Plebiscito pelo fim do latifúndio

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Jack Torrance
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Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Jack Torrance »

Ato concreto do povo brasileiro contra o latifúndio no Brasil, de 1 a 7 de setembro

O Brasil é o segundo país no mundo que mais concentra Terras, perde apenas para o Paraguai. Essa realidade pode começar a mudar com um limite determinado por lei às propriedades rurais. Vote no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra

http://www.limitedaterra.org.br/noticia ... php?id=241
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”

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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

E o povo sabe dos fatos, dos prós e contras? Ou vai seguir o que o MST mandar?
Cada lado vai ser apresentado de forma isenta ou os ruralistas serão os vilões?

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Apo
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Apo »

Barbaridade. O Comunismo das bananas se alastrando.

O "povo" é quem? Se for a laia que apóia ganhar terras de presente ( pra fazer qualquer coisa com elas, desde que sejam dadas de presente e arrancadas dazelite). Vai seguir o que manda o MST, sim.
Todo vagabundo vai poder se auto-intular "agricultor" ou "ruralista", mesmo que passe os trocos na terra e siga em frente faturando, já que tem governo pra custear a causa.

E os governantes que têm terras? Vai abrir mão delas também? Eles produzem o quê nelas? Festas? Contrabando? Criam gado para exportação privilegiada? Queimam provas contra eles mesmos?
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Huxley
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Huxley »

Esse conceito de confisco decidido por voto popular obviamente vai poupar as terras das casas de campo e os quintais dos intelectuais esquerdistas que idealizaram o projeto. Todo esquerdista fã de furto e confisco que se preze só quer ser socialista com a propriedade dos outros. Que tal um plebiscito para criar uma lei proibindo alguém ser bilionário? Afinal, essa ideia segue a mesma filosofia de que "a riqueza de uns é a miséria dos outros" demonstrada no site acima.

Enquanto isso, um candidato a dono de pequeno negócio urbano pode precisar passar inicialmente pela "via-crúcis" da papelada de uma junta comercial e ser devorado pelos impostos escorchantes deste país, além de ser obrigado por lei a contratar um contador. Não adianta reclamar da distribuição de riqueza se a política econômica é uma fábrica de pobre e desincentivo ao negócio.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

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Herf
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Herf »

http://www.limitedaterra.org.br/noticiasDetalhe.php?id=241



[...]pequenas propriedades de Terra representam menos de 3% da área ocupada pelos estabelecimentos rurais, enquanto as grandes propriedades concentram mais de 43% da área.
[...]
A agricultura camponesa é responsável por 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros e brasileiras. É a agricultura camponesa responsável também por mais de 74% dos empregos gerados no campo.

Eu fico mesmo embasbacado ao ver como nenhum empresário sedento por lucros ainda se deu conta desse modelo incrivelmente superior de produção agrícola que é a pequena propriedade camponesa, capaz de produzir 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira em uma área de míseros 3% do total das áreas rurais do país. Não entendo como o grande latifúndio compete com tamanha eficiência.

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zumbi filosófico
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

Xico Graziano escreveu:[...] A unanimidade política se provou no Estatuto da Terra, promulgado pelo regime militar em novembro de 1964. Nem a turma da direita, que chutou a democracia no golpe, se opôs à desapropriação do latifúndio, um obstáculo ao progresso.

A nova lei deu nome aos bois. Os latifúndios passaram a ser divididos em dois grupos: "por dimensão" e "por exploração". No primeiro caso, 600 módulos de terra eram o limite de sua extensão, área situada entre 20 mil e 50 mil hectares, dependendo da região. Maior que isso, poderia ser desapropriado para reforma agrária. Terra dividida.

Já os latifúndios "por exploração" precisavam, independentemente de seu tamanho, provar que eram produtivos. Daí surgiram os índices de produtividade que o Incra utiliza, até hoje, para caracterizar a função social da propriedade rural. Se estiver ociosa, com baixa produção, pau nela. Vai para o assentamento dos sem-terra. Muito bem.

Dois cadastramentos gerais foram realizados naquela época. As estatísticas eram devastadoras, configurando forte concentração da estrutura agrária. Em 1984, atualizados, os dados serviram para fundamentar o plano de reforma agrária da Nova República. Eles mostravam que os latifúndios se apropriavam de 90% do território. Um escândalo.

O cadastro indicava existirem 305 latifúndios "por dimensão", que, somados, detinham área maior do que a explorada, na outra ponta, por milhões de pequenos agricultores. Ninguém poderia concordar com isso. Reforma agrária já.

