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Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 15:16
por Dragão Invisível
Eu frequento este fórum há muito tempo e sempre li posts e comentários um tanto quanto depressiativos em relação ao nordeste e, em particular, à Bahia. Não estou dizendo com isto que haja racismo, mas sim, um leve preconceito no ar. Sou baiano, mas também sou brasileiro assim como todos vocês (ou a grande maioria dos frequentadores deste fórum) e hoje recebi este texto por email e gostaria de partilhá-lo com vocês.

Eu não sabia onde postá-lo, então criei este tópico. Caso haja algo errado a moderação pode corrigir.

Abraços,
Anderson, o Dragão Invisível da Bahia

NÃO QUERO SER BAIANO

Me chamo Elilson Cabral, sou de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, chamada Capão da Canoa, e estava cansado em ouvir falar dos baianos e de sua “Vasta Cultura”. Não suportava mais ouvir nos veículos de comunicação o quanto a Bahia era perfeita, suas praias paradisíacas, seus artistas infindos, cansei de ouvir: Baiano não nasce, estréia. Olhava pro rosto do povo Rio Grandense e via neles tanto ou mais “cultura” que nos baianos, a Bocha, a Milonga, a Guarânia, o chimarrão e não só as danças, ritmos ou indumentárias, mas toado sentimento que exalava do nosso cotidiano. “Cultura”, isso nós tínhamos, e tínhamos mais e melhor, afinal o que o mundo via na Bahia que não via em nós?
Resolvi então descobri o que é que a Bahia tem. Tirei dois anos da minha vida para conhecer a Bahia e toda sua “Cultura”, para poder mostrar pra o Brasil que existimos e que somos tão bons quantos qualquer outro brasileiro.
No dia 03 de Outubro de 1999 desembarquei no aeroporto Luiz Eduardo Magalhães, e logo de cara ao contrario de baianas com suas roupas pomposas e suas barracas de acarajé, dei de cara com um taxista mal humorado porque tinham lhe roubado o aparelho celular, começava então minha árdua luta pra provar que baiano como qualquer um outro brasileiro nascia de um ventre e não de traz das cortinas.
Alguns quilômetros à frente já estava tentando arrancar do taxista as informações que podessem servir de base para minhas teorias, afinal eu precisava preencher uma serie de lacunas sobre os baianos e suas “baianíces”. Seu Ivo, era como se chamava o simpático taxista falava sem parar, com uma voz de ritmo pausado e sem pressa para me explicar, ia ele contando-me toda historia de salvador e sua política:
- Ah! Essa política é uma “fuleiragem”, é sempre eles nos roubando e agente votando nos mesmo sacanas que nos roubam.
Me chamou a atenção como ele não media palavras para definir os seus governantes. Mas até então nada na Bahia me encantara, nada de magia, nada de beleza. Chegando no hotel onde ficaria durante esse período fui então programar minhas estratégias e resolvi logo ir ao local mais badalado da Bahia, O pelourinho. Chegando no bairro mais uma vez nada de surpresa, casas antigas, pessoas e cabelos, trançados, espichados, alisados, pintados, enfim, coisas da Bahia. Senti um cheiro muito forte de dendê (ao menos eu achava que era dendê), nunca sentira aroma igual. Então avistei numa varanda pequena uma senhora e duas crianças que brincavam de aprender a fazer acarajé, parei e fiquei olhando tentando colher informações para meu “dossiê”.
- Entra seu moço!
Foi o que logo ouvi, meio sem jeito fui logo pra perto do fogão, o cheiro era cada vez mais forte e envolvente.
- O senhor quer uma?
- Claro!
Ia perder a oportunidade de comer a iguaria baiana mais famosa e poder dar meu parecer a respeito? Jamais. Dei a primeira mordida e sentir-me como se tivesse numa fornalha, aquilo queimava, ardia e pasmem era muito gostoso, tentava parar de comer, mas quanto mais tentava mais me lambuzada com aquele recheio que eles chamavam de VATAPÁ. Delicioso!
Enfim a Bahia tem algo de bom, mais é isso que encanta na Bahia? Bem vou encurtar minha historia para que vocês leitores dessa revista não fiquem entediados.
Passei dois anos viajando por toda Bahia, suas praias paradisíacas, ouvindo e vendo seus artistas, e saboreando de sua cultura e consegui chegar a um denominador comum, consegui alcançar o tanto procurava. Enfim os baianos não são melhores que nós Gaúchos, na realidade somo até mais civilizados que eles, porém, uma coisa nesses dois anos me chamou a atenção, vou dizer-lhes qual foi. Ao voltar para minha linda cidade no interior do Rio Grande do Sul sentir-me como se estivesse pousado no meu planeta, e logo escrevi um artigo pra uma revista falando da minha “descoberta” e depois de publicada fique de bem comigo mesmo e com minha terra, agora sim estou leve.
Agora sim?
Ainda não!
Passei os meus dias tentando entender porque sentia tanta falta da Bahia, porque sentia falta de meu vizinho Dorgival, do rapaz que passava vendendo sacolé, do João da barraca de água de coco, meu Deus porque esse vazio? Foi então que descobri o que é que a Bahia tem. Sem pretensão de ofender os meus, digo-lhes que, jamais verei nos sorrisos gaúchos a beleza da sinceridade baiana, jamais sentirei nas percussões de cá o pulsar dos meninos negros de pés descalços que “oloduavam” sem ter medo da dureza futura, jamais terei no abraço de meus parentes o calor que sentia ao ser abraçado pela vendedora de cocada de araçá que toda tardinha teimava em insistir pra que eu comprasse mais uma, jamais sentirei nos territórios daqui o cheiro de dendê, puxa o dendê que nem mesmo sabia o seu cheiro e o reconheci assim, de pronto, queridos conterrâneos, na nação de lá eles andam descalços mesmo os adultos e não é por não terem calçados, eles gostam de viver assim, a chuva não é apenas suprimento e fartura, é diversão, quantas vezes corri pela chuva com o André, filho de Dna Zete, seguindo o caminho que ela fazia no meio da calçada. Amigos, naquela nação os cabelos são como roupas, as roupas são como armas e as armas são os instrumentos, que levam uma multidão para uma batalha que dura 7 dias e que sempre acaba em vitória para ambos os lados, uma cabaça é motivo de festa, um fio de arame motivo pra luta (de capoeira), dois homens juntos é motivo pra samba, pagode, e festa. E pasmem queridos patrícios, eles trabalham, e muito, no tabuleiro de cocada, na frente de um volante, com uma baqueta nas mãos, trabalham sim. Não quero ser baiano! Sou gaúcho! Sou brasileiro! Mas nunca imaginei que conheceria um Brasil que jamais pensei achar exatamente na Bahia, exatamente lá, do outro lado, na outra nação. Não quero me separar deles, não quero perder o direito de dizer que sou brasileiro e que tenho a Bahia como pedaço de mim. Não quero ser baiano, mas mesmo assim não consigo não ser.
Jamais saberia que seria necessário ir a Bahia para conhecer o Brasil.

