Aborto - Direito ou crime?

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Fernando Silva
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Fernando Silva »

carlosprofeta0000001 escreveu:Eu digo com relação àquelas moças que levavam uma vida normal e, por um azar, depararam-se com uma besta-fera pelo caminho, monstros que as raptaram e as violaram.

Por que gerar um filho não desejado de um homem menos desejado ainda???

Nem a pau, Juvenildo. :emoticon7:

Este argumento se aplica aos filhos resultantes de estupro em qualquer momento de suas vidas.
Segundo ele, a mulher estuprada terá direito de matar o filho mesmo depois de adulto.

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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

Apaguei um post do Zumbi Filosófico que parecia duplicado e que acabou sumindo...
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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Acauan escreveu:
zumbi filosófico escreveu:
joaomichelazzo escreveu:
Acauan escreveu:Como sempre os direitos do feto são sumariamente ignorados.


E o direito dos pais em não querer tê-lo?
E os direitos da futura criança que vai ser criada numa favela ou num orfanato ou com pais relapsos ou com pais que não a amam?


Esses debates são sempre extremamente cansativos por isso, parece que o tempo todo os lados se esquecem de que o outro parte de pressupostos diferentes, e argumenta a partir de coisas que só fazem sentido partindo dos próprios pressupostos, e não questionando os pressupostos do outro lado.
Obviamente que se alguém considera um zigoto, embrião ou feto, independente de qualquer nível desenvolvimento, como um indivíduo detendor de direitos, serão raríssimas as situações em que considerarão permissível matá-lo.


Exceto pelo fato de que os direitos do feto - ou do nascituro - não se constituem apenas em um pressuposto e sim em um fato jurídico estabelecido pelo Direito e formalizado na lei.
Ou seja, não se trata de duas premissas se confrontando em um debate dialético e sim em uma realidade "de fato" cujo o "de direito" é posto em dúvida - aí sim - por um pressuposto.


Sim, não há (na imensa maior parte do tempo), uma indagação sobre o que de fato "diria" a lei, que o aborto ainda é ilegal no Brasil, o que acho que nem abre espaço para interpretações diferentes na maior parte do tempo. Tanto que, ainda há pouco tempo, uma mulher foi quase impedida de abortar um feto anencefálico, mas felizmente a decisão do juiz acabou sendo revogada.
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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

E que acabou voltando, este acima...
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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Eu postei de novo, ainda estava aberta em uma janela. Estranho, nem percebi ter clicado duas vezes, até pensei que havia um sistema para exibir de novo a última mensagem da página anterior como a primeira da atual/seguinte... mas devo ter me embananado com a edição.
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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

zumbi filosófico escreveu:Eu postei de novo, ainda estava aberta em uma janela. Estranho, nem percebi ter clicado duas vezes, até pensei que havia um sistema para exibir de novo a última mensagem da página anterior como a primeira da atual/seguinte... mas devo ter me embananado com a edição.


Acho que é exatamente isto.
Aconteceu o mesmo com a mensagem seguinte do Fernando que aparecia como última da página anterior e primeira da próxima.
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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

joaomichelazzo escreveu:
Apáte escreveu:1- Há anos que estou a vontade nesta casa.


Muito bem. Continue assim.

Apáte escreveu:2- Você me diz que pessoas indesejáveis devem ser exterminadas e o troll aqui sou eu?


Pessoas que ainda não nasceram.


As que já estão vivas fora do útero devem continuar como estão. Nunca disse que devemos matar as pessoas vivas fora do útero porque são indesejáveis.


Por que a saída pelo canal vaginal num parto, ou a extração do útero por cesariana, deveriam ser os fatores que conferem o direito à vida, na sua opinião?


Apáte escreveu:Se o feto aos 7 meses já é um bebê normal, qual seria a diferença entre a mãe abortá-lo ou matá-lo logo após o nascimento?


Nenhuma.
Há pessoas que espancam os filhos, que estupram os filhos, que matam os filhos, que abandonam os filhos. E por incrível que pareça, é mais comum do que você acha.
Pra que por um filho no mundo e espanca-lo, estupra-lo, abandona-lo à prórpia sorte?

