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Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 18 Dez 2009, 15:37
por Sem Censura
http://tools.folha.com.br/print?site=em ... 8077.shtml


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18/12/2009 - 14h33
Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global, diz estudo
MAURÍCIO KANNO
colaboração para a Folha Online


Consultores do Banco Mundial relataram em periódico deste bimestre que substituir derivados animais na alimentação, como carnes e laticínios, por análogos vegetais, daria resultados mais rápidos contra o aquecimento global do que ações que trocam combustíveis fósseis por energia renovável.

Segundo estudo divulgado pela organização de pesquisa ambiental World Watch Institute, de Washington, a pecuária seria responsável por pelo menos 51% das emissões dos gases-estufa no mundo, ou 32,5 bilhões de toneladas.

    Na véspera de Copenhague, ativistas se manifestam em SP contra carne
    Economista britânico recomenda vegetarianismo contra mudança climática
    Pecuária bovina gera ao menos 50% do gás-estufa do Brasil, mostra estudo

Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Gado em rodovia no Pará; 51% do gás-estufa mundial é da pecuária, diz estudo

Se abraçada pela comunidade internacional, a tese representa uma virada de mesa no debate sobre a mudança climática, geralmente focado na questão energética.

Os autores do estudo, Robert Goodland e Jeff Anhang, respectivamente consultor-chefe aposentado e especialista, ambos da área ambiental do Banco Mundial, avaliam que o percentual de 18% normalmente divulgado para medir o impacto da pecuária no aquecimento global está "extremamente subestimado".

Mesmo a pesquisa anterior que estimava os 18%, da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), já dizia que a pecuária possui mais impacto no clima do que o setor dos transportes.

A ecóloga Magda Lima, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), responsável por relatórios sobre a agropecuária no Brasil, acredita que os valores são superestimados. "Os estudos precisam levar mais em conta as emissões históricas", diz ela. "O Brasil tem o maior rebanho comercial hoje, mas é preciso levar em conta o que países desenvolvidos já degradaram."

O Brasil apresentou no sábado passado (12), em Copenhague, estudo preliminar que responsabilizava, só a pecuária bovina, por ao menos 50% dos gases do efeito estufa no país.

Arte/Folha Online
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Uma das fontes de gás-estufa da pecuária desconsiderada, segundo os autores, é a emissão de gás carbônico devido à própria respiração dos rebanhos. A FAO afirma que a respiração dos rebanhos "faz parte de um sistema cíclico biológico". E, pela reconversão do CO2 em compostos orgânicos, não está listada como uma fonte reconhecida de gás-estufa sob o Protocolo de Kyoto.

SXC
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A respiração dos animais é fator importante de emissão de gás-estufa por responsabilidade humana, dizem pesquisadores

Mas os autores ressaltam que o gado é "invenção e conveniência humana". Com isso, "hoje, mais dezenas de bilhões de animais criados pelo ser humano estão exalando CO2 que nos tempos pré-industriais", enquanto a capacidade fotossintética da Terra declinou gravemente com a falta de cobertura vegetal, defendem.

Os autores indicam ainda que as terras também seriam melhor usadas caso nelas fosse produzida diretamente comida para os humanos ou biocombustíveis, que poderiam substituir outras fontes de energia.

Metano

A FAO também destaca como ponto negativo o metano emitido pela digestão dos rebanhos. Este gás tem um potencial de aquecimento da Terra maior que o gás carbônico, mas sua duração na atmosfera é bem mais reduzida.

Mas o estudo divulgado pelo World Watch Institute aponta que o potencial de efeito estufa do metano é quase triplicado ao se utilizar uma linha do tempo de 20 anos --o que seria mais apropriado, por seus efeitos, segundo eles-- ao invés de 100 anos, como fez a FAO.

Goodland e Anhang apontam também que há emissões da pecuária alocadas em outros setores. Um exemplo é a criação de peixes e a pesca destinada à alimentação dos rebanhos.

Citam também o desperdício de partes não aproveitáveis dos animais, como ossos e gorduras incinerados; a cadeia paralela de subprodutos como couro e pele; e o cuidado sanitário maior no embalamento dos produtos da pecuária.

