RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

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O ENCOSTO
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RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por O ENCOSTO »

RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

http://www.mhariolincoln.jor.br/cultura ... irita.html

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Acima, espiritos inferiores quitando seus respectivos karmas.


Os flagelos destruidores ocorrem com o fim de fazer o homem avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, em cada nova existência, um novo grau de perfeição.


Para todos os fenômenos da vida humana, há sempre uma razão de ser. No dicionário Espírita, não deve constar a palavra “acaso”, ainda que as situações se nos afigurem insuportáveis. A tragédia do Haiti nos expõe, de maneira evidente, um episódio de resgate coletivo. Qual o significado dos milhares de seres que foram esmagados pelo terremoto? Catástrofe, cujas dimensões deixaram o mundo inteiro consternado? Para as tragédias coletivas, a Doutrina Espírita tem as explicações prováveis, considerando que, nos Estatutos de Deus, não há espaço para injustiça.

Segundo os Espíritos, “se há males nesta vida cuja causa primária é o homem, outros há, também, aos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal, por exemplo, os flagelos naturais.” (1) Pela reencarnação e pela destinação da Terra – como mundo expiatório – são compreensíveis as anomalias que o planeta apresenta quanto à distribuição da ventura e da desventura neste planeta. Aliás, anomalia só existe na aparência, quando considerada, tão-só, do ponto de vista da vida presente. “Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.” (2)

Em verdade, “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”. (3)

É bem verdade que as catástrofes naturais ou acidentais, como a do Haiti, vitimam milhares de pessoas. Nesses episódios, as imagens midiáticas, virtuais ou impressas, mostram-nos, com colorido forte, o drama inenarrável de inúmeras pessoas, enquanto a população recolhe o que sobrou e chora seus mortos.

Os flagelos destruidores ocorrem com o fim de fazer o homem avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, em cada nova existência, um novo grau de perfeição. “Esses transtornos são, freqüentemente, necessários para fazerem com que as coisas cheguem, mais prontamente, a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.” (4) Dessa maneira, esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam, “pois eles modificam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem, que deles resulta, só é, geralmente, sentido pelas gerações futuras.” (5)

Antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, muitas vezes, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, depende de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação, uma vez que a Lei de causa e efeito admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e “o amor cobre uma multidão de pecados.” (6)

Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” – disse o Mestre. Porém, cabe a ressalva de que nem todo sofrimento é expiação. No item 9, Cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: “Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento.” (7)
Jorge Hessen
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FONTES:
(1) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB, 1989, Cap. V
(2) idem Cap. V
(3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB, 1989, Cap. IX
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 1988. Perg. 737
(5) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 1988. Perg. 739
(6) Cf. Primeira Epístola de Pedro Cap. 4:8
(7) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1989, Cap. V
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por O ENCOSTO »

AJUDA AO HAITI:

VOCÊ PODE AJUDAR AS VITIMAS DO TERREMOTO DA SEGUINTE MANEIRA:

NÃO ENVIANDO ALIMENTOS, NÃO ENVIANDO DINHEIRO E TAMBÉM NÃO ENVIANDO QUALQUER TIPO DE AJUDA HUMANITÁRIA.

Deixem a Lei Kardecista atuando e tudo ficará bem na próxima reencarnação.
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leonardo_schunk
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por leonardo_schunk »

Em verdade, “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”. (3)


Ou seja, quando estiver se fudendo, faça-o com um sorriso no rosto....e agradecendo por isso....

E pensar que eu acreditei nessa merda toda...

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Apo
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Apo »

Nestas horas os espíritas somem. Mas só os que têm vergonha na cara e os que negam que o espiritismo seja cristão.
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Apo »

Em verdade, “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”. (3)


Quase sempre ? E quando não são?

E indício é o quê? Uma palavra pra não se comprometer com a certeza do que é? Putz.
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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

Os flagelos destruidores ocorrem com o fim de fazer o homem avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, em cada nova existência, um novo grau de perfeição. “Esses transtornos são, freqüentemente, necessários para fazerem com que as coisas cheguem, mais prontamente, a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.” (4) Dessa maneira, esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam, “pois eles modificam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem, que deles resulta, só é, geralmente, sentido pelas gerações futuras.” (5)


Argh.

Pensar que tem gente que leva essa josta a sério.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism


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Fernando Silva
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Fernando Silva »

Luis Dantas escreveu:Argh.

Pensar que tem gente que leva essa josta a sério.

Por que não? A mente é bastante flexível e se adapta.
Basta ver como os cristãos conseguem transformar um massacre em "prova do amor de Deus".

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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

Não era para esse tipo de abomin... digo, de pensamento excessivamente acomodado ser superado em algum momento entre os sete e os quinze anos?

Sério, não era?
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Botanico
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Botanico »

Fernando Silva escreveu:
Luis Dantas escreveu:Argh.

Pensar que tem gente que leva essa josta a sério.

Por que não? A mente é bastante flexível e se adapta.
Basta ver como os cristãos conseguem transformar um massacre em "prova do amor de Deus".


É... pois é.
Não se pode agradar a todos, afinal gosto não se discute: lamenta-se.

O lance é que desde sua origem, a humanidade tem buscado respostas para as coisas que lhe acontecem... Coisas sobre as quais não se tem controle ou contra as quais não se consegue lutar.

