Economia
O mundo atravessa a sua pior crise desde a queda dos mercados bolsistas em 1929. As empresas são forçadas a fechar as portas e a despedir trabalhadores e os próprios estados enfrentam dificuldades para equilibrar as contas públicas. Mas isso não nos interessa grandemente. A única economia que nos interessa é a nossa e o único bolso que nos preocupamos em manter recheado pertence-nos. Com crise ou sem ela, as remunerações dos detentores de cargos políticos mantêm-se elevadas e, como efeito secundário, é possível que as nossas despesas em bens luxuosos e serviços desnecessários sirvam de incentivo à recuperação.
Segurança
Os níveis de criminalidade serão tão elevados ou reduzidos como nos parecer conveniente referir. Se estivermos no poder, os portugueses viverão num clima de serenidade paradisíaca, mesmo que a criminalidade aumente e que haja gente a praticar tiro ao alvo com os vizinhos por desporto. Se estivermos na oposição e for necessário criticar com veemência, inventaremos os bandos de delinquentes juvenis, grupos terroristas e máfias brasileiras ou russas que for necessário. Se não bastar, encontraremos forma de provar a chegada iminente do Anticristo. Tudo pelo voto.
Saúde
Quanto mais gente morrer sem a assistência médica adequada, menor será o número de utentes do Serviço Nacional de Saúde e mais fácil será a sua gestão. É esta a verdade dos factos. A longo prazo, esperamos que a assistência médica financiada pelo Estado seja abolida, incentivando-se os cidadãos a criar canteiros de plantas medicinais. Os dinheiros públicos assim poupados poderão ser aplicados em spas e lipoaspirações ou em implantes de silicone para amantes menos prendadas.
Educação e Novas Tecnologias
O cidadão estúpido é mais facilmente influenciável do que o cidadão instruído. Por isso, pretendemos dar continuidade à política de anulação gradual do sistema de ensino, camuflando esta demolição educativa intencional com reformas sucessivas de planos curriculares e métodos de avaliação (de professores e alunos) que anulem os poucos progressos que possam ter existido com as anteriores até se atingir o zero absoluto. Para calar eventuais críticas, faremos referências exaustivas às novas tecnologias da informação e ao investimento nelas feito, reclamando louros por inovações que nos são perfeitamente alheias e mérito pela introdução de funcionalidades com as quais não tivemos nada a ver.
Protecção Social
A protecção social é um tema da maior importância para o PCS. Porque, habitualmente, prometer melhorias na assistência aos desempregados, aumentos de reformas, mais benefícios para famílias carenciadas e numerosas e para idosos e jovens é forma garantida de conseguir subir nas sondagens. No entanto, a única protecção social que pretendemos assegurar a todo o custo será a nossa.
Cultura
Em relação à cultura, o PCS pretende seguir a orientação de todos os governos anteriores, mantendo a política de divulgação e financiamento de iniciativas artísticas da responsabilidade de amigos, familiares e de pessoas com as quais pretendemos coabitar em termos bíblicos. Sempre que, por acaso, algum elemento ostracizado pelo sistema conseguir ver reconhecido o seu mérito a nível internacional, lá estaremos, a aplaudir na primeira fila, esperando que o mérito alheio nos contagie.
Relações Internacionais
Continuaremos a negar com todas as nossas forças a insignificância de Portugal no panorama internacional. A CPLP manter-se-á como foco crucial da política de camuflagem do papel do Brasil como país lusófono mais relevante, a participação simbólica em missões da NATO e da ONU continuará a manter entretidas as nossas chefias militares e a União Europeia verá reforçado o seu papel como apetitosa teta de subsídios e esmolas.