General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

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Fernando Silva
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General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Fernando Silva »

Uma visão certamente parcial, mas, acho eu, bem próxima da realidade, ainda que omita os abusos cometidos durante a ditadura devido, entre outros, ao fato de que os militares não são um grupo homogêneo.

http://marcosloku.multiply.com/journal/item/9964/9964

Resposta do Gal. Torres de Melo à carta da jornalista Míriam Leitão

Senhora Jornalista Miriam Leitão,

Li o seu artigo "ENQUANTO ISSO", com todo cuidado possível. Senti, em suas linhas, que a senhora procura mostrar que os MILITARES BRASILEIROS de HOJE são bem diferentes dos MILITARES BRASILEIROS de ONTEM. Penso que esse é o ponto central de sua tese. Para criar credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E ORDEM era rasgar as leis e ferir a ordem.

Hoje em dia, eles demonstram com convicção terem aprendido o que não podem fazer". Permita-me discordar dessa afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois fiz parte dos MILITARES DE ONTEM e nunca vi os meus camaradas militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem ontem nem hoje. Vou demonstrar a minha tese.

No Império, as LEIS E A ORDEM foram rasgadas no Pará, Ceará, Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões políticas da época. AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande Pacificador do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua ação manteve a Unidade Nacional. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Pelo contrário. Vem a queda do Império e a República. Pelo que sei, e a História registra, foram políticos que acabaram envolvendo os velhos Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas.

A política dos governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas pelos donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década de 20, que sonhavam com um Brasil mais democrático e justo. Os Militares de Ontem ficaram ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre jornalista que foram os civis políticos que fizeram a revolução de 30, apoiados, contudo, pelos tenentes revolucionários, menos Prestes, que abraçou o comunismo russo.

Veio a época getuliana, que, aos poucos, foi afastando os tenentes das decisões políticas. A revolução Paulista não foi feita pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos paulistas que não aceitavam a ditadura de Vargas. Não foram os Militares de Ontem que fizeram a revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem para a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos verdadeiros Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem deram o golpe de 37.

Penso que a senhora, dentro de seu espírito de justiça, há de concordar comigo que foram as velhas raposas GETÚLIO - CHICO CAMPOS - OSWALDO ARANHA e os chefetes que estavam nos governos dos Estados, que aceitaram o golpe de 37. Não coloque a culpa nos militares de Ontem.

Veio a segunda guerra mundial. O Nazismo e o Fascismo tentam dominar o mundo. Assistimos ao primeiro choque da hipocrisia da esquerda. A senhora eve ter lido - pois àquela época não seria nascida -, sobre o acordo da Alemanha e a URSS para dividirem a pobre Polônia e os sindicatos comunistas do mundo ocidental, fazendo greves contra os seus próprios países a favor da Alemanha por imposição da URSS e a mudança de posição quando a "Santa URSS" foi invadida por Hitler. O Brasil ficou em cima de muro até que nossos navios (35) foram afundados.

Era a guerra, a proteção ao tráfego marítimo, a FEB e seu término. Getúlio - o ditador - caiu e vieram as eleições. As Forças Armadas foram chamadas a intervir para evitar o pior. Foram os políticos que pressionaram os Militares de Ontem para manter a ordem. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Chamou-se o Presidente do Supremo Tribunal Federal para, como Presidente, governar a transição. Não se impôs MILITAR algum.

O mundo dividiu-se em dois. O lado democrático, chamado pelos comunistas de imperialistas, e o lado comunista com as suas ditaduras cruéis e seus celebres julgamentos "democráticos" . Prefiro o primeiro e tenho certeza de que a senhora, também. No lado ocidental não se tinham os GULAGs. período Dutra (ESCOLHIDO PELOS CIVIS E ELEITO PELO VOTO DIRETO DO POVO) teve seus erros - NUNCA CONTRA A LEI E A ORDEM - e virtudes como toda obra humana.

A colocação do Partido Comunista na ilegalidade foi uma obra do Congresso Nacional por inabilidade do próprio Carlos Prestes, que declarou ficar ao
lado da URSS e não do Brasil em caso de guerra entre os dois países. Dutra vivia com o "livrinho" (a Constituição) na mão, pois os políticos, nas suas ambições, queriam intervenções em alguns Estados, inclusive em São Paulo. A senhora deve ter lido isso, pois há vasta literatura sobre a História daqueles idos.

Novo período de Getúlio Vargas. Ele já não tinha mais o vigor dos anos trinta. Quem leu CHATÔ, SAMUEL WEINER (a senhora leu?) sente que os falsos amigos de Getúlio o levaram à desgraça. Os Militares de Ontem não se envolveram no caso, senão para investigar os crimes que vinham sendo cometidos sem apuração pela Polícia; nem rasgaram leis nem feriram a ordem.

