A princesa que foi a ancestral de toda a realeza européia

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Fernando Silva
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A princesa que foi a ancestral de toda a realeza européia

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 21/01/10
A Princesa Diana da Idade Média

Após mais de um milênio, corpo de Edith, ancestral da realeza europeia, vai para casa


Edith, uma rainha tão bela e popular que seria uma espécie de Princesa Diana da Idade Média, finalmente voltará para casa, mais de um milênio após sua morte. O corpo que se acredita ser da rainha — Eadgyth era o seu nome saxão — foi identificado numa cripta da Catedral de Magdeburgo, na Alemanha, e será enviado para Inglaterra, onde testes confirmarão que se trata mesmo da irmã de Atelstan, o primeiro rei da Inglaterra unificada; e da esposa do saxão Otto I, o primeiro imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Casamento marcou aliança histórica

Enviada como um presente diplomático pelo irmão para Otto, Edith se tornou popular na terra do marido, com quem teve duas filhas.

Ela morreu em 946 e arqueólogos disseram que o corpo é o mais antigo de um membro da realizada britânica. Edith é ancestral de praticamente todos os membros de famílias reais europeias.

Os descendentes de Edith e Otto governaram o que hoje compõe boa parte do território da Alemanha até 1254.

Neta de outro rei poderoso, Alfredo, o Grande, Edith foi enviada para Otto por Atelstan junto com Adiva, sua outra irmã. Otto poderia escolher a princesa que mais lhe agradasse.

Ficou com Edith e despachou Adiva de volta — esta acabou se casando com outro rei, cujo nome se perdeu na História. A Universidade de Bristol recebeu e analisará o corpo, envolvido em seda e encontrado num sarcófago de pedra descrito como magnífico.

— Seu casamento foi tão poderoso que seu sangue corre hoje nas veias de toda a nobreza europeia — disse o arqueólogo e historiador Mark Horton, da Universidade de Bristol.

A descoberta é importante porque a maioria dos corpos dos primeiros reis ingleses desapareceu ou foi muito danificada. O corpo de Alfredo, o Grande, por exemplo, desapareceu há séculos. E o túmulo de Atelstan está vazio.

Edith foi uma figura quase mítica

Muito pouco se sabe sobre ela de certo. Não restou qualquer obra da época que retratasse Edith — a única referência é muito posterior, uma escultura dela e de Otto, que data do século XIII. Mas ela passou à História com a fama de ser linda e generosa. Sabe-se que nasceu em 910, em Wessex, na mais poderosa família da época. Seu pai foi o rei Eduardo, o Velho. Em 929, seu irmão Atelstan a enviou com Adiva para Otto. O casamento selou a aliança entre os dois mais poderosos reinos do mundo saxão.

— Ela foi muito, muito popular.

Era uma espécie de Diana medieval, bonita e amada — frisou Horton.

Entre as poucas coisas que se sabe comprovadamente sobre a rainha está a sua devoção a Santo Oswaldo, um rei guerreiro que governou a região inglesa da Nortúmbria, por volta do século VII. Edith mandou construir uma série de igrejas e monastérios dedicados ao santo na Saxônia, a terra de seu marido.

Há muito se conhecia o monumento dedicado a Edith em Magdeburgo, mas historiadores estavam convictos que o corpo não estava lá. Até porque o monumento foi construído séculos após a morte da rainha. Foi só em 2008, quando arqueólogos começaram a fazer escavações na catedral, que o monumento foi achado e dentro dele se descobriu um túmulo extremamente bem preservado.

Uma inscrição dizia que aquela era Edith, cujo corpo teria sido tido um segundo sepultamento em 1510.

— Imaginamos que o caixão de chumbo dentro do sarcófago estaria vazio. Mas encontramos os restos mortais de uma mulher, cuja idade de morte parece ser a que Edith teria ao falecer (36 anos) — disse Horton.

Os pesquisadores vão analisar o esmalte dos dentes e os ossos. Isótopos de oxigênio e estrôncio podem revelar se são de uma mulher nascida e criada em Wessex. Isso é possível porque a comida ingerida por uma pessoa deixa traços moleculares que podem permanecer pelo tempo que durar o corpo

Trancado