Constatação!
Enviado: 04 Fev 2006, 09:53
CONSTATAÇÃO
Por Jose Neumani Pinto / Rádio Jovem Pan
29 milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para
ser eliminado do Big Brother. Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$
0,30.
Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil
reais que o povo brasileiro gastou só nesse paredão. Suponhamos que a Rede
Globo tenha feito um contrato "fifty to fifty" com a operadora do 0300, ou
seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00. Repito, somente em um único paredão...".
Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia
ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham
mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro,
as contas dessas empresas. Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é
esse.
É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada
colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a
ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico
dos participantes e, consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o
sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com
as votações.
Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões
numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro. Nem a Unicef, quando
faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto
dinheiro.
Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho dúvidas se daria audiência
Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com
gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência.
A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja,
o público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras
tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma
bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição.
Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que
gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade
para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do
BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto.
Que eleitor é esse?
Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc.
Quem os colocou lá?
Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um Severino
não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara de pau,
digo, a grande idéia dele de colocar em votação um aumento salarial absurdo
a ser pago pelo contribuinte.
Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de
juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir (?!?!), ao invés de
comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante
para melhorar a articulação e a autocrítica... Chega de buscar explicações
sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o
Congresso.
Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar
desculpas quando a resposta está em nós mesmos. A Rede Globo sabe muito bem
disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e
assemelhadas sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão também; os gurus e
xamãs da auto-ajuda idem.
Não é maldade nem desabafo, é constatação.
Por Jose Neumani Pinto / Rádio Jovem Pan
29 milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para
ser eliminado do Big Brother. Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$
0,30.
Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil
reais que o povo brasileiro gastou só nesse paredão. Suponhamos que a Rede
Globo tenha feito um contrato "fifty to fifty" com a operadora do 0300, ou
seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00. Repito, somente em um único paredão...".
Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia
ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham
mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro,
as contas dessas empresas. Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é
esse.
É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada
colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a
ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico
dos participantes e, consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o
sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com
as votações.
Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões
numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro. Nem a Unicef, quando
faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto
dinheiro.
Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho dúvidas se daria audiência
Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com
gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência.
A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja,
o público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras
tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma
bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição.
Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que
gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade
para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do
BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto.
Que eleitor é esse?
Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc.
Quem os colocou lá?
Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um Severino
não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara de pau,
digo, a grande idéia dele de colocar em votação um aumento salarial absurdo
a ser pago pelo contribuinte.
Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de
juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir (?!?!), ao invés de
comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante
para melhorar a articulação e a autocrítica... Chega de buscar explicações
sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o
Congresso.
Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar
desculpas quando a resposta está em nós mesmos. A Rede Globo sabe muito bem
disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e
assemelhadas sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão também; os gurus e
xamãs da auto-ajuda idem.
Não é maldade nem desabafo, é constatação.