Religião no futebol, agora na berlinda

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marta
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Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por marta »

Enfiar gezuiz no meio de tudo, até mesmo onde ele não foi chamado, começa a mostrar seus problemas. Além de não resolver porra nenhuma ( nem Brasil, nem Argentina que jogam com gezuiz no meio de campo, sempre em posição de destaque, colheram bons resultados.
Quando a religião não era protagonista, as análises se limitavam ao empenho técnico dos atletas, mas agora, com todo esse marketing religioso dentro do campo, afloraram as críticas sobre tais comportamentos ridículos e ostensivos. Aqui vai só um exemplo da enxurrada de críticas que marcou essa Copa 2010.


06/07/2010

Futebol e racionalidade

Por CLAUDIO WEBER ABRAMO

A irracionalidade parece ser uma característica essencial do futebol.

Dificilmente alguém discordaria da afirmação caso fosse restrita ao futebol brasileiro, em relação ao qual os exemplos são permanentes. Tudo o que envolveu a seleção brasileira nos últimos quatro anos se explica quando se introduz o elemento da insanidade.

A maluquice começou com a nomeação de um treinador cuja única notoriedade residia no fato de ser um brucutu semialfabetizado (lembram-se da cabeçada que aplicou num jogador de sua própria equipe, em plena partida, num jogo da Copa de 1998?).

Permitir-se que um membro da comissão técnica escolha pessoas para exercer funções objetivas (como olheiro e chefe da segurança, conforme se noticiou) por conta de sua obediência a uma seita religiosa só pode ser resultado de doideira.

Igualmente insano foi admitir-se que o capitão da seleção brasileira, ao qual se conferiu a responsabilidade de ler um texto contra o racismo na abertura da partida contra a Holanda, enfiasse no final uma menção religiosa, como é típico dessa gente sempre disposta a enfiar suas crendices goela abaixo de todo mundo. Não consta que a CBF ou a FIFA tivessem tomado alguma providência a respeito da pirataria cometida.

Sob o ponto de vista estritamente futebolístico, o quê, além de parafusos soltos, poderia justificar a escolha de um jogador que não apenas havia sido eleito como o pior do campeonato italiano como também é conhecido por sua propensão a agredir adversários?

Mas não é só no Brasil que essas coisas ocorrem. Os argentinos, por exemplo, não ficam atrás. Não se conhecem os detalhes mais ridículos da irracionalidade que envolve ou envolveu a seleção argentina, mas se sabe que por lá impera um tal de Grondona, o Ricardo Teixeira portenho. Foi esse o sujeito que contratou Maradona, um alucinado conhecido. Esse sujeito, após convocar mais de cem candidatos, terminou com um time desprovido de defesa, tendo sido expeditamente despachado por causa disso.

Prova adicional que o futebol é mesmo algo inexplicável é que o “comandante” argentino, embora a equipe que montou tenha sido massacrada com humilhação, tenha sido recebido pelos torcedores como herói. Vai entender.

E os franceses, então? O técnico francês escolhia jogadores com base no horóscopo. Como é que pode? Na França!

Os ingleses, por seu turno, contrataram (por 6 milhões de libras por ano) um italiano que não fala inglês. Não contentes, assinaram com o camaradinha um contrato que os amarra até 2012.

A esta altura, o eventual leitor poderá objetar, com razão, mais ou menos na seguinte linha: não é possível que o futebol seja irracional, pois em torno dele giram negócios bilionários. A Copa do Mundo é um empreendimento altamente rentável. A FIFA, a CBF, as suas congêneres argentina, francesa, inglesa etc. se enchem de grana.

É isso, precisamente, que explica a aparente irracionalidade do futebol. Para os cartolas de um país qualquer, não tem a menor importância se o time é um lixo, se o treinador é um aventureiro ou se o jogador é um moleque. Interessa o negócio. Mesmo que a seleção nacional do país X seja eliminada (com ou sem vexame), se os negócios estiverem garantidos, tudo estará numa boa.

Como se trata de entidades privadas, os dirigentes de federações e confederações só prestam contas uns aos outros. Em outras palavras, não importa o que façam com a grana – uma mão lava a outra e estão todos conversados.