Elilson Nunes Cabral Filho
Jornalista


Re: Não Quer Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 15:55
por Apo
Cada um gosta do que gosta. As pessoas são diferentes. Ponto.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 15:58
por Dragão Invisível
Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 16:03
por Apo
Dragão Invisível escreveu:Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...


Mas ele não descreveu determinadas características que o agradaram na Bahia? Pois é. Ele gostou. Nem todos gostam.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 16:13
por marta
Dragão Invisível escreveu:Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...


Oh meu rei, faz isso não. Aqui tem lugar pra todos. Se a turma fosse dar bola pra preconceito, paulista não teria vez em lugar algum. Uma vez fui transferida pra Floripa para fazer o lançamento de um edifício. As pessoas perguntavam de onde eu era e quando eu dizia que era de São Paulo, os catarinas respondiam que paulista era capitalista que iam lá para ganhar dinheiro às custas deles. Para vender o prédio todo, passei a dizer que era de Curitiba. A vida é assim mesmo. Relaxa e fique por aqui.

bjs

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 16:35
por Dragão Invisível
Apo escreveu:
Dragão Invisível escreveu:Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...


Mas ele não descreveu determinadas características que o agradaram na Bahia? Pois é. Ele gostou. Nem todos gostam.


Ele está falando das diferenças culturais e do respeito a elas. Falando também em separatismo, papo muito recorrente aí pelo sul do país (não somente entre os gaúchos, que fique claro). Como pode ver, ele não está apenas descrevendo características e dizendo que gostou. :emoticon4:

E talvez o mais importante, ele resolver conhecer e não se alimentou do disse-me-disse esteriotipado do tipo "todo baiano é preguiçoso", "todo paulista trabalha demais", "todo mineiro é caipira", etc.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 16:40
por Dragão Invisível
marta escreveu:
Dragão Invisível escreveu:Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...


