Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

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rapha...
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por rapha... »

Eu não faço idéia do que se trata, mas isso me lembra um filme:

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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Não terá, a Lei que permitia isso foi revogada em 2008, se não me engano.


Que bom! :emoticon45:
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Obrigada pela informação. Eu não sabia que esse direito havia sido revogado e olha que eu faço cobertura de julgamentos quase todo mês, mas nenhum caso teve pena acima de 30 anos.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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claudinei
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por claudinei »

Que bela noticia pra inicio de madrugada!

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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Não terá, a Lei que permitia isso foi revogada em 2008, se não me engano.


Que bom! :emoticon45:


Aliás, essa Lei foi promulgada pouco depois do crime, a defesa pode até invocar esse protesto ao tribunal do júri (direito revogado) retroativamente, mas é pouco provável que seja acatado pelo tribunal, como bem disse um desembargador na Globo News agora a pouco.


Que me perdoe o advogado, mas essa defesa foi burra desde o início. Vai ver que é porque sabia ser causa perdida mesmo. Perdido por um, perdido por mil. Tivesse lá no juri perguntaria:

1) No caso do teste do luminol foram testadas as outras substâncias alegadas pela defesa e estariam elas presentes no apartamento? Em caso positivo, depois de limpo o local, elas AINDA continuariam dando positivo (o sangue contém elementos que GRUDAM no piso não podem ser removidos com produtos de limpeza comuns, por isso continua dando positivo para luminol)?

2) Sr advogado, seu cliente responde "Não me recordo" a várias perguntas, o senhor não lhe mostrou o processo, nem lhe fez um resumo dos depoimentos por ele dado, de forma a refrescar-lhe a memória?

Esse lance do "Não me recordo" é estratégia da defesa, mas é pra lá de burra, pois vai prevalecer o que foi dito nos depoimentos. Deu no que deu.

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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Suzana já é maior de idade. Acho que não há adoção para maiores, salvo se for para efeito simbólico...

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First Knight
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por First Knight »

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Aceito críticas destrutivas: http://odiandotudo.blogspot.com/

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Reid
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Reid »

pior eh q insistiam numa 3a pessoa no local, afinal de contas pq um bandido ia perder tempo pra pegar uma criança "dormindo"
cortar a grade, jogar ela pela janela e sumir sem deixar rastros sem levar nada? :emoticon5:

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Dick
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Dick »

Vem cá, me digam uma coisa: Nardoni é réu primário, e tem curso superior...
Ele ficará em prisão especial? Existe a possibilidade de ele cumprir apenas parte da pena, conforme regulamentação da liberdade condicional?
docdeoz escreveu:
"Você vai apertando a "coisa" e encontra um livro- "Variedades da Experiência Científica" que que CARL SAGAN afirma que há evidências de uma entidade chamada DEUS...
PASMEM!"

CADÊ O TRECHO? EM QUÊ PÁGINA? DE QUAL EDIÇÃO? EM QUAL CONTEXTO? SUA HONESTIDADE INTELECTUAL É IGUAL A UMA TEMPERATURA DE - 274 GRAUS CENTÍGRADOS, NÃO É MESMO?

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Apáte
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Apáte »

"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Botanico escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Não terá, a Lei que permitia isso foi revogada em 2008, se não me engano.


Que bom! :emoticon45:


Aliás, essa Lei foi promulgada pouco depois do crime, a defesa pode até invocar esse protesto ao tribunal do júri (direito revogado) retroativamente, mas é pouco provável que seja acatado pelo tribunal, como bem disse um desembargador na Globo News agora a pouco.


Que me perdoe o advogado, mas essa defesa foi burra desde o início. Vai ver que é porque sabia ser causa perdida mesmo. Perdido por um, perdido por mil. Tivesse lá no juri perguntaria:

1) No caso do teste do luminol foram testadas as outras substâncias alegadas pela defesa e estariam elas presentes no apartamento? Em caso positivo, depois de limpo o local, elas AINDA continuariam dando positivo (o sangue contém elementos que GRUDAM no piso não podem ser removidos com produtos de limpeza comuns, por isso continua dando positivo para luminol)?

2) Sr advogado, seu cliente responde "Não me recordo" a várias perguntas, o senhor não lhe mostrou o processo, nem lhe fez um resumo dos depoimentos por ele dado, de forma a refrescar-lhe a memória?

Esse lance do "Não me recordo" é estratégia da defesa, mas é pra lá de burra, pois vai prevalecer o que foi dito nos depoimentos. Deu no que deu.