O problema das dores e desgraças humanas tem embaraçado os filósofos e confundido as religiões. Não pretendemos que tenha sido resolvido, mas até agora a melhor resposta que achei com relação a isso veio do Espiritismo. As demais religiões têm ensinos da lastimável pobreza e impossível aceitação. A melhor resposta cristã a isso veio lá do Pat Robertson, que resumiu claramente o que a fé cristã pensa do caso: foi a ira de Deus pelo fato de aquela gente não seguir a fé cristã e sim as feitiçarias herdadas lá da África. Aliás o consul do Haiti disse que os negros estão todos fodidos... pelo mesmo motivo.
Vou aguardar algum jornal de igreja ou revista de fé para ver se o pessoal cristão daqui achou que essa foi uma boa resposta.

Desde meados do século XVIII, mudou-se o referencial da verdade. Anteriormente a isso, qualquer "cientista" ou filósofo teria de verificar se sua pesquisa de história natural ou sua elucubração filosófica concordava com os infalíveis dogmas da(s) igreja(s) dominantes na sua região. Se sim, tudo bem. Se não, fazia muito mal para a saúde não modificá-los antes de torná-los públicos. Mas a partir da época indicada, começou a se inverter o jogo. A verdade agora não estava mais nos infalíveis dogmas de fé, mas nas elucubrações científicas vindas da mente dos grandes sábios. E esse quadro continua até hoje. Tanto que até os cristãos e outros religiosos tentam validar seus infalíveis dogmas atribuindo-lhes alguma comprovação científica, mesmo que nada esteja cientificamente comprovado (como é mesmo aquela história dos halos de polônio?).

Mas essa mudança de referencial permitiu um "amadurecimento" do pensamento humano e a situação do Haiti pode agora ser entendido, de uma maneira muito simples e direta: é só azar.
Tal explicação não deixa de ter seus atrativos pela sua simplicidade. Dispensa pensamentos e elucubrações complicada. Aliás dispensa qualquer elucubração. Foi só azar e fim de papo. Não tem o que discutir. Como discutir com duas placas tectônicas que se movimentaram por poderosas forças geológicas até novamente se acomodarem e, no processo, provocaram o terremoto?

Fim de papo.

Elucubrações num caso assim, só as científicas. E a única cabível aqui seria a má qualidade genética daquele povo, pois muito embora tenha sido a primeira nação livre da América Latina, ainda hoje é a mais pobre. Invoco aqui a ajuda do Watson, que por ser co-autor da descrição estrutural do DNA, não deve ser pouca porcaria. Assim então, por sua má qualidade genética, aquele povo não sai do lugar. Não progride pois estão privados dos genes capazes de produzir inteligência. Daí então, mesmo se fossem informados de que há uma falha geológica próxima e que pode causar terremos, eles não têm capacidade de imaginar como construir uma casa mais sólida e, como sugeriu Watson, não adiantaria ensiná-los, pois privados de genes inteligentes, não teriam como aprender...

Ciência é assim.

Certo?
Editado pela última vez por Botanico em 19 Jan 2010, 09:14, em um total de 1 vez.

jaderanderson
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por jaderanderson »

Luis Dantas escreveu:
Os flagelos destruidores ocorrem com o fim de fazer o homem avançar mais depressa. A destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, em cada nova existência, um novo grau de perfeição. “Esses transtornos são, freqüentemente, necessários para fazerem com que as coisas cheguem, mais prontamente, a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.” (4) Dessa maneira, esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam, “pois eles modificam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem, que deles resulta, só é, geralmente, sentido pelas gerações futuras.” (5)


Argh.

Pensar que tem gente que leva essa josta a sério.


Esse argumento nao parece invalidar o trecho que citaste.

Seria mais interessante se fizesses um contraponto ao apresentado do que apresentar uma impressão pessoal e ter como verdade.

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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

Deveria ser auto-evidente, mas se você quer mesmo...

Qual seria a conveniência em "avançar mais depressa"? Por qual critério seria algo tão importante e necessário a ponto de justificar tanto sofrimento?

Não há uma resposta válida. O que há, isso sim, é o desejo de alguns em ver um propósito onde não existe nenhum.
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jaderanderson
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por jaderanderson »

Luis Dantas escreveu:Deveria ser auto-evidente, mas se você quer mesmo...

Qual seria a conveniência em "avançar mais depressa"? Por qual critério seria algo tão importante e necessário a ponto de justificar tanto sofrimento?

Não há uma resposta válida. O que há, isso sim, é o desejo de alguns em ver um propósito onde não existe nenhum.



"Qual seria a conveniência em "avançar mais depressa"?" - Ora, podemos concordar que todo avanço seja moral ou material é de bom grado não? Imagina se a penicilina demorasse mais uns 200 anos pra aparecer hein?

"Por qual critério seria algo tão importante e necessário a ponto de justificar tanto sofrimento?" - Como eu poderia explicar o critério, se ele se baseia em algo que tu não acredita? Seria como justificar regras de futebol usando o tênis, por exemplo. Eu posso explicar dentro do meu conjunto de crenças, mas certamente serei amassado por outro conjunto teu e o resultado não serviria para nenhum dos dois. Agora se no mesmo texto ele assume que a reencarnação e os "resgates" (no caso o sofrimento), fazem parte da evolução de um espírito, o sofrimento coletivo não seria uma forma de impulsionar multiplos espiritos para o progresso? Penso que se o autor tivesse falado, ou se existisse na DE algo como "Morrer é ruim pra caralho" daí tu poderia considerar uma bosta, por apresentar essa incoerência dentro do seu conjunto.