Oh meu rei, faz isso não. Aqui tem lugar pra todos. Se a turma fosse dar bola pra preconceito, paulista não teria vez em lugar algum. Uma vez fui transferida pra Floripa para fazer o lançamento de um edifício. As pessoas perguntavam de onde eu era e quando eu dizia que era de São Paulo, os catarinas respondiam que paulista era capitalista que iam lá para ganhar dinheiro às custas deles. Para vender o prédio todo, passei a dizer que era de Curitiba. A vida é assim mesmo. Relaxa e fique por aqui.

bjs


Opa! Se dei a entender que estou saindo do fórum, peço desculpas. Não foi esta a intenção.
Quis apenas mostrar que todos somos brasileiros e não há porque haver este tipo de papo separatista que de vez em quando leio por aqui.
E como postei em resposta a Apo. Mostrar também que é preciso conhecer e não se deixar levar pelos esteriótipos que todos conhecemos, como fez o jornalista gaúcho.

Beijocas

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:03
por Apo
Dragão Invisível escreveu:
Apo escreveu:
Dragão Invisível escreveu:Não sei se a questão aí é de gosto, mas em todo caso...


Mas ele não descreveu determinadas características que o agradaram na Bahia? Pois é. Ele gostou. Nem todos gostam.


Ele está falando das diferenças culturais e do respeito a elas. Falando também em separatismo, papo muito recorrente aí pelo sul do país (não somente entre os gaúchos, que fique claro). Como pode ver, ele não está apenas descrevendo características e dizendo que gostou. :emoticon4:


Hum, não vejo necessariamente relação entre não se sentir bem em determinadas culturas e querer se separar, a menos que a gente viva inserido nela. Mesmo assim, todo mundo tem este direito. Por que não? Não precisamos apreciar tudo o que existe no mundo.
Respeitar é uma questão de apreciar, para mim, sentir orgulho, querer compartilhar. Amamos e respeitamos os que temos mais afinidade, empatia, vontade de estar junto etc. Nem toda característica , só por que é "social", deve ser respeitada a ponto de eu não poder dizer que não gosto, que não me sinto bem, que discordo. Liberdade é isto.

E talvez o mais importante, ele resolver conhecer e não se alimentou do disse-me-disse esteriotipado do tipo "todo baiano é preguiçoso", "todo paulista trabalha demais", "todo mineiro é caipira", etc.


Não só quem não conhece fala estas coisas. Quem conhece - e conhece bem- também fala. Alguns se afinam mais, outros menos. Fazer o quê? Devo me obrigar a babar o carnaval baiano que dura meses, a idolatria do tal Pelourinho e Acarajé? Por quê?

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:11
por Apo
E quanto a ser baiano ou não, eu assumo sem problemas: não, não gostaria de ser baiana, nem de ter nascido na Bahia, nem de precisar receber esmolas por conta de seca, de pobreza, de falta de estrutura e coisas das quais eu não tenho culpa. Mas que acho um saco ter que aceitar desviar impostos para outra tregião só porque somos todos brasileiros, eu acho. Tanto carnaval só pode dar fome. Sorry. Mas eu sou sincera.

E só pra ilustrar, não cobro de ninguém que curta chimarão ou carne gorda. Isto é um estereótipo tão besta que chegam a colocar cuias em cima das mesas de muitas churrascarias no Brasil, dizendo que é tradicional tomar chimarrão antes e depois do churrasco. Ridículo. Eu não tomo chimarrão e nem gosto de carne gorda. Mesmo que gostasse, ninguém tem nada a ver com isto.

Também não cobro que precisam gostar do Rio Guaíba e do por do sol daqui. Por que me cobram que eu babe a Bahia ou o Nordeste?

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:20
por DDV
É tudo questão de gosto mesmo.

Todo estado ou região brasileira tem suas "esquisitices". Assim como temos os elementos da "cultura baiana" (pelo menos como ressaltados pela mídia e pelo mercado turístico), os estados sulistas também tem algumas manifestações culturais que podem ser consideradas "ridículas" por alguns. Ou seja, gosto é gosto!

Há pessoas que não gostam de nada diferente. Eu sou o extremo oposto, gosto de ver tudo quanto é coisa diferente que exista pelo Brasil e pelo mundo, nem que seja por curiosidade.

Ao contrário do que se pensa, TODAS as regiões do Brasil têm "cultura". A diferença é que algumas são mais ressaltadas e divulgadas pela mídia do que outras. Por quê? A resposta é o TURISMO.