Que me perdoe o Botanico, mas eu, se jurada fosse, perguntaria por que, o casal afirmando desde o dia do crime que havia uma terceira pessoa no apartamento, se preocuparam em apagar as provas e modificar criminalmente a cena do crime, uma vez que num espaço de um pouco mais de 10 minutos, não seria possível um elemento que não conhecia o apartamento, pegar a menina dormindo, jogá-la no chão, esganá-la, procurar uma tesoura ou faca para cortar a rede, jogar a menina pela janela, limpar o apartamento e sair sem que ninguém visse.
A meu ver, qualquer pessoa de boa fé e inocente que, ao chegar em casa percebe que um filho fora brutalmente assassinado, a primeira providência é chamar a polícia e preservar a cena do crime para que o assassino fosse identificado. No entanto, ficou categoricamente provado que, enquanto Alexandre descia para o jardim do prédio, Jatobá ligava para o pai e para o sogro. O primeiro a chamar a polícia foi o síndico que morava no primeiro andar.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Botanico escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Suzana já é maior de idade. Acho que não há adoção para maiores, salvo se for para efeito simbólico...


:emoticon39: ele não entendeu a piada.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

marta escreveu:
Botanico escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Suzana já é maior de idade. Acho que não há adoção para maiores, salvo se for para efeito simbólico...


:emoticon39: ele não entendeu a piada.


Entendi sim. Há mais de um ano recebi um e-mail que dizia:
"Família solidária adota jovem órfã e constitui assim a família ideal. O pai Alexandre Nardoni; a mãe Carolina Jatobá; a jovem adotada: Suzana Loise von Richtoffen. E embaixo uma montagem com o casal em pé e a Suzana deitada na cama."
Pena que não dá para colocar a figura aqui.

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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

marta escreveu:
Botanico escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Não terá, a Lei que permitia isso foi revogada em 2008, se não me engano.


Que bom! :emoticon45:


Aliás, essa Lei foi promulgada pouco depois do crime, a defesa pode até invocar esse protesto ao tribunal do júri (direito revogado) retroativamente, mas é pouco provável que seja acatado pelo tribunal, como bem disse um desembargador na Globo News agora a pouco.


Que me perdoe o advogado, mas essa defesa foi burra desde o início. Vai ver que é porque sabia ser causa perdida mesmo. Perdido por um, perdido por mil. Tivesse lá no juri perguntaria:

1) No caso do teste do luminol foram testadas as outras substâncias alegadas pela defesa e estariam elas presentes no apartamento? Em caso positivo, depois de limpo o local, elas AINDA continuariam dando positivo (o sangue contém elementos que GRUDAM no piso não podem ser removidos com produtos de limpeza comuns, por isso continua dando positivo para luminol)?

2) Sr advogado, seu cliente responde "Não me recordo" a várias perguntas, o senhor não lhe mostrou o processo, nem lhe fez um resumo dos depoimentos por ele dado, de forma a refrescar-lhe a memória?

Esse lance do "Não me recordo" é estratégia da defesa, mas é pra lá de burra, pois vai prevalecer o que foi dito nos depoimentos. Deu no que deu.


Que me perdoe o Botanico, mas eu, se jurada fosse, perguntaria por que, o casal afirmando desde o dia do crime que havia uma terceira pessoa no apartamento, se preocuparam em apagar as provas e modificar criminalmente a cena do crime, uma vez que num espaço de um pouco mais de 10 minutos, não seria possível um elemento que não conhecia o apartamento, pegar a menina dormindo, jogá-la no chão, esganá-la, procurar uma tesoura ou faca para cortar a rede, jogar a menina pela janela, limpar o apartamento e sair sem que ninguém visse.
A meu ver, qualquer pessoa de boa fé e inocente que, ao chegar em casa percebe que um filho fora brutalmente assassinado, a primeira providência é chamar a polícia e preservar a cena do crime para que o assassino fosse identificado. No entanto, ficou categoricamente provado que, enquanto Alexandre descia para o jardim do prédio, Jatobá ligava para o pai e para o sogro. O primeiro a chamar a polícia foi o síndico que morava no primeiro andar.


Na verdade haveria muitas perguntas a serem feitas e suponho que o promotor tenha cuidado disso. Infelizmente esses julgamentos não são filmados (ou se são, não ficam disponíveis) de forma que não dá para saber o que se disse além do que os repórteres divulgam.
Como o promotor fez questão de salientar, entre a queda de Isabela e o tempo que Alexandre levou para descer foi um minuto. E 52 segundos é o tempo que o elevador leva para subir e descer do sexto andar. Como seria possível ele ter entrado no apartamento DEPOIS DE ISABELA TER SIDO JOGADA, vasculhado o dito-cujo, ver a tela cortada, olhar por ela, correr para o corredor, chamar o elevador e descer por ele sem ter esbarrado na terceira pessoa que seria a culpada de tudo? O advogado respondeu a isso? Ah! Sem contar que essa terceira pessoa teve a gentileza e o tempo suficiente para limpar o sangue e assim deixar a família com uma tarefa a menos para fazer...
Tem que ser mesmo muito burro ou agir como aquele pastor para inocentar o casal...