Eram os políticos que se digladiavam e procuravam nos colocar como fiéis da balança. O seu suicídio foi uma tragédia nacional, mas não foram os Militares de Ontem os responsáveis pela grande desgraça.

A senhora permita-me ir resumindo para não ficar longo. Veio Juscelino e as Forças Armadas garantiram a posse, mesmo com pequenas divergências. Eram os políticos que queriam rasgar as leis e ferir a ordem e não os Militares de Ontem. Nessa época, há o segundo grande choque da esquerda. No XX Congresso do Partido Comunista da URSS (1956) Kruchov coloca a nu a desgraça do stalinismo na URSS. Os intelectuais esquerdistas ficam sem rumo.

Juscelino chega ao fim e seu candidato perde para o senhor Jânio Quadros. Esperança da vassoura. Desastre total. Não foram os Militares de Ontem que rasgaram a lei e feriram a ordem. Quem declarou vago o cargo de Presidente foi o Congresso Nacional. A Nação ficou ao Deus dará. Ameaça de guerra civil e os políticos tocando fogo no País e as Forças Armadas divididas pelas paixões políticas, disseminadas pelas "vivandeiras dos quartéis" como muito bem alcunhou Castello.

Parlamentarismo, volta ao presidencialismo, aumento das paixões políticas, Prestes indo até Moscou afirmando que já estavam no governo, faltando-lhes apenas o Poder. Os militares calados e o chefe do Estado Maior do Exército (Castello) recomendando que a cadeia de comando deveria ser mantida de qualquer maneira. A indisciplina chegando e incentivada dentro dos Quartéis, não pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos de esquerda; e as vivandeiras tentando colocar o Exército na luta política.

Revoltas de Polícias Militares, revolta de sargentos em Brasília, indisciplina na Marinha, comícios da Central e do Automóvel Clube representavam a desordem e o caos contra a LEI e a ORDEM. Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto e outros governadores e políticos (todos civis)incentivavam o povo à revolta. As marchas com Deus, pela Família e pela Liberdade (promovidas por mulheres) representavam a angústia do País.

Todo esse clima não foi produzido pelos MILITARES DE ONTEM. Eles, contudo, sempre à escuta dos apelos do povo, pois ELES são o povo em armas, para garantir as Leis e a Ordem. Minas desce. Liderança primeira de civil; era Magalhães Pinto. Era a contra-revoluçã o que se impunha para evitar que o Brasil soçobrasse ao comunismo. O governador Miguel Arraes declarava em
Recife, nas vésperas de 31 de março: haverá golpe. Não sabemos se deles ou nosso.

Não vamos ser hipócritas. A senhora, inteligente como é, deve ter lido muitos livros que reportam a luta política daquela época (exemplos: A Revolução Impossível de Luis Mir - Combates nas Trevas de Jacob Gorender - Camaradas de William Waack - etc.) sabe que a esquerda desejava implantar uma ditadura de esquerda.

Quem afirma é Jacob Gorender. Diz ele no seu livro: "a luta armada começou a ser tentada pela esquerda em 1965 e desfechada em definitiva a partir de 1968". Não há, em nenhuma parte do mundo, luta armada em que se vão plantar rosas e é por essa razão que GORENDER afirma: "se quiser compreendê-la na perspectiva da sua história, A ESQUERDA deve assumir a violência que praticou". Violência gera violência.

Castello, Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo, com seus erros e virtudes, desenvolveram o País. Não vamos perder tempo com isso. A senhora é uma economista e sabe bem disso. Veio a ANISTIA. João Figueiredo dando murro na mesa e clamando que era para todos; e Ulisses não desejando que Brizolla, Arraes e outros pudessem tomar parte no novo processo eleitoral, para não lhe disputarem as chances de Poder. João bateu o pé e todos tiveram direito, pois "lugar de Brasileiro é no Brasil", como dizia... Não esquecer o terceiro choque sofrido pela a esquerda: Queda do Muro de Berlim, que até hoje a nossa esquerda não sabe desse fato histórico...

Diretas já. Sarney, Collor com seu desastre, Itamar, FHC, LULA e chegamos aos dias atuais. Os Militares de Hoje, silentes, que não são responsáveis pelas desgraças que vivemos agora, mas sempre aguardando a voz do Povo. Não houve no passado, nem há, nos dias de hoje, nenhum militar metido em roubo, compra de voto, CPI, dólar em cueca, mensalões ou mensalinhos. Não há nenhum Delúbio, Zé Dirceu, José Genoíno, e que tais. O que já se ouve, o que se escuta é o povo dizendo: SÓ OS MILITARES PODERÃO SALVAR A NAÇÃO. Pois àquela época da "ditadura" era que se era feliz e não se sabia...