O que vem primeiramente à sua cabeça quando você pensa no Havaí? Ou na Espanha? Ou na Austrália?

É óbvio que o Havaí não é apenas uma ilha cheia de vulcões, ondas gigantes e mulheres de pele bronzeada dançando ula-ula à beira de fogueiras. O mesmo em relação à Espanha com as touradas e as mulheres dançando flamenco ao som de castanholas. Idem com a Austrália em relação aos cangurus e à natureza exótica.

Nesses lugares, a maioria das pessoas vive em casas e apartamentos comuns, comem comida comum e pensam de forma comum a todos os demais ocidentais.

Igualmente ocorre no Brasil. O fato da Bahia, Rio e outros locais terem sua cultura mais ressaltada, divulgada e mesmo caricaturada se deve unicamente á propaganda para atrair turistas, já que são os principais pólos turísticos do Brasil.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:24
por Dragão Invisível
Apo escreveu:Hum, não vejo necessariamente relação entre não se sentir bem em determinadas culturas e querer se separar, a menos que a gente viva inserido nela. Mesmo assim, todo mundo tem este direito. Por que não? Não precisamos apreciar tudo o que existe no mundo.
Respeitar é uma questão de apreciar, para mim, sentir orgulho, querer compartilhar. Amamos e respeitamos os que temos mais afinidade, empatia, vontade de estar junto etc. Nem toda característica , só por que é "social", deve ser respeitada a ponto de eu não poder dizer que não gosto, que não me sinto bem, que discordo. Liberdade é isto.


Dizer que não gosta ou apreciar não é o problema.
Quando falamos em separatismo estamos falando de quebrar ou desmembrar algo... no caso, desmembrar o Brasil.
Eu não acho a cultura islâmica bonita ou agradável, mas nem por isso eu me importaria de dividir meu espaço com um islâmico (desde que ele não queira me explodir! - olha o esteriótipo... hehehe) ou um hindu. Sei compreender que eles são diferentes e ponto. O resto é resto.

Não só quem não conhece fala estas coisas. Quem conhece - e conhece bem- também fala. Alguns se afinam mais, outros menos. Fazer o quê? Devo me obrigar a babar o carnaval baiano que dura meses, a idolatria do tal Pelourinho e Acarajé? Por quê?


Concordo, mas são os que desconhecem que são os mais exaltados ao comparar-se com os demais.
Você tem todo o direito de não gostar de carnaval, eu particularmente também não gosto e raramente como um acarajé. Provei do chimarrão e não gostei, mas nem por isso acho estranho ou repulsivo.

Eu sinceramente não consigo entender porque ainda hoje há este papo de separatismo.
Não me vejo como baiano e você como gaúcha, quando estamos conversando vejo dois brasileiros, na verdade, vejo até mais! Vejo apenas dois seres humanos (sei que há seres humanos que não merecem ser chamados assim, nem precisamos falar deles). Mas este sou eu...

:emoticon1:

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:29
por Dragão Invisível
Apo escreveu:E quanto a ser baiano ou não, eu assumo sem problemas: não, não gostaria de ser baiana, nem de ter nascido na Bahia, nem de precisar receber esmolas por conta de seca, de pobreza, de falta de estrutura e coisas das quais eu não tenho culpa. Mas que acho um saco ter que aceitar desviar impostos para outra tregião só porque somos todos brasileiros, eu acho. Tanto carnaval só pode dar fome. Sorry. Mas eu sou sincera.


É justamente disto que estou falando, de esteriótipos! A Bahia não é só carnaval, seca, SUDENE, pobreza... é a 5ª ou 6ª economia do Brasil, é um pólo turístico, é industrializada...

E só pra ilustrar, não cobro de ninguém que curta chimarão ou carne gorda. Isto é um estereótipo tão besta que chegam a colocar cuias em cima das mesas de muitas churrascarias no Brasil, dizendo que é tradicional tomar chimarrão antes e depois do churrasco. Ridículo. Eu não tomo chimarrão e nem gosto de carne gorda. Mesmo que gostasse, ninguém tem nada a ver com isto.

Também não cobro que precisam gostar do Rio Guaíba e do por do sol daqui. Por que me cobram que eu babe a Bahia ou o Nordeste?


Também não estou cobrando que adorem a Bahia, longe disso! Sou baiano e tem coisas da Bahia que eu detesto.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:45
por Dragão Invisível
DDV escreveu:É tudo questão de gosto mesmo.