Mas eles vão ainda mais longe, ao consumidor final: consideram que o tempo de cozimento de alimentos derivados de animais é maior e isso leva ao uso de mais fluorocarbonetos e energia; além das emissões de carbono por tratamento médico de zoonoses e doenças degenerativas humanas devido ao consumo de derivados animais.

Soluções

Os autores indicam que neste contexto, a melhor estratégia na luta climática seria substituir produtos derivados de animais por análogos vegetais. Segundo seu estudo, apenas mudar o modo de produção ou tipo de carnes ou laticínios não teria uma redução significativa de seu impacto.

A bióloga Adriana Conceição, com especialização no impacto da pecuária bovina no Brasil, estima que medidas como alterar a dieta dos animais poderiam reduzir no máximo cerca de 10% de seu impacto.

Ela considera pioneira esta recomendação vinda de uma organização como a World Watch: "Em geral recomenda-se trocar certas fontes de energia por outras melhores", conta ela, "mas normalmente não se fala em substituição de alimentos."

Magda Lima já aposta na concentração das criações de animais em espaços reduzidos e em alteração de dietas, mas ainda estima que essas técnicas possam reduzir no máximo entre 15% e 20% de suas emissões.

O estudo divulgado pela World Watch também aponta a dificuldade que existe há muitos anos em se desenvolver tecnologias "verdes" para energia.

Assim, eles recomendam um esforço direcionado ao setor industrial para a oferta de "produtos análogos a carnes e laticínios" processados, como soja e diversos tipos de legumes e grãos. Quando processados, ficariam similares aos originados da pecuária.

Para viabilizar este novo movimento de mercado um significativo investimento em publicidade seria necessário, pois os produtos são novos para a maior parte dos consumidores. Recursos poderiam vir de fundos específicos para iniciativas de menor impacto de carbono na economia. E as embalagens poderiam ser diferenciadas mostrando o impacto de carbono dos alimentos.



Muito interessante!!

Será que, finalmente, o incentivo ao vegetarianismo entrará na pauta dos grandes líderes mundiais?

Lembro que, recentemente, houve uma crise causada pelo aumento acentuado e repentino do preço dos alimentos em todo o mundo. E uma das causas, unanimemente apontada, foi o aumento do consumo de carne em países com grande população, como a China e a Índia. Muito se falou sobre as consequencias desse aumento de preços e sobre as causas desse aumento. Mas, muito estranhamente, ninguém na Imprensa apontou a solução óbvia: que a solução para o problema estaria em combater a importância cultural que se dá ao consumo de carne, através de políticas públicas que incentivassem o vegetarianismo.

Quem sabe agora...

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 18 Dez 2009, 16:30
por user f.k.a. Cabeção

A histeria do aquecimento global está exibindo, cada dia um pouco mais, seus claros contornos de psicopatia de massa, e demonstrando o que sempre sempre esteve claro ao observador atento e sensato: que não passa de mais um episódio do patético espetáculo conduzido pelos mesmos arlequins coletivistas há séculos.

Nada além da velha arrogância construtivista daqueles que se consideram aptos a planejar e desenhar sociedades de cima para baixo, seja com base em modelos estilizados que reclamam a ciência como sua propriedade exclusiva, seja com base em mera vaidade prepotente dos líderes futuristas.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 18 Dez 2009, 18:07
por Sem Censura
Principalmente porque quem vai se ferrar de verdade com o aquecimento global serão os países tropicais (pobres). Enquanto alguns dos desenvolvidos irão é se beneficiar. (Canadá, Rússia, etc.)

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 06:27
por Johnny
Isso (o estudo) só vem dar maior credibilidade ao fato de que, quem exinguiu os dinossauros foram eles mesmos.

Basta uma breve análise utilizando a proporcionalidade geométrica do diâmetro do orificio anal para termos a certeza de que, pela proporção tamanha que eram os cus dos dinossauros e o quanto eles cagavam, criaram tamanha nuvem de gases que fez com que todo o planeta ruisse. Levando em conta que hoje, temos proporcinalemnte no gado a quantidade anal-conspiratória equivalente ao anus proporcionalis da época dos dinossauros, só podemos esperar um boom gigantesco do clima. Ou seria pum?