EDIT: Como parecer pessoal, acho meio de mau gosto esses caras que saem escrevendo coisas se aproveitando da mídia de um evento. Falo do autor do texto óbvio.

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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

"Qual seria a conveniência em "avançar mais depressa"?" - Ora, podemos concordar que todo avanço seja moral ou material é de bom grado não? Imagina se a penicilina demorasse mais uns 200 anos pra aparecer hein?


Não, não podemos concordar.

Certamente não se pretendemos alegar que esse seja motivo suficiente para fazer vista grossa a sofrimento sem sentido.

Por acaso Pasteur costumava arruinar vidas para fazer suas pesquisas com mofo e bactérias?

"Por qual critério seria algo tão importante e necessário a ponto de justificar tanto sofrimento?" - Como eu poderia explicar o critério, se ele se baseia em algo que tu não acredita?


Não pode. E é por isso que ele não é válido. Se eu preciso pressupor que você tem seus motivos, então não há um argumento.

Seria como justificar regras de futebol usando o tênis, por exemplo.


Só que não vivemos em mundos diferentes. É preciso fazer algum tipo de escolha. Talvez fosse melhor se pudéssemos fazer nossas escolhas sem causar consequências nos outros, mas o fato é que não é assim. Eu posso querer acreditar que estamos jogando tênis e você que estamos jogando futebol, mas se no final é preciso jogar todos na mesma quadra, então não se pode simplesmente deixar para lá.

E eu por mim certamente prefiro fazer as escolhas que não envolvem alegações de que esse povo todo "merecia" ou "precisava" perder as vidas e os pertences. Você não?

Eu posso explicar dentro do meu conjunto de crenças, mas certamente serei amassado por outro conjunto teu e o resultado não serviria para nenhum dos dois.


Para mim serve. Não tenho problema algum em destruir "argumentação" desse nível. Basta-me superar a ojeriza de chegar perto dela.

Agora se no mesmo texto ele assume que a reencarnação e os "resgates" (no caso o sofrimento), fazem parte da evolução de um espírito, o sofrimento coletivo não seria uma forma de impulsionar multiplos espiritos para o progresso?


Poderia em tese ser (deixando de lado a questão de como provar ou evidenciar a existência de espíritos e de reencarnação).

Mas é com certeza uma desculpa esfarrapada e covarde para justificar a falta de consideração com os outros, o que já é o bastante para fechar a questão...

Penso que se o autor tivesse falado, ou se existisse na DE algo como "Morrer é ruim pra caralho" daí tu poderia considerar uma bosta, por apresentar essa incoerência dentro do seu conjunto.


Não me faltam motivos para desconsiderar a DE, de qualquer jeito. Ela É uma josta.

Talvez fosse um pouco menos se não dispusesse tão alegremente do bem-estar de pessoas reais...

EDIT: Como parecer pessoal, acho meio de mau gosto esses caras que saem escrevendo coisas se aproveitando da mídia de um evento. Falo do autor do texto óbvio.


Mau gosto, sim. Mas não deixa de ser bom que falem o que pensam em vez de pensar essas coisas em silêncio.
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Apo »

Pobre Jaderanderson. Vai tomar um banho...
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jaderanderson
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por jaderanderson »

Luis Dantas escreveu:Não, não podemos concordar.

Certamente não se pretendemos alegar que esse seja motivo suficiente para fazer vista grossa a sofrimento sem sentido.

Por acaso Pasteur costumava arruinar vidas para fazer suas pesquisas com mofo e bactérias?


Vista grossa a sofrimento? de onde? Por que o autor explicou que este sofrimento serviria a um propósito? Em nenhum momento notei algo como "Deixem que morram sem ajuda", nem no texto como na doutrina se justamente uma das teclas que mais se bate é na caridade ao próximo.

Luis Dantas escreveu: Não pode. E é por isso que ele não é válido. Se eu preciso pressupor que você tem seus motivos, então não há um argumento.


Mas se questionas a minha crença, então não são meus motivos que são o ponto central do argumento?

Luis Dantas escreveu:Só que não vivemos em mundos diferentes. É preciso fazer algum tipo de escolha. Talvez fosse melhor se pudéssemos fazer nossas escolhas sem causar consequências nos outros, mas o fato é que não é assim. Eu posso querer acreditar que estamos jogando tênis e você que estamos jogando futebol, mas se no final é preciso jogar todos na mesma quadra, então não se pode simplesmente deixar para lá.

E eu por mim certamente prefiro fazer as escolhas que não envolvem alegações de que esse povo todo "merecia" ou "precisava" perder as vidas e os pertences. Você não?


Allan Kardec assinala: “Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento.”

Luis Dantas escreveu:Para mim serve. Não tenho problema algum em destruir "argumentação" desse nível. Basta-me superar a ojeriza de chegar perto dela.


Aqui o que me resta é me desculpar por não ser um argumentador com milhas de rodagem tentando acrescentar algo a discussão.

Luis Dantas escreveu:Poderia em tese ser (deixando de lado a questão de como provar ou evidenciar a existência de espíritos e de reencarnação).