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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

Usuário deletado escreveu:Texto sobre o caso (a parte jurídica foi de minha autoria):

O Circo Nardoni

O caso Nardoni suscitou uma série de pré-julgamentos por parte de pessoas que consideravam o casal culpado e bradam por Justiça. Será mesmo que elas sabem o que significa essa palavra tão importante? É notório e urge dizer que ninguém pode ser condenado sem prévio processo legal devidamente realizado, garantindo-se os princípios constitucionais que norteiam o processo, como o da ampla defesa e do contraditório. Sem esse processo, voltaríamos aos velhos tribunais ad hoc (de exceção), em que julgava-se pela conveniência da sentença e não no sentido de alcançar a verdade e uma pena justa.

Quem gritou durante todos estes dias do julgamento por “Justiça” e condenou previamente o casal Nardoni, pode um dia sentir sobre si o peso da mão forte e impassível do Estado sobre suas costas, os mesmos que xingam o advogado (profissional no pleno exercício de suas atribuições constitucionais) podem desesperadamente precisar de um algum dia. O advogado não é cúmplice dos réus, é um profissional habilitado para defendê-los de arbitrariedades do Estado e garantir que lhes seja proferida a menos injusta das sentenças.
É válido dizer que no nosso país casos semelhantes já resultaram em absolvição. Infelizmente a Justiça no Brasil é seletiva em alguns casos. Pelas provas apresentadas pela promotoria não há evidências conclusivas da autoria do casal, a melhor das doutrinas preconiza que o ônus da prova é de quem acusa, se não há como demonstrar a culpabilidade, não pode haver condenação. A repercussão na mídia motivara a condenação pelos jurados, sob pena de um casal ter sido condenado injustamente por crime que não cometeu.

E se realmente eles são culpados, seria deveras prudente a defesa utilizar-se da estratégia de demonstrar que não houve dolo no sentido de matar a menina (o que me parece bem razoável, crimes ocorrem quando há motivos, o casal pelo que foi apurado se relacionava muito bem com a criança, não haveria motivo para matá-la), a pena para lesão corporal grave seguida de morte é muito menor que a do homicídio qualificado. E essa tese poderia eventualmente inocentar Nardoni, uma vez que ao ter jogado a menina pela janela ele poderia ter pensado que ela já estivesse morta, incorrendo em erro de tipo, que é uma das causas de extinção da punibilidade. Um advogado experiente, como o do caso, certamente optaria por esse caminho, o fato de não ter optado indica que o defensor acredita na inocência do casal.

Quem não se lembra do caso da Escola-Base? Vejo semelhanças com o caso Isabella Nardoni:

"Em março de 1994, vários órgãos da imprensa publicaram uma série reportagens sobre seis pessoas que estariam envolvidas no abuso sexual de crianças, todas alunas da Escola Base, localizada no bairro da Aclimação, na capital. Os seis acusados eram os donos da escola Ichshiro Shimada e Maria Aparecida Shimada; os funcionários deles, Maurício e Paula Monteiro de Alvarenga; além de um casal de pais, Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França.
De acordo com as denúncias apresentadas pelos pais, Maurício Alvarenga, que trabalhava como perueiro da escola, levava as crianças, no período de aula, para a casa de Nunes e Mara, onde os abusos eram cometidos e filmados. O delegado Edelcio Lemos, sem verificar a veracidade das denúncias e com base em laudos preliminares, divulgou as informações à imprensa.
A divulgação do caso levou à depredação e saque da escola. Os donos da escola chegaram a ser presos. No entanto, o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Não havia qualquer indício de que a denúncia tivesse fundamento.
Com o arquivamento do inquérito, os donos e funcionários da escola acusados de abusos deram início à batalha jurídica por indenizações. Além da empresa 'Folha da Manhã', outros órgãos de imprensa também foram condenados, além do governo do estado de São Paulo. Outros processos de indenização ainda devem ser julgados."


Também é condenável o espetáculo macabro criado entorno do assunto pela mídia. É preciso estabelecer regras para evitar o circo criado. Antes do julgamento, batalhões de fotógrafos e cinegrafistas cercavam acusados, advogados e envolvidos, fazendo até que a avó de Isabella acenasse para a câmera, como se fosse uma espécie de estrela de novela. É mesmo necessária esta especularização? Diariamente morrem várias crianças pobres em situações igualmente ou mais bárbaras que a da menina Isabella. Por que não dar a devida atenção a outros casos? Este caso só ganhou tanta notoriedade porque a mídia quis. Está na hora do jornalismo brasileiro ampliar os horizontes de sua cobertura policial e sem pré-condenações. Jornalista não tem que afirmar que a pessoa A ou B é culpada, nem incitar o público. Há de se informar imparcialmente, sem afobações e sem espetacularização. A imprensa mais uma vez cometeu o erro cometido em outrora, como no caso que citei anteriormente.