Melhor ainda é morder uma bufunfa pública. Os estádios da África do Sul, um país que não joga futebol, aí estão já a mofar.

Por aqui, pode-se ter certeza de que a cartolagem nacional está olhando a grana pública com olho gordo, para a adaptação (e mesmo construção, caso se confirme o aparente contrassenso do tal de Piritubão) de estádios para a Copa de 2014. Precisarão ser vigiados de pertíssimo.

De modo que ficar discutindo se o próximo técnico da seleção brasileira será Fulano ou Beltrano não tem realmente relevância.

Claudio Weber Abramo
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Aranha
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por Aranha »

- Como venho dizendo: Jogadores Budistas, Espíritas, Catôlicos, Judeus e Macumbeiros ficam na sua e não enchem o saco de nínguem, mas os Evangêlicos de merda tem que ficar enfiando suas crenças goela abaixo de todo mundo.

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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por Apo »

Futebol não é irracional como joguinho de bola. O tal futebol como esporte "profissional" é que é. E todo mundo corre atrá$$$ desta bola.
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Tranca
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por Tranca »

Aranha escreveu:- Como venho dizendo: Jogadores Budistas, Espíritas, Catôlicos, Judeus e Macumbeiros ficam na sua e não enchem o saco de nínguem, mas os Evangêlicos de merda tem que ficar enfiando suas crenças goela abaixo de todo mundo.

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A gente era feliz e não sabia quando jogador de futebol famoso era assunto quase sempre dentro de campo por causa do jogo e volta e meia apenas por alguma confusão menos grave (que criava apenas algum folcrore em torno do mesmo, no máximo fama de baderneiro).

Hoje os caras ou são mancomunados com a bandidagem - até possíveis homicidas - ou são fanáticos religiosos.

Saudades dos tempos de Careca, Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Mário Sérgio, Éder, Biro Biro, Falcão, Casagrande...

Dos grandes jogadores dos últimos anos, admiro o Rogério Ceni como um dos poucos que não erguem bandeira religiosa, além de manter uma conduta íntegra.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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marta
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por marta »

04/07/2010 - 10h00

Jorginho sai queimado da seleção brasileira

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS A PORT ELIZABETH

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Esse foi o sentimento de alguns jogadores da seleção com relação ao auxiliar técnico Jorginho. Braço direito de Dunga na seleção brasileira, ele pregou durante o Mundial que a equipe deveria ficar isolada dentro de um hotel em um condomínio sofisticado de Johannesburgo.

Enquete: Quem deve ser o novo técnico da seleção?
Ele também decidiu pelo fim das folgas para os jogadores durante a Copa-2010. Com Dunga, forjou no grupo que os parentes dos atletas deveriam ficar no Brasil para evitar que o time "perdesse o foco" no torneio.

Alegavam que os jogadores poderiam se desconcentrar do Mundial com os familiares na principal metrópole da África do Sul, cidade com índices de violência superior aos piores vistos no Brasil.

Apesar do discurso de reclusão, Jorginho fez o contrário. Desde o primeiro dia da Copa sul-africana, sua mulher e seus filhos estavam em Johannesburgo. O fato só foi descoberto mais tarde pelos jogadores, que se sentiram traídos pelo auxiliar técnico.
A partir daí, Jorginho foi perdendo o poder no grupo.

O ex-lateral direito, campeão mundial em 1994, também desagradou aos dirigentes. Ele era um dos líderes da ala religiosa da seleção. Jorginho aparelhou a delegação brasileira de evangélicos.

Ele foi o responsável pela contratação de Marcelo Cabo para ser "espião" de Dunga no Mundial. Desconhecido no futebol, Cabo dividia com Taffarel, escolhido por Dunga, a função de observar os rivais do time nacional.

Amigo de Jorginho de igreja, ele só trabalhou em clubes pequenos do futebol, como o Bonsucesso, o Bangu e o desconhecido Atlético de Tubarão (SC). O ponto alto da carreira dele foi ter sido auxiliar técnico de Marcelo Paquetá na seleção da Arábia Saudita, em 2002. No Oriente Médio, treinou times locais.

Jorginho influiu até na escolha dos seguranças da seleção. Um deles foi colocado no posto por ser evangélico.