Se a ditadura não aplicou, na prática, o Estatuto da Terra, a democracia, restabelecida, o faria. Assim, há 25 anos, se iniciava a fase moderna da reforma agrária brasileira. Seus resultados, sofríveis, frustraram as expectativas, transformando a prometida redenção da miséria rural numa polêmica interminável. Por quê?

Duas explicações importam aqui. Primeiro, destrinchando as estatísticas oficiais, verificou-se que, entre os latifúndios "por exploração", 700 mil detinham área menor que 100 hectares de terra. Quer dizer, eram "pequenos" latifúndios. Um contrassenso incompreensível. Segundo, entre os grandões, apenas um ou outro acabou efetivamente desapropriado na reforma agrária, por uma razão elementar: dificilmente eles eram encontrados nas vistorias de campo. Representavam enormes terras griladas, cadastradas no Incra, porém fictícias. Latifúndios "fantasmas".

O equívoco desnorteou os agraristas. Estava em curso um processo de modernização agropecuária que, hoje, caracteriza o capitalismo no campo. Nos últimos 30 anos, o latifúndio transformou-se em grande empresa rural, mantendo-se grande, mas tornando-se produtivo. Integrado com a agroindústria, ao lado de fortes cooperativas, constitui o complexo chamado agronegócio.

Após a Constituição de 1988, mudou a lei agrária. Desapareceram as antigas denominações do latifúndio, substituídas pela nova caracterização econômica da grande propriedade: produtiva ou improdutiva. Até hoje, entretanto, o conceito histórico, tão marcante, permanece sendo utilizado. E, infelizmente, deformado.

João Pedro Stédile, ideólogo do MST, caracteriza atualmente o latifúndio como a propriedade rural que, embora cultivando café, soja, cana, eucalipto, ou utilizada na pecuária, ocupe área superior a mil hectares. Ponto. Não interessa se utiliza tecnologia, paga bem aos empregados ou conserva o solo. Importa apenas o tamanho, aliás, bem abaixo dos antigos latifúndios "por dimensão".

Ora, o modelo agrícola do País, ainda concentrador, pode ser criticado. Mas o latifúndio sempre caracterizou relações atrasadas de produção, mau uso da terra, servilismo. Confundir a empresa capitalista no campo com a propriedade oligárquica entorpece o raciocínio. Latifúndio produtivo soa ilógico.

Curiosa a mente das pessoas. Há quem, não percebendo que o mundo mudou, repete o mesmo chavão a vida toda. Tromba com a realidade. Outros, mais inteligentes, sabem das mudanças. Mas, para manter o discurso atrasado, escondem-se na mentira dos conceitos. Deturpam a realidade.



Publicado em O Estado de S. Paulo

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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Até parece que distribuir terra vai torná-la automaticamente produtiva ou, no mínimo, vai resolver o problema de quem a recebe.

Até parece que o objetivo a ser atingido é "cada família um lote".

O objetivo é produzir comida da forma mais eficiente e barata possível, e não desperdiçar terra com ranchinhos familiares que mal sustentarão seus ocupantes.

Alguém cobra produtividade dos assentados? Ou o fato de estarem assentados já é o suficiente?

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zumbi filosófico
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

Sem falar que nem há um problema de produtividade, muito pelo contrário. O Brasil é praticamente inspiração para o mundo em produtividade agrícola:


AUGUST 26, 2010

Brazil's Agricultural Miracle

[...]
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The basic ingredients of Brazil’s success—agricultural research, capital-intensive large farms, openness to trade and to new farming techniques—should work elsewhere.

The increase in Brazil’s farm production has been stunning. Between 1996 and 2006 the total value of the country’s crops rose from 23 billion reais ($23 billion) to 108 billion reais, or 365%. Brazil increased its beef exports tenfold in a decade, overtaking Australia as the world’s largest exporter. It has the world’s largest cattle herd after India’s. It is also the world’s largest exporter of poultry, sugar cane and ethanol (see chart 2). Since 1990 its soyabean output has risen from barely 15m tonnes to over 60m. Brazil accounts for about a third of world soyabean exports, second only to America. In 1994 Brazil’s soyabean exports were one-seventh of America’s; now they are six-sevenths. Moreover, Brazil supplies a quarter of the world’s soyabean trade on just 6% of the country’s arable land

[...]

http://nextbigfuture.com/2010/08/brazils-agricultural-miracle.html



Críticas são sempre possíveis, como melhor uso da água em algumas culturas, problemas decorrentes de monoculturas, mas a solução para essas coisas não é simplesmente expropriar, pilhar e redistribuir para pessoas que talvez na maior parte, nunca tenham sido trabalhadores rurais realmente, sendo apenas pobres favelados que caíram no logro do MST.
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

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Botanico
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Botanico »

Dos assentamentos já efetivados desde o início, quantos deram certo?

