Embora não seja cientista ateu radical (aquele tipo de ateu que se torna tão ou mais intolerante do que os mais intolerantes religiosos), Marcelo Gleiser se posiciona como não crente em Deus, conforme revelou em sabatina promovida pela Folha de São Paulo
"Eu não acredito em Deus. Acredito que coisas maravilhosas podem ser criadas com base apenas nas leis da natureza."
Somemos estas palavras a uma passagem de seu mais recente artigo "A vida e as rochas" (Folha, 13/12/2009):
"Se os seres unicelulares deram origem, ao mesmo tempo, tanto à complexidade da vida quanto à complexidade dos minerais, a hipótese de que a Terra, como um todo, é, de certa forma, uma criatura viva, ganha força."
"Criar" e "criatura" destoam deste contexto. São termos impregnados de ideias religiosas: a rigor, criatura pressupõe Criador, ou não faz sentido chamar-se "criatura". E se os seres unicelulares criaram... quem os teria criado?
O advérbio "apenas" denuncia, na declaração da sabatina, uma redução que é fruto de crença. O autor afirma não acreditar em Deus, mas usa o mesmo verbo "acreditar" em relação às leis da natureza. Crê, portanto, mas crença não se explica cientificamente...
(Gabriel Perissé, Observatório da Imprensa)
Caro C