O auxiliar técnico de Dunga comandava também na seleção as sessões de oração. Um pastor frequentava a concentração para rezar com os jogadores. Lúcio, Josué, Felipe Melo e Luisão eram os atletas mais participativos.

Frequentador da Igreja Congregacional da Barra da Tijuca, Jorginho participa dos cultos quando está no Rio e habitualmente confunde futebol com religião.

No início da carreira como treinador, tentou trocar a mascote do América carioca em 2005. O símbolo do clube é um diabo. Segundo Jorginho, a mascote era uma das responsáveis pela má fase do time --o último título estadual do América foi em 1960.

Ele queria substituir o diabo por uma fênix. A proposta, no entanto, acabou recusada por dirigentes e torcedores do clube.

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/76 ... eira.shtml
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

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tomou?!
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joaomichelazzo
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por joaomichelazzo »

Tranca escreveu:
Aranha escreveu:- Como venho dizendo: Jogadores Budistas, Espíritas, Catôlicos, Judeus e Macumbeiros ficam na sua e não enchem o saco de nínguem, mas os Evangêlicos de merda tem que ficar enfiando suas crenças goela abaixo de todo mundo.

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Saudades dos tempos de Careca, Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Mário Sérgio, Éder, Biro Biro, Falcão, Casagrande...

Dos grandes jogadores dos últimos anos, admiro o Rogério Ceni como um dos poucos que não erguem bandeira religiosa, além de manter uma conduta íntegra.


Pode colocar no bolo o Marcos do Palmeira. Baita caráter. Apesar se ser corinthiano, admiro-o muito como pessoa e como profissional.
Outros dois caras pra quem devemos tirar o chapéu, são o Raí e o Leonardo. Eles tem uma fundação, a gol de letra que faz um trabalho social muito legal.

http://www.goldeletra.org.br/
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar” (Carl Sagan)

"Há males que vem pra fuder com tudo mesmo"

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Tranca
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

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joaomichelazzo escreveu:
Tranca escreveu:
Aranha escreveu:- Como venho dizendo: Jogadores Budistas, Espíritas, Catôlicos, Judeus e Macumbeiros ficam na sua e não enchem o saco de nínguem, mas os Evangêlicos de merda tem que ficar enfiando suas crenças goela abaixo de todo mundo.

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Saudades dos tempos de Careca, Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Mário Sérgio, Éder, Biro Biro, Falcão, Casagrande...

Dos grandes jogadores dos últimos anos, admiro o Rogério Ceni como um dos poucos que não erguem bandeira religiosa, além de manter uma conduta íntegra.


Pode colocar no bolo o Marcos do Palmeira. Baita caráter. Apesar se ser corinthiano, admiro-o muito como pessoa e como profissional.
Outros dois caras pra quem devemos tirar o chapéu, são o Raí e o Leonardo. Eles tem uma fundação, a gol de letra que faz um trabalho social muito legal.

http://www.goldeletra.org.br/


Sim. Esses são/foram uns baita jogadores e ao que parece, ótimas pessoas.

Não se espera que jogador de futebol seja um escoteiro, mas que ao menos siga uma conduta compatível com o respeito que se deve ao seu clube e torcedores e uma conduta humana condigna.
Palavras de um visionário:

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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

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Falcão é muito gente boa. Classe, acima de tudo. Depois que largaram o futebol ( e não ficaram ricos), foram exercer outras profissões. Agora, a grande maioria é chinelo e mau elemento. E milionários. Cambada.
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Reid
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por Reid »

como assim? contratarao uma igreja evangelica inteira para jogar e não venceram??

esse Deus e seus misterios.... :emoticon26:

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marta
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Re: Religião no futebol, agora na berlinda

Mensagem por marta »

Tô trabalhanu,num tô robandu :emoticon12:

'Sou cristão, não sou bandido, as pessoas têm de me respeitar'

Auxiliar da seleção na Copa da África defende Dunga, rebate acusações de que usou critérios religiosos no trabalho, diz ser vítima de caça às bruxas e avisa que quer voltar a ser treinador
18 de julho de 2010 | 0h 00