É justo?


Puta que pariu. Nem sei o que responder a isso.

Cara, isso que você está dizendo tem exatamente a mesma lógica que dizer que tudo bem matar bebês se não quiser tê-los, desde que tenham nascido de parto prematuro, cesárea, ou que tenham apenas três semanas de nascidos. Basta colocar como "alternativa" o espancamento, estupro, e abandono, e então é "justo" matá-lo com três semanas de nascido. Mas não na semana que vem.




Apáte escreveu:Ou então aos 5 anos de idade, quando ele desapontá-la de qualquer forma e ela perceber que foi um "erro" tê-lo.
Mesmo entre seus companheiros de aborto, ninguém vai te apoiar nessa maluquice nazista.


Espera ai, desapontamento não significa que a pessoa é indesejada.
Isso já é coisa de gente doida, matar o filho porque ele o desapontou.
São situações completamente diferentes em algum momento da sua vida você não desejar ter um filho ou mata-lo porque ele o desapontou.

E pra ficar claro (antes que você diga que eu disse) um filho nascido de uma gravidez indesejada pode ser muito amado.


E pode se tornar indesejado mais tarde, até se for uma gravidez planejada. Mas só pode ser morto nas quintas feiras de março, em anos bissextos.
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Tarcísio
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Tarcísio »

Acho que nos termos do joaomichelazzo, o que deveria ser discutido inicialmente são os direitos fundamentais do ser humano que ele obviamente demonstra ignorar.

Ser um humano vivente não é possuir um bem disponível, é exercer um direito universal e inoponível. Se ele se tornar oponível, qualquer nova discussão se resume a lei do mais forte, vez que o ponto fecundo de qualquer debate é a concordância primeira de que existimos, somos racionais e incólumes.

Por esse axioma básico, que a massa envolvida em psicologia infantil ignora, o aborto pode ser visto como a primeira questão no horizonte do exercício da lei do mais forte. Essa discussão, na qual um ou mais agentes optam por abdicar da incolumidade física de um terceiro, não poderia ser mais clara e transcendental.

Temos de ambos os lados seres humanos. Um dos lados depende do outro para tudo, feito um escravo improdutivo com pouca idade. Então garantimos legalmente o direito do dominante de matar o dominado.

Não a que se falar em vontade, sistema nervoso central, responsabilidade. Todos esses argumentos serão impossíveis se não houver a concordância inicial de que somos, racionais e incólumes. Não concordar com um dos termos é negar os demais, o que levará a discussão a níveis mais básicos, afeitos a fragilidade da natureza e desejo humanos.

O que se perceberá disso, não é que "passaremos" a gostar de abortar, mas que progressivamente as bases do nosso raciocínio lógico passarão a desconsiderar a incolumidade dos demais seres, exceção por exceção.

joaomichelazz, no fim as pessoas poderão gostar ou não de aborto, "tanto faz", o valor caiu e não voltará. Mas veja, é bom que se atente para um pequeno detalhe. Hoje defendes a morte de um vunerável, mas uma hora ou outra poderás deixar de ser produtivo, serás incapaz, ou apontado como tal pelos seus. Teus interesses estarão a disposição daqueles que independem de você e os valores básicos para qualquer discussão válida sobre o que fazer com você independerão de sua incolumidade.

Não cabe aos interessados decidirem se os recursos envolvidos no processo valem ou não alguma satisfação ou sofrimento. A natureza de um filho não é ser bem, é de ser humano,

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Johnny
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Johnny »

A natureza de um filho não é ser bem, é de ser humano


Profundo, muito profundo.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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joaomichelazzo
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por joaomichelazzo »

zumbi filosófico escreveu:Por que a saída pelo canal vaginal num parto, ou a extração do útero por cesariana, deveriam ser os fatores que conferem o direito à vida, na sua opinião?


Não são. A vida começa muito antes.
Creio que o zigoto já seja um ser vivo.
A questão é:
Qual a melhor fase da gravidez para se abortar esta vida?


zumbi filosófico escreveu:Puta que pariu. Nem sei o que responder a isso.

Cara, isso que você está dizendo tem exatamente a mesma lógica que dizer que tudo bem matar bebês se não quiser tê-los, desde que tenham nascido de parto prematuro, cesárea, ou que tenham apenas três semanas de nascidos. Basta colocar como "alternativa" o espancamento, estupro, e abandono, e então é "justo" matá-lo com três semanas de nascido. Mas não na semana que vem.


Não é justo.
De uma vez por todas.
Não defendo matança de bebês, exterminio de crianças, velhos incapazes, deficientes, etc. Não. Não defendo.

Eu defendo o aborto.
Quem decide quando o aborto deve ser feito, não sou eu, é alguém capacitado para tal.
Também decide em qual fase da gravidez ele deve feito, qual método deve se utilizar para tal, etc.

Essa questão que você falou putaquepariu, ficou fora do contexto.
Eu falei que tem mãe que não quer ter filhos.
E falei também que tem mães que matam seus filhos, com 7 meses, com 1 ano, com 10 ou 12.
São mães que não desejavam ter o filho, são mães que não amam seus filho, e são mães que matam seus filhos.
Não defendo a atitude dessas mães. Nada justifica a atitude dessas mães.

Tem mães que não querem ter filhos e por um infortúnio ou descuido, acabam engravidando.
Algumas mudam de opinião e criam seus filhos com todo amor e carinho.
Outras tem o filho e o odeiam a vida toda.
Mais uma vez vou falar:
O fato da mãe não amar seu filho, não lhe dá o direito de mata-lo, maltrata-lo ou abandona-lo.

A minha pergunta foi:

"É justo colocar uma criança no mundo para maltrata-la, espanca-la, odia-la ou abandona-la a própria sorte?"

Alguém que pensou no direito à vida deste feto, pensou também que ao nascer, esta criança deve ter o direito de ser amada, bem tratada e educada com carinho até sua emancipação?


zumbi filosófico escreveu:E pode se tornar indesejado mais tarde, até se for uma gravidez planejada. Mas só pode ser morto nas quintas feiras de março, em anos bissextos.


Se se nestas mesmas quintas-feiras quando ocorrerem eclipses solares.
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar” (Carl Sagan)

"Há males que vem pra fuder com tudo mesmo"

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Apáte
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Apáte »

joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

joaomichelazzo escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Por que a saída pelo canal vaginal num parto, ou a extração do útero por cesariana, deveriam ser os fatores que conferem o direito à vida, na sua opinião?


Não são. A vida começa muito antes.
Creio que o zigoto já seja um ser vivo.
A questão é:
Qual a melhor fase da gravidez para se abortar esta vida?


Leia a esse texto do Sagan:

http://ocanto.esenviseu.net/sagan.htm

(devia por esse link logo na assinatura, para facilitar...)



zumbi filosófico escreveu:Puta que pariu. Nem sei o que responder a isso.

Cara, isso que você está dizendo tem exatamente a mesma lógica que dizer que tudo bem matar bebês se não quiser tê-los, desde que tenham nascido de parto prematuro, cesárea, ou que tenham apenas três semanas de nascidos. Basta colocar como "alternativa" o espancamento, estupro, e abandono, e então é "justo" matá-lo com três semanas de nascido. Mas não na semana que vem.


Não é justo.
De uma vez por todas.
Não defendo matança de bebês, exterminio de crianças, velhos incapazes, deficientes, etc. Não. Não defendo.

Eu defendo o aborto.


Levando em consideração o que você falou, que não há diferença entre um bebê recém-nascido e um nascituro de sete meses, e ainda assim, não ve nada demais no aborto do último, falar que "não defendo a matança de bebês, defendo o aborto", tem o mesmo sentido que dizer, "não defendo a matança de idosos, defendo a eutanásia forçada pelo estado", ou "não defendo a barbárie, defendo que as multidões tenham o direito de espontaneamente linchar aos párias".


O único jeito dessa argumentação fazer algum "sentido" (apesar de ainda ser absurdo, monstruoso) defender isso, seria se a sua argumentação tivesse como enfoque principal uma espécie de soberania absoluta do corpo da mulher -- como os pró-vida que consideram aceitável o aborto em caso de estupro.

Em outras palavras, "não importa se é um embrião, ou se está em vias de trabalho de parto, o corpo é da mulher e aquele ser ou mesmo pessoa não tem direito de estar ali, poderá estar enquanto a mulher assim permitir -- e ela não tem qualquer obrigação disso."


Quem decide quando o aborto deve ser feito, não sou eu, é alguém capacitado para tal.
Também decide em qual fase da gravidez ele deve feito, qual método deve se utilizar para tal, etc.


Novamente, levando em consideração que manteve que o feto aos sete meses não difere de um bebê recém-nascido, essa colocação é meio como dizer, "quem decide como a eutanásia dos velhos deve ser feita, não sou eu, é um executor capacidado para tal. Também decide em que idade, qual método deve se utilizar para tal, etc".

E não adianta simplesmente dizer que "não é a favor disso", porque, mesmo que não seja, é uma arbitrariedade, pois ser a favor do aborto mesmo tão tardio, é equivalente achar permissível que as pessoas matassem seus familiares idosos se assim quisessem, quando estes precisassem de cadeiras de rodas.



Essa questão que você falou putaquepariu, ficou fora do contexto.
Eu falei que tem mãe que não quer ter filhos.
E falei também que tem mães que matam seus filhos, com 7 meses, com 1 ano, com 10 ou 12.
São mães que não desejavam ter o filho, são mães que não amam seus filho, e são mães que matam seus filhos.
Não defendo a atitude dessas mães. Nada justifica a atitude dessas mães.


Mas ela em nada difere de se matar fetos aos 7 meses.

A sua explicação é como dizer, "eu falei que tem pessoas que matam seus pais de 40 anos, 50 ou 60. São filhos que não desejavam ter os pais, são filhos que não amam seus pais, e são filhos que matam seus pais. Não defendo essa atitude dos filhos. Nada justifica a atitude desses filhos. Por isso seria muito melhor que fosse legalizado matar os pais quando fizessem 70 anos."



Tem mães que não querem ter filhos e por um infortúnio ou descuido, acabam engravidando.
Algumas mudam de opinião e criam seus filhos com todo amor e carinho.
Outras tem o filho e o odeiam a vida toda.
Mais uma vez vou falar:
O fato da mãe não amar seu filho, não lhe dá o direito de mata-lo, maltrata-lo ou abandona-lo.

A minha pergunta foi:

"É justo colocar uma criança no mundo para maltrata-la, espanca-la, odia-la ou abandona-la a própria sorte?"


Alguém que pensou no direito à vida deste feto, pensou também que ao nascer, esta criança deve ter o direito de ser amada, bem tratada e educada com carinho até sua emancipação?


Novamente, isso equivale a "têm filhos que lamentam-se a vida toda de não poderem ter escolhido os pais, alguns mudam de opinião e os amam. A minha pergutna foi, é justo manter um pai no mundo para maltratá-lo, espancá-lo, ou abandoná-lo a própria sorte?"

"Alguém que pensou no direito à vida desse senhor de idade, pensou também que ao completar 70 anos, este senhor deve ter o direito de ser amado, bem tratado, e cuidado com carinho até que falecesse?"
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Herf
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Herf »

Coisa muito diferente é querer que seus "eu acho" decidam o destino de vidas humanas, que o são até prova incontestável em contrário.


Não defendo o aborto em hipótese nenhuma.
Mas há uma diferença clara entre defender e tolerar.
Em circunstâncias normais a mulher é responsável pela gravidez e pelo feto.
O estupro é uma circunstância brutal, que tira da mulher a responsabilidade pela gravidez.

O resultado é um conflito de direitos, o direito da mulher de não assumir as consequências de uma situação pela qual não tem responsabilidade e o direito à vida do feto.

Conflitos de direito desta natureza não tem solução moral.
A solução civil é a renúncia do poder público à autoridade legal de obrigar a mulher a levar a gravidez a cabo, ou de puni-la caso não o faça, transferindo para a mãe a decisão, incluída a garantia dos meios de cumpri-la.

Aqui me parece haver duas concepções de "ser humano" diferentes, cada uma delas sendo usada onde melhor cabe.

Quando o fim é demonstrar o argumento geral de que o aborto de um óvulo fecundado é assassinato, usa-se uma concepção de vida humana mais geral, na qual um óvulo fecundado e um ser humano completo e nascido estão em pé de igualdade em termos de dignidade, pois ambos são "vida humana". E quem negar que um óvulo humano fecundado é vida humana estará em apuros, já que a vida é um processo contínuo, que vem acontecendo desde o início dos tempos, sem qualquer ponto no tempo no qual se possa marcar o começo da vida de uma geração precisamente.

Por essa concepção abrangente de "vida humana", um óvulo fecundado tem tanta dignidade humana quanto um humano completo. Mas considerando apenas essa concepção, qualquer argumento em favor de não obrigar uma mulher a ter um filho de seu estuprador torna-se uma posição de difícil sustentação, mesmo considerando qualquer conflito de direitos entre o zigoto e a gestante. É possível imaginar algum conflito de direitos cuja "solução civil" tolerável fosse matar uma criança? Por que então aceitar que é uma solução razoável tolher o desenvolvimento de um ser humano neste caso, sendo a única diferença entre as vítimas de cada caso um "irrelevante grau de desenvolvimento"?

Para evitar esse absurdo, o pró-vida faz uma concessão, tomando como concepção de "vida humana" para esse caso particular aquela comumente adotada por pró-escolhas, qual seja uma que não começa na fecundação, mas em algum momento posterior. Daí o pró-vida vê-se obrigado a cometer a vergonha pró-escolhista de escolher um prazo dentro do qual é tolerável, sim, "privar uma vida humana da existência". E é só um artifício retórico dizer que "desobrigar a mãe de levar adiante a gravidez não significa privar o zigoto/embrião/feto à vida". Uma coisa é a própria realização da outra, não há como escapar.

Há, assim, essa contradição. A coisa mais próxima de uma solução pró-vida que imaginei para esse problema é comparar o ato da mãe de não levar adiante a gravidez fruto de estupro com o ato de omitir socorro a uma criança estranha que corre risco de vida. Ainda que reprovável em certo sentido, seria tolerável, visto que o observador não é responsável pela situação de risco da criança; equivalentemente, tampouco a gestante estuprada é responsável pela gravidez. Mas, é claro, tolerar a omissão de socorro a uma criança já é um novo problema moral, sem contar que o aborto de uma gestação fruto de estupro não seria equivalente a apenas omitir socorro, mas a matar - na ótica pró-vida.

**********

Quanto a minha opinião sobre aborto, só posso dizer que tenho mais incertezas do que certezas a respeito. Mas quiserem tomar a questão toda como simplesmente "zigoto sagrado X zigoto não-sagrado", então estou do lado dos que não veem nada de muito excepcional em termos de aquisição de dignidade humana no momento da concepção.

E também quero deixar claro que o social-abortismo me dá náusea.
Editado pela última vez por Herf em 18 Ago 2010, 21:44, em um total de 2 vezes.

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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Procedure escreveu: social-abortismo

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

E o que viria a ser isso?
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Herf
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Herf »

Misturar a questão do aborto com questões sociais.

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Lúcifer
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Lúcifer »

Johnny escreveu:
Lúcifer escreveu:Obrigado Trinity por exemplificar o meu pensamento. :emoticon45: :emoticon45:

Não argumentou, apenas justificou. Se não tem condições de seguir em frente com algo que lhe dê canceira psicológica, significa dizer que, numa eventualidade de um filho ou esposa ou marido ficar tetraplégico, o abandonará ao relento. Sei que tem muita gente que faz isso pois está acontecendo agora com meu amigo Joel que teve um derrame e a esposa o abandonou pois "deixou de ter serventia".

Se não terá condições de criar um filho com down ou outra deficiência, se isole e não tenha relacionamentos pois o amanhã ninguém sabe.


Johnny Bravo, eu disse que EU não teria condições psicológicas de se criar uma criança com esses problemas. Sem falar que seria uma crueldade com uma pessoa crescer nessas condições. Isso ao MEU ver. MINHA opinião. Já existem testes genéticos para descobrir e o feto vai nascer com determinadas deficiencias ou doenças. Se isso acontecesse com minha esposa, EU iria sugerir o aborto.

Agora, em relação à acidentes e a pessoa ficasse paralítica, como voce mesmo disse...seria um ACIDENTE e aí, sim, tería que dar todo apoio que necessitasse. Uma amiga muito querida minha ficou paralitica por causa de um acidente e eu ajudei para que ela conseguisse o serviço do ATENDE para pessoas especiais para que fosse levada na AACD fazer fisioterapia. Hoje, felizmente, está recobrando lentamente pois foi descoberto que a lesão não foi tão sério assim, mas a recuperação total vai demorar ainda.

Acidentes acontecem, não é nascido com eles. Mas o nascer com esses problemas é outra história. EU não suportaria criar uma criança com hidrocefalia ou down por exemplo. Respeito e admiro quem tem a força necessaria para essa "missão". J´vi muitas mães com filhos nessas condições indo no hospital para cuidar delas e as admiro pela sua força, mas EU não tenho essa força. E é por isso que eu digo que, nesse ponto, o aborto, SOMENTE deve ser realizado com a aprovação conjunta dos pais. Os pais, NESSA condição é que devem escolher se deve ocorrer o aborto ou não.

Será que dessa vez eu fui claro o bastante??
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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

Herf escreveu:Para evitar esse absurdo, o pró-vida faz uma concessão, tomando como concepção de "vida humana" para esse caso particular aquela comumente adotada por pró-escolhas, qual seja uma que não começa na fecundação, mas em algum momento posterior. Daí o pró-vida vê-se obrigado a cometer a vergonha pró-escolhista de escolher um prazo dentro do qual é tolerável, sim, "privar uma vida humana da existência". E é só um artifício retórico dizer que "desobrigar a mãe de levar adiante a gravidez não significa privar o zigoto/embrião/feto à vida". Uma coisa é a própria realização da outra, não há como escapar.

Há, assim, essa contradição. A coisa mais próxima de uma solução pró-vida que imaginei para esse problema é comparar o ato da mãe de não levar adiante a gravidez fruto de estupro com o ato de omitir socorro a uma criança estranha que corre risco de vida. Ainda que reprovável em certo sentido, seria tolerável, visto que o observador não é responsável pela situação de risco da criança; equivalentemente, tampouco a gestante estuprada é responsável pela gravidez. Mas, é claro, tolerar a omissão de socorro a uma criança já é um novo problema moral, sem contar que o aborto de uma gestação fruto de estupro não seria equivalente a apenas omitir socorro, mas a matar - na ótica pró-vida.


Herf,

Suas colocações são ótimas e para elas não há resposta definitiva.
Como disse, este é um problema moral sem solução.
Em um mundo perfeito tais impasses não existiriam e para todas as questões haveria uma decisão justa, mas no mundo real e imperfeito há situações em que se há de escolher entre opções terríveis sem certeza absoluta sobre nenhuma delas, restando apenas torcer pelo mal menor.

O problema da gravidez decorrente de estupro é que não há analogia aplicável.
Podemos claramente associar o aborto ao assassinato ou homicídio, mas uma vez associado é inadmissível a dissociação por conveniência, como disse.

Uma justificativa moral que se pode tentar à tolerância legal ao aborto de gravidez resultante de estupro é uma aposta no espírito humano.
Ao transferirmos a decisão para a mãe, depositamos nela a esperança de que decida, por vontade própria, não destruir aquela vida.
Jogar o peso de tal decisão em uma vítima de violência brutal pode parecer cinismo, mas tão ou mais grave é fazer com que uma mulher que engravidou pela força seja pela força obrigada a levar a gravidez a cabo.

No melhor espírito da lei e na melhor crença na grandeza humana, depositamos nossa esperança de que a mesma dignidade que acreditamos presente no feto, que justifica que sua vida seja protegida, se manifestará na misericórdia da mãe, que superará seus traumas e será capaz de fazer a opção mais humana.