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 06:32
por Luis Dantas
Eitcha. Com esse tipo de mentalidade, vamos nos ferrar bonitcho.

"Teoria da Conspiração" tem limites, gente.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 07:08
por Johnny
Luis Dantas escreveu:Eitcha. Com esse tipo de mentalidade, vamos nos ferrar bonitcho.

"Teoria da Conspiração" tem limites, gente.

Bem, não sei se refere ao meu sarcasmo ou à noticia em si.

O fato é que acho muito pouco provável (hoje, agora eu diria impossível) que qualquer país desenvolvido abra mão de qualquer coisa em prol dos em desenvolvimento, seja em nivel industrial ou não. Então será muito mais fácil dizer "Olha, o culpado pelo aquecimento é o BRasil pois lá eles desmatam a Amazônia, queimam madeira pra fazer carvão para o churrasco do Flamengo, plantam cana para a cachaça do Lula e etc.

Os estados unidos acabou de sair da COP-15 sem deixar lá um tostão, mas acaba de aprovar mais de 600 bilhões para o Iraque e Afeganistão.

Eles estão falando bem calro ao mundo: FODAM-SE vocês.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 07:29
por Luis Dantas
Johnny escreveu:O fato é que acho muito pouco provável (hoje, agora eu diria impossível) que qualquer país desenvolvido abra mão de qualquer coisa em prol dos em desenvolvimento, seja em nivel industrial ou não.


Aí é que está, Johnny.

Como o GWB não quis entender em sua época (ao se recusar a assinar o Protocolo de Kyoto) e como aparentemente muita gente mesmo hoje ainda não entende em Copenhage, a questão já não é essa, se é que algum dia foi.

É tarde demais para se deixar levar por esse tipo de preocupação mesquinha. A esta altura a dúvida é se ainda se pode fazer alguma coisa significativa para deter o aquecimento global, não se vai ser difícil.

Então será muito mais fácil dizer "Olha, o culpado pelo aquecimento é o BRasil pois lá eles desmatam a Amazônia, queimam madeira pra fazer carvão para o churrasco do Flamengo, plantam cana para a cachaça do Lula e etc.


Ah, então é isso que vocês estão pensando! Que vão procurar um bode expiatório e cruzar os braços.

Os estados unidos acabou de sair da COP-15 sem deixar lá um tostão, mas acaba de aprovar mais de 600 bilhões para o Iraque e Afeganistão.

Eles estão falando bem calro ao mundo: FODAM-SE vocês.


Que eu saiba o propósito da COP-15 não era angariar fundos, embora essa proposta tenha sido levantada durante as negociações. As notícias que circulam em inglês invariavelmente ressaltam a necessidade de ação na China e nos EUA, não nos países menos desenvolvidos.

Só aqui dentro do Brasil é que vejo essa mentalidade predatória. Não foi sem motivo que a presidente do COP-15 renunciou - é evidência de que as discussões foram extremamente penosas, como evidentemente seriam, já que você está certo quanto à dificuldade que vai ser convencer qualquer país (não apenas o Brasil) a seguir algum caminho que não seja o mais rápido e barato para o desenvolvimento econômico.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 07:44
por Johnny
Dantas, você acha que um país como o nosso possa crescer a a partir de agora com seu desenvolvimento industrial truncado e monitorado? Eu acho que não. Isso parece mais aquela estória: Aquel cara tá subindo muito rápido da empresa. Melhor dar um jeito nele.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 08:42
por Luis Dantas
Johnny escreveu:Dantas, você acha que um país como o nosso possa crescer a a partir de agora com seu desenvolvimento industrial truncado e monitorado?


País algum pode simplesmente pretender crescer indefinidamente. O mundo é finito.

Mas sim, o desenvolvimento industrial não me parece particularmente necessário para o crescimento econômico, de qualquer forma. Nesse sentido o Brasil talvez seja até privilegiado em relação à maioria dos membros do G7.