Mas os Militares de Hoje, como os de Ontem, não querem ditadura, pois são formados democratas. E irão garantir a Lei e a Ordem, sempre que preciso. Os militares não irão às ruas sem o povo ao seu lado. OS MILITARES DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS MILITARES DE ONTEM. A nossa desgraça é que políticos de hoje (olhe os PICARETAS do Lula!) - as exceções justificando a regra - são ainda piores do que os de ontem. São sem ética e sem moral, mas também despudorados. E o Brasil sofrendo, não por conta dos MILITARES, mas de ALGUNS POLÍTICOS - uma corja de canalhas, que rasgam as leis e criam as desordens.

Como sei que a senhora é uma democrata, espero que publique esta carta no local onde a senhora escreve os seus artigos, que os leio atenta e religiosamente, como se fossem uma Bíblia. Perfeitos no campo econômico, mas não muito católicos ou evangélicos no campo político por uma razão muito simples: parece que a senhora tem o vírus de uma reacionária de esquerda.


Atenciosa e respeitosamente,

GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO.

(Um militar de ontem, que respeita os militares de hoje, que pugnam pela Lei e a Ordem).

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Acauan
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Acauan »

Um dos falsos estereótipos preferidos da esquerda é mostrar os militares brasileiros como um bando de gorilas brutais vendidos ao serviço da burguesia e do imperialismo internacional.

Nada mais falso.

Tivemos nossa cota de militares estúpidos, de Floriano Peixoto a João Figueiredo, mas no geral os oficiais das Armas sempre foram guiados por um profundo e inabalável Patriotismo, meio confuso às vezes por conta de algumas circunstâncias históricas mais complicadas, mas a lealdade deles a nossa bandeira é inquestionável. Já a lealdade dos esquerdistas pode ser imaginada pela citada declaração de Prestes, que sem qualquer vergonha se comprometia a trair seu país em caso de guerra contra uma potência estrangeira se esta fosse comunista.

Nas várias crises em que os políticos levaram as instituições nacionais à beira do colapso, as forças armadas sempre resistiram incólumes, que era prá onde o povo corria quando a coisa ficava preta.

Os militares sempre viram a intervenção política como uma batata quente da qual tinham que se livrar assim que botassem ordem na casa, que era a intenção do Castelo, mal conduzida por seus sucessores que erraram na mão em ficar tempo demais no poder. No fim venceram a esquerda na luta armada, mas perderam na guerra cultural.



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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Apo »

Acauan, já estiveste enfiado dentro do Exército? Quero dizer, nos bastidores, ouvindo tudo o que era pensado, falado e acobertado lá dentro?

O sabido horror e nojo que tenho pelas esquerdas em geral, não faz com que eu coloque no outro prato da balança as Forças Armadas brasileiras, especialmente o Exército e seus comandantes-em-chefe ( assim como seus subalternos).
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:Acauan, já estiveste enfiado dentro do Exército? Quero dizer, nos bastidores, ouvindo tudo o que era pensado, falado e acobertado lá dentro?
O sabido horror e nojo que tenho pelas esquerdas em geral, não faz com que eu coloque no outro prato da balança as Forças Armadas brasileiras, especialmente o Exército e seus comandantes-em-chefe ( assim como seus subalternos).


Veja, não sou nenhum romântico.
Qualquer instituição se olhada de dentro parecerá corrupta, dado que são conduzidas por pessoas que priorizam seus próprios interesses.
Se participarmos da rotina de um hospital, por exemplo, vamos achar que ninguém lá liga a mínima para a saúde dos pacientes e quer mais que tudo se exploda.
Mas no final, de uma forma ou outra cada um faz sua parte movido pelos valores da instituição que falam mais alto.

E no exército é a mesma coisa, com o agravante de que quando vão fazer sua parte disponibilizam sua vida ao cumprimento do dever.


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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:Acauan, já estiveste enfiado dentro do Exército? Quero dizer, nos bastidores, ouvindo tudo o que era pensado, falado e acobertado lá dentro?
O sabido horror e nojo que tenho pelas esquerdas em geral, não faz com que eu coloque no outro prato da balança as Forças Armadas brasileiras, especialmente o Exército e seus comandantes-em-chefe ( assim como seus subalternos).


Veja, não sou nenhum romântico.
Qualquer instituição se olhada de dentro parecerá corrupta, dado que são conduzidas por pessoas que priorizam seus próprios interesses.
Se participarmos da rotina de um hospital, por exemplo, vamos achar que ninguém lá liga a mínima para a saúde dos pacientes e quer mais que tudo se exploda.
Mas no final, de uma forma ou outra cada um faz sua parte movido pelos valores da instituição que falam mais alto.

E no exército é a mesma coisa, com o agravante de que quando vão fazer sua parte disponibilizam sua vida ao cumprimento do dever.




Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder.
Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder. Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.


