Aborto - Direito ou crime?

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Apáte
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Apáte »

Nenhum assunto é mais rentável nesse espaço que aborto. 3 páginas rendeu pouco. Quando criar um tópico que não atinja a sua meta de popularidade, digite a-b-o-r-t-o que instantaneamente ele ganha 10 posts e 30 visitas.
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Deise Garcia
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Deise Garcia »

Apáte escreveu:Nenhum assunto é mais rentável nesse espaço que aborto. 3 páginas rendeu pouco. Quando criar um tópico que não atinja a sua meta de popularidade, digite a-b-o-r-t-o que instantaneamente ele ganha 10 posts e 30 visitas.


Quer saber, Apate? Estou cansada do ser humano! Ninguém deveria acessar "aborto". Acessando "´pró-vida" já seria de bom tamanho! As pessoas não respeitam: os seres humanos, caes, gatos, touros, e o que mais vier (porém todos animais)! Pelo que devemos brigar exatamente? Parece que somos causa perdida! Desistir, porque? As pessoas ainda passam fome! Sofrer pelo que? Tudo parece fazer parte de uma teia, labirinto, complo ...sem solução! Morrrer por qual causa? Não há mais causa, exceto interesses em comum onde a dignidade ficou em segundo plano. O que fazer?
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Dragão Invisível
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Dragão Invisível »

Não sou a favor do aborto, mas sim da descriminalização do mesmo. Explico: como o texto inicial do tópico afirma, há muitos abortos acontecendo todos os dias em todas as classes sociais, pois bem..., descriminalizando o aborto ao menos se garante que a saúde da mulher seja acompanhada de forma digna em hospitais e clínicas ao invés de serem praticados através de chás, remédios abortivos comprados ilegalmente, cabides e clínicas clandestinas.
O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.

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joaomichelazzo
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por joaomichelazzo »

Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:
Apáte escreveu:
joaomichelazzo escreveu:Apaté,

Paro por aqui.
Caso queria continuar o assunto, exponha seus argumentos.

Abraço,

Fiz um questionamento que até agora não foi respondido, nem será.


Qual?

Cínico!

Apáte escreveu:Se o feto aos 7 meses já é um bebê normal, qual seria a diferença entre a mãe abortá-lo ou matá-lo logo após o nascimento?

Apáte escreveu:E até agora não conseguiu explicar a diferença entre um bebê nos momentos que precedem o parto e um recém-nascido

Apáte escreveu:Continua sem demonstrar qual é a diferença entre o aborto de um bebê de 9 meses e o assassinato de um recém-nascido.


Já respondi tudo isso.
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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

Dragão Invisível escreveu:Não sou a favor do aborto, mas sim da descriminalização do mesmo. Explico: como o texto inicial do tópico afirma, há muitos abortos acontecendo todos os dias em todas as classes sociais, pois bem..., descriminalizando o aborto ao menos se garante que a saúde da mulher seja acompanhada de forma digna em hospitais e clínicas ao invés de serem praticados através de chás, remédios abortivos comprados ilegalmente, cabides e clínicas clandestinas.


Este é o argumento abortista padrão usado no Brasil.
Como o argumento abortista original "direito da mulher ao seu próprio corpo" nunca convenceu a opinião pública por aqui (vide postagem seguinte, Aborto x História das Idéias), os abortistas adotaram o discurso que hoje é oficial no Ministério da Saúde que é a classificação do aborto como problema de saúde pública.

Para referendar tal posicionamento o ministro da saúde José Gomes Temporão afirmou o absurdo que o Brasil tem um aborto induzido para cada três nascimentos.

Como evidência Temporão citou uma suposta pesquisa da UERJ que daria respaldo científico ao número

Temporão é um mentiroso.
A tal "pesquisa da UERJ" não era pesquisa e não era da UERJ.
Um professor da UERJ havia simplesmente feito uma atualização de dados estimativos divulgados há anos por ONG's filiadas ao Planned Parenthood, notória organização internacional de defesa da legalização do aborto pelo mundo.

Ou seja, os dados que Temporão apresentou como apurações da realidade brasileira atual eram apenas um requentamento de projeções feitas por aborteiros seguindo métodos completamente absurdos para inflar o resultado final da estimativa de abortos clandestinos (vide postagem posterior com detalhamento dos números).

Tudo isto desmente a falácia de que aborto seja um problema de saúde pública ou pelo menos que seja um problema de saúde pública prioritário.

No mais, pedir a legalização do aborto para que seus perpetradores não se exponham a riscos de saúde me parece tão lógico do ponto de vista jurídico quanto pedir a legalização do assalto, para que os ladrões não corram o risco de ser feridos pela polícia.