Homem de confiança do técnico Dunga, com quem conquistou o Mundial de 1994, nos EUA, Jorginho também foi alvo de polêmicas durante a Copa da África do Sul e teve sua imagem associada ao fracasso da seleção brasileira. Duas semanas após a eliminação do time nas quartas de final, o ex-auxiliar ainda não conseguiu digerir a derrota para a Holanda por 2 a 1 e o fim precoce de um projeto iniciado em agosto de 2006.
Nesta entrevista ao Estado, por telefone, ele declarou que vai levar tempo para se recuperar do baque. Firme em suas convicções, Jorginho pediu respeito à sua opção religiosa e fez um desabafo: "Eu sou cristão, não sou bandido. Eu quero que minha fé seja respeitada. Vivemos num País com liberdade religiosa. As pessoas têm de me respeitar."
A sua contrariedade se deve, em parte, à reclamação do observador técnico Jairo dos Santos, duas vezes campeão mundial com o Brasil, ao blog do jornalista Juca Kfouri, de que foi substituído na seleção "por alguém com muita experiência evangélica" e membro da igreja de Jorginho. Ele se referia a Marcelo Cabo, olheiro da equipe no Mundial.
"Ele (Cabo) esteve lá, porque é competente e não porque é cristão. A escolha foi minha, mas a palavra final foi do Dunga. Não tomei nenhuma decisão sem a autorização do Dunga", comentou o ex-lateral-direito da seleção tetracampeã mundial em 94. "Se a gente ganhasse, não haveria nada disso. O Jairo (dos Santos) não apareceria e não haveria tanta contestação." Jorginho também não gostou nada de ser apontado por pessoas ligadas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como o mentor de quase tudo o que ocorreu de errado na concentração da seleção na África do Sul. "Nesse momento, sempre vão buscar um culpado. Eu ser o mentor de qualquer coisa é um desrespeito comigo e com o Dunga, que é um líder nato."
Depois do desembarque tumultuado no Rio - vindo de Johannesburgo -, em que foi hostilizado e deixou o Aeroporto Internacional Tom Jobim escoltado por policiais militares, Jorginho descansa ao lado dos familiares e pretende, em breve, voltar a trabalhar como técnico. Ele exerceu a função com sucesso em 2006 pelo América-RJ - levou o time à final da Taça Guanabara (primeiro turno do Campeonato Carioca). "Ficamos tristes (com a eliminação da seleção na Copa), mas temos de superar isso." A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como têm sido os últimos dias? Você procurou se desligar do futebol para descansar um pouco?
Está tudo tranquilo, estou levando a vida naturalmente. Ficamos tristes, mas temos de superar isso.


Já absorveu a eliminação para a Holanda na Copa?
Vai levar tempo. As lembranças ainda martelam a cabeça. Aquela derrota, logicamente, doeu. Não tem como esquecê-la tão rapidamente.


Antes de ser chamado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), você teve ótima passagem pelo América-RJ como técnico. Seu objetivo é retomar a carreira?
Sou treinador, mas aceitei ser auxiliar técnico, porque Copa do Mundo e a seleção brasileira são prioridades, e aí eu tive de dar uma pausa. Mas agora vou recomeçar. A experiência na seleção foi maravilhosa, muito boa, acrescentou muito na minha vida pessoal e profissional. Sem dúvida, aprendi bastante.


O que de mais positivo ficou desses quatro anos em que se dedicou à seleção?
O trabalho foi bem feito. Houve planejamento, tudo muito bem pensado. Toda a ação tem uma reação. Estou falando contigo, você vai escrever, vai editar e as pessoas vão interpretar de forma diferente. Ganhar uma Copa do Mundo não é tão simples. Acidentes acontecem. Tínhamos convicção de que estávamos no caminho certo, fizemos um excelente primeiro tempo contra a Holanda, mas perdemos. Um típico acidente de futebol.


