Ayyavazhi escreveu:Apo escreveu:Bah, esqueci que preciso me cuidar nas palavras quando falo contigo, Ayya... Eu estava falando, como sempre do panorama geral, da forma como teístas e religiosos veem ateus e céticos: imorais e sem vontade de "aprender".
NÃO FOI PESSOAL OK? BEIJOS.
Falando muito francamente, e esperando não parecer arrogante, eu não conheço muitos religiosos que pensem como eu. Não serviria nem como amostragem. Não consigo imaginar como uma mensagem minha, quotada por você, possa servir ao propósito de fazer uma crítica generalizada. O panorama geral que você mencionou deveria ser um resumo, um apanhado do senso comum, do pensamento da maioria e, se tem algo que eu não sou, é maioria. De que forma você espera que eu entenda suas palavras?
É que muitas vezes apenas me sirvo do que alguém citou para comentar sobre o assunto em si, e não sobre a pessoa. Nem sempre preciso explicar isto. Mas contigo costuma acontecer que tomas por pessoal e não é. Quando for, pode ter certeza de que farei menção direta a sua forma de pensar ( claro ela fique claramente expressa, of course). Já te disse que simpatizo com a tua pessoa. Mesmo trocando farpinhas naturais aqui nos debates, são apenas fuxico. Nunca tome como sério. Aliás, eu o Abmael somos ótimo exemplo disto. A gente se pega, se mata e se adora.
( aquele comuna duma figa
)
Mesmo assim, vou explicar melhor:
Eu me considero um homem honesto, justo, ético, mesmo que possa incorrer em uma falha ética vez ou outra. Sou imperfeito, antes de tudo. Quando eu disse “nunca havia pensando nisso” referia-me às minhas próprias motivações. Quanto de influência religiosa existe nas virtudes, ou supostas virtudes que julgo possuir? Seria eu a mesma pessoa se fosse ateu? Não acreditar em um Deus afrouxaria as rédeas do meu comportamento? Que pessoa eu seria, qual seria meu caráter sem Deus na minha vida?
Mas, Ayya...foste concebido, por acaso, com a marca definitiva para teu caráter e discernimento baseados em alguma espécie de genética determinadora de alguma religião? Todos nós nascemos peladinhos e sem religião alguma. Por um acaso do destino, caímos num grupo, cultura, tribo, época, situação ideológica e até ritualística que não escolhemos. Assim como poderíamos ser criados em meio ao Islã, fomos nascer num pais ocidental e latino. Dentro desta cultura, numa época em que nem se falava em muita coisa além do Catolismo, Protestantismo e Judaísmo. Um pedaço se dizia espírita ou espitualista e outro pedaço era meio macumbeira
. Mas sempre houve os que perambularam mais ou menos no espectro dos "não praticantes" ( muitos com sérias tendencias à não vinculação alguma com crenças de qualquer tipo, até porque ateísmo era coisa mal vista).
Sendo assim, será que não seríamos todos apenas crianças e depois adultos "normais", semelhantes e saudavelmente diferentes se ninguém tivesse nos inserido na realidade teísta? O que nos faz éticos ou corretos e honestos não é necessariamente o que nos enfiaram religiosamente nas cabecinhas ( anteninhas prontas para receber verdades proselitizadase falaciosamente construtivas).
Sabe, depois que me livrei das garras do cristianismo e até da necessidade de que um deus ou mais precisem "existir-porque-senão-não..." , me permitir conhecer profundamente a mim mesma como ser humano puro e simples. E vi que muito das minhas limitações, culpas, conflitos e excessos ( meeeesmo ) de auto-cobranças etc etc etc.
São reflexões. Não estou afirmando nem negando nada. Não estou fazendo nenhum paralelo com ateus, nenhuma associação com coisa alguma. Estou refletindo sobre mim mesmo, a partir das sábias palavras do Pedro Reis. Eu já disse que sou do tipo que considera o que os outros dizem, lembra? Jogo fora o que não tem utilidade e aprendo com as coisas boas que me oferecem.
Perfeito. As reflexões deste tipo são excelentes. É que acho tão estranho mesmo que as pessoas levem metade de um vida ( que é curta) se perguntando se elas seriam piores ou melhores sem deuses ou religiões... quando basta esquecê-las, testar-se despido frente ao próprio espelho, você e você mesmo.
Não sei se isto é possível para quem está tão intimamente na companhia de deuses. Talvez esta hipótese soe como o famigerado "vácuo" a que os teistas se referem quando falam da ausência de deus na vida de ateus. Não há vácuo algum, apenas a vida como ela é.