Eu acho que não. Isso parece mais aquela estória: Aquel cara tá subindo muito rápido da empresa. Melhor dar um jeito nele.


Parece, porque é assim que nós brasileiros pensamos. Se é que eu sou brasileiro... ainda não me rendi. :emoticon4:

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 13:29
por Apo
Luis Dantas escreveu:
Johnny escreveu:Dantas, você acha que um país como o nosso possa crescer a a partir de agora com seu desenvolvimento industrial truncado e monitorado?


País algum pode simplesmente pretender crescer indefinidamente. O mundo é finito.


Well, o mundo é finito, mas dentro da finitude ninguém quer ficar prá trás. Sempre que alguém dá um passo, surge a orda dos que choram pra mamar e responsabilizar o adiantado sobre os riscos de continuar na frente indefinidamente. É um jogo sem fim, e é o que move as ideologias antagônicas ( que no fundo querem todas a mesma coisa, só que com meios diferentes).

Mas sim, o desenvolvimento industrial não me parece particularmente necessário para o crescimento econômico, de qualquer forma. Nesse sentido o Brasil talvez seja até privilegiado em relação à maioria dos membros do G7.


Eu vejo que a industrialização passou a ser o canal para colocar em funcionamento as inovações, ou se volta ao tempo do país agrícola. O problema com a indústria são os vícios adquiridos após a Revolução Industrial: subprodutos variados. Se estes problemas forem remanejados a um nível mínimo poluidor, a indústria terá outra peso na cadeia macro.
O que não vejo é como querer frear a industrialização, talvez parando de criar bois, para não termos mais laticínios e carne. Se formos por aí, a estagnação vai promover outros problemas.
O que os mais resistentes não enxergam é que se pode largar alguns paradigmas desenvolvimentistas para construir outros menos danosos a médio e longo prazo.
Esta briguinha que se viu em Copenhagen é o jogo de sempre: " Você pode, eu também. Não vão fazer, também não vou. Não sei o que você vai aprontar, então não se faça de bem intencionado. Não vou ceder e assinar algo que pode me destruir, só porque vocês não conseguem chegar onde eu cheguei blablabla".
Não vejo negociação possível neste perfil de debate, nem com todo terror do discurso conspiracionista. Aliás, muito menos sob a pressão deste.

Eu acho que não. Isso parece mais aquela estória: Aquel cara tá subindo muito rápido da empresa. Melhor dar um jeito nele.


Parece, porque é assim que nós brasileiros pensamos. Se é que eu sou brasileiro... ainda não me rendi. :emoticon4:


Brasileiro é irrelevante a meu ver, embora se ache o rei da cocada preta. Temos um pedaço de planeta considerável , em compensação somos muito ignorantes. Não temos moral para dar lição em ninguém. E com o governo atual do jeito que as coisas estão postas, podemos quebrar a cara feio, logo ali na esquina.
Também nasci aqui, mas de brasileira não reconheço quase nada em mim. O mundo só se liga em quem está de alguma forma servindo aos interesses no momento. O Brasil é uma criança boba em fase egocêntrica, achando que pode sair do berço e mandar o resto dos moradores morar no quintal.
O melhor é ficarmos assistindo ao que está acontecendo pois as cartas recém estão sendo postas na mesa.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 14:54
por Fernando Silva
Apo escreveu:Eu vejo que a industrialização passou a ser o canal para colocar em funcionamento as inovações, ou se volta ao tempo do país agrícola.

Não há como separar indústria e agricultura, a menos que se volte a métodos de cultivo pré-industriais, o que implicaria em níveis de produção tão baixos que a população teria que se reduzir a menos de 1 bilhão, que é onde ela estava quando a Era Industrial realmente explodiu.

Sem falar nos meios de transporte, conservação e armazenamento.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 20 Dez 2009, 17:27
por Apo
Fernando Silva escreveu:
Apo escreveu:Eu vejo que a industrialização passou a ser o canal para colocar em funcionamento as inovações, ou se volta ao tempo do país agrícola.