Mas é com certeza uma desculpa esfarrapada e covarde para justificar a falta de consideração com os outros, o que já é o bastante para fechar a questão...


De novo com a falta de consideração? Respondo novamente com o que existe na doutrina sobre caridade, podes até não gostar mas está lá escrito. Logo, dentro do conjunto da doutrina o descaso não é uma postura incentivada ou ensinada

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Apo
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Apo »

Allan Kardec assinala: “Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento.”


Como alguém pode ser tão cara de pau?
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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

Jaderanderson, deixe-me tentar explicar melhor. Quem sabe consigo ser mais claro agora.

Quando muita gente morre, é mutilada ou sofre de outra maneira em um terremoto, acidente aéreo ou outra tragédia sem uma lógica aparente, há quem defenda que na verdade haveria sim uma lógica. Que todos os que sofreram o fizeram para evoluir espiritualmente "mais rápido" e/ou para "resgatar dívidas". Correto?

Indo direto ao ponto, essa é uma idéia que não merece respeito. Ela se sustenta na idéia de que todas as centenas ou milhares de vítimas "mereciam" ou "escolheram voluntariamente" esse sofrimento. Todas e cada uma delas, supostamente. Bem como as pessoas que com elas se importam e que sofrem as consequências. Inclusive, por exemplo, crianças que se tornam órfãs de uma hora para a outra, ou famílias que perdem todos os bens e os meios de subsistência.

Quem sabe poderia ser assim em algum tipo de conto de fadas. Certamente não o é na vida real. Até porque, como se percebe facilmente quando se quer, o sofrimento tende não a melhorar o caráter, mas sim a piorá-lo. Idéias românticas de justiça poética à parte, quase sempre quem sofre acaba por descontar nos outros de alguma e a dar menos atenção a seus princípios morais. É assim que funciona com pessoas do mundo real.

Cabe também perguntar o que exatamente faz com que tanta gente má e desprezível se junte em locais de tragédias; como é que sabemos que nenhuma das vítimas prestava o bastante para merecer destino melhor; e por que raios esse povo não aprende alguma maneira menos violenta de evoluir espiritualmente. Ninguém mais consegue filosofar, fazer poesia, simplesmente decidir viver de uma forma mais plena e mais saudável? Como e por que a experiência de ser partido em pedaços por um terremoto ajuda quem quer que seja a evoluir espiritualmente?

A idéia de que alguns deles não "mereçam" tão trágico destino, mas o tenham em vez disso escolhido voluntariamente, só torna a proposta ainda mais bizarra. Por que alguém ia querer ser eviscerado para se tornar uma pessoa melhor? E como ela pode ter suficiente confiança de que é o caminho correto? Não seria mais sensato, sei lá, aprender a pintar, entrar para um coral, passar a visitar asilos e orfanatos? Não acontece nunca de alguém que "escolheu" tal morte violenta descobrir que afinal de contas não era bem por aí?

Acho realmente muito estranha toda essa idéia. E fico pensando quantos espíritas não pensam secretamente em como seria bom que as pessoas de quem menos gostam morressem de uma vez para crescer espiritualmente "lá do outro lado" e pararem de incomodar. Logicamente, se tem toda essa certeza de que nenhuma morte violenta é injusta, só podem mesmo torcer para que os que merecem morram o quanto antes... mas nunca vão admitir, porque tem de estar sempre prontos a lembrar que são pessoas de caridade (sempre caridade, nunca fraternidade ou outra palavra menos condescente) e não de rancor. Não é que eles sejam rancorosos, afinal, são os outros que mereciam se estrepar...
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leonardo_schunk
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por leonardo_schunk »

Parabéns Luis !!!
Você conseguiu destronar a DE e disse em poucos parágrafos o que eu, ex-espírita, durante anos sempre quis saber mas sempre tive medo de perguntar !!!
No meu ver é discussão encerrada.

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Botanico
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Botanico »

Luis Dantas escreveu:Jaderanderson, deixe-me tentar explicar melhor. Quem sabe consigo ser mais claro agora.

Quando muita gente morre, é mutilada ou sofre de outra maneira em um terremoto, acidente aéreo ou outra tragédia sem uma lógica aparente, há quem defenda que na verdade haveria sim uma lógica. Que todos os que sofreram o fizeram para evoluir espiritualmente "mais rápido" e/ou para "resgatar dívidas". Correto?

Indo direto ao ponto, essa é uma idéia que não merece respeito. Ela se sustenta na idéia de que todas as centenas ou milhares de vítimas "mereciam" ou "escolheram voluntariamente" esse sofrimento. Todas e cada uma delas, supostamente. Bem como as pessoas que com elas se importam e que sofrem as consequências. Inclusive, por exemplo, crianças que se tornam órfãs de uma hora para a outra, ou famílias que perdem todos os bens e os meios de subsistência.

A conversa é dirigida a outro, mas vou meter o meu bedelho. Como já disse antes, desde tempos muito idos e passados, a Humanidade busca um sentido para a sua existência, o que inclui aí algo que explique o motivo das dores e aflições humanas. Conforme já disse antes, temos no geral essas três opções aí: 1) azar; não há causa moral para isso _ dores e aflições humanas simplesmente acontecem. 2) maldição divina, conforme já disse o Pat Robertson _ há um Deus furioso lá no céu que não admite adoração a terceiros deuses. 3) essa hipótese espírita aí, que entende que erros cometidos no passado podem ser "pagos" com dores e aflições _ ao mesmo tempo que eles podem servir de impulso para o progresso dos ditos espíritos.

