Existe democracia sem livre-mercado?

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Valdisnnei
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Existe democracia sem livre-mercado?

Mensagem por Valdisnnei »

No meu entendimento vivemos hoje aqui no Brasil e mesmo em países como o EUA um tipo de ditadura eletiva.
Os ditadores usam da manipulação da opinião publica em uma forma de ditadura da maioria, mas com essa maioria sendo representado pelo político eleito, enquanto grupos se apóiam no governo e conseguem os seus favores.
O resultado é um misto de ditadura da maioria, ditadura dos grupos de pressão e ditadura dos grupos de poder econômico corruptos.

A pergunta fundamental então é: Existe democracia sem livre mercado?
Como perguntas secundarias gostaria de saber:

1 - O monopólio estatal de setores chave (como segurança publica) constitui uma exceção valida ou é em essência anti-democrático?
2 - Um sistema que inclua a intromissão no espaço privado, como a proibição do uso de drogas, pode ser considerado democrático.

Em fim, o que de fato define a democracia?
Um nome metido como Walt Disney, no Brasil pode virar Valdisnei.
O motivo disso eu não sei, só sei que sou o NadaSei.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Existe democracia sem livre-mercado?

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

É uma boa pergunta, cuja resposta costuma variar conforme a posição no espectro político.

Para liberais democráticos e conservadores à democracia é um conjunto relativamente bem definido de instituições que limitam o poder do Estado de invadir a esfera individual, das quais a consulta popular e a eleição de cargos representativos desempenham um papel importante, mas não a definem completamente. Eles compreendem que mais importante que selecionar as melhores soluções e propostas, uma consulta popular entre opções distintas e competitivas impede que os cargos públicos se transformem em patrimônios individuais ou partidários e acreditam dessa forma reduzir o patrimonialismo, clientelismo, o peleguismo, o culto a personalidade, a manipulação de informação e a assimetria no debate público, ferramentas políticas que os esquerdistas procuram legitimizar.

Esquerdistas e populistas em geral compreendem a democracia como um regime de tutela estatal que deve ser conquistado pelo seu partido e aliados, em outras palavras, eles possuem o que chamam de "projeto de poder". Ao povo é concedido o direito de ser consultado, mas as opções devem ser padronizadas segundo a ideologia do partido, de maneira a não existir escolha real, mas admitindo uma variança mínima entre elas para que a farsa não fique evidente (ainda que na Venezuela essa preocupação já esteja praticamente superada). Nenhuma instituição além da consulta eleitoreira é reverenciada especialmente, e qualquer ataque pode se justificar com base nessas consultas.

Isso fica evidente em episódios trágicos como o referendo do desarmamento (que apesar de maciçamente rejeitado, nada mudou com relação a impossibilidade prática de se ter e fazer uso de arma de fogo legal), ou as recentes eleições presidenciais, onde a esquerda pode comemorar como conquista democrática a ausência de candidatos de direita. (ainda que em qualquer democracia no mundo desenvolvido isso seja considerado um sintoma de mal funcionamento institucional). Ou ainda na reação dos diferentes partidos aos escândalos envolvendo seus membros eleitos: partidos de direita invariavelmente afastando seus afiliados suspeitos de corrupção, partidos de esquerda invariavelmente mantendo seus quadros condenados.

Direitistas e liberais jogam um jogo de regras diferentes e são por isso massacrados por esquerdistas e populistas onde quer que as instituições que os primeiros defendem não estejam muito firmemente estabelecidas, como é o caso do Brasil e América Latina, mesmo quando a população é majoritariamente conservadora e tradicional.

O problema é que essas instituições mesmo quando estabelecidas podem vir a ser fragilizadas rapidamente, sobretudo em épocas críticas da economia, onde a opinião pública pode ser facilmente manobrada na direção da solução retórica mais comovente, o que em geral significa guinadas rumo ao socialismo populista ou mesmo revolucionário (nacionalista ou comunista, dependendo do vento político no momento). É o caminho para a servidão.