Em reportagens do Globo Rural, usualmente é mostrado que as famílias, sozinhas, não saem da miséria e a tal "pequena propriedade camponesa" não produz muito mais do que o necessário para alimentar a família que ocupa a tal propriedade...

Os assentados que progrediram foram os que formaram cooperativas, recebendo apoio técnico e profissional. Mas o MST & Cia Bela alguma vez providenciou isso aos assentados? Ou a única coisa que sabem dizer é que o Socialismo é lindo e maravilhoso?

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zumbi filosófico
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

Botanico escreveu:Dos assentamentos já efetivados desde o início, quantos deram certo?

Em reportagens do Globo Rural, usualmente é mostrado que as famílias, sozinhas, não saem da miséria e a tal "pequena propriedade camponesa" não produz muito mais do que o necessário para alimentar a família que ocupa a tal propriedade...

Os assentados que progrediram foram os que formaram cooperativas, recebendo apoio técnico e profissional. Mas o MST & Cia Bela alguma vez providenciou isso aos assentados? Ou a única coisa que sabem dizer é que o Socialismo é lindo e maravilhoso?


[...] Portal - Em entrevista recente ao programa Jô Soares, o senhor disse que muitas famílias depois de assentadas, não ficam na propriedade, vendem, alugam ou repassam a terra. Por que isso ocorre?

Graziano: Isso ocorre, primeiro, porque muitas famílias não têm aptidão e nem cultura rural para lidar com a terra. Ou já perderam os vínculos que tinham com o campo ou nunca tiveram sequer um vínculo com a agricultura, com a terra. Para ser agricultor é necessário cultura, aptidão, não é qualquer um que pode virar agricultor. A atividade agrícola não é como essas profissões urbanas, em que as pessoas podem ser treinadas para desempenhar o trabalho. O trabalho de quem mexe com a terra é no sol, isolado, é distante, não tem sábado, não tem domingo. Então é tudo diferente. E todos esses fatores determinam uma certa cultura, uma forma de viver. Essa é a principal razão. A segunda razão é que muitas dessas pessoas assentadas são colocadas em projetos que não possuem finalidade econômica, isto é, o projeto não se destina a alguma coisa, não tem um propósito senão colocar, simplesmente, essas pessoas assentadas para ver o que acontece. Não existe começo, meio e fim; não tem a parte seguinte, a parte final, que é o mercado. Então se os assentados já não têm aptidão, não encontram mercado e não sabem como e o quê produzir, eles se sentem desarticulados de uma agroindústria ou de uma cooperativa, por exemplo. Não há uma perspectiva animadora de quem sabe vender ou exportar a produção. O que acontece, então, é que o sujeito fica lá um ou dois anos e não agüenta. Vende, abandona, aluga a propriedade. E o governo não tem como controlar esse movimento porque muita coisa já foi feita neste contexto. Só no governo Fernando Henrique foram assentadas mais de 500 mil famílias. A estrutura governamental não dá conta de cuidar disso. E também não quer muito.

http://www.fazendeiro.com.br/noticias/E ... a_Neto.asp
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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Botanico escreveu:Os assentados que progrediram foram os que formaram cooperativas, recebendo apoio técnico e profissional. Mas o MST & Cia Bela alguma vez providenciou isso aos assentados? Ou a única coisa que sabem dizer é que o Socialismo é lindo e maravilhoso?

No começo, quando ainda havia agricultores de verdade para receber terras, houve casos de sucesso, como um grupo que formou uma cooperativa e uniu suas terras.
Começaram a dar lucro e lá veio o MST invadir. Não me lembro o que alegaram (monocultura, latifúndio?), mas provavelmente consideraram esse grupo como traidores.

