMA (Artes Marciais Mistas, na tradução em português), lotaram, entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, o templo da Igreja Renascer em Cristo de Alphaville, em Barueri (Grande SP). Em cima ou ao redor do ringue colado ao altar, a maioria do público era de não fiéis.
O evento foi a terceira edição da "Noite do Vale-Tudo", promovida pelos pastores Fredinho e Dogão Meira, em parceria com academias da modalidade. Atraiu nada menos do que mil pessoas --das quais cerca de 600 não frequentam a igreja--, levadas pela admiração que têm pelo esporte. No local, a venda de álcool e cigarro é proibida.
Em sua maioria, o público é formado por rapazes, praticantes do jiu-jitsu ou de alguma outra arte marcial, que moram na região e não ligam para o fato de o evento ser feito dentro de uma igreja.
Durante a noite, 20 lutadores amadores e profissionais de "submission" (variação do jiu-jitsu praticada sem quimono) e MMA, incluindo fiéis e até pastores da igreja, subiram ao ringue. Entre um combate e outro, houve pausas para o louvor.
A grande procura por parte dos não fiéis não surpreendeu os organizadores. "Graças a Deus, o MMA já quebrou várias barreiras de preconceito", diz o pastor Fredinho. "Por trás disso, queremos pregar uma mensagem de amor, num mundo onde a gente só vê destruição, prostituição e os jovens se acabando nas drogas", afirma.
Praticante de jiu-jitsu há um ano, o estudante André Vietri, 14 anos, esteve nas duas primeiras edições do evento, ocorridas em março e junho deste ano, no mesmo local. "Não sou da igreja, venho mais pelas lutas", diz.
O mesmo acontece com seu colega, também estudante, Luís Ricardo Monteiro Júnior, 13 anos, que luta jiu-jitsu há seis meses. "É legal porque muita gente ainda tem preconceito tanto contra a igreja quanto em relação ao vale-tudo. Não frequento [a igreja], mas sou competidor e, nas próximas edições, quero fazer alguma luta."
Com 40 lutas de jiu-jitsu na bagagem, Thiago Passos, 23 anos, campeão brasileiro da modalidade na categoria até 77 kg, fez duas estreias na madrugada de ontem. "Foi o meu primeiro combate de MMA, e jamais tinha lutado dentro de uma igreja", conta.
Mesmo não sendo um fiel da Renascer, ele diz que, de cima do ringue, não sentiu tanta diferença diante das lutas que já disputou em ginásios lotados. "Não pesou para mim porque o pessoal da academia veio até aqui, me apoiou, gritou meu nome. E o mais legal é que, por ser disputado dentro de uma igreja, o público que vem ao evento é mais diversificado, há mais famílias, gente de todas as idades. Gostei bastante da ideia."
http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ul ... 9587.shtml
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18/10/2009
'Já fui usuário de crack', afirma pastor que luta
Léo Arcoverde
do Agora
Um dos organizadores do evento e lutador de "submission", o pastor Dogão Meira, 27 anos, de bermudão em cima do ringue, foi derrotado ontem, em menos de três minutos de combate, por Thiago Gaia, 18 anos, da equipe Chekmat, que lhe encaixou um armiloque --um tipo de chave de braço muito usado no jiu-jitsu.
"Porém, não há motivo para desânimo. Em outro evento que fizemos, na igreja do Jabaquara [zona sul de SP], ganhei a luta em menos de dez segundos. Acontece", diz. "É só uma luta. O mais importante é que, em Jesus Cristo, eu sou mais que um vencedor."
Sobre a importância do esporte e da igreja na vida dos jovens, Dogão diz que, antes de se tornar membro da Renascer, foi usuário de drogas. "Antes de me entregar a Jesus, quando se iniciou uma revolução em minha vida, eu fumava crack, usava maconha e cheirava cocaína. Usei todas essas drogas dos 13 aos 19 anos. Era um cara totalmente destruído, sem perspectiva."
http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ul ... 9589.shtml