Todo estado ou região brasileira tem suas "esquisitices". Assim como temos os elementos da "cultura baiana" (pelo menos como ressaltados pela mídia e pelo mercado turístico), os estados sulistas também tem algumas manifestações culturais que podem ser consideradas "ridículas" por alguns. Ou seja, gosto é gosto!

Há pessoas que não gostam de nada diferente. Eu sou o extremo oposto, gosto de ver tudo quanto é coisa diferente que exista pelo Brasil e pelo mundo, nem que seja por curiosidade.

Ao contrário do que se pensa, TODAS as regiões do Brasil têm "cultura". A diferença é que algumas são mais ressaltadas e divulgadas pela mídia do que outras. Por quê? A resposta é o TURISMO.

O que vem primeiramente à sua cabeça quando você pensa no Havaí? Ou na Espanha? Ou na Austrália?

É óbvio que o Havaí não é apenas uma ilha cheia de vulcões, ondas gigantes e mulheres de pele bronzeada dançando ula-ula à beira de fogueiras. O mesmo em relação à Espanha com as touradas e as mulheres dançando flamenco ao som de castanholas. Idem com a Austrália em relação aos cangurus e à natureza exótica.

Nesses lugares, a maioria das pessoas vive em casas e apartamentos comuns, comem comida comum e pensam de forma comum a todos os demais ocidentais.

Igualmente ocorre no Brasil. O fato da Bahia, Rio e outros locais terem sua cultura mais ressaltada, divulgada e mesmo caricaturada se deve unicamente á propaganda para atrair turistas, já que são os principais pólos turísticos do Brasil.


Não é questão de gosto e não se trata apenas de cultura. O Assunto é gente. Dizer que não gosta de acarajé ou castanholas é uma coisa, dizer que não gosta de baianos ou espanhóis é outra bem diferente. Ainda mais quando dizemos isto baseados em características regionais e culturais (que não entendemos, não queremos entender e temos raiva de quem entende!).

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:51
por DDV
Eu gosto da Bahia.

Acho um dos melhores lugares para se viver no Brasil.


Riqueza com certeza não é o pretexto que move os separatistas sulistas. Se fôssemos considerar unicamente a riqueza, o único estado que teria alguma razão em tentar se separar seria São Paulo, que atualmente é o responsável por 1 terço do PIB brasileiro (já chegou a ser mais de 50% nos anos 60 e 70). Se os estados do NE tivessem que se curvar a SP por isso, os do Sul também teriam.

O motivo principal é principalmente étnico. Os sulistas acreditam serem melhores e mais "dinâmicos" porque a composição étnica de sua população é mais branca do que no NE.

Isso não é uma especificidade do Sul. Essa pretensão e pavonice baseada em etnia ou riqueza (real ou imaginada) ocorre em TODO lugar do Brasil e do mundo. Existem também (acreditem se quiser) movimentos separatistas internos em MG e na BA (a região sul da BA, que era mais rica nos anos 70 e 80 devido ao cacau, já cogitou várias vezes separação do resto de estado).

Isso é da natureza humana. Quase todo mundo tem uma necessidade de se sentir melhor e "superior" aos demais em algum aspecto. É quase uma necessidade fisiológica.

O argumento da superioridade baseado em etnia costuma ser mais forte entre os mais pobres, conforme várias pesquisas mostram. Isso ocorre nos EUA e ocorreu na Alemanha (a esmagadora maioria dos associados ao partido nazista eram de classe média-baixa). A razão disso é que essas pessoas, sentindo-se inferiorizadas social e economicamente, recorrem à etnia como uma forma de dizerem que são melhores em alguma coisa. É comum também um sentimento de injustiçamento, ou seja, a idéia de que o "lugar natural" delas é no topo da sociedade, e que algum fator externo (judeus, empresários gananciosos, imigrantes, nordestinos, etc) os sugam ou atrapalham, usurpando seus "direitos".

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:53
por Apo
Dragão Invisível escreveu:
Apo escreveu:E quanto a ser baiano ou não, eu assumo sem problemas: não, não gostaria de ser baiana, nem de ter nascido na Bahia, nem de precisar receber esmolas por conta de seca, de pobreza, de falta de estrutura e coisas das quais eu não tenho culpa. Mas que acho um saco ter que aceitar desviar impostos para outra tregião só porque somos todos brasileiros, eu acho. Tanto carnaval só pode dar fome. Sorry. Mas eu sou sincera.


