Jânio já tinha renunciado à candidatura em 1959

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Fernando Silva
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Jânio já tinha renunciado à candidatura em 1959

Mensagem por Fernando Silva »

Antes de renunciar à presidência, Jânio renunciou à candidatura à presidência.

O GLOBO NOTICIAVA EM 26 DE NOVEMBRO DE 1959

Jânio Quadros não é mais candidato!

DEPOIS DE UMA REUNIÃO de várias horas na casa do Sr. Quintanilha Ribeiro, da qual participaram os Srs.

Magalhães Pinto, presidente da UDN, e Leandro Maciel, candidato à Vice-Presidência, o Sr. Jânio Quadros renunciou à sua candidatura à Presidência da República e desapareceu.

É a seguinte a carta que o Sr. Quadros dirigiu ao Sr. Magalhães Pinto: “Sr. presidente. Nesta data renuncio à minha candidatura à Presidência da República.

Não consegui, como é do conhecimento de V.Exa., reunir, em torno do meu nome, as diversas legendas e correntes políticas que procuram novos rumos para o país, com a unidade e a harmonia indispensáveis ao êxito de nossa jornada. Quero agradecer a V. Exa. e à UDN o apoio que recebi, e êste agradecimento é extensivo ao PL, ao PTN e ao PDC, que, também, adotaram o meu nome. Se, nesta fase, é difícil, assim, coordenar os esforços e somar os anseios dos homens de bem que militam nos vários partidos, impossível será governar no atendimento das reivindicações do povo e das necessidades brasileiras”.

Ouvido pelo GLOBO, o Sr. Doutel de Andrade, secretário-geral do PTB, disse: “Não acredito que o Sr. Jânio Quadros esteja sendo sincero. Tudo não passa de farsa e pantomima.”


O momento exige um pilôto de tormenta
O GLOBO NOTICIAVA EM 27 DE NOVEMBRO DE 1959

EDITORIAL: “A deliberação assumida anteontem à noite pelo Sr. Jânio Quadros, de renunciar à sua candidatura à sucessão do presidente Kubitschek, não pode constituir senão um episódio no tumultuoso curso dos acontecimentos.

Um país que, em quatro anos, duplicou a quantidade de papel-moeda em circulação, onde a inflação é cultivada como instrumento de prosperidade, onde a perda cotidiana do valor da moeda e a alta vertiginosa dos preços não ditam ao chefe do Poder Executivo uma alteração capital de seus métodos e rumos, exige, para sobreviver, a escolha de um pilôto de tormenta: um homem provado no ofício de governar, de probidade indiscutível, de perfeita capacidade de luta e que traga a amparar-lhe a autoridade o favor das massas e a confiança das elites.

Êsse homem continua sendo o Sr. Jânio Quadros, pelas circunstâncias que rodearam o surgimento de sua candidatura. Quatro partidos políticos deliberaram em solenes convenções adotá-la e apoiá-la nas urnas, quando a candidatura já existia.

Entre o Sr. Quadros e êsses partidos não ocorreu a mínima desavença programática ou qualquer fratura moral na solidariedade que os unia. Uma só dessas razões bastaria para justificar o seu ato e a extinção da campanha presidencial já iniciada.

TUDO convence, porém, que a crise decorreu da atitude — e dela apenas — da UDN, constrangendo o Sr. Jânio Quadros à adoção, com caráter de exclusividade, do Sr. Leandro Maciel para seu companheiro de chapa.”

EM SETORES udenistas, acredita-se que a tática do Sr. Jânio Quadros é recuar para tentar desmoralizar a cúpula partidária e depois voltar, impelido pela vontade popular. Receberia assim os votos do eleitorado udenista, mas não estaria sujeito às imposições do partido. Por outro lado ficaria livre para receber votos de outros setores, que nêle não voltariam devido à característica udenista de sua candidatura.

Trancado