"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência do direito". – Rudolf von Jehring

Fonte


Bem, pode chorar o camarada aí, mas é preciso não perder de vista uma coisa: este é o mundo real e não o ideal.
Penso que aquele fórum não seria o mais indicado para se fazer um julgamento com tal nível de repercussão. Mas sacomé: para maracutaias, mordomias, bandalheiras, vantagens, jetons, etc e tal, NUNCA falta verba. Mas para hospitais, escolas, cadeias e fóruns adequados... Ah! Não há recursos para isso. Um fórum deveria ter toda a infraestrutura necessária para que os jurados, juízes, advogados, testemunhas, réus e quem mais fosse necessário ficassem acomodados DENTRO dele, evitando-se isso de sair e voltar todos os dias. E manifestantes? Podem chiar do lado de fora sem baderna e sem gritaria. Senão, pau neles!
E platéia? Com exceção dos parentes, que eventualmente poderiam requisitar acomodação no fórum para evitar hostilidades dos manifestantes, os demais seriam repórteres sorteados e ESTUDANTES DE DIREITO, que poderiam aprender com isso. E seriam SEMPRE OS MESMOS. Assim não teria essa palhaçada de vir gente lá da Bahia com a esperança de poder assistir ao julgamento.

É... Muita coisa precisa mudar. Também acho que juri deveria ser formado por JUÍZES e não por cidadãos comuns. Os primeiros conhecem as manobras e pegam falhas com mais convicção, enquanto os segundos não têm traquejo na coisa e podem se deixar enganar ou errar mais facilmente.
E finalmente, uma coisa que eu gostaria de saber a quem interessa: por que essas penas de mentirinha? O cara é condenado a 30 anos, mas vai cumprir só 5 em regime fechado e depois pode ir pro semi-aberto e depois tá livre. Mudaram um pouquinho... só um pouquinho.

Outra coisa absurda é esse negócio de "matou, mas não tinha intenção de matar... então é culposo"... Só têm duas entidades neste Universo que podem saber qual a intenção de uma pessoa. A própria pessoa, que de certo nunca vai dizer: eu queria matar mesmo. E a outra é Deus, mas só que este é mudo e calado. Se Isabela ainda respirava e o coração ainda batia, mesmo depois da queda, como o Alexandre iria alegar que "não queria matá-la. Pensei que já estivesse morta..." Aí, no máximo ia sobrar para a dona Jatobá, que a esganou... Ah! Mas como ela não estava morta, então não houve homicídio: foi só lesão corporal dolosa.

Bom é lá nos States, onde se a vítima não morre, é lesão corporal dolosa. Mas se morre, agora a acusação é de assassinato. Lembram lá do índio Galdino? O cara morreu. Que palhaçada jurídica é essa de "lesão corporal dolosa seguida de morte"? Que me respondam os sensatos.

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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Apo »

Se a defesa vai recorrer, pode haver novo julgamento, inclusive ( pelo que foi dito e explicado por vários juristas que vi falando na TV) .

Outra coisa que um criminalista explicou ontem foi que Alexandre cumprirá cerca de 16 anos em regime fechado e Anna Carolina terá que cumprir cerca de 14 anos. Depois são mais 5 em regime semiaberto e, a seguir, aberto. Os juristas não se entendem, não?
O que eu ouvi de disparidades entre criminalistas durante esta semana é um caso preocupante.
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Botanico
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Botanico »

Apo escreveu:Se a defesa vai recorrer, pode haver novo julgamento, inclusive ( pelo que foi dito e explicado por vários juristas que vi falando na TV) .

Outra coisa que um criminalista explicou ontem foi que Alexandre cumprirá cerca de 16 anos em regime fechado e Anna Carolina terá que cumprir cerca de 14 anos. Depois são mais 5 em regime semiaberto e, a seguir, aberto. Os juristas não se entendem, não?
O que eu ouvi de disparidades entre criminalistas durante esta semana é um caso preocupante.


O que significa cumprir pena em regime aberto? Não seria o mesmo que não estar cumprindo pena alguma?

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Johnny
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Johnny »

A pergunta que fica é: Quem matou Odete Roitman?

Reid escreveu:pior é que insistiam numa 3a pessoa no local, afinal de contas pq um bandido ia perder tempo pra pegar uma criança "dormindo"
cortar a grade, jogar ela pela janela e sumir sem deixar rastros sem levar nada?


Fora os outros fatos.Isso se chama fazer as coisas com sangue quente. Foi um erro atrás do outro, deixando uma trilha enorme de falhas.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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marta
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Botanico escreveu:
marta escreveu:
Botanico escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:
Usuário deletado escreveu:
marta escreveu:31 anos para o Alexandre foi ruim. Ele terá direito a um novo julgamento. Já, 26 pra ela, está razoável.
A melhor pena que eu, no lugar do juiz, daria para eles, seria o obrigação de adotar, de papel passado, a Suzana Richtoffen.