É justamente disto que estou falando, de esteriótipos! A Bahia não é só carnaval, seca, SUDENE, pobreza... é a 5ª ou 6ª economia do Brasil, é um pólo turístico, é industrializada...


Pólo turístico de quê? Como no RJ? Dispenso, Muita gente e calor demais, tô fora. A Bahia AGORA se industrializou porque alguns governos do PT imbecis deixaram indústrias escaparem daqui e bem fizeram elas de ir onde o Governo Federal injeta dinheiros de impostos para subsidiar um pouco de desenvolvimento. Mas nem vou entrar nisto, porque realmente a conversa é extensa e pode gerar melindres.

E só pra ilustrar, não cobro de ninguém que curta chimarão ou carne gorda. Isto é um estereótipo tão besta que chegam a colocar cuias em cima das mesas de muitas churrascarias no Brasil, dizendo que é tradicional tomar chimarrão antes e depois do churrasco. Ridículo. Eu não tomo chimarrão e nem gosto de carne gorda. Mesmo que gostasse, ninguém tem nada a ver com isto.

Também não cobro que precisam gostar do Rio Guaíba e do por do sol daqui. Por que me cobram que eu babe a Bahia ou o Nordeste?


Também não estou cobrando que adorem a Bahia, longe disso! Sou baiano e tem coisas da Bahia que eu detesto.


Então ótimo. Mas que todo dia tem encheção de saco cobrando que as pessoas gostem/aceitem/conheçam o Nordeste ( especialmente a Bahia), isto tem! É um saco, honestamente. Só por este patrulhamento bairrista o Nordeste é uma das minhas últimas opções de turismo. Tem muita coisa pra conhecer. Especialmente fora do Brasil.

Nada contra você, muito pelo contrário. É muito agradável. Bjs.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 17:59
por Apo
DDV escreveu:Eu gosto da Bahia.

Acho um dos melhores lugares para se viver no Brasil.


Riqueza com certeza não é o pretexto que move os separatistas sulistas. Se fôssemos considerar unicamente a riqueza, o único estado que teria alguma razão em tentar se separar seria São Paulo, que atualmente é o responsável por 1 terço do PIB brasileiro (já chegou a ser mais de 50% nos anos 60 e 70). Se os estados do NE tivessem que se curvar a SP por isso, os do Sul também teriam.

O motivo principal é principalmente étnico. Os sulistas acreditam serem melhores e mais "dinâmicos" porque a composição étnica de sua população é mais branca do que no NE.

Isso não é uma especificidade do Sul. Essa pretensão e pavonice baseada em etnia ou riqueza (real ou imaginada) ocorre em TODO lugar do Brasil e do mundo. Existem também (acreditem se quiser) movimentos separatistas internos em MG e na BA (a região sul da BA, que era mais rica nos anos 70 e 80 devido ao cacau, já cogitou várias vezes separação do resto de estado).


Ah que bom saber disto e finalmente encontrar alguém que ponha os pontos nos "is".

Isso é da natureza humana. Quase todo mundo tem uma necessidade de se sentir melhor e "superior" aos demais em algum aspecto. É quase uma necessidade fisiológica.


Não é bem assim. Como é que fica a acusação dos que me dizem que eu acho que alguns povos são superiores ao meu? Uns são superiores e outros inferiores, ou diferentes, ou não servem como parâmetro, ou eu os admiro, ou os invejo, enfim...

O argumento da superioridade baseado em etnia costuma ser mais forte entre os mais pobres, conforme várias pesquisas mostram. Isso ocorre nos EUA e ocorreu na Alemanha (a esmagadora maioria dos associados ao partido nazista eram de classe média-baixa). A razão disso é que essas pessoas, sentindo-se inferiorizadas social e economicamente, recorrem à etnia como uma forma de dizerem que são melhores em alguma coisa. É comum também um sentimento de injustiçamento, ou seja, a idéia de que o "lugar natural" delas é no topo da sociedade, e que algum fator externo (judeus, empresários gananciosos, imigrantes, nordestinos, etc) os sugam ou atrapalham, usurpando seus "direitos".


Também não é regra, Eu admiro a inteligência dos japoneses, sua organização, caráter e determinação. Mas não queria ser um deles, nem casar com um deles e nem viver no Japão.

Muita teoria pra coisa tão simples. Gosto de uns e não gosto de outros. Sinto-me à vontade na Espanha e na Itália, e não em Portugal ou na França. Gosto de uma parte dos EUA e não de outra, E daí?

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:10
por DDV
Apo escreveu:Então ótimo. Mas que todo dia tem encheção de saco cobrando que as pessoas gostem/aceitem/conheçam o Nordeste ( especialmente a Bahia), isto tem! É um saco, honestamente.


É o que eu disse. Isso aí é rolo compressor de propaganda turística. É dinheiro que os caras querem.

Se o RS fosse um pólo turístico importante no Brasil, teríamos a mesmíssima encheção de saco com relação à cultura gaúcha.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:13
por DDV
Apo escreveu:Muita teoria pra coisa tão simples. Gosto de uns e não gosto de outros. Sinto-me à vontade na Espanha e na Itália, e não em Portugal ou na França. Gosto de uma parte dos EUA e não de outra, E daí?


Eu não me referia especificamente aos seus gostos (ou gostos pessoais em geral), me referia ao sentimento médio por trás da defesa de políticas separatistas ou segregacionistam em geral.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:28
por Dragão Invisível
DDV escreveu:
Apo escreveu:Então ótimo. Mas que todo dia tem encheção de saco cobrando que as pessoas gostem/aceitem/conheçam o Nordeste ( especialmente a Bahia), isto tem! É um saco, honestamente.


É o que eu disse. Isso aí é rolo compressor de propaganda turística. É dinheiro que os caras querem.

Se o RS fosse um pólo turístico importante no Brasil, teríamos a mesmíssima encheção de saco com relação à cultura gaúcha.


Mas eu não estou falando das propagandas, elas estão aí e todos sabemos para que servem. Estou falando de esteriótipos e gente somente.

E como o DDV falou em um post anterior, realmente houve (não há mais) um movimento separatista fraco no sul do estado (vivo numa região bem próxima) e há um movimento (também fraco) de divisão do estado em dois como há no Maranhão, no Pará, triângulo mineiro e em outros estados (acho que deve haver propostas de desmembramentos de vários estados, o que aumentaria de 27 para algo em torno de 35 estados no Brasil). O oeste baiano (além do Rio São Francisco) seria um outro estado.

Há também propostas de unificação, por exemplo, unir os estados de Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas ao estado de Pernambuco, reunificar Segipe e Bahia, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, etc.

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:36
por Dragão Invisível
Apo escreveu:Então ótimo. Mas que todo dia tem encheção de saco cobrando que as pessoas gostem/aceitem/conheçam o Nordeste ( especialmente a Bahia), isto tem! É um saco, honestamente. Só por este patrulhamento bairrista o Nordeste é uma das minhas últimas opções de turismo. Tem muita coisa pra conhecer. Especialmente fora do Brasil.

Nada contra você, muito pelo contrário. É muito agradável. Bjs.


Esta encheção de saco é um saco realmente, mas não passa de propaganda turística nada mais que isso. E eu também não faço questão de conhecer outros lugares do nordeste, na maioria são praias e, praias por praias vivo há apenas 17km de uma praia "quase virgem" (se é que posso usar esta expressão). Prefiro frio e serra. Mas gosto de conhecer gente e culturas diferentes.

Também não tenho nada contra você e também a acho muito agradável, dura e séria, mas ainda assim agradável. E prefiro gente que diz o que pensa como você faz, sem melindres. :emoticon4:

Beijocas

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:37
por joaomichelazzo
Eu não gosto de bahianos. Mas das bahianas eu gosto muito... :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:41
por Dragão Invisível
joaomichelazzo escreveu:Eu não gosto de bahianos. Mas das bahianas eu gosto muito... :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Eu também!!!

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:58
por Apo
Dragão Invisível escreveu:
Apo escreveu:Hum, não vejo necessariamente relação entre não se sentir bem em determinadas culturas e querer se separar, a menos que a gente viva inserido nela. Mesmo assim, todo mundo tem este direito. Por que não? Não precisamos apreciar tudo o que existe no mundo.
Respeitar é uma questão de apreciar, para mim, sentir orgulho, querer compartilhar. Amamos e respeitamos os que temos mais afinidade, empatia, vontade de estar junto etc. Nem toda característica , só por que é "social", deve ser respeitada a ponto de eu não poder dizer que não gosto, que não me sinto bem, que discordo. Liberdade é isto.


Dizer que não gosta ou apreciar não é o problema.
Quando falamos em separatismo estamos falando de quebrar ou desmembrar algo... no caso, desmembrar o Brasil.
Eu não acho a cultura islâmica bonita ou agradável, mas nem por isso eu me importaria de dividir meu espaço com um islâmico (desde que ele não queira me explodir! - olha o esteriótipo... hehehe) ou um hindu. Sei compreender que eles são diferentes e ponto. O resto é resto.


Eu, não! O resto é tudo, meu querido! Abomino aquela gente! Meus valores são muito diferentes dos deles e espero não precisar deles para nada! Nem pensar.

Não sei por que não se pode separar quando se deseja e se pode. Se todos querem, que o façam. Mas poderes centrais ou regiões que se beneficiam da união, obviamente que serão do contra.

Não só quem não conhece fala estas coisas. Quem conhece - e conhece bem- também fala. Alguns se afinam mais, outros menos. Fazer o quê? Devo me obrigar a babar o carnaval baiano que dura meses, a idolatria do tal Pelourinho e Acarajé? Por quê?


Concordo, mas são os que desconhecem que são os mais exaltados ao comparar-se com os demais.


Cada um conhece melhor as suas coisas e está habituado a elas. O resto é realmente se agradar ou não. A exaltação surge quando enchem o seu saco ou se fazem de vítima para obter privilégios e ainda se gabam se ser maravilhosos, o que é comum no Nordeste. Se não insistisem tanto e trabalhassem mais, por mim, tudo bem. Mas não é assim e todo mundo sabe. Assim como o RJ se gaba e SP, e estão lotados de problemas sem solução. Cuidem dos problemas e parem de arrotar superioridade.

Você tem todo o direito de não gostar de carnaval, eu particularmente também não gosto e raramente como um acarajé. Provei do chimarrão e não gostei, mas nem por isso acho estranho ou repulsivo.


:emoticon12: E qual o drama em achar uma coisa estranha, ruim ou repulsiva? Não é humano isto? Vou mentir que gosto ou dizer: obrigado, não estou a fim agora. Já passei desta fase e faz teeeempo. Eu acho carne gorda repulsivo e chimarrão com água chiando uma tremenda ignorância: ruim, amargo, não alimenta e ainda causa câncer de esôfago ( somos os campeões em casos no Brasil).

Eu sinceramente não consigo entender porque ainda hoje há este papo de separatismo.


Nem eu. Mas é humano em toda parte porque as pessoas discordam das outras. Como disse nosso colega logo acima, a Bahia tem movimentos separatistas internos também. Normal. Pode não ser o melhor para o país sob certos aspectos ou em determinado momento histórico. Mas por que tanto drama com isto?
Isto me lembra o horror que nossos antepassados tinham da palavra divórcio. Nossa! Como alguém pode falar em se separar? O que Deus uniu o homem não separa! Bulshit!

Não me vejo como baiano e você como gaúcha, quando estamos conversando vejo dois brasileiros, na verdade, vejo até mais!


Olha, a convivência assim como aproxima, mostra as diferenças e pode até afastar. descobri isto tanto através da internet, como na vida real. Somos semelhantes, nascemos no mesmo país ( enorme e heterogêneo em muitas coisas ) mas é meio difícil a adaptação. Observa-se isto quando nos mudamos e depois levamos um tempãp porque o choque cultural é imenso. Quem se afina, se afina. Quem não, sofre demais. Eu que o diga e outras tantas pessoas que conheço. Não só dentro do Brasil, como no exterior.
Pensei que me sentiria muito em casa em Portugal por motivos óbvios, Mas não foi assim. Nem gostei de Portugal, pra ser sincera. Senti que me adaptaria melhor em Roma e em Madri.

Vejo apenas dois seres humanos (sei que há seres humanos que não merecem ser chamados assim, nem precisamos falar deles). Mas este sou eu...

:emoticon1:


Tá. :emoticon16:

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 18:58
por betossantana
Será que esse cara existe mesmo? O nome dele só dá 8 resultados no Google e todos referentes ao mesmo texto:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-B ... a=N&tab=iw

Re: Não Quero Ser Baiano

Enviado: 04 Mar 2010, 19:02
por Apáte
Eu até gosto da Bahia, mas se eu voltar lá mais alguma vez, vou levar comida enlatada e água suficientes para sobreviver a um ataque apocalíptico de zumbis.

Das 3 vezes que eu fui lá foram as 3 piores diarréias da minha vida. Da primeira vez eu só lembro que eu passei mal com força. Ainda bem que na época eu não tinha consciência de morte, porque hoje eu iria temer pela minha vida.