"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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marta
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Re: Existe democracia sem livre-mercado?

Mensagem por marta »

Valdisnnei escreveu:
Em fim, o que de fato define a democracia?


Observe TUDO o que o corruPT está fazendo no poder desde que tomou posse. Observou?! Então. DEMOCRACIA é justamente o contrário de tudo isso. Deu pra entender?!
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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DDV
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Re: Existe democracia sem livre-mercado?

Mensagem por DDV »

Em fim, o que de fato define a democracia?


Democracia é um sistema político no qual é possível haver alternância do poder entre quaisquer pessoas ou grupos sem derramamento de sangue.

Para que a democracia funcione e perdure, os seguintes princípios devem ser seguidos:

1- Intocabilidade dos direitos e liberdades individuais (Por exemplo: não pode 60% da população escravizar, matar ou saquear os 40% restantes).

2- Fragmentação dos poderes o máximo possível, começando pela separtação entre executivo, legislativo e judiciário;

3- Decisões das coisas de âmbito público tomadas pela maioria (as de âmbito privada são de competência de cada indivíduo);

4- Não é tão importante se os cargos políticos sejam preenchidos por votação, sorteio, concurso ou por um misto dos três. O importante é que exista a possibilidade de qualquer pessoa conseguir o cargo sem qualquer obstáculo além do estado mental, intelectual ou moral da mesma.

Os detalhes menores da democracia ficariam a cargo de cada sociedade conforme suas peculiaridades culturais, geográficas, etc.



Valdisnnei escreveu:No meu entendimento vivemos hoje aqui no Brasil e mesmo em países como o EUA um tipo de ditadura eletiva.
Os ditadores usam da manipulação da opinião publica em uma forma de ditadura da maioria, mas com essa maioria sendo representado pelo político eleito, enquanto grupos se apóiam no governo e conseguem os seus favores.
O resultado é um misto de ditadura da maioria, ditadura dos grupos de pressão e ditadura dos grupos de poder econômico corruptos.


Isso mostra que o Brasil ainda está longe do ideal de uma democracia, mas ainda assim estamos bem à frente de muitos outros países. Muitos desses problemas que você citou poderiam ser resolvidos através de reformas políticas. Acabar com o político profissional (eliminando qualquer tipo de incentivo material para quem se dedicar à política) por si só seria uma revolução! Enfim...eu acredito que a tendência é melhorar.

A pergunta fundamental então é: Existe democracia sem livre mercado?


Não.

Livre mercado (ao que eu saiba) são trocas voluntárias feitas entre pessoas livres. Nesse caso, é algo de competência privada. O estado só deve intervir em situações que permitam um aumento da liberdade das pessoas em termos econômicos (Ex: combatendo cartéis, ajudando pessoas em situações de muita vulnerabilidade, como desemprego e fome, etc).

Como perguntas secundarias gostaria de saber:

1 - O monopólio estatal de setores chave (como segurança publica) constitui uma exceção valida ou é em essência anti-democrático?


Segurança pública e judiciário são funções eminentemente de Estado, essenciais para que a liberdade dos indivíduos seja preservada. O monopólio da força pelo estado por si só cria um ambiente de segurança, estabilidade e ordem para os indivíduos e negócios mesmo quando o estado é ditatorial e opressor! (Vide história dos assírios, romanos, mongóis, estados nacionais europeus do final da Idade Média, etc). Sendo então o estado democrático de direito...nem se fala.

O trabalho de magistrados e policiais é agir de forma neutra nos conflitos entre pessoas...ora, isso só é possivel se ambos não estiverem na folha de pagamentos de ninguém (ou de todos).

2 - Um sistema que inclua a intromissão no espaço privado, como a proibição do uso de drogas, pode ser considerado democrático.


Depende do quão "privado" seja as consequências do uso de drogas.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe


"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses, a maior virtude do socialismo é a distribuiçãoi igual da miséria" (W. Churchill)

Trancado