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Huxley
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Huxley »

Na verdade, o Brasil já bancou centenas de milhares de assentamentos nos últimos anos, só que apenas focando nas propriedades improdutivas (e com pagamento de indenização por desapropriação). Qualquer proposta de ação diferente disso é conversa de MST e PSTU. Tem um estatística de uma reportagem especial da Veja em 2003* que dizia que o governo gastava até 30.000 reais com cada família que ganha um pedaço de terra. A criação de um emprego no comércio custa 40.000 reais. Na indústria, 80.000. No primeiro caso, o dinheiro vem dos cofres estatais e nos últimos, da iniciativa privada. Por outro lado, estimava-se que 76,7% dos 30.000 reais voltassem na forma de impostos e de pagamentos de empréstimos adiantados. Além disso, de acordo com um censo realizado pelo Incra, 70% dos assentados já trabalhavam em alguma atividade rural.

No Brasil, o argumento a favor da reforma agrária não é que esta aumente a produtividade agrícola e sim que evita que as metrópoles fiquem inchadas com desempregados do campo. A ideia é que grande parte dos trabalhadores do campo não tem condições para ser trabalhador urbano ou que as metrópoles não suportariam o êxodo rural...Claro, em parte, isso é culpa do governo que transforma num inferno a vida de qualquer pessoa que queira abrir um negócio...Enquanto o Brasil não fizer uma reforma urbana RADICAL, acho que a reforma agrária pode sim ser uma solução de curto prazo.

* Link: http://veja.abril.com.br/idade/exclusiv ... a_agraria/
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

O problema é que esses "desempregados do campo" vêm das cidades, e não deixam de ser desempregados ao ir tentar ser trabalhadores rurais, mesmo depois de conseguirem terras -- já são raras as improdutivas, e ainda é uma fração dessas as que aceitam -- em boa parte do tempo.

Portal - A economia brasileira tem condições de suportar os custos de uma reforma agrária com a crescente valorização da terra?

Graziano:
Nas contas atuais, feitas por mim, para o governo assentar uma família ele gasta em média 50 mil reais. Esse dinheiro é para assentar e garantir os primeiros créditos com instalação, o financiamento do Pronaf e algumas despesas. Porque a terra é muito cara, ela se valorizou muito. O Incra, há um ano, quando soltou sua programação, falou em 31 mil reais em média, mas a média aqui em São Paulo ou no Paraná já chegava aos 50, 60 mil reais. No Amazonas ou no Pará, esse número caía para 10, 12 mil reais. Então isso tudo mais ou menos dobrou por conta do aumento do preço da terra. Calculando, só a terra custa cerca de 15 mil reais. O governo Lula assentou até agora muito menos que 50 mil famílias e prometeu assentar, até o fim do governo, 400 mil famílias. Para isso, ele teria que assentar este ano 115 mil famílias. Mas não há hipótese de que ele consiga chegar ao número prometido, porque ele não vai achar terra, não vai achar gente e não tem dinheiro. Ainda bem que o governo não vai assentar mais ninguém, porque o importante é cuidar dos que já foram assentados, dos agricultores tradicionais. O drama do Brasil hoje está nos "com-terra", os sem-terra fazem parte do drama das décadas de 70 e 80. Hoje a questão a ser discutida é como manter nossos agricultores, porque o mundo inteiro não conseguiu manter.

[...]

Portal - Em entrevista recente ao programa Jô Soares, o senhor disse que muitas famílias depois de assentadas, não ficam na propriedade, vendem, alugam ou repassam a terra. Por que isso ocorre?

Graziano:
Isso ocorre, primeiro, porque muitas famílias não têm aptidão e nem cultura rural para lidar com a terra. Ou já perderam os vínculos que tinham com o campo ou nunca tiveram sequer um vínculo com a agricultura, com a terra. Para ser agricultor é necessário cultura, aptidão, não é qualquer um que pode virar agricultor. A atividade agrícola não é como essas profissões urbanas, em que as pessoas podem ser treinadas para desempenhar o trabalho. O trabalho de quem mexe com a terra é no sol, isolado, é distante, não tem sábado, não tem domingo. Então é tudo diferente. E todos esses fatores determinam uma certa cultura, uma forma de viver. Essa é a principal razão. A segunda razão é que muitas dessas pessoas assentadas são colocadas em projetos que não possuem finalidade econômica, isto é, o projeto não se destina a alguma coisa, não tem um propósito senão colocar, simplesmente, essas pessoas assentadas para ver o que acontece. Não existe começo, meio e fim; não tem a parte seguinte, a parte final, que é o mercado. Então se os assentados já não têm aptidão, não encontram mercado e não sabem como e o quê produzir, eles se sentem desarticulados de uma agroindústria ou de uma cooperativa, por exemplo. Não há uma perspectiva animadora de quem sabe vender ou exportar a produção. O que acontece, então, é que o sujeito fica lá um ou dois anos e não agüenta. Vende, abandona, aluga a propriedade. E o governo não tem como controlar esse movimento porque muita coisa já foi feita neste contexto. Só no governo Fernando Henrique foram assentadas mais de 500 mil famílias. A estrutura governamental não dá conta de cuidar disso. E também não quer muito.