Bem, geralmente é difícil para mulheres entender ou apreciar valores militares.
Patriotismo não é romantismo, é o sentimento mais pragmático que existe, uma vez que ao longo da História foi o grau de disposição para defender seu próprio povo que definiu que povos se tornaram senhores e que povos se tornaram escravos ou extintos.
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Aranha
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Aranha »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder. Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.


Bem, geralmente é difícil para mulheres entender ou apreciar valores militares.
Patriotismo não é romantismo, é o sentimento mais pragmático que existe, uma vez que ao longo da História foi o grau de disposição para defender seu próprio povo que definiu que povos se tornaram senhores e que povos se tornaram escravos ou extintos.



- Mais uma vez Apo tenta palpitar sobre assuntos da esfera masculina, acho que só um período prolongado de imersão na cozinha e no tanque sob as ordens do marido a fará se conscientizar do seu lugar.

Abraços,
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Apo »

Aranha escreveu:
Acauan escreveu:
Apo escreveu:Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder. Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.


Bem, geralmente é difícil para mulheres entender ou apreciar valores militares.
Patriotismo não é romantismo, é o sentimento mais pragmático que existe, uma vez que ao longo da História foi o grau de disposição para defender seu próprio povo que definiu que povos se tornaram senhores e que povos se tornaram escravos ou extintos.



- Mais uma vez Apo tenta palpitar sobre assuntos da esfera masculina, acho que só um período prolongado de imersão na cozinha e no tanque sob as ordens do marido a fará se conscientizar do seu lugar.

Abraços,


HAHAHA!

Ab, eu fui civil dentro do Exército por mais tempo do que a maioria dos Homens o foi.
Sei bem do que estou falando. Mas há mulheres militares e também as que foram vítimas de regimes militares tanto quanto homens. Logo, acho que posso falar.

Agora, se homem tem apreço por este tipo de ambiente porque de alguma forma seus instintos se afinam com o metier... acho que posso palpitar mais ainda.

É beijos, não abraços.
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Apáte
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Apáte »

Eu nem a leio muito, mas esta Leitoa é uma versão feminina piorada do Comsta né?
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder. Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.


Bem, geralmente é difícil para mulheres entender ou apreciar valores militares.


É, isto aqui já diz porque homens "entendem" ou "apreciam". rsrss

Patriotismo não é romantismo, é o sentimento mais pragmático que existe, uma vez que ao longo da História foi o grau de disposição para defender seu próprio povo que definiu que povos se tornaram senhores e que povos se tornaram escravos ou extintos.



E também moldou ideologias que sacrificaram, escravizaram e lavaram mentes em massa.
Tem outras formas de demosntrar disposição e defender um povo.
Ou será que isto se consegue apenas pela força?
Entre 2 exércitos igualmente patriotas, um vence e o outro é extinto. Um foi mais patriota ou usou mais a força?
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Aranha »

Apo escreveu:
É beijos, não abraços.



- Ops, foi mal!

Beijos,
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:E também moldou ideologias que sacrificaram, escravizaram e lavaram mentes em massa.


Quais?
Ideologias de lavagem de mente em massa são todas políticas materialista-dialéticas, modernistas e ditas progressistas.
Valores militares são ancestrais e tradicionais.


Apo escreveu:Tem outras formas de demosntrar disposição e defender um povo.


Todas completamente inúteis contra um inimigo armado e disposto a tudo.

Apo escreveu:Ou será que isto se consegue apenas pela força?


Se tivessemos tentado deter os paraguaios com diálogo, hoje estaríamos todos falando guarani, prá ficar só em um exemplo.

Apo escreveu:Entre 2 exércitos igualmente patriotas, um vence e o outro é extinto. Um foi mais patriota ou usou mais a força?


Entre dois exércitos igualmente patriotas, haverá sempre o receio do equivalente convencional à destruição mutuamente assegurada, o risco pode não valer a aventura do ataque.
Já um exército motivado contra outro sabidamente relutante terá muito incentivo para por fogo no circo.
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Acauan »

E só para completar, valores militares não se aplicam apenas às ações de combate.
Policiais, bombeiros, algumas ordens religiosas dentre outras instituições seguem estes valores, sem os quais seria impossível cumprir sua missão.
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Botanico
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Botanico »

Até daria mais crédito ao que o general aí disse... Mas há coisas que complicam sua bela fala (ou Falabela?).

1) Até onde era preciso suprimir liberdades individuais? Perigo comunista? Quão perigoso ele era? Teria sido corretamente avaliado ou tão superestimado para se justificar tudo?
Talvez não soubessem na época, mas o fato é que os comunistas brasileiros e latino-americanos em geral ESTAVAM COMPLETAMENTE ABANDONADOS. A União Soviética JÁ TINHA o melhor possível à sua disposição: Cuba. Distante pouco mais que uma centena de quilômetros do inimigo maior. Os outros países na America do Sul estavam longe demais e tinham importância estratégica praticamente nula para que os soviéticos se interessassem em implantar comunismo por ali. Como iam mandar armas, tropas, apoio logístico a esse pessoal?

2) Vários crimes de tortura e assassinatos foram cometidos COM TOTAL APOIO DOS MILICOS. Mesmo os que não sujaram as mãos diretamente (Sérgio Fleury era delegado civil...). Vai querer dizer que eram mesmo TÃO necessários assim? Nunca souberam usar de sutileza esses caras? Tenho um irmão que é escrivão de polícia e só na conversa, ele consegue pescar nas entrelinhas coisas que o bandidão disse sem perceber...

3) Então quer dizer que não houve Delúbios & Cia Bela nas forças armadas? Sei não. O falecido repórter Ferreira Neto comentava suas estranhezas sobre a escolha de Cumbica para se construir aquele aeroporto. É verdade que cumbica significa "nuvem baixa" no idioma tupi, Acauan? Enumerando as condições do lugar (predomínio de tempo ruim, impossibilidade de espansão devido à ocupação urbana, etc), Ferreira Neto até imaginava com relação aos tecnocratas como se numa reunião houvessem decidido:
_ Qual é o pior lugar possível para se construir um aeroporto internacional junto a São Paulo?
_ É em Cumbica.
_ Então é lá que será construído!

4) Temos aí AI-5 e sua mordaça... E não houve Delúbios & Cia Bela nas Forças Armadas... Certo, mas a IMPOSSIBILIDADE de se fazer críticas gerou coisas absurdas. As estatais proliferaram e faziam uma gastança sem nenhum controle. Os apaniguados dos políticos governistas conseguiam empregos (que não necessariamente implicavam em trabalho, era só o emprego mesmo) e tudo funcionava como moeda de troca política. Já que os militares eram os guardiões de tudo, deveriam ter coibido essa bagunça civil...

5) Se não houve Delúbios, não quer dizer que não houvesse coisa pior. Quando o Figueiredo começou com o seu processo de democratização, passou a proliferar atentados terroristas contra bancas de jornais e contra OAB e gente morreu por conta disso. Um dia deu o azar: no Riocentro um sargento morreu e um capitão foi ferido durante o atentado que promoveram. Por sorte foram flagrados pela Globo, que caninamente passou a dizer o que os militares queriam que dissesse. No dia seguinte ao atentado, faixas de extintos grupos esquerdistas proliferaram no lugar (a quem queriam enganar?). Para não alongar, o capitão sobrevivente foi promovido, era muito elogiado pelos colegas e finalmente se aposentou como coronel. Gostaria que o tal General aí dissesse na cara dura: _ Isso não é a prova provada de que os comantes militares "de ontem" estavam de pleno acordo com os atentados e crimes cometidos pelos seus membros?

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Anna
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Anna »

Aranha escreveu:
Acauan escreveu:
Apo escreveu:Usar o argumento de cumprimento do dever pode ser um excelente motivo para se enfileirar em instituições que, por uma questão inerente à sua natureza, usam a força para obter privilégios e poder. Patriotismo é uma palavra romântica demais para o meu gosto. E "faz a sua parte movido pelos 'valores' da instituição que falam mais alto" nem preciso dizer até onde esta fachada de boas intenções é capaz de protagonizar.


Bem, geralmente é difícil para mulheres entender ou apreciar valores militares.
Patriotismo não é romantismo, é o sentimento mais pragmático que existe, uma vez que ao longo da História foi o grau de disposição para defender seu próprio povo que definiu que povos se tornaram senhores e que povos se tornaram escravos ou extintos.



- Mais uma vez Apo tenta palpitar sobre assuntos da esfera masculina, acho que só um período prolongado de imersão na cozinha e no tanque sob as ordens do marido a fará se conscientizar do seu lugar.

Abraços,


:emoticon22: :emoticon22: :emoticon22:

me mimi de rir!
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Fernando Silva »

Botanico escreveu:1) Até onde era preciso suprimir liberdades individuais? Perigo comunista? Quão perigoso ele era? Teria sido corretamente avaliado ou tão superestimado para se justificar tudo?

Decisões não são tomadas 20 anos depois dos acontecimentos. São tomadas no meio da confusão e do medo. Em 1964, havia apenas 5 anos que Cuba tinha se tornado comunista e já havia movimentos guerrilheiros no Brasil querendo imitar Fidel Castro.

Eu tinha 10 anos na época e me lembro da sensação de insegurança e de medo, além da bagunça generalizada, com greves e comícios por toda a parte.

Não dá para julgar aquelas decisões 46 anos depois. E, pessoalmente, continuo achando que o risco era real.
Botanico escreveu:Talvez não soubessem na época, mas o fato é que os comunistas brasileiros e latino-americanos em geral ESTAVAM COMPLETAMENTE ABANDONADOS. A União Soviética JÁ TINHA o melhor possível à sua disposição: Cuba. Distante pouco mais que uma centena de quilômetros do inimigo maior. Os outros países na America do Sul estavam longe demais e tinham importância estratégica praticamente nula para que os soviéticos se interessassem em implantar comunismo por ali. Como iam mandar armas, tropas, apoio logístico a esse pessoal?

E por que desprezar um país tão grande? Por que não ter os dois, Cuba e Brasil?
Botanico escreveu:2) Vários crimes de tortura e assassinatos foram cometidos COM TOTAL APOIO DOS MILICOS.

Os militares não eram uma organização monolítica. Havia os de linha dura, os psicopatas, os moderados.
Minha família teve exilados e teve militares (moderados), que tentavam ajudá-los.
Botanico escreveu:3) Então quer dizer que não houve Delúbios & Cia Bela nas forças armadas? Sei não. O falecido repórter Ferreira Neto comentava suas estranhezas sobre a escolha de Cumbica para se construir aquele aeroporto.

Claro que houve. Todos são corruptíveis.

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Botanico
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Botanico »

Botanico escreveu:1) Até onde era preciso suprimir liberdades individuais? Perigo comunista? Quão perigoso ele era? Teria sido corretamente avaliado ou tão superestimado para se justificar tudo?

Fernando Silva escreveu:Decisões não são tomadas 20 anos depois dos acontecimentos. São tomadas no meio da confusão e do medo. Em 1964, havia apenas 5 anos que Cuba tinha se tornado comunista e já havia movimentos guerrilheiros no Brasil querendo imitar Fidel Castro.

Eu tinha 10 anos na época e me lembro da sensação de insegurança e de medo, além da bagunça generalizada, com greves e comícios por toda a parte.

Não dá para julgar aquelas decisões 46 anos depois. E, pessoalmente, continuo achando que o risco era real.

Ah! Sim. O risco real... Bem, o problema pior, eu diria, era o mesmo que aconteceu como Allende, aquela patética figura. Ele fez um governo de merda socialista e arruinou a economia do país. João Goulard já pegou a economia numa merda por conta da bagunça desenvolvimentista do Juscelino. Mas ao invés de ir atacando o problema, só piorou as coisas falando de "reforma agrária" e de outras bobagens defendidas pelos esquerdistas antigos e modernos. Bem, parecia até o Joelmir Beting, que antes de ser economista, era jornalista esportivo e palmeirense roxo. Numa ocasião, fazendo a narrativa de um jogo entre Corinthians e Palmeiras, com a gabine da imprensa bem no lugar do estádio onde ficava a Fiel Torcida, ele ficou fazendo a maior festa, o maior auê quando o Palmeiras empatou o jogo, esquecido de onde estava. Não deu outra a Fiel Torcida quase linchou aquele loirinho míope...
O Goulart foi a mesma coisa: quis implantar ideiais socialistas num país de coronéis, católico e com povo burro e alienado (já viu o quadro do Pedro Américo, o Grito do Ipiranga? Aquele carreiteiro assustado ali do lado representava o povo brasileiro, que simplesmente não entendia nada do que estava acontecendo...).

Esse tal "golpe militar" não foi apenas militar: foi um golpe da "zelites" também. A resistência foi quase nula. Seria o bastante para os milicos terem percebido que os comunistóides perigosíssimos eram uma meia dúzia de gatos pingados. E ao dos anos de chumbo ficou evidente isso: não havia coesão alguma, os líderes se desentendiam facilmente, cada grupelho fazia sua própria revolução e quando se deram conta, estavam completamente sozinhos. Cadê o povo? Por que não se juntava a eles na luta contra a ditadura?


Botanico escreveu:Talvez não soubessem na época, mas o fato é que os comunistas brasileiros e latino-americanos em geral ESTAVAM COMPLETAMENTE ABANDONADOS. A União Soviética JÁ TINHA o melhor possível à sua disposição: Cuba. Distante pouco mais que uma centena de quilômetros do inimigo maior. Os outros países na America do Sul estavam longe demais e tinham importância estratégica praticamente nula para que os soviéticos se interessassem em implantar comunismo por ali. Como iam mandar armas, tropas, apoio logístico a esse pessoal?


Fernando Silva escreveu:E por que desprezar um país tão grande? Por que não ter os dois, Cuba e Brasil?

Porque ao contrário dos NOSSOS comunistas, os da União Soviética tinham experiência militar e um resto de miolo na cabeça. Em Cuba o Fidel liquidou com uma ditadura, começou a distribuir terra pro povão, nacionalizou empresas e isso tudo fez boa impressão entre sua gente. QUER DIZER: TINHA APOIO DO POVO. Ele ainda não era comunista, mas os soviéticos aproveitaram-se da esnobada que o presidente americano deu em Fidel (preferiu ir jogar golfe a tratar com um pé-rapado latinoamericano). Aí então Fidel foi logo se entendendo com os soviéticos e o resto todo mundo já sabe...

Já o Brasil... Quarto maior país do mundo... A Rússia, é o primeiro e seus governantes sabem que embora o território seja o mesmo, a divesidade étnica e cultural é grande. No Brasil não é diferente... Além disso, eles já sacavam que os "ideais revolucionários" só existiam na mente da "zelites" intelectualizadas que em termos de números não faziam a menor diferença, pois a maioria do povo era burra e analfabeta. Esse povão não entendia a mensagem socialista. _ Vai tomar a terra do coronel? Mas o padre disse que isso é pecado... Quer dizer: NÃO HAVIA RAÍZES PARA SE FAZER UMA REVOLUÇÃO COMUNISTA POR AQUI.
E a melhor prova disso foi o Che Guevara: com todo o seu carisma, ele veio para a América do Sul, montou um grupelho revolucionário na Bolívia e... acabou mortinho. Qual foi o único apoio que recebeu do próprio Fidel? Uma cabana com um rádio pifado.


Botanico escreveu:2) Vários crimes de tortura e assassinatos foram cometidos COM TOTAL APOIO DOS MILICOS.

Fernando Silva escreveu:Os militares não eram uma organização monolítica. Havia os de linha dura, os psicopatas, os moderados.
Minha família teve exilados e teve militares (moderados), que tentavam ajudá-los.

É? Pois eu esperava que a disciplina militar tornasse-os mais monolíticos. De qualquer forma, vale a máxima: _ Para que o mal triunfe, basta que os bons nada façam. _ Ser moderado não significava ser conivente...

Botanico escreveu:3) Então quer dizer que não houve Delúbios & Cia Bela nas forças armadas? Sei não. O falecido repórter Ferreira Neto comentava suas estranhezas sobre a escolha de Cumbica para se construir aquele aeroporto.

Fernando Silva escreveu:Claro que houve. Todos são corruptíveis.

É. Mas naqueles tempos NINGUÉM sabia de corruptos. Eles pareciam uma espécie extinta... Só que sabemos que não eram. O único militar prestável nesse bando de governantes milicos foi o Castelo Branco. Talvez a melhor prova fosse o caso envolvendo o irmão dele, que era secretário numa repartição federal e um dia ganhou um Aero-Willis de presente dado por um grupo de empresários. Castelo telefonou a ele e mandou que devolvesse o carro. Ao que o irmão retrucou:
_ Mas Humberto... Isso não pega bem... Eu posso até ser exonerado...
Ao que Castelo Branco respondeu:
_ Exonerado você já está. Só estou resolvendo se você vai ser preso.

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Fernando Silva
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Fernando Silva »

Botanico escreveu:Esse tal "golpe militar" não foi apenas militar: foi um golpe da "zelites" também. A resistência foi quase nula. Seria o bastante para os milicos terem percebido que os comunistóides perigosíssimos eram uma meia dúzia de gatos pingados.

Não sei que que "zelites" eram essas. Meus pais eram apenas remediados, com um monte de filhos, e nos espremíamos num minúsculo apartamento (alugado).
O resto da família, com poucas exceções, seguia o padrão.
A maioria apoiou a revolução, mesmo diante dos parentes exilados.

Sim, éramos uma elite (e ainda somos...) do ponto de vista cultural. A maior parte da família tem curso superior e muitos falam 2 ou mais línguas, por mais pé-rapados que sejam.

Não sei o que estava acontecendo no resto do país, mas, repito, o caos total parecia próximo. No dia 31/03/64, saí de manhã para comprar carvão para fazer o almoço num fogareiro improvisado, já que a companhia de gás estava em greve. E este era só um exemplo.

Lembro até hoje da vizinha gritando feliz: "Vizinho! O Jango fugiu! O Jango fugiu!". E do meu pai comemorando.

Será que éramos uma exceção?

Além disto, será que o comando das forças armadas deveria ficar inerte enquanto Brizolla tentava implantar a luta de classes entre altas e baixas patentes?

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Botanico
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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Botanico »

Fernando Silva escreveu:
Botanico escreveu:Esse tal "golpe militar" não foi apenas militar: foi um golpe da "zelites" também. A resistência foi quase nula. Seria o bastante para os milicos terem percebido que os comunistóides perigosíssimos eram uma meia dúzia de gatos pingados.

Não sei que que "zelites" eram essas. Meus pais eram apenas remediados, com um monte de filhos, e nos espremíamos num minúsculo apartamento (alugado).
O resto da família, com poucas exceções, seguia o padrão.
A maioria apoiou a revolução, mesmo diante dos parentes exilados.