O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse em entrevista, após a eliminação do Brasil, que não se pode mudar a rota de um avião no meio do Oceano Atlântico. Ele se referia à comissão técnica que formou em 2006. Como você interpreta essa declaração?
Só tenho de agradecer a ele a oportunidade. Não tenho nada a falar contra ele, nem um "ai". Foram quatro anos de seleção, uma experiência incrível que me fez crescer como treinador e como homem. Nos momentos mais difíceis, o presidente esteve do nosso lado. Na época em que estávamos em quarto nas Eliminatórias e fomos bronze nos Jogos de Pequim, em 2008, a pressão era grande e ele poderia ter trocado a gente, mas nos manteve. Não guardo mágoa nenhuma. Aliás, ingratidão é uma coisa triste. Sou grato ao Dunga e ao Ricardo.


Mesmo sendo demitido por e-mail pelo site da CBF?
Não tenho do que reclamar. A nossa cultura é de mudar (o técnico). O presidente (Ricardo Teixeira) nunca repetiu (o treinador depois de uma Copa do Mundo).


O observador técnico Jairo dos Santos, duas vezes campeão mundial com a seleção, reclamou publicamente que você preferiu substituí-lo "por alguém com muita experiência evangélica e membro de sua igreja". Ele se referia a Marcelo Cabo, olheiro do Brasil na Copa da África. Como você reagiu a isso?
Jairo é um grande profissional, tem as qualidades dele. Mas queríamos um relatório (dos jogos) mais simples. Não sou teórico, sou prático. Precisávamos de alguém para discutir as partidas, que tivesse uma excelente visão de jogo. O Jairo fazia relatório de 50 páginas. O Dunga me dizia: "Não aguento mais esse relatório enorme. Não dá." Soube que antigos treinadores da seleção jogavam o relatório dele fora.


Marcelo Cabo só trabalhou em clubes de pouca expressão e atuou como auxiliar técnico de Marcelo Paquetá na seleção da Arábia Saudita, em 2002. O que o credenciou a trabalhar na seleção?
Ele esteve lá porque é competente e não porque é cristão. A escolha foi minha, mas a palavra final foi do Dunga. Não tomei nenhuma decisão sem a autorização do Dunga. Quando a gente perde, é fácil atacar as pessoas. Eu sou cristão, não sou bandido. Eu quero que minha fé seja respeitada. Vivemos num País com liberdade religiosa. As pessoas têm de me respeitar. Sou um homem de palavra, de caráter.


Como era sua participação nos encontros religiosos na concentração da seleção?
Não participei de nenhuma reunião cristã na África do Sul. Na época de atleta, era diferente. Eu fazia parte, mas como auxiliar técnico, não misturava as coisas.


Você foi apontado por pessoas ligadas à CBF como o mentor de quase tudo o que ocorreu de errado na concentração do time na África do Sul.
Nesse momento, sempre vão buscar um culpado. Quem me conhece, sabe do meu caráter. Eu ser mentor de qualquer coisa é um desrespeito comigo e com o Dunga, que é um líder nato. Sou apaziguador, não sou de tumultuar. Se a gente ganhasse, não haveria nada disso. O Jairo (dos Santos) não apareceria e não haveria tanta contestação. Auxiliar técnico ser mentor é complicado. Tem alguém que quer me prejudicar para soltar uma notícia dessa.


Apesar de defensor da proibição das visitas familiares, você foi um dos primeiros a levar esposa e filhos para o Mundial. Alguns jogadores teriam se sentido traídos. O que diz sobre isso?
Não proibimos ninguém de levar família para lá. A CBF não tinha condições de dar assistência aos parentes (de todos da delegação) e aconselhou, até pelas notícias de violência vindas de lá, que cada um cuidasse dos seus familiares. Não fui o único a agir assim. O Robinho, o médico José Luiz Runco, o chefe de imprensa Rodrigo Paiva, enfim, vários do grupo levaram parentes e tudo caiu só em mim. Sempre tem de ter um culpado.



QUEM É JORGINHO?
Estreou como profissional no América-RJ, em 1983, e no ano seguinte foi para o Flamengo, onde jogou até 1989. Atuou no futebol alemão e japonês antes de voltar para o Brasil e defender o São Paulo, o Vasco e o Fluminense. Como jogador, fez 68 partidas pela seleção, entre 1987 e 1995. Como treinador, só comandou o América-RJ, além de ter sido auxiliar de Dunga na seleção na Copa América de 2007, na Olimpíada de 2008, na Copa das Confederações e na Copa da África.


Resumindo, deus é um bosta.
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