Sei lá qual das duas primeiras hipóteses acima você gosta mais, Dantas, mas qualquer que seja o seu gosto, o meu ou o dos outros, nada muda o fato de que há centenas de milhares de pessoas lá no Haiti que foram mortas e tantas outras que estão "pastando" um bocado agora.


Luis Dantas escreveu:Quem sabe poderia ser assim em algum tipo de conto de fadas. Certamente não o é na vida real. Até porque, como se percebe facilmente quando se quer, o sofrimento tende não a melhorar o caráter, mas sim a piorá-lo. Idéias românticas de justiça poética à parte, quase sempre quem sofre acaba por descontar nos outros de alguma e a dar menos atenção a seus princípios morais. É assim que funciona com pessoas do mundo real.

Tenho lá dúvidas de que isso seja SEMPRE verdade. Já vi (entre meus parentes mesmo) pessoas que sofrem, mas que demonstram enorme força de espírito e seguem em frente. Mas é como se diz da DE: essa situação sofrida é a oportunidade de o espírito se acertar com seu passado. SÓ QUE O ESPÍRITO TEM O LIVRE-ARBÍTRIO. Se ao invés de enfrentar as coisas ruins de forma positiva, ele só faz piorar a situação, então terá um débito mais extenso e complicado no futuro. Se o espírito pediu uma prova acima de suas forças, também se dana todo. O que existe é o sistema, do qual não podemos fugir: ELE É A REALIDADE. Agora dentro dele, podemos fazer valer a nossa vontade, mas não podemos nos eximir das consequências.

Luis Dantas escreveu:Cabe também perguntar o que exatamente faz com que tanta gente má e desprezível se junte em locais de tragédias; como é que sabemos que nenhuma das vítimas prestava o bastante para merecer destino melhor; e por que raios esse povo não aprende alguma maneira menos violenta de evoluir espiritualmente. Ninguém mais consegue filosofar, fazer poesia, simplesmente decidir viver de uma forma mais plena e mais saudável? Como e por que a experiência de ser partido em pedaços por um terremoto ajuda quem quer que seja a evoluir espiritualmente?

Acho que isso é o mesmo de perguntar por que motivo todos os alunos de uma universidade já não estão cursando o último ano... Então teríamos lá no Haiti um conglomerado de espíritos broncos, atrasados culturalmente, cuja capacidade de filosofar, fazer poesias e viver uma vida plena e saudável são coisas que ainda não cabem bem em suas cabeças... Onde não há estado, vence a gangue mais forte... Entre os mortos e feridos, haveria também espíritos melhores, que lá pediram para encarnar e ver se poderiam melhorar a coisa de alguma maneira. ANTES de encarnar, já sabiam o nível do problema (não os mínimos detalhes) que iam enfrentar? Sim, sabiam.

Luis Dantas escreveu:A idéia de que alguns deles não "mereçam" tão trágico destino, mas o tenham em vez disso escolhido voluntariamente, só torna a proposta ainda mais bizarra. Por que alguém ia querer ser eviscerado para se tornar uma pessoa melhor? E como ela pode ter suficiente confiança de que é o caminho correto? Não seria mais sensato, sei lá, aprender a pintar, entrar para um coral, passar a visitar asilos e orfanatos? Não acontece nunca de alguém que "escolheu" tal morte violenta descobrir que afinal de contas não era bem por aí?

Bem, acho que está levando muito a ferro e fogo essa questão de que "a morte violenta faz sempre o espírito progredir". Quem está dizendo isso é você e não o Espiritismo. Para a grande maioria deles, essa morte é só o toma lá e dá cá dos erros passados. Quando o espírito questionar: _ Mas por que eu morri assim? _ Aí lhe será apresentado os motivos e a MELHORIA virá da REFLEXÃO dele, comparando o seu hoje recente com suas burradas passadas. Quanto aos que supostamente não merecessem o fim assim, mas que o escolheram por motivos de prova, eles não "melhorariam" por conta do incidente, pois já estavam melhorados. Seu propósito seria outro. Imaginemos o caso da Zilda Arms: ela era uma batalhadora e, como já li na Folha na opinião de um dos editores, "ela morreu em casa", fazendo o que sabia fazer de melhor. Talvez sua morte, nessas condições, sirva para quem for sucedê-la refletir a respeito e ter em mente que não pode fazer menos do que ela.

Luis Dantas escreveu:Acho realmente muito estranha toda essa idéia. E fico pensando quantos espíritas não pensam secretamente em como seria bom que as pessoas de quem menos gostam morressem de uma vez para crescer espiritualmente "lá do outro lado" e pararem de incomodar.

Bem, se de fato morrer de uma vez afastasse definitivamente os incômodos... Só que no Espiritismo isso NÃO SE DÁ. Some-se o cara fisicamente, mas seu espírito ainda vive e será atraído pela vibração dos desafetos e aí fica até pior, pois a perturbação espiritual não tem fronteiras. Não há prisão que o detenha...