Sim, éramos uma elite (e ainda somos...) do ponto de vista cultural. A maior parte da família tem curso superior e muitos falam 2 ou mais línguas, por mais pé-rapados que sejam.

Não sei o que estava acontecendo no resto do país, mas, repito, o caos total parecia próximo. No dia 31/03/64, saí de manhã para comprar carvão para fazer o almoço num fogareiro improvisado, já que a companhia de gás estava em greve. E este era só um exemplo.

Lembro até hoje da vizinha gritando feliz: "Vizinho! O Jango fugiu! O Jango fugiu!". E do meu pai comemorando.

Será que éramos uma exceção?

Além disto, será que o comando das forças armadas deveria ficar inerte enquanto Brizolla tentava implantar a luta de classes entre altas e baixas patentes?


Zelites? Quer saber?
Tá bom: havia a zelites agrárias, formada principalmente por fazendeiros de mentalidade muito retrógrada, ainda se achando "coronéis" e que certamente não gostaram nem um pouquinho da ideia de reforma agrária. Fazer reforma agrária em terras devolutas? Desde quando? Essas terras estão reservadas para os nossos filhos e netos... Fazer reforma agrária em fazendas já constituídas, mesmo que capengas? Pior ainda!

Havia também a zelites empresariais. O Juscelino convidou um monte de multinacionais a se instalarem por aqui, com a tecnologia mais podre e polidora que tinham. Afinal num país onde o povão só andava de carroça puxada por cavalo ou boi, andar numa carroça motorizada já era um progressão (= um grande progresso, cf. dicionário do Mulla). Essas zelites já tinham visto o que acontecera em Cuba e não gostaram nem um pouquinho das ideias socialistas do Jango...

Havia também a zelites trabalhadoras, formada pelos líderes sindicais, que estudaram detidamente as obras de Marx e de outros grandes gênios socialistas burros (com o perdão do pleonasmo). E esta zelites sim estavam muito interessadas na revolução socialista... Já seus liderados eram aqueles marias vai com as outras. Se o chefão mandou e a cupinchada deles ia descer paulada na cabeça da gente se não aderíssimos à greve...

Havia também a zelites estudantis, cujo expoente era a UNE, toda tomada por grandes gênios ideólogos socialistas burros (com o perdão do pleonasmo). Mas exceto por essa a maioria dos estudantes queriam fazer como dizia o guarda furioso da charge de Henfil: _ Istudante é pra istudá e não pra fazer gracinhas!

Havia também a zelites intelecualizadas e sorbonizadas do corpo docente das nossas universidades. Mas esta não eram zelites homogêneas. Havia os comunistóides, como Fernando Henrique o Garboso, e outras nazistas como bons católicos seguidores da TFP que até montavam dossiês para se livrarem dos desafetos.

A qual dessa zelites a sua família pertencia?

Como vê, a zelites comunistóides eram andorinha que não faz verão. Numericamente eram insignificantes e suas mensagens não empolgavam o povo. Aqui na América do Sul, todos os grupelhos esquerdistas armados ou não se ferraram. O único que conseguiu formar um governo foi o Allende e deu no que deu. Restam só as Farc e uns poucos aqui e ali que conseguem se sustentar vendendo drogas. Não fosse isso, já estariam extintos também.

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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Fernando Silva »

Botanico escreveu:A qual dessa zelites a sua família pertencia?

A nenhuma delas. Eram todos católicos, acreditavam no direito à propriedade e tinham medo dos comunistas e de acabarmos como Cuba ou Rússia.

Como disse o Arnaldo Jabor, lembrando da época em que era comunista deslumbrado: "Fomos derrotados por nossas tias velhas rezando o terço no quarto dos fundos".

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Re: General afirma: militares de hoje são iguais aos de ontem

Mensagem por Botanico »

Fernando Silva escreveu:
Botanico escreveu:A qual dessa zelites a sua família pertencia?

A nenhuma delas. Eram todos católicos, acreditavam no direito à propriedade e tinham medo dos comunistas e de acabarmos como Cuba ou Rússia.

Como disse o Arnaldo Jabor, lembrando da época em que era comunista deslumbrado: "Fomos derrotados por nossas tias velhas rezando o terço no quarto dos fundos".


Exceto pelo católico (que minha família não era), estávamos os dois na mesma situação.
Mas no fim você endossa o que eu tenho dito: se tias velhinhas derrotaram a "revolução socialista' rezando terços, quartos e quintos nos aposentos do fundo, então essa só podia ser uma revolução de merda (como de fato era). Pena que os nossos milicos só se lembraram das lições que receberam lá do Joseph MacCarthy lá na Cia...

Trancado