Não terá, a Lei que permitia isso foi revogada em 2008, se não me engano.


Que bom! :emoticon45:


Aliás, essa Lei foi promulgada pouco depois do crime, a defesa pode até invocar esse protesto ao tribunal do júri (direito revogado) retroativamente, mas é pouco provável que seja acatado pelo tribunal, como bem disse um desembargador na Globo News agora a pouco.


Que me perdoe o advogado, mas essa defesa foi burra desde o início. Vai ver que é porque sabia ser causa perdida mesmo. Perdido por um, perdido por mil. Tivesse lá no juri perguntaria:

1) No caso do teste do luminol foram testadas as outras substâncias alegadas pela defesa e estariam elas presentes no apartamento? Em caso positivo, depois de limpo o local, elas AINDA continuariam dando positivo (o sangue contém elementos que GRUDAM no piso não podem ser removidos com produtos de limpeza comuns, por isso continua dando positivo para luminol)?

2) Sr advogado, seu cliente responde "Não me recordo" a várias perguntas, o senhor não lhe mostrou o processo, nem lhe fez um resumo dos depoimentos por ele dado, de forma a refrescar-lhe a memória?

Esse lance do "Não me recordo" é estratégia da defesa, mas é pra lá de burra, pois vai prevalecer o que foi dito nos depoimentos. Deu no que deu.


Que me perdoe o Botanico, mas eu, se jurada fosse, perguntaria por que, o casal afirmando desde o dia do crime que havia uma terceira pessoa no apartamento, se preocuparam em apagar as provas e modificar criminalmente a cena do crime, uma vez que num espaço de um pouco mais de 10 minutos, não seria possível um elemento que não conhecia o apartamento, pegar a menina dormindo, jogá-la no chão, esganá-la, procurar uma tesoura ou faca para cortar a rede, jogar a menina pela janela, limpar o apartamento e sair sem que ninguém visse.
A meu ver, qualquer pessoa de boa fé e inocente que, ao chegar em casa percebe que um filho fora brutalmente assassinado, a primeira providência é chamar a polícia e preservar a cena do crime para que o assassino fosse identificado. No entanto, ficou categoricamente provado que, enquanto Alexandre descia para o jardim do prédio, Jatobá ligava para o pai e para o sogro. O primeiro a chamar a polícia foi o síndico que morava no primeiro andar.


Na verdade haveria muitas perguntas a serem feitas e suponho que o promotor tenha cuidado disso. Infelizmente esses julgamentos não são filmados (ou se são, não ficam disponíveis) de forma que não dá para saber o que se disse além do que os repórteres divulgam.
Como o promotor fez questão de salientar, entre a queda de Isabela e o tempo que Alexandre levou para descer foi um minuto. E 52 segundos é o tempo que o elevador leva para subir e descer do sexto andar. Como seria possível ele ter entrado no apartamento DEPOIS DE ISABELA TER SIDO JOGADA, vasculhado o dito-cujo, ver a tela cortada, olhar por ela, correr para o corredor, chamar o elevador e descer por ele sem ter esbarrado na terceira pessoa que seria a culpada de tudo? O advogado respondeu a isso? Ah! Sem contar que essa terceira pessoa teve a gentileza e o tempo suficiente para limpar o sangue e assim deixar a família com uma tarefa a menos para fazer...
Tem que ser mesmo muito burro ou agir como aquele pastor para inocentar o casal...


Agora não entendi nada. Pelo que vc escreveu antes, eu achei que vc teria condições e argumentos para absolver o casal.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Botanico escreveu:
Apo escreveu:Se a defesa vai recorrer, pode haver novo julgamento, inclusive ( pelo que foi dito e explicado por vários juristas que vi falando na TV) .

Outra coisa que um criminalista explicou ontem foi que Alexandre cumprirá cerca de 16 anos em regime fechado e Anna Carolina terá que cumprir cerca de 14 anos. Depois são mais 5 em regime semiaberto e, a seguir, aberto. Os juristas não se entendem, não?
O que eu ouvi de disparidades entre criminalistas durante esta semana é um caso preocupante.


O que significa cumprir pena em regime aberto? Não seria o mesmo que não estar cumprindo pena alguma?


Regime aberto é liberdade condicional até o final da pena.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Johnny escreveu:A pergunta que fica é: Quem matou Odete Roitman?

Reid escreveu:pior é que insistiam numa 3a pessoa no local, afinal de contas pq um bandido ia perder tempo pra pegar uma criança "dormindo"
cortar a grade, jogar ela pela janela e sumir sem deixar rastros sem levar nada?


Fora os outros fatos.Isso se chama fazer as coisas com sangue quente. Foi um erro atrás do outro, deixando uma trilha enorme de falhas.