Luis Dantas escreveu:Logicamente, se tem toda essa certeza de que nenhuma morte violenta é injusta, só podem mesmo torcer para que os que merecem morram o quanto antes... mas nunca vão admitir, porque tem de estar sempre prontos a lembrar que são pessoas de caridade (sempre caridade, nunca fraternidade ou outra palavra menos condescente) e não de rancor. Não é que eles sejam rancorosos, afinal, são os outros que mereciam se estrepar...

Como já disse, AS PESSOAS SE ESTREPAM, com ou sem causa justa observável. A hipótese do azar é mais econômica neste sentido. Entretanto, a dedução de que nós espíritas torcemos para que todos esses se estrepem mesmo por entender que a situação não é injusta é dedução só sua. Eu torço para que se estrepem aqueles cujos motivos eu conheço. Queria mesmo ver os políticos corruptos se estrepando direitinho... Mas como são eles mesmos que fazem as leis que lhes garantem impunidade... Já de outros que nunca me deram motivo, não teria porque fazer essa torcida. E não me consta que nenhum espírita o fizesse.

A sua dedução me faz lembrar outra de Kardec. Ele combatia o materialismo, exatamente por entender que suas consequências filosóficas seriam de que o melhor a fazer era levar vantagem em tudo, sem nenhum escrúpulo moral, pois a ninguém se prestaria contas de seus atos. Tem lógica, não? Mas tal coisa não se reflete plenamente na realidade, pois há aí o fator EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO. Assim há exemplos de pessoas que foram ateias, sem religião, mas que são moralmente excelentes. E temos aí os pastores da teologia da prosperidade, que falam de Deus e da moral cristã nos seus púlpitos, mas que levam moralmente e financeiramente uma vida exatamente igual àquilo que Kardec esperava ver nos materialistas filosóficos...

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Luis Dantas
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Luis Dantas »

Vamos lá. Sete e meia, hora de começar o dia.

Botanico escreveu:A conversa é dirigida a outro, mas vou meter o meu bedelho. Como já disse antes, desde tempos muito idos e passados, a Humanidade busca um sentido para a sua existência, o que inclui aí algo que explique o motivo das dores e aflições humanas. Conforme já disse antes, temos no geral essas três opções aí: 1) azar; não há causa moral para isso _ dores e aflições humanas simplesmente acontecem. 2) maldição divina, conforme já disse o Pat Robertson _ há um Deus furioso lá no céu que não admite adoração a terceiros deuses. 3) essa hipótese espírita aí, que entende que erros cometidos no passado podem ser "pagos" com dores e aflições _ ao mesmo tempo que eles podem servir de impulso para o progresso dos ditos espíritos.

Sei lá qual das duas primeiras hipóteses acima você gosta mais, Dantas, mas qualquer que seja o seu gosto, o meu ou o dos outros, nada muda o fato de que há centenas de milhares de pessoas lá no Haiti que foram mortas e tantas outras que estão "pastando" um bocado agora.


A esta altura não sabe ainda, Botanico? É uma escolha óbvia.

Três alternativas. A primeira não tenta oferecer um propósito às desventuras da existência. As outras duas oferecem propósitos sádicos e além disso também não tem verossimilitude.

Claro que eu considero que o acaso existe, sim.

Botanico escreveu:Tenho lá dúvidas de que isso seja SEMPRE verdade. Já vi (entre meus parentes mesmo) pessoas que sofrem, mas que demonstram enorme força de espírito e seguem em frente. Mas é como se diz da DE: essa situação sofrida é a oportunidade de o espírito se acertar com seu passado. SÓ QUE O ESPÍRITO TEM O LIVRE-ARBÍTRIO. Se ao invés de enfrentar as coisas ruins de forma positiva, ele só faz piorar a situação, então terá um débito mais extenso e complicado no futuro. Se o espírito pediu uma prova acima de suas forças, também se dana todo. O que existe é o sistema, do qual não podemos fugir: ELE É A REALIDADE. Agora dentro dele, podemos fazer valer a nossa vontade, mas não podemos nos eximir das consequências.


Não é sempre, como minha linguagem deixa claro ("tende a..."). Acontece sim o crescimento moral via adversidade.

Mas se ele fosse tão fácil e tão válido, a tortura seria um serviço de utilidade pública, não um crime.

Recorrer à existência do livre-arbítrio de fato não resolve nada, já que o livre-arbítrio é um conceito tão vago e contraditório que na prática não esclarece coisa alguma e serve apenas para emprestar um ar de legitimidade às contestações que de outra forma seriam mal vistas por se contrapor a outro dogma. Por isso você não está de fato me contestando, mas insistindo em me pedir para simplesmente acreditar que há um propósito justo guiando tudo.

Afirmar que existe o livre-arbítrio pode passar a impressão de que você me ofereceu um motivo para considerar sua afirmação - mas o que é livre-arbítrio afinal, e como posso saber que ele existe? Pelo que tenho visto, ele é apenas e exclusivamente essa vontade de duvidar "legitimamente" da predestinação devido a uma vontade sobrenatural arbitrária. É apenas uma palavra de ordem, algodão-doce que causa sensação mas não tem substância.