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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

Acauan escreveu:Postado originalmente em 07/05/2008 às 19:22

A maior parte dos defensores do aborto não gosta muito de História das idéias, pois se gostasse veria que suas opiniões seguem orientações ditadas pelo modismo ideológico da época.

Assim, nos anos sessenta, tempo daquela conversa mole de amor livre, paz e amor, faça amor, não faça guerra, sexo, drogas e rock'n roll e outras genialidades tais, a tônica do discurso abortista era ditado pelo feminismo libertário, que tentava estabelecer com os homens, por vias artificiais, uma igualdade que a natureza negou a elas - a possibilidade de transar sem risco de ficar grávido – privilégio nosso que enfurecia as feministas a ponto de defenderem quaisquer medidas que corrigisse esta injustiça natural, aborto incluso.

Depois de algum tempo de revolução sexual, o fato de mulher poder ir para cama com quem e quando quisesse deixou de ser novidade e de dar IBOPE, assim, o discurso feminista sexualista libertário saiu de cena, substituído pelos slogans irados dos jovens mudadores do mundos de 1968 e seus sucessores, que requentaram aquela conversa surrada que vinha desde a Revolução Francesa, do discurso engajado pela libertação dos oprimidos, incluído aí libertar as mulheres da opressão da gravidez que lhes era imposta pela sociedade burguesa e machista.

Depois também cansou e veio um novo tempo, mais, digamos, humanista, intimista e sentimental, no qual os abortistas ergueram a bandeira da defesa das milhares, centenas de milhares, dezenas de milhões de mulheres que morriam todos os anos vítimas das terríveis mazelas do aborto clandestino e, por isto, proclamavam os mais nobres sentimentos de solidariedade com estas pobres que ansiavam que os insensíveis governantes aquiescessem ao urgente apelo daquelas massas sofridas.

Algo assim como o Dancin'Days, se é que alguém aqui lembra disto.

E finalmente, quando o clamor pelas milhões de vítimas do aborto clandestino se mostrava muito mais presente no discurso político que em qualquer evidência estatística confiável, surgiu o moderníssimo discurso cientificista que com base em avançadas técnicas diagnósticas descobriu a essência da identidade humana nos resultados de exames instrumentais e laboratoriais e decretaram, com o aval de suas opiniões, quem é gente e merece viver e quem não é e não merece.

Ano que vem alguém aparece com coisa nova, quem sabe...

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Acauan
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Acauan »

Acauan em 27/06/2007 às 19:16, escreveu:Mistério resolvido.

Como a reportagem citada na abertura do tópico não forneceu maiores informações sobre os números que o exmo. ministro apresentou, exceto que vieram de uma pesquisa da UERJ, foi lá este pobre Índio buscar o que havia por trás disto, como se não tivesse coisa melhor para fazer.

Encontrei no site da Abep/ UNICAMP o estudo Estimativas de aborto induzido no Brasil e Grandes Regiões (1992-2005) de autoria de Mario Francisco Giani Monteiro e Leila Adesse, sendo o primeiro professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Centro Biomédico, Departamento de Planejamento e Administração em Saúde, conforme seu currículo no Sistema Lattes.

Logo na primeira página encontrei as respostas que procurava:


Na investigação do Alan Guttmacher Institute, foram estimados para 1991 um total de 1.443.350 abortamentos induzidos no Brasil, correspondendo a uma taxa anual de 3,65 abortamentos por 100 mulheres de 15 a 49 anos. Utilizando a mesma metodologia, o objetivo deste trabalho é atualizar as estimativas para uma série histórica de 1992 a 2005 nas Grandes Regiões do Brasil.


Estão aí o citado número de 1,4 milhões de abortos por ano e a metodologia pela qual foi obtido, a qual é detalhada na página 3 do mesmo trabalho:

2.2 – Estimativas

2.2.1 – Número de abortos induzidos

O número de abortos induzidos foi estimado multiplicando-se por cinco o número de internações por abortamento registradas no SIH-SUS, aceitando-se a hipótese, proposta na investigação do Alan Guttmacher Institute (Alan Guttmacher Institute, 1994), que, no Brasil, 20% das mulheres que induziram um aborto tiveram que ser hospitalizadas em conseqüência de complicações. Foram também utilizados como fatores de correção um sub-registro de 12,5% e descontada uma proporção de 25% de abortos espontâneos. Assim a estimativa foi obtida aplicando-se a seguinte equação:

número de abortos induzidos = número de internações por abortamento x 5 x 1,125 x 0,75


Ou seja, o método adotado considera que cada internação por abortamento registrada no SUS, seja este abortamento espontâneo ou provocado, implica em cinco abortamentos induzidos, enquanto apenas uma em cada cinco internações no SUS por abortamento se refeririam a abortos espontâneos.