é a tal história do: faz a cagada que o papai segura a onda. Deve ter sido sempre assim. Papai para a pensão, papai compra apartamento, papai sustenta a família, enfim. Pela arrogância daquele nardoni pai, deu pra sentir que ele sempre apostou na gloriosa e tradicional impunidade brasileira e na estratégia do enroleition.
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Usuário deletado escreveu:

O Alexandre pode muito bem ter achado que a menina estava morta, e tê-la jogado pela janela por desespero. Nesses momentos de tal carga emocional não se pode esperar razoabilidade e sensatez das pessoas.


Eu também acho isso. Ele não teria jogado a menina pela janela se tivesse certeza que ele estava viva. Acho que não. Mas há um agravante: Se ela foi ferida ainda dentro do carro, a caminho de casa, e sangrava muito, um pai com um pingo de sentatez teria ido direto a um pronto socorro. Penso que assim, mesmo que a menina viesse a morrer no hospital, poderia ser enquadrado em crime culposo. Mas levar a menina, sangrando, para o apartamento, jogá-la no chão, com força e ainda tentar esganá-la, mesmo que ela já tivesse morta ao ser jogada da janela, seria doloso, sem dúvida. Notem que o laudo do legista diz que Isabella morreu, mais en consequencia dos ferimentos feitos dentro do apartamento do que pela queda, propriamente.
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por marta »

Guilherme de Pádua, livre há 7 anos, diz se sentir preso
PAULO SAMPAIO
Enviado da Folha de S.Paulo a Belo Horizonte

O ex-ator Guilherme de Pádua não quer mais nada com a carreira artística, mas desconfia que vai ser famoso para o resto da vida.

Condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato da atriz Daniella Perez, sua colega de elenco na novela "De Corpo e Alma" (TV Globo, 1992), Guilherme cumpriu um terço da pena, foi libertado há cerca de sete anos, mas até hoje, ele diz, sai pouco de casa e, quando o faz, sente um frio na barriga.

"Continuo preso. Fui uma espécie de exemplo de justiça superexposto pela mídia, em um país repleto de impunidade. A verdade é que fiz bobagens, mas sou inofensivo, e por isso as pessoas não têm medo de me agredir na rua. Já chegaram a me cuspir no rosto, em um shopping. Se eu fosse um bandido de verdade, um Marcola, você acha que alguém gritaria "Assassino!" para mim?"

Aos 36 anos, Guilherme leva uma vida bastante restrita para quem sonhou em ser astro da Globo. Voltou para Belo Horizonte, sua cidade natal, tornou-se fiel da igreja evangélica batista da Lagoinha, localizada em um bairro de classe média baixa, trabalha na informatização do templo e casou-se há sete meses com uma colega de culto, a produtora de moda Paula Maia, 22.

Não dá entrevistas: diz que tem "trauma" de imprensa. A Folha levou alguns dias para se aproximar, incógnita, dele.

"Todo mundo disse o que quis de mim: teve um taxista que me reconheceu como o assaltante que deu um tiro no vidro do carro dele, quando eu já estava há um ano na cadeia. Como é que ele não me reconheceu antes, na novela das oito? Depois, disseram que eu era "leopardo" [integrante de um famoso show de striptease de rapazes no Rio]. Você acha que alguém veio saber de mim se eu fazia mesmo o show? Imagina: vou morrer "leopardo'".

Guilherme pode não ser o assaltante do táxi nem jamais ter trabalhado no show dos "leopardos". Mas o crime pelo qual foi condenado tornou-se tão emblemático que rivalizou em audiência com o impeachment de Fernando Collor.

Daniella foi encontrada em um matagal ermo de Jacarepaguá, zona oeste do Rio, a três dias do réveillon de 1992, com 16 perfurações no pescoço, tórax e pulmões --consumadas a golpes de tesoura. Um crime "passional" clássico, que envolveu Guilherme e sua mulher na ocasião, Paula Thomaz, então com 19 anos; ela estava grávida de quatro meses e também foi condenada a 19 anos de prisão.

Um crime, várias versões
Surgiram diversas versões para tentar explicar o homicídio. Guilherme mantém a que contou no tribunal: ele teria atraído Daniella até o local do crime para provar a Paula, escondida no carro, que não estava tendo um caso com a atriz.

Mas, afinal, estava?

Ele arqueia a sobrancelha e faz um meneio de cabeça, sem responder. "Não vou entrar em detalhes. Você vai ficar com o bico seco, mas algumas coisas eu não vou dizer."

Continuando: a dada altura, já fora do carro, as duas começaram a se agredir, e ele tentou apartá-las, segurando Daniella com o braço em torno de seu pescoço (no movimento de uma "gravata") e afastando Paula com a outra mão.

"De repente, o lado de cá [de Daniella] pesou. Entende? Eu estava nervoso, não controlei a força no braço, e ela caiu desacordada", explica ele.

E as tesouradas?

"A outra [ele não fala o nome de nenhuma das duas; agora é Paula] ficou desesperada, fora de si, e, no pânico, teve a idéia de forjar um crime cometido por um fã alucinado."

E por que ele não contou essa versão no dia seguinte? [A princípio, ele negou de várias maneiras o crime --chegou a ir ao velório e prestar condolências à família da atriz. Mas a polícia tinha a placa do carro, anotada por uma testemunha, e o chamou para depor, alegando que muitos artistas estavam fazendo o mesmo. Encurralado, ele acabou assumindo a autoria do crime sozinho. Por quê?]

"Ela [Paula] estava grávida, eu quis preservá-la. Mas depois que nosso filho nasceu, não achei justo pagar pelo que ela fez e continuar ouvindo-a negar sua participação."

Procurada pela Folha, Paula Thomaz não foi encontrada: seu telefone no Rio, segundo gravação da Telemar, "não está recebendo chamadas". Ela e Guilherme não se falam, e, de um tempo para cá, ele não tem visto o filho Felipe, 14.

"Faço tudo para fugir de confusões. Corro de discussão", resume Guilherme.

O advogado de Paula Thomaz, Carlos Eduardo Machado, diz que sua cliente não fala com a imprensa nem faz fotos, "para evitar mexer em uma ferida dolorosa para todos".

Sarna e dor de dentes
Há quase sete anos em liberdade, dez sem dar entrevistas, ele conta que, na cadeia, pegou sarna, micose, dividiu a cela com um tuberculoso e sofreu com dores de dentes "sem a mais remota possibilidade de ser atendido por um dentista".

Foi abusado sexualmente?

"Não. Só é estuprado quem estupra. Graças a Deus não tive problemas porque nunca fui dedo-duro, um defeito imperdoável na prisão. Quem fala demais apanha até sair."

Como se ocupava? "No início, achei que não fosse suportar. Durante um ano eu saí na capa --não é lá dentro, é na capa!-- dos principais jornais. Os presos diziam: "Você tá no mentiroso de novo". Mentiroso é o apelido de jornal na cadeia."

Apesar de um pouco mais gordo ("tenho o mesmo peso da época da TV, 88 kg para 1,77 m, mas antes era só músculo"), o rosto é praticamente igual; apenas os cabelos pretos estão mais compridos, mas não há linhas que denunciem amargura ou ressentimento. Sua voz só se altera quando ele fala das "testemunhas falsas" (como o motorista de táxi) ou da dificuldade que tem de recomeçar a vida.

"Não paguei o que eles determinaram? Paguei. Tudo o que me mandaram na cadeia, eu obedeci. "Abaixa ali; levanta; abre os braços; deita no chão sem roupa." Só não morri porque ninguém teve a idéia de me mandar dar um tiro na cabeça."

Mas um dia, logo que chegou, pensou em suicídio: "Olhei para uma torneira alta na cela e me passou pela cabeça amarrar ali a calça e me enforcar. Mas aí pensei nos meus pais: já tinha dado desgosto suficiente a eles", diz Guilherme, que é filho temporão de um professor universitário aposentado e de uma dona-de-casa, tem três irmãos e foi criado em boas escolas.

Repercussão na família
A irmã mais velha, Simone, 50, conta que, desde o episódio fatídico, a família nunca mais foi a mesma: "Éramos pessoas comuns, sem tragédias em nossa história. Não conseguia identificar aquele monstro exposto na mídia com o irmão que conhecia desde que nasceu. Não tínhamos preparo para o bombardeio que se seguiu."

Simone diz que, além do sofrimento óbvio, a família arcou com a "indescritível" repercussão. "Quando me separei do meu marido, uma revista publicou que "a irmã de Guilherme de Pádua pegou o marido transando com a mãe dela". Um dia, a multidão de repórteres era tamanha na porta da casa do meu pai que precisei sair com ele, deprimido e dopado, na mala do carro", lembra.

No dia em que deixou a cadeia, Guilherme conseguiu fugir da imprensa e hospedou-se na casa de um amigo no Rio. Comprou uma passagem de avião para Belo Horizonte, mas só para despistar os repórteres. Viajou de carro com os pais.

"Jesus faria isso?"

Guilherme dá a entrevista no terceiro dia de contato com a reportagem, em um restaurante chamado Parilla, no mercado do Cruzeiro (zona sul de Belo Horizonte). Famoso por servir carne uruguaia com batatas cobertas com queijo gorgonzola, o lugar é bem freqüentado sem ser considerado sofisticado. Nessa noite, uma quinta-feira, está praticamente vazio por volta das 21h30.

