Bem, Zé Mané, você não gostou de eu generalizar "brasileiros", mas por acaso quer argumentar com "excessões"? Excessões são muito perigosas, especialmente quando chegam nas cabeças dos nossos cretinos paralamentares. Isso porque eles têm o desagradável costume de fazer leis tipo "sofá da sala". Lembra? O marido chega em casa e pega a esposa numa boa com o amante dela no sofá da sala. E toma uma medida drástica para acabar com essa sem-vergonhice: _ Vende o sofá (quando o certo seria vender a esposa...).
Os nossos paralamentares são assim. Fizeram uma lei proibindo o trabalho infantil... Sem excessões. Certo, a EXPLORAÇÃO do trabalho infantil tem mesmo é que ser coibida, mas TODO trabalho infantil é necessariamente exploração? Tem pais que são pintores, mecânicos ou praticam outro negócio próprio e usavam seus filhos como auxiliares, tendo com isso a chance de eles aprenderem o ofício e, se por acaso o pai adoecesse ou não pudesse trabalhar por outro motivo, o filho poderia tapar o buraco. Além disso, esses pais sabiam onde seus filhos estavam e o que estavam fazendo. Mas se fizerem isso hoje... Ah! Já vem o conselho tutelar cair de pau em cima.
E no campo, já que estamos tratando deste assunto.
Em situações sazonais, como colheita de laranja, o casal levava a família toda para ajudar. Assim, podiam colher várias caixas e ganhar uma grana maior no fim do dia. Mas hoje... O hoje o casal tem de se virar sozinho: não pode contar com a ajuda dos filhos, pois senão o Conselho Tutelar... Como pode ver, os nossos paralamentares pensam que estão legislando na Suécia. Não sabem que a realidade do país é muito outra.
E me diga uma coisa: um casal tem condições de cuidar sozinho de 20 ou 30 hectares de terra? Sim, pois seus filhos NÃO PODEM ajudá-los, pelo mesmo motivo exposto acima. Como é que uma família de assentados vai dar certo, mesmo que saiba o que fazer para as coisas funcionarem?
É só levarmos em conta que: o dia tem 24h, e na vida de uma criança dessa seria subdividida em:
acordar: 5h da matina (os colégios não são pertos em zonas rurais)
colégio: 8h às 12h
almoço: 13h às 14h
ir com a família até a um laranjal catar laranja: 14:30 às 19h;
lição de casa: 19h às 20h
dormir: 20h às 5h do dia seguinte...Brincar na terra, ser um pouco criança é totalmente irrelevante.(?)
Ajudar nas tarefas de casa, lavar louças, passar um paninho e varrer são atividades mais leves e rápidas. Agora, ir a uma plantação de laranja participar de uma colheita é puxado para uma criança em idade escolar.
Aí depois crescem, sem uma boa instrução, então um monte de classe média e classe média/alta ficam discutindo porque se tornou um adulto burro!
Ou vontade. Luís Gama, um menino negro e filho de pais livres, foi vendido como escravo por seu próprio pai, que era viciado em jogo. Com toda a vida dura de escravo, aprendeu a ler quase sozinho e em todo o tempinho livre que tinha, sempre aproveitava para estudar alguma coisa. Foi assim que aprendeu o bastante para se tornar advogado. Há muitos exemplos de trabalhadores que conseguiram aprender, mesmo tendo muito tempo consumido no trabalho. Agora se há "trabalhadores" ao estilo dos nossos congressistas...
Isso foi há muito tempo! Hoje em dia não é tão simples assim se tornar um advogado sendo totalmente autodidata. A criança tem que estar adaptada a matriz curricular para poder cursar uma determinada série. Onde uma criança sozinha, atualmente, iria imaginar a matriz curricular de uma escola sem contato com uma? Sem histórico escolar, onde ela seria matriculada? Sem registros escolares anteriores e deficiente em diversas matérias da grade curricular de uma escola, até mesmo a pública? Isso é utopia!
Como uma criança criada nesses moldes poderia vir a ser um advogado formado em uma faculdade federal?
Agora, coloque por cima de tudo isso a ideologia arcaica de seus pais, que preferem vê-lo catando laranja a se educar...
Agora acredite, estes diversos trabalhadores que conseguiram mudar de vida, pode ter certeza que foi uma mudança de atitude também por parte da família.