Não há como separar indústria e agricultura, a menos que se volte a métodos de cultivo pré-industriais, o que implicaria em níveis de produção tão baixos que a população teria que se reduzir a menos de 1 bilhão, que é onde ela estava quando a Era Industrial realmente explodiu.

Sem falar nos meios de transporte, conservação e armazenamento.


Não há como separar agricultura, indústria - e nem serviços que dependam da indústria - de logística, na verdade. Se estas atividades fossem realizadas em níveis locais, talvez os problemas a resolver não fossem tão grandes. Por exemplo: para escoar uma produção de uma região para outra, ou para fazer a produção do interior chegar à áreas portuárias, há dezenas de entraves burocráticos e problemas como os que você citou ( conservação e armazenamento). Quanto mais se alargam as fronteiras comerciais, mais complexa fica a cadeia e mais criativos precisamos ser para desenvolver soluções inteligentes - leia-se retorno financeiro, qualidade e sustentabilidade sem deixar rastros de destruição.
O óbvio é que sempre que uma nova era explode ( como você disse), o deslumbre afoito vem junto com a falta de planejamento, até porque é meio difícil vislumbrar todas as consequências futuras. Nem tudo é mensurável por antecipação. O problema é que o homem é predador e ao mesmo tempo contemporizador: "Vamos fazer, depois pensamos em resolver problemas que por ventura surgirem".
Não tem mesmo muito o que dizer, só correr atrás dos supostos e alegados prejuízos.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 28 Dez 2009, 13:25
por Guilherme
E voces acreditam nesse papo furado de aquecimento? Eu quero é mais consumo, mais produção, mais tecnologia. Vão dar uma olhada no cotidiano desse pessoal que fica com esse papo furado. O que existe de verdade é o desejo da manipulação mental. Nem se pode argumentar que esse povo quer que sobre mais pra eles, a história prova que o desenvolvimento não funciona assim. É simplismente doença.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 29 Dez 2009, 05:50
por Fernando Silva
Guilherme escreveu:E voces acreditam nesse papo furado de aquecimento? Eu quero é mais consumo, mais produção, mais tecnologia.

A virtude está no meio. Mais produção e mais consumo sem cuidado com o meio ambiente não é sensato.
E por que o aquecimento é papo furado?
Por que essa fé cega em que a tecnologia será capaz de encontrar soluções a tempo para todos os problemas?

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 30 Dez 2009, 20:07
por Guilherme
Não existe ponta nem meio, é uma mesa redonda. Como vivemos e acreditamos na democracia, temos que dialogar e procurar consenso. Eu, pelo que já vivi, já estou nos cinquenta, posso dizer que é papo furado. É a minha posição, e não é radical. Penso que para poder viajar pelo espaço, de um planeta para outro, será preciso que o homem viva muito mais do que hoje, mesmo viajando a velocidade da luz. E ele vai conseguir. Para os homens que viveram no tempo em que se recomendavam jejum e oração a um doente, tudo que nós temos hoje seria um absurdo. Posso ser derrotado no voto, mas vou dizer o que penso. Se uma pessoa deseja um tipo de vida, é problema dele. Posso até sugerir um local, Alto Paraiso de Goias, mas inventar um problema, e dizer que é global, para tentar fazer com que todos se adequem ao seu estilo de vida, é outra coisa. Observem bem que a preocupação do forum de desenvolvimento global, no Rio Grande do Sul, é se os hoteis vão lotar. Melhor que nós não tivessemos poluição, mas isto só pode se conseguir, com mais tecnologia e desenvolvimento, e não com menos.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 31 Dez 2009, 16:43
por Fernando Silva
Guilherme escreveu:Melhor que nós não tivessemos poluição, mas isto só pode se conseguir, com mais tecnologia e desenvolvimento, e não com menos.

Sim, só vamos conseguir sair desta com mais tecnologia, mas não esta que temos agora e sim uma mais avançada.