Além dele, estão na mesa sua mulher, Paula, e a irmã dela, Roberta. Todos tentam converter o repórter --especialmente Guilherme, que, desde o início, fala muito em Jesus.

Ele conta que virou evangélico num momento em que, diz, a religião era a única alternativa. "Toda vez que saía da prisão, transferido, ou para ser julgado, havia uma multidão me esperando para xingar. Jogaram até cocô em mim. No meio daquilo tudo, estavam sempre dois ou três crentes com a Bíblia, pregando a paz. Eu os achava uns malucos, mas quem mais me tratava como gente?"


Em suas tentativas de converter os outros, diz que ele "era assim também". "Eu saía com três mulheres por noite, traía a minha e ria dos crentes. Achava-os uns bobões..."

Naquela época, diz, recém-chegado de Belo Horizonte no Rio, malhadão, baladeiro, ele se jogou nas noites cariocas. "Eu era doidaço", afirma.
Usava cocaína?

"[Relutando] Fiz tudo o que não presta. Não vou falar mais do que isso."
O que, exatamente, é algo que "não presta"?

"Para saber, você tem de perguntar: "Jesus faria isso?'"

Ele e Paula repetem: "A loucura para os homens é a sabedoria para Deus. E a sabedoria dos homens é a loucura para Deus". Eles frisam: "Mas só vale para coisas do bem".

Por exemplo? "Você acha uma loucura não ter relação sexual antes do casamento? Então: isso é sabedoria para Deus", prega Guilherme.

"Ele é o meu bebezão"
Morena, magra, 1,65 m, cabelos lisos e longos, Paula conheceu o marido em uma confraternização de crentes na churrascaria Porcão. Deu o telefone e Guilherme ligou no mesmo dia, à noite. "Ficamos até umas três da manhã conversando."

Guilherme contou tudo sobre o crime? (Ele interfere: "Cara, ela não vai falar disso'). "Sim, a gente conversou..."

Não teve medo? "No início, achei que não daria conta de carregar esse fardo com o Gui. Hoje vejo que não tinha homem melhor para me casar.Tenho vontade de pegá-lo no colo, protegê-lo, é o meu bebezão."

Filha de um empresário morto aos 42 anos durante uma cirurgia cardíaca, Paula mora com Guilherme em um apartamento de 70 metros quadrados da família dela, no Sion, um bairro de classe média de Belo Horizonte. Guilherme não paga aluguel ("nem poderia") e não revela ("tenho vergonha") o salário na igreja.

Por vontade de Paula, que não comemorou seus 15 anos porque o pai tinha acabado de morrer, o casamento foi celebrado com festa para 300 pessoas no salão de um hotel. Apesar de terem tentado manter segredo, um funcionário do cartório espalhou a notícia.

"Você acredita que teve uma enquete na TV para saber se eu tinha o direito de me casar?", conta Guilherme.

Alguns jornalistas se hospedaram no hotel, mas ninguém conseguiu entrar na festa.

"Os seguranças eram da igreja e não se corromperam. Aliás, a gente contratou os serviços e depois viu que todas as empresas eram de evangélicos: fomos abençoados com descontos maravilhosos", contam.

Longe dos olhos...

A experiência do casamento com uma crente, diz Guilherme, foi
transformadora. "Você não sabe como a mulher evangélica é muito melhor. Eu estou amando pela primeira vez."

O ex-mulherengo ressalva, porém, que não basta amar a própria mulher. É preciso não cobiçar as outras. "Não é simples: eu me doutrino para não perder a disciplina." Como?

"A cobiça é o quê? O olho. Então, pra que eu vou acessar um site de mulheres peladas, com aquelas gostosas de quatro? Pra quê, se eu tenho uma mulher linda em casa?"

Sua índole mudou? "Não. O evangélico tem consciência de que a carne ministra contra o espírito e que é preciso conter isso. Quando você me rondou para dar a entrevista e pensei que poderia ser mais um repórter disposto a fazer o mal, meu primeiro ímpeto foi te odiar."

Você se considera um assassino? "Andei fora do caminho de Deus. Na nossa igreja não existe pecadinho e pecadão. Todos estão perdoados, a partir do momento do batismo, mas perdoados por Deus. Na rua, pode-se continuar a pagar..."

Enquanto paga, ele se tranqüiliza com uma certeza inexorável: "Daqui a cem anos, tudo estará resolvido".

http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 7056.shtml
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Re: Casal Nardoni é CONDENADO pela morte de Isabella

Mensagem por Fernando Silva »

Você se considera um assassino? "Andei fora do caminho de Deus. Na nossa igreja não existe pecadinho e pecadão. Todos estão perdoados, a partir do momento do batismo, mas perdoados por Deus. Na rua, pode-se continuar a pagar..."

Um cara destes vai direto para o céu porque foi batizado, enquanto que um ateu que nunca matou uma mosca vai para o inferno porque "não foi perdoado".

Trancado