Botanico escreveu:Acho que isso é o mesmo de perguntar por que motivo todos os alunos de uma universidade já não estão cursando o último ano... Então teríamos lá no Haiti um conglomerado de espíritos broncos, atrasados culturalmente, cuja capacidade de filosofar, fazer poesias e viver uma vida plena e saudável são coisas que ainda não cabem bem em suas cabeças... Onde não há estado, vence a gangue mais forte... Entre os mortos e feridos, haveria também espíritos melhores, que lá pediram para encarnar e ver se poderiam melhorar a coisa de alguma maneira. ANTES de encarnar, já sabiam o nível do problema (não os mínimos detalhes) que iam enfrentar? Sim, sabiam.


Na sequência das suas afirmações:

1) Mais exatamente, seria como perguntar como sabemos que todos que estão na universidade realmente estão no lugar e no curso certos, sem sequer um único visitante ou transeunte curioso.

2) Inúmeras iniciativas promovidas por pessoas de carne e osso, vivas, mostram que na prática essa incapacidade de melhorar as próprias vidas é quase completamente circunstancial, em vez de atributo inerente às pessoas propriamente ditas. Existem pessoas particularmente "difíceis" por vários motivos... mas em qualquer comunidade, são definitivamente a exceção. Portanto considero o cenário que você propõe inverossímil.

3) A idéia de correr risco de vida "por uma causa justa" certamente tem um certo apelo romântico. Mas não responde às minhas indagações. Pior ainda, o apelo vem exatamente da idéia de que não se trata de uma questão de justiça e sim de coragem de correr riscos que poderiam ter sido evitados, o que torna o cenário inteiro, além de implausível, estilisticamente desaconselhável, mesmo como fantasia.

Além do mais, lembra-se do que falei sobre os órfãos, as famílias que perderam todos os bens e formas de sustento, e as pessoas que indiretamente sofrem as consequências dessa tragédia? Muitas, possivelmente a esmagadora maioria delas, só poderiam se sentir ofendidas, com toda a razão, se alguém sugerisse que "em uma vida anterior" elas "escolheram" correr o risco de acontecer algo assim. O que você está afirmando, na prática, implica na afirmação implícita de que o ser humano típico tem uma vontade avassaladora de estragar para valer a própria vida. O que não é verdade, não a ESSE ponto.


Botanico escreveu:Bem, acho que está levando muito a ferro e fogo essa questão de que "a morte violenta faz sempre o espírito progredir". Quem está dizendo isso é você e não o Espiritismo.


De forma alguma. É o que o Espiristismo alega, já desde Kardec, como citado em posts anteriores neste tópico. Eu sequer acho moralmente defensável a alegação de que o espírito "progride sem jamais regredir", mesmo para quem acredita piamente que existem espíritos reencarnantes e evolução espiritual.

Botanico escreveu:Para a grande maioria deles, essa morte é só o toma lá e dá cá dos erros passados. Quando o espírito questionar: _ Mas por que eu morri assim? _ Aí lhe será apresentado os motivos e a MELHORIA virá da REFLEXÃO dele, comparando o seu hoje recente com suas burradas passadas. Quanto aos que supostamente não merecessem o fim assim, mas que o escolheram por motivos de prova, eles não "melhorariam" por conta do incidente, pois já estavam melhorados. Seu propósito seria outro. Imaginemos o caso da Zilda Arms: ela era uma batalhadora e, como já li na Folha na opinião de um dos editores, "ela morreu em casa", fazendo o que sabia fazer de melhor. Talvez sua morte, nessas condições, sirva para quem for sucedê-la refletir a respeito e ter em mente que não pode fazer menos do que ela.


Ah, voltamos à alegação de que quem sofre "aprontou alguma" que torna esse sofrimento merecido. Fico imaginando a quantas gerações deixou de ser comportamento típico da humanidade ficar à espreita nos cantos esperando pelos incautos para agredi-los sem motivo. Só isso explicaria que tanta gente tenha feito por merecer passar por esse tipo de coisa.

Agora, essa de que a morte de uma Zilda Arns da vida serviria para "fazer outros refletir e ter em mente que não podem fazer menos do que ela" de fato é novidade para mim, e olha que eu não me surpreendo frequentemente com este tipo de assunto.

Por que isso seria melhor ou mais efetivo do que o que ela poderia fazer ainda viva, não faço idéia. Ainda mais quando, claramente, nem todas as consequências da morte dela são aprazíveis e positivas. Será que ela não poderia ter motivado melhor seus sucessores sem ter de morrer e perder o convívio com a família e entes queridos? Acredito que sim, mas você está me pedindo para acreditar que esse evento foi necessário ou conveniente... simplesmente por que gosta da idéia de acreditar nisso.

Aliás, também não entendo por que alguém "não poderia" fazer menos do que Zilda Arns. Novamente, parece que você está recorrendo a um recurso de estilo para tentar emprestar um significado a uma situação que claramente não o tem.

Botanico escreveu:Bem, se de fato morrer de uma vez afastasse definitivamente os incômodos... Só que no Espiritismo isso NÃO SE DÁ. Some-se o cara fisicamente, mas seu espírito ainda vive e será atraído pela vibração dos desafetos e aí fica até pior, pois a perturbação espiritual não tem fronteiras. Não há prisão que o detenha...


Espírita vive aqui no mundo real como todo mundo. Afastar a presença física dos desafetos traz um certo alívio, que não precisa ser "definitivo". De qualquer forma fico aliviado em saber que eles se sentem mal de querer a morte dos outros.

Botanico escreveu:Como já disse, AS PESSOAS SE ESTREPAM, com ou sem causa justa observável. A hipótese do azar é mais econômica neste sentido. Entretanto, a dedução de que nós espíritas torcemos para que todos esses se estrepem mesmo por entender que a situação não é injusta é dedução só sua. Eu torço para que se estrepem aqueles cujos motivos eu conheço. Queria mesmo ver os políticos corruptos se estrepando direitinho... Mas como são eles mesmos que fazem as leis que lhes garantem impunidade... Já de outros que nunca me deram motivo, não teria porque fazer essa torcida. E não me consta que nenhum espírita o fizesse.


Sabe, esse é o problema com a idéia de caridade espírita.

Ela, como tantas outras da DE, é levada sempre de forma passional, sem preocupação com a racionalidade ou com as consequências lógicas.

Se a DE fosse mais respeitável (como quase todas as outras doutrinas religiosas ou para-religiosas costumam ser), teria uma ênfase verdadeira na necessidade de boa-vontade e cooperação, e ensinaria a não querer acreditar que os outros merecem se estrepar.

Em vez disso, o Espiritismo ensina que se estrepa quem merece, e se agrada do estrago quem quer, livremente e sem maiores consequências...

Botanico escreveu:A sua dedução me faz lembrar outra de Kardec. Ele combatia o materialismo, exatamente por entender que suas consequências filosóficas seriam de que o melhor a fazer era levar vantagem em tudo, sem nenhum escrúpulo moral, pois a ninguém se prestaria contas de seus atos. Tem lógica, não?


De uma forma distorcida, tem sim. Se Kardec acreditava realmente no que escrevia, logicamente ele precisaria de fato acreditar em um Deus Zangado para vigiá-lo como um bedel. Pois a doutrina que ele pregou era realmente moralmente falida e corruptora, o que salta aos olhos até mesmo do leitor casual.

Botanico escreveu: Mas tal coisa não se reflete plenamente na realidade, pois há aí o fator EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO. Assim há exemplos de pessoas que foram ateias, sem religião, mas que são moralmente excelentes. E temos aí os pastores da teologia da prosperidade, que falam de Deus e da moral cristã nos seus púlpitos, mas que levam moralmente e financeiramente uma vida exatamente igual àquilo que Kardec esperava ver nos materialistas filosóficos...


Ah, então existe um fator indetectável que vocês chamam de "evolução do espírito" que serve para explicar o que vocês querem afirmar que existe e o que vai contra o que afirmam que deveria existir.

Tão conveniente...
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por O ENCOSTO »

737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?

“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objectivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por O ENCOSTO »

Terremoto no Haiti – Expiações Coletivas segundo o Espiritismo


PERGUNTA: O Espiritismo nos explica perfeitamente a causa dos sofrimentos individuais, como conseqüência imediata de faltas cometidas na existência presente, ou expiação do passado; mas, uma vez que cada um não deve ser responsável senão pelas suas próprias faltas, explicam-se menos as infelicidades coletivas que atingem as aglomerações de indivíduos, como, por vezes, toda uma família, toda uma cidade, toda uma nação ou toda uma raça, e que atingem os bons como os maus, os inocentes como os culpados.


RESPOSTA DO CIENTISTA ESPIRITA: Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provas que não resultam de atos da vida presente, porque já vos foi dito que é a quitação de dívidas do passado; por que não ocorreria o mesmo com as provas coletivas?


André Ariovaldo é Orador Espírita e Médium. Atualmente trabalha como dirigente do departamento de orientação doutrinária, dirigente dos trabalhos de orientação mediúnica e desenvolvimento mediúnico e orientador do Atendimento Fraterno no Centro Espírita Batuíra. Contatos para palestras: 15 - 3227.7382

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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Darkside »

Religiãozinha repugnante.
"Temos uma coisa muito mais extraordinária: não só se consegue que uma mesa se mova magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde."

Alan Kardec, Obras Póstumas Pág. 237

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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Apo »

Extremamente repulsiva. Não só por estas "explicações" que beiram o sadismo determinista, mas por tudo o mais que eles parecem ter fetiche: gente feia nas fotos com cara de gozo mórbido, melecas que saem de toda parte, pedaços de corpos que aparecem em lugares grotescos, necessidade de escuridão para justificar por que os espíritos não se dignam a dar as caras e outras porcarias do gênero. Todas cínicas.
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Carlos Castelo
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Re: RESGATE COLETIVO NO HAITI, BREVE REFLEXÃO ESPIRITA

Mensagem por Carlos Castelo »

Lamentável. Um povo que vive num país em que as condições de sobrevivência já eram péssimas e agora a situação se agrava pra um verdadeiro caos sem prescedentes, e aparece uma meia dúzia de cientistas do além onde mostram a causa desse tipo de agrúria: É a quitação de dívidas passadas, é a lei da causa e efeito, todos vocês são miseráveis porque estão pagando por seu atos...
Que maneira tosca e vil de ver a realidade!
Nós também sabemos o quanto a verdade é muitas vezes cruel, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora.
Henri Poincaré (1854-1912)

Quando se coloca o centro de gravida da vida não na vida, mas no "além"-no nada-, tira-se à vida o seu centro de gravidade.
Nietzsche - O Anticristo.

Trancado