Portal - Uma das grandes críticas feitas ao atual governo é a lentidão em relação à questão agrária. Os planos iniciais estão longe de serem cumpridos. Faltam verbas ou vontade política?

Graziano:
Uma das falhas graves dos governos incide na cultura da reforma agrária, mais ou menos como eu disse na questão anterior. Parece que o processo de implementação de uma reforma agrária termina quando a pessoa entra na propriedade. Nunca ninguém se preocupou em calcular se essa terra produz, se não produz. É um fato lamentável, que eu denuncio muito e sobre o qual eu escrevo como economista rural. É como se o simples fato de ter colocado alguém em um pedaço de terra já fosse o suficiente, já tivesse valido a pena. E, claramente, não está valendo a pena. Mas isso não tem a ver com vontade política, eu não sei o que é isso. Vontade política o PT tinha, mas não é isso que falta. O que falta são posições e condições objetivas para se fazer uma coisa bem feita. Falta planejamento, falta agronomia, é isso que falta para a reforma agrária. A política é que atrapalhou e acabou com a reforma agrária. É preciso reinventar a reforma agrária no Brasil. O PT não consegue fazer a reforma tradicional, a qual ele achava ser o supra sumo e viu que não é, e agora não sabe o que fazer com o MST.

[...]

http://web.archive.org/web/200807150049 ... _Neto.asp#



(passei o link para o arquivo do web archive porque o site mesmo estava acusando ameaça de badware e esse tipo de coisa)
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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Huxley escreveu:No Brasil, o argumento a favor da reforma agrária não é que esta aumente a produtividade agrícola e sim que evita que as metrópoles fiquem inchadas com desempregados do campo. A ideia é que grande parte dos trabalhadores do campo não tem condições para ser trabalhador urbano ou que as metrópoles não suportariam o êxodo rural...

Faz sentido, mas tem tanto valor como criar uma lei obrigando a que todos os documentos oficiais sejam datilografados para que os operários das fábricas de máquinas de escrever não fiquem desempregados.

"Trabalhador do campo" é uma coisa que está desaparecendo aos poucos com a mecanização, a não ser no caso de algumas culturas que exigem maiores cuidados.

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Aranha
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Aranha »

Fernando Silva escreveu:
Huxley escreveu:No Brasil, o argumento a favor da reforma agrária não é que esta aumente a produtividade agrícola e sim que evita que as metrópoles fiquem inchadas com desempregados do campo. A ideia é que grande parte dos trabalhadores do campo não tem condições para ser trabalhador urbano ou que as metrópoles não suportariam o êxodo rural...

Faz sentido, mas tem tanto valor como criar uma lei obrigando a que todos os documentos oficiais sejam datilografados para que os operários das fábricas de máquinas de escrever não fiquem desempregados.

"Trabalhador do campo" é uma coisa que está desaparecendo aos poucos com a mecanização, a não ser no caso de algumas culturas que exigem maiores cuidados.


- Na Europa e nos EUA a base da mecanização no campo não é o latifúndio e sim a agroindústria, a maioria das propriedades é de pequeno e médio portem que fornecem para grandes indústrias processadoras de alimentos.

- É um assunto que rende um bom debate, mas deveria ser debatido sem ideologia, entregar terra para "fazer justiça" ou "assistência social" é furada.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Alcioneijr
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Alcioneijr »

Essa questão de latifúndios de terras sempre me deixou puto da cara. O que dá a uma pessoa o direito de ser dona de áreas de terras no tamanho de um estado? Justiça? A mesma justiça que loteou essas terras 500 anos atrás?
Vivemos em uma democracia e agora quem decide o que fazer com os recursos naturais do país é a maioria. E a maioria certamente irá e optar por um parcelamento mais justo do solo, de forma a garantir a produtividade e disponibilidade de terras para quem deseja trabalhar nela.
Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).

É simples ou não é?

Fui!
Ateísmo como pura vaidade é mais um dogma de certeza que não existe.