Se não formos capazes disto e se não formos capazes de acreditar nisto, então não há porque se falar em dignidade humana e podemos aderir ao discurso citológico dos abortistas.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por joaomichelazzo »

Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.


Qual?
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Johnny »

Lúcifer escreveu:
Johnny escreveu:
Lúcifer escreveu:Obrigado Trinity por exemplificar o meu pensamento. :emoticon45: :emoticon45:

Não argumentou, apenas justificou. Se não tem condições de seguir em frente com algo que lhe dê canceira psicológica, significa dizer que, numa eventualidade de um filho ou esposa ou marido ficar tetraplégico, o abandonará ao relento. Sei que tem muita gente que faz isso pois está acontecendo agora com meu amigo Joel que teve um derrame e a esposa o abandonou pois "deixou de ter serventia".

Se não terá condições de criar um filho com down ou outra deficiência, se isole e não tenha relacionamentos pois o amanhã ninguém sabe.


Johnny Bravo, eu disse que EU não teria condições psicológicas de se criar uma criança com esses problemas. Sem falar que seria uma crueldade com uma pessoa crescer nessas condições. Isso ao MEU ver. MINHA opinião. Já existem testes genéticos para descobrir e o feto vai nascer com determinadas deficiencias ou doenças. Se isso acontecesse com minha esposa, EU iria sugerir o aborto.

Agora, em relação à acidentes e a pessoa ficasse paralítica, como voce mesmo disse...seria um ACIDENTE e aí, sim, tería que dar todo apoio que necessitasse. Uma amiga muito querida minha ficou paralitica por causa de um acidente e eu ajudei para que ela conseguisse o serviço do ATENDE para pessoas especiais para que fosse levada na AACD fazer fisioterapia. Hoje, felizmente, está recobrando lentamente pois foi descoberto que a lesão não foi tão sério assim, mas a recuperação total vai demorar ainda.

Acidentes acontecem, não é nascido com eles. Mas o nascer com esses problemas é outra história. EU não suportaria criar uma criança com hidrocefalia ou down por exemplo. Respeito e admiro quem tem a força necessaria para essa "missão". J´vi muitas mães com filhos nessas condições indo no hospital para cuidar delas e as admiro pela sua força, mas EU não tenho essa força. E é por isso que eu digo que, nesse ponto, o aborto, SOMENTE deve ser realizado com a aprovação conjunta dos pais. Os pais, NESSA condição é que devem escolher se deve ocorrer o aborto ou não.

Será que dessa vez eu fui claro o bastante??

Tudo bem Lucy-fer. Sò queria mesmo botar sua cachola para meditar um pouco e meu objetivo foi alcançado. Aquele abração de sempre.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Apáte
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Apáte »

joaomichelazzo escreveu:
Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.


Qual?

Cínico!

Apáte escreveu:Se o feto aos 7 meses já é um bebê normal, qual seria a diferença entre a mãe abortá-lo ou matá-lo logo após o nascimento?

Apáte escreveu:E até agora não conseguiu explicar a diferença entre um bebê nos momentos que precedem o parto e um recém-nascido

Apáte escreveu:Continua sem demonstrar qual é a diferença entre o aborto de um bebê de 9 meses e o assassinato de um recém-nascido.
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Jack Torrance
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Jack Torrance »

Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:
Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.


Qual?

Cínico!

Apáte escreveu:Se o feto aos 7 meses já é um bebê normal, qual seria a diferença entre a mãe abortá-lo ou matá-lo logo após o nascimento?

Apáte escreveu:E até agora não conseguiu explicar a diferença entre um bebê nos momentos que precedem o parto e um recém-nascido

Apáte escreveu:Continua sem demonstrar qual é a diferença entre o aborto de um bebê de 9 meses e o assassinato de um recém-nascido.


Fui infeliz na minha colocação. Admito.
Com 7 meses não dá mais pra fazer aborto. Admito também. Se a mãe deixou chegar a este ponto, terá que assumir.


viewtopic.php?f=1&t=21479&start=25#p426265
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”

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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Marcelo Sobral »

Acauan escreveu:
Herf escreveu:Para evitar esse absurdo, o pró-vida faz uma concessão, tomando como concepção de "vida humana" para esse caso particular aquela comumente adotada por pró-escolhas, qual seja uma que não começa na fecundação, mas em algum momento posterior. Daí o pró-vida vê-se obrigado a cometer a vergonha pró-escolhista de escolher um prazo dentro do qual é tolerável, sim, "privar uma vida humana da existência". E é só um artifício retórico dizer que "desobrigar a mãe de levar adiante a gravidez não significa privar o zigoto/embrião/feto à vida". Uma coisa é a própria realização da outra, não há como escapar.

Há, assim, essa contradição. A coisa mais próxima de uma solução pró-vida que imaginei para esse problema é comparar o ato da mãe de não levar adiante a gravidez fruto de estupro com o ato de omitir socorro a uma criança estranha que corre risco de vida. Ainda que reprovável em certo sentido, seria tolerável, visto que o observador não é responsável pela situação de risco da criança; equivalentemente, tampouco a gestante estuprada é responsável pela gravidez. Mas, é claro, tolerar a omissão de socorro a uma criança já é um novo problema moral, sem contar que o aborto de uma gestação fruto de estupro não seria equivalente a apenas omitir socorro, mas a matar - na ótica pró-vida.


Herf,

Suas colocações são ótimas e para elas não há resposta definitiva.
Como disse, este é um problema moral sem solução.
Em um mundo perfeito tais impasses não existiriam e para todas as questões haveria uma decisão justa, mas no mundo real e imperfeito há situações em que se há de escolher entre opções terríveis sem certeza absoluta sobre nenhuma delas, restando apenas torcer pelo mal menor.

O problema da gravidez decorrente de estupro é que não há analogia aplicável.
Podemos claramente associar o aborto ao assassinato ou homicídio, mas uma vez associado é inadmissível a dissociação por conveniência, como disse.

Uma justificativa moral que se pode tentar à tolerância legal ao aborto de gravidez resultante de estupro é uma aposta no espírito humano.
Ao transferirmos a decisão para a mãe, depositamos nela a esperança de que decida, por vontade própria, não destruir aquela vida.
Jogar o peso de tal decisão em uma vítima de violência brutal pode parecer cinismo, mas tão ou mais grave é fazer com que uma mulher que engravidou pela força seja pela força obrigada a levar a gravidez a cabo.

No melhor espírito da lei e na melhor crença na grandeza humana, depositamos nossa esperança de que a mesma dignidade que acreditamos presente no feto, que justifica que sua vida seja protegida, se manifestará na misericórdia da mãe, que superará seus traumas e será capaz de fazer a opção mais humana.

Se não formos capazes disto e se não formos capazes de acreditar nisto, então não há porque se falar em dignidade humana e podemos aderir ao discurso citológico dos abortistas.



Excelente!! :emoticon45:

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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Herf escreveu:Misturar a questão do aborto com questões sociais.


Como liberdade?
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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:
Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.


Qual?

Cínico!

Apáte escreveu:Se o feto aos 7 meses já é um bebê normal, qual seria a diferença entre a mãe abortá-lo ou matá-lo logo após o nascimento?

Apáte escreveu:E até agora não conseguiu explicar a diferença entre um bebê nos momentos que precedem o parto e um recém-nascido

Apáte escreveu:Continua sem demonstrar qual é a diferença entre o aborto de um bebê de 9 meses e o assassinato de um recém-nascido.


A "explicação" deve ser algo como "ah, mas antes de nascer, o feto nunca usou os próprios pulmões, todo ser humano alguma vez usou os pulmões", ou "todo ser humano já passou pelo canal vaginal ou veio de uma cesárea", ou "diferentemente do óvulo, o zigoto, como todo humano, tem 46 cromossomos". Ops, essa última não, essa é do outro lado.
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Deise Garcia
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Deise Garcia »

É bom ver que este tópico deu frutos! A troca de informações em seus diversos ângulos de entendimento, sem esquecer o aprendizado, é o que existe de melhor.
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.

Trancado