A colaboração está em outro lugar, Giga, ou melhor NÃO ESTÁ. Quando William Crookes fez as suas pesquisas e, para a ira de seus colegas mais próximos, divulgou os resultados favoráveis à existência de fenômenos regidos por leis ainda desconhecidas, as críticas não se fizeram esperar. Uma delas, a qual o Vitor Moura, que esteve por aqui endossou, é que Crookes estava EXTREMAMENTE MÍOPE e por isso não conseguia perceber que a fantasma Kate King nada mais era do que a própria médium, Florence Cook fantasiada.
Quem saiu com essa de que ele estava extremamente míope? O colega dele, Douglas Ramsay, descobridor do argônio. E a dita comunidade cética da época e atual ACREDITA NISSO.
Pedi ao Vitor que me apresentasse as receitas do oculista do Crookes para eu poder avaliar o grau de miopia dele. Ah! Eu também tenho deficiência visual (vista cansada), mas um par de óculos resolve muito bem o meu problema. Uma vez que Crookes continuou bem ativo mesmo quando deixou as pesquisas mediúnicas de lado, acho que a situação dele era a mesma...
E Giga, tem mais uma coisa: nem Ramsay, nem os outros críticos de Crookes, Lord Kelvin, Carpenter, Edouard von Hartman, etc, JAMAIS foram ver a coisa por si mesmos. Ou seja, vocês céticos querem a boa vontade dos espíritos, mas como me explica a má-vontade da comunidade cética em investigar a coisa por ela mesma? Por que os céticos querem sempre se manter à distância e fazerem suas críticas na base do "acho que é isso o que aconteceu"?
Assim é fácil...
Não é bem assim. O fato de Crookes ser míope ou não é absolutamente irrelevante. Crookes via o que queria ver e os “espíritos” pareciam colaborar assíduamente com ele. Ele era obsecado com a “possibilidade” de comunicação com seu irmão mais moço, morto durante um assentamento de um cabo telegráfico no Mar do Norte. Desde então Crookes passou a ser um frequentador assíduo de sessões espíritas que ajudaram no seu forte wishfull thinking em relação ao mundo espiritual. Veja esta anotação de seu diário, datada de 31 de dezembro de 1870, cerca de 3 anos após esse acidente fatal, feita durante uma viagem à Espanha:
“I cannot help reverting in thought to this time last year. Nelly (his wife) and I were then sitting together in communion with dear departed friends, and as twelve o’clock struck they wished us many happy New Years. I feel that they are looking on now, and as space is no obstacle to them, they are, I believe, looking over my dear Nelly at the same time. Over us both I know there is one whom we all-spirits as well as mortals-bow down to as Father and Master, and it is my humble prayer to Him-the Great Good as the mandarin calls Him-that He will continue His merciful protection to Nelly and me and our dear little family. May He also allow us to continue to receive spiritual communications from my brother who passed over the boundary when in a ship at sea more than three years ago.” (http://www.worldspirituality.org/william-crookes.html)O próprio Crookes fotografou Kate King e Florence Cook e fez comparações para concluir que se tratavam de pessoas diferentes, mas veja o que Crookes disse sobre a “medium” Karte Fox:
“With a full knowledge of the numerous theories which have been started, chiefly in America, to explain these sounds, I have tested them in every way that I could devise, until there has been no escape from the conviction that they were true objective occurrences not produced by trickery or mechanical means.” William Crookes (
http://www.worldspirituality.org/william-crookes.html)
Anos mais tarde, Margaret Fox Kane faz a seguinte declaração:
“I think that it is about time that the truth of this miserable subject "Spiritualism" should be brought out. It is now widespread all over the world, and unless it is put down soon it will do great evil. I was the first in the field and have the right to expose it.
My sister Kate and myself were very young children when this horrible deception began. I was eight, and just a year and half older than she. We were very mischievous children and we wanted to terrify our dear mother, who was a very good woman and very easily frightened. At night, when we went to bed, we used to tie an apple to a string and move the string up and down, causing the apple to bump on the floor, or we would drop the apple on the floor, making a strange noise every time it would rebound. My mother listened to this for a time. She could not understand it and did not suspect us of being capable of a trick because we were so young.” (http://psychicinvestigator.com/demo/Foxtxt.htm)Nem é preciso dizer mais nada....Crookes via apenas o que queria ver, sendo míope ou não.
As pesquisas de Crookes sobre a espiritualidade era uma jornada pessoal restrita ao círculo espiritualista. As pesquisas com Forence Cook aconteceram na casa de Crookes, onde Florence residiu por vários meses, insinuando seu famoso possível caso amoroso com a jovem médium. Crookes estava desacreditado tanto que a qualidade de sua produção acadêmica despencou e muitos artigos foram recusados para publicação. No final da vida teve que "dar um tempo" a essas bobagens para recuperar seu prestígio.
Essa falta de colaboração dos espíritos no sentido de gerar evidências inquestionáveis é constrangedora para os espíritas. Os experimentos existem, faltam espíritos interessados em não deixar os espíritas passar vergonha, ou como se diz...deixar de pagar mico. Enquanto isso, vivem da ilusão das evidências anedóticas.