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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Alcioneijr escreveu:Essa questão de latifúndios de terras sempre me deixou puto da cara. O que dá a uma pessoa o direito de ser dona de áreas de terras no tamanho de um estado? Justiça? A mesma justiça que loteou essas terras 500 anos atrás?

Baseado nisto, vamos desocupar o Brasil e devolver as terras aos índios.
Alcioneijr escreveu:Vivemos em uma democracia e agora quem decide o que fazer com os recursos naturais do país é a maioria.

A democracia é a escolha dos representantes pela maioria e não a imposição da vontade da maioria em todo e qualquer caso. Se a maioria resolver lhe matar, você acharia justo?
Alcioneijr escreveu:E a maioria certamente irá e optar por um parcelamento mais justo do solo, de forma a garantir a produtividade e disponibilidade de terras para quem deseja trabalhar nela.

Você tem estatísticas que mostrem isto? E, se a maioria achar isto, será que eles sabem do que estão falando ou foram influenciados pela propaganda das esquerdas?

Em que o "parcelamento mais justo do solo" garante a produtividade? O que tem uma coisa a ver com a outra?

Se a maioria decide, devemos deixar que ela defina a taxa de juros? A pena de morte para bandidos?
Alcioneijr escreveu:Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).

É simples ou não é?

Mais impostos? Já não bastam os atuais? Uma parte enorme do que pagamos pelos produtos e serviços é constituída de impostos e você ainda quer aumentá-los?

Será que há terras não produtivas que ainda não estejam nas mãos de assentados?
E será que as terras dos assentados se tornaram produtivas? Se não, não seria o caso de tomá-las de volta?

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Alcioneijr
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Alcioneijr »

Fernando Silva escreveu:
Alcioneijr escreveu:Essa questão de latifúndios de terras sempre me deixou puto da cara. O que dá a uma pessoa o direito de ser dona de áreas de terras no tamanho de um estado? Justiça? A mesma justiça que loteou essas terras 500 anos atrás?

Baseado nisto, vamos desocupar o Brasil e devolver as terras aos índios.

Claro que não. Isso é só para lembrar que ninguem comprou a terra dos indios.

Fernando Silva escreveu:
Alcioneijr escreveu:Vivemos em uma democracia e agora quem decide o que fazer com os recursos naturais do país é a maioria.

A democracia é a escolha dos representantes pela maioria e não a imposição da vontade da maioria em todo e qualquer caso. Se a maioria resolver lhe matar, você acharia justo?


Em alguns países a maioria optou pela pena de morte. Se é justo ou não vai depender da moral e costumes de cada povo. É uma decisão que a maioria tomou e esta arcará com as consequencias da decisão. Isso é democracia.

Fernando Silva escreveu:
Alcioneijr escreveu:E a maioria certamente irá e optar por um parcelamento mais justo do solo, de forma a garantir a produtividade e disponibilidade de terras para quem deseja trabalhar nela.

Você tem estatísticas que mostrem isto? E, se a maioria achar isto, será que eles sabem do que estão falando ou foram influenciados pela propaganda das esquerdas?
Em que o "parcelamento mais justo do solo" garante a produtividade? O que tem uma coisa a ver com a outra?
Se a maioria decide, devemos deixar que ela defina a taxa de juros? A pena de morte para bandidos?


Me parece uma coisa meio óbvia né. Afinal todos querem o melhor pra suas vidas. Façamos um plebiscito.

Disponibilidade de terra pra quem deseja produzir garante a produtividade com todo certeza!

Sim. Na democracia quem deve descidir é a maioria. Se não descide daí é uma outra questão.

Fernando Silva escreveu:
Alcioneijr escreveu:Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).
É simples ou não é?
Será que ainda há terras não produtivas que já não estejam nas mãos de assentados?


Terra não falta no Brasil. Se os assentados não produzirem nas suas terras, também irão perdê-las segundo a minha proposta.

Fernando Silva escreveu:E será que as terras dos assentados se tornaram produtivas? Se não, não seria o caso de tomá-las de volta?

[/quote]
A idéia do imposto é essa:
Produziu=Consegue pagar o imposto e continua com a terra.
Não produziu=Entrega a terra pra alguém que tenha competencia para isso e vai fazer outra coisa da vida.
Ateísmo como pura vaidade é mais um dogma de certeza que não existe.

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zumbi filosófico
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por zumbi filosófico »

Alcioneijr escreveