Livro de Marcelo Gleiser...

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Reid
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Livro de Marcelo Gleiser...

Mensagem por Reid »

Livro de Marcelo Gleiser tenta tirar resquícios de religião da ciência

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'Criação imperfeita' desmistifica a ideia de que há ordem sob o Universo.
Físico brasileiro defende que devemos celebrar as imperfeições da natureza.

Uma das cenas mais marcantes do cinema é momento em que o personagem Neo, no filme Matrix, começa a entender as regras que regem o Universo e passa a ver o mundo como um punhado de números e letras que interagem entre si.
Desde a Grécia Antiga, cientistas e filósofos vêm buscando algo parecido com isso: uma regra básica que possa explicar o funcionamento de tudo. Nessa jornada, já foram descobertos os átomos e a Via Láctea, mas nunca se chegou a uma resposta racional sobre a razão de ser do Universo.
Para um dos maiores nomes da ciência brasileira, o físico Marcelo Gleiser, deve-se parar de procurar essa fórmula secreta, que ele chama de "código oculto da natureza" ou "teoria final".
Em seu novo livro, "Criação Imperfeita", Gleiser argumenta que a crença de pesquisadores de que exista algum sentido oculto no Universo é uma contaminação da religião sobre a ciência, um ato de fé incompatível com a racionalidade.
Ele afirma que a natureza tem nos mostrado o contrário: suas leis são complexas, seus elementos são irregulares, assimétricos, e a vida na forma como conhecemos só surgiu devido a uma série de acontecimentos cósmicos que culminaram em um planeta habitável, com água no estado líquido e uma atmosfera protetora das radiações mortais que circulam pelo espaço.
"Eu quero mostrar ao leitor que esse mito de que o mundo é perfeito, de que a natureza é uma obra divina, tem que cair", afirmou o autor em entrevista ao G1.
Estou propondo um jeito diferente de pensar sobre a natureza e o nosso lugar no mundo."
Para chegar a essa conclusão, Gleiser viaja pela história da astronomia e mostra desde experiências de Nicolau Copérnico – que derrubou a ideia de que a Terra era o centro do Universo – até a noção de matéria escura – um tipo especial de matéria invisível responsável pelo movimento das galáxias.
"Sentido" da vida
Apesar de arrasar a ideia de que exista um sentido oculto no Universo, Gleiser propõe um "sentido" para a vida baseado na descrença, na ideia de que a beleza está na imperfeição.
Analisando uma série de probabilidades, o físico argumenta que a vida é algo muito raro em um ambiente cósmico extremamente hostil. Exatamente por isso nossa existência deveria ser valorizada. Também por isso, Gleiser diz que o homem deveria dar mais valor ao seu planeta, até agora o único oásis de vida conhecido pela ciência.
Confira, abaixo, alguns trechos da conversa que o G1 teve por telefone com Marcelo Gleiser:
G1 - O que é o tal "código oculto da natureza", usado no subtítulo do seu livro?
Marcelo Gleiser - É a noção de que existe um segredo por trás das coisas. Há várias buscas pelo código secreto da natureza. Você pode falar disso de uma forma religiosa, científica, filosófica. No caso da ciência, seria você acreditar, primeiro, que existe uma espécie de fórmula secreta que consegue explicar tudo o que existe no mundo, do mais simples ao mais complexo. Segundo, é preciso acreditar que a gente seja capaz de alcançar esse conhecimento. São dois atos de fé bastante intensos.
G1 - O livro se chama "Criação imperfeita", mas ao longo da obra são dados vários exemplos de dogmas religiosos (como o de que a terra é seria centro do Universo) que foram vencidos por descobertas científicas. Por que usar o termo "Criação"?
Marcelo Gleiser - É um modo de trazer a atenção do leitor para o fato de que eu estou falando sobre o que existe no mundo. Eu penso em Criação, com "C" maiúsculo, no sentido que as pessoas religiosas têm por obra de Deus, tudo o que existe no Universo. Talvez seja um pouco de sarcasmo chamar Criação – o que é uma coisa que por definição é perfeita, sendo obra de Deus – de imperfeita. Mas a ideia é justamente essa. Eu quero mostrar ao leitor que esse mito que a gente tem de que o mundo é perfeito, de que a natureza é uma obra divina, tem que cair.
G1 - Em certo momento, você diz que tememos a assimetria (na ciência, na estética etc.) porque ela revelaria a ausência de Deus. No final do livro, você defende a beleza da assimetria. Indiretamente, é uma defesa da ausência de Deus?
Marcelo Gleiser - Exatamente. A gente não gosta da assimetria porque, se a natureza é assimétrica, como a gente pode justificá-la sendo uma obra de Deus? Esse é um argumento que teologicamente é meio simplista, mas tudo bem. Eu não sou teólogo. A ideia aqui é mostrar que é só olhar para o mundo que a gente vê que o mundo, de perfeito, não tem nada. A natureza, a diversidade toda que existe no mundo desde a física das partículas elementares até o fato de que o rosto humano ser assimétrico, e por isso é mais belo, para mim isso é que é importante. É um livro bastante iconoclasta, nesse sentido. Eu estou propondo um jeito diferente de pensar sobre a natureza e sobre o nosso lugar no mundo.
G1 - A procura pela "teoria final" sempre foi uma boa motivação para novas descobertas. Desistir disso não vai "esfriar" a busca por conhecimento nas áreas mais fronteiriças da ciência?
Marcelo Gleiser - Pode-se continuar buscando. Eu não tenho nada contra procurar por teorias unificadas que tentam descrever como as várias forças da natureza podem se comportar de uma maneira única a altas energias. O problema é achar que existe uma explicação final das coisas, que existe uma "teoria final". Isso para mim é mais religião do que ciência.


Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/not ... encia.html

qm achar pdf do livro eu quero :emoticon12:

Trancado