Por outro lado, nada garante que essa tecnologia futura apareça a tempo, portanto não é sensato seguir em frente como se nada estivesse acontecendo e confiar cegamente em que tudo, um dia, de alguma forma, se resolverá satisfatoriamente.

Pode não dar tempo.

Certamente não dará tempo para todos.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 01 Jan 2010, 11:23
por Fernando Silva
Um texto de ficção sobre um futuro não tão remoto em que os países mais ricos têm que enfrentar o desespero dos miseráveis dos países pobres, empurrados pela seca e pela fome.

2º centígrados

Rubem Mauro Machado*

Até domingo, tenho de matar 37 mil pessoas. Bela maneira de se começar um novo ano... Está abafado, o suor brota na raiz dos cabelos, me inunda a testa, a nuca, o pescoço, não há como se habituar a esse maldito calor.

Alguma dúvida? Nenhuma.

Procedimento? O de sempre: chegada ao alvorecer, vias de fuga cercadas, não se deve deixar testemunha nem ter pena de ninguém, em geral há um impulso natural de querer se poupar as crianças.

Certo? Certo.

— E o moral de seus homens, como está? Hesito. O major Camilo curva-se um pouco para a frente, estreita os olhos, na leitura implacável de minhas reações.

Estamos sempre sob avaliação.

— Em geral é bom, mas oscila — digo a verdade — O senhor sabe como é.

— Sei. Vou mandar um novo carregamento de Transformid.

Balanço a cabeça, em concordância.

As malditas pílulas viciam, deixam os homens fora de si, enlouquecidos.

Passeio os olhos pela parede do QG forrado de mapas, num deles está circulado em vermelho o campo de refugiados a ser “apagado”, na nossa gíria. Noutros, estão assinalados alvos das demais unidades, em geral a média é de quatro incursões por mês para cada uma delas. A consumação de cada trabalho, mesmo com o nosso armamento moderno, exige horas e uma energia absurda. Bato continência, peço licença para me retirar. Quando estou saindo, o major grita: — Ah sim, capitão, nem preciso dizer, a tropa vai ganhar uma remuneração extra por esse trabalho.

— Muito obrigado, major.

Pego o jipe elétrico, dirijo-me para o aquartelamento da UL Zeta, que comando. Todas as Unidades de Limpeza foram batizadas com uma letra do alfabeto grego, como Beta, Alfa, Gama, Delta e por aí vai. Alguns homens limpam armas no alpendre, outros jogam basquete na quadra de esportes, outros mais levantam pesos à sombra de uma árvore, são maneiras que têm de descarregar o estresse; eles detêm-se um momento ao me ver chegar, sabem que fui receber ordens, o que significa ação imediata.

Matar, destruir, vira uma cachaça, uma necessidade, tem um componente quase orgástico; quando você arranca sangue, quer ver mais, sempre mais, alguns parecem não poder mais viver sem isso, o componente sádico muito forte dentro de nós. O problema é que a maioria, passada a orgia, entra em depressão, tem pesadelos à noite, todas as unidades registram elevado índice de suicídios.

Vou direto para o meu PC, desabo na poltrona, abro a blusa de brim, ligo o ventilador. Pego na caixa um lenço de papel, me ponho a limpar os óculos rayban. Mundo filho da puta. A culpa de tudo é a insaciável voracidade de nossa espécie: o leão, uma vez alimentado, deixa os restos da presa para o chacal; o homem não, quer mais, mais e mais, nunca se sacia. Sempre foi assim.

Os políticos, que tanto desprezamos, sempre fizeram o jogo que no fundo queremos, daí vem a força que têm. E foi por isso que as tentativas, há pouco mais de trinta anos, de um acordo para deter o aquecimento global fracassaram.

Ninguém, países desenvolvidos, em desenvolvimento, subdesenvolvidos, queria abrir mão de nada. Para fazer pasto para o gado, derrubaram-se florestas; e alguém desistiu de seus automóveis? Do consumo sem limites, como se as matérias primas fossem inesgotáveis? Como se a terra espoliada pudesse se renovar eternamente? Chaminés significam empregos, alegava-se; e quem não quer progresso? E mudar uma economia baseada em combustíveis fósseis seria contrariar poderosos interesses estabelecidos, mudar o eixo do poder. E assim, toneladas de CO2 continuaram a ser jogadas na atmosfera, resultando em mais aquecimento, num processo já quase irreversível.

Vozes alertavam contra a insensatez, aqui, acolá; mas um bloco de gelo se desprendendo no Ártico, a milhares de quilômetros, parece um acontecimento remoto demais para perturbar o nosso cotidiano, para nos fazer crer em sua realidade, para nos obrigar a levantar da cadeira e tomar uma atitude. Verdade, os cientistas sempre souberam, o aquecimento da Terra é um acontecimento natural, cíclico, ao qual se sucede um resfriamento, alguns calculam que aconteça a cada vinte mil, 25 mil anos: a contribuição deletéria do homem na verdade não significa mais do que dois ou três graus no aumento da temperatura média do globo. Mas esses dois graus foram exatamente a gota que fez o copo transbordar, com a elevação dos mares e as catástrofes que daí decorreram. Pobre Havaí, pobre Holanda, pobre Indonésia.

Passo um lenço pela cara, pelo pescoço, bebo um copo de água gelada.

Não estou com pressa de convocar os tenentes e sargentos, essa gente toda tão bem treinada e na expectativa aguda das novas ordens, homens escolhidos a dedo. Primeiro, preciso me recuperar desse cansaço que me esmaga. Quando chamá-los, preciso estar feroz e determinado, o maior erro de um comandante é demonstrar qualquer hesitação.

A verdade é que tudo foi previsto.

O que não se esperava é que acontecesse tão depressa. Hoje aquele primeiro grande massacre, o de setembro de 2042, já foi assimilado, tornou-se um mero fato histórico, como a batalha de Salamina, a bomba de Hiroshima, o atentado a Nova York de setembro de 2001, poucos se lembram agora da comoção mundial que provocou, embora a grande maioria tratasse logo de buscar os argumentos que o justificavam.

Desesperados pela fome e a sede, centenas de milhares de africanos, que haviam visto seus rios secarem, seus animais e colheitas morrerem na savana esturricada, como se à voz de um comando invisível, embarcaram num enxame de embarcações de todos os tamanhos e feitios em direção à Europa, encheram com elas o Mediterrâneo, que alguns órgãos de comunicação, com humor macabro, chamariam depois de Mar Vermelho.

Cientes da catástrofe que se abateria sobre si, impotentes para impedir a enxurrada de miséria que se aproximava, as marinhas da França, Espanha, Itália e Portugal, numa ação conjunta, mandaram suas corvetas e fragatas varrerem para longe, para o fundo, para o inferno, aquela turba escura e esquálida, abafando seus gritos e seu espanto com a voz forte dos canhões e metralhadoras.

E apenas podíamos então pressentir que aquela seria a primeira mortandade na série que se seguiria. Àquela altura, o nível dos oceanos não cessava de subir, engolindo em pouco tempo boa parte do Rio, Nova York, Xangai, Hong Kong, Marselha, Liverpool e outras centenas de metrópoles litorâneas, fazendo de Veneza um mito comparável ao da Atlântida. O Ártico encolheu na forma de um pequeno solidéu branco, países ilhéus do Pacífico sumiram do mapa, o Ceilão virou uma ilhota.

Enquanto grandes porções do planeta convertiam-se num braseiro, outras, como a Inglaterra, congelavam por causa do desvio das correntes marítimas que amenizavam o clima. Com a produção agrícola e toda a economia mundial em colapso, multidões de refugiados climáticos vagavam de um lado para o outro, buscando uma quase impossível sobrevivência em meio à grande fome.

Foi então que os países maiores fizeram aquele grande pacto secreto e foram criadas as unidades militares de extermínio. Não havia alternativa. A esterilização em massa não resolvia o problema da superpopulação, seus efeitos, muito demorados, serviam quando muito para travar o índice de crescimento populacional, nada mais que isso; e havia gente demais no planeta e comida de menos; chegou-se então à decisão fatal: para que um núcleo humano, afinal de contas, sejamos francos, a elite da humanidade, sobrevivesse, era preciso acabar o quanto antes com os excedentes, com aquelas multidões subnutridas empilhadas em acampamentos da periferia, que geravam doenças de toda espécie e eram uma ameaça o tempo todo de distúrbios, saques e invasões. E a escolha era uma só, lógica, imperativa até: o extermínio dos mais fracos, mais ignorantes, mais desprotegidos — os menos aptos.

Olho o relógio, depositado sobre o tampo da mesa. Um militar bem formado não discute ordens, cumpre-as. Vou chamar meu pessoal, repassar as instruções. É preciso não amolecer, não sentir pena, ressaltou o major. O novo alvo está estabelecido, a data também: o próximo ataque ocorrerá dentro de 48 horas, num réveillon em que fogos e gritos não serão de deleite. O pior são os gritos: atravessam as bolas de cera que entopem nossos ouvidos, continuam a ecoar depois de tudo terminado; por causa deles, muitos soldados preferem ouvir rock pesado enquanto trabalham.

Depois, escavadeiras abrirão covas coletivas, tratores empurrarão os resíduos para dentro delas. Extenuados, embarcaremos em nossos helicópteros, regressaremos em silêncio para o quartel como zumbis, sacudidos por tremores, cada qual dono de suas próprias visões, à espera da próxima missão. Não fui eu que moldei este mundo. Ele não é o mundo que desejei para meus filhos. Mas que alternativa tenho eu?

* RUBEM MAURO MACHADO é jornalista e escritor, autor de “A idade da paixão” (Jabuti de melhor romance, 1986) e “Lobos” (1997), que retrata a vida nas redações e nos quartéis nos Anos de Chumbo. Alguns de seus contos foram traduzidos para o inglês, francês, alemão e espanhol. O presente conto, especial para a Logo, é inédito.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 01 Jan 2010, 19:35
por Johnny
Achei lindo o Japão na virada do ano soltando milhares de balões ao ar. Estes balões eram biodegradáveis?

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 01 Jan 2010, 20:32
por Luis Dantas
Guilherme escreveu:E voces acreditam nesse papo furado de aquecimento?


Eu, pessoalmente, sem dúvida acredito, porque acho ridícula a alternativa. Os registros de derretimento das calotas polares e a simples lógica mostram que é uma preocupação necessária e real.

Eu quero é mais consumo, mais produção, mais tecnologia.


Todos querem, praticamente sem exceções, inclusive nós que estamos preocupados com as consequências.

O problema é que o planeta é finito, muitos recursos naturais não são renováveis, as políticas de desenvolvimento econômico tendem a ser francamente parasitícas e extrativistas e a população e a pressão ecológica e econômica parecem não ter a mínima preocupação com o futuro.

Vão dar uma olhada no cotidiano desse pessoal que fica com esse papo furado.


O que tem eles? Se muitos, principalmente os que estão no poder, não se dão conta da gravidade do problema, isso não é desculpa para querermos disputar com eles para ver quem é mais insensato.

O que existe de verdade é o desejo da manipulação mental.


AQUI, sim, ele é o que existe de verdade.

Nem se pode argumentar que esse povo quer que sobre mais pra eles, a história prova que o desenvolvimento não funciona assim. É simplesmente doença.


De fato, o que a história prova é que quem não se cuida paga as consequências, a despeito de todas as paranóias xenófobas que tendem a receber muito mais atenção do que merecem.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 01 Jan 2010, 20:48
por O ENCOSTO
Não precisamos nos preocupar. Estou certo de que as gerações futuras irão resolver o problema.

Re: Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Enviado: 02 Jan 2010, 06:30
por Johnny
O ENCOSTO escreveu:Não precisamos nos preocupar. Estou certo de que as gerações futuras irão resolver o problema.

De certa forma, tem-se que muitos estão pensando exatamente isso. E "isso" não deixa de ser uma possível solução.

Mas eu apostaria ainda em uma guerra que acabe com tudo, antes da própria terra acabar com tudo.