Notem que o objetivo do trabalho é atualizar os dados do levantamento original The practice of induced abortion in Latin América, feito pelo Alan Guttmacher Institute, uma ONG que se apresenta como centro de pesquisas de saúde sexual e reprodutiva e de educação e políticas públicas.
Assim, fica claro que os autores não questionaram a validade do método ou a veracidade dos dados originais, apenas partem deles para executar uma atualização de dados, condição explícita na citação de que os métodos e dados originais foram tomados apenas como hipótese aceita.

Bem, aqui o Índio Velho poderia mergulhar nos números de Alan Guttmacher e escarafunchar até onde é vero dizer que há cinco abortos clandestinos para cada internação ou se de fato apenas 20% das internações por aborto são de causa espontânea.

Como me é de hábito, preferi o caminho mais cômodo para mim e talvez mais incômodo para outros de levantar quem é Alan Guttmacher e seu instituto.

A resposta veio rápida como o google.

Alan Guttmacher Institute é uma ONG militante na defesa do aborto, ligada à Planned Parenthood, uma espécie de federação de clínicas de aborto, da qual o próprio Guttmacher foi presidente.

Conclusão: o safado do excelentíssimo senhor ministro da saúde apresentou à nação como prova de que o aborto induzido é um problema de saúde pública, um número tirado de uma estimativa requentada de dados e métodos estabelecidos por uma choldra internacional de aborteiros, sem se dar ao trabalho de informar este pequeno detalhe, preferindo apenas associar o tal número à Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Pior, seja por má fé ou incompetência, o safado omitiu que segundo o próprio estudo citado o número de 1,4 milhão é de 1991, sendo que os próprios gráficos de referência mostram queda contínua desde então até 2005.

Como disse, um safado.
Nós, Índios.

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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Eu não vejo como significativo esse argumento de "há muitos abortos em condições calamitosas", nem a contra argumentação de que "é pura especulação".

É mais um caso de partir de princípios diferentes e usar como argumento considerações que só valem a partir do momento em que se assume um ponto de partida e não o outro.

Não é porque morrem muitas mulheres (ou quantas morram) em abortos clandestinos que eles deveriam ser legalizados*, mas apenas porque não se vê nada de errado no aborto em si (ao menos dentro de um período de tempo) para começar.

Da mesma forma, não é porque "não morrem mulheres suficientes para justificar a legalização, ainda são muito poucas" que se é contra o aborto, mas por se considerar que é errado para começar. Tal argumento é como dizer que muitas mulheres morrem quando tentam assassinar os filhos sem contratar um matador profissional. Não importa quantas fossem, jamais justificaria que fosse legal contratar matadores profissionais para matar os filhos.


* Com a ressalva de que, qualquer que seja o número, não é exatamente "desprezível" uma vez que se parte do princípio de que não há nada de erado com o aborto em dados termos. Então o "argumento" seria mais pela urgência dessa legalização para aqueles que já não enxergam problemas com ele, da mesma forma que se falaria sobre a urgência de algo como vacinação, transfusões de sangue, contracepção, ou o que for, numa situação onde não fosse legalizado e isso afetasse pessoas de forma não exatamente excepcional, mesmo que não fosse nenhum número absurdo.
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zumbi filosófico
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por zumbi filosófico »

Dragão Invisível escreveu:Não sou a favor do aborto, mas sim da descriminalização do mesmo.


Acho que é o caso com todos. Desconheço quem defenda o aborto como "prática", como lazer, ou sei lá o que. É como recurso.

Da mesma forma que nós transfusionistas/transplantistas/cirurgistas não defendemos que se fique fazendo transfusões de sangue, transplantes de órgãos ou cirurgias por ser divertido.
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Herf
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Herf »

zumbi filosófico escreveu:
Herf escreveu:Misturar a questão do aborto com questões sociais.


Como liberdade?

Também. A única questão relevante no debate sobre aborto é se há ou não dignidade humana em um zigoto - ou ao menos dignidade o bastante para que sua gestação não seja interrompida arbitrariamente - e, em caso negativo, a partir de que ponto da gestação pode-se considerar o ser humano em formação como dotado de dignidade humana.

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Anna
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Re: Aborto - Direito ou crime?

Mensagem por Anna »

Herf escreveu:
zumbi filosófico escreveu:
Herf escreveu:Misturar a questão do aborto com questões sociais.


Como liberdade?

Também. A única questão relevante no debate sobre aborto é se há ou não dignidade humana em um zigoto - ou ao menos dignidade o bastante para que sua gestação não seja interrompida arbitrariamente - e, em caso negativo, a partir de que ponto da gestação pode-se considerar o ser humano em formação como dotado de dignidade humana.


caiu no meu twitter hoje, vou ver se consigo a tese: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/d ... e-e-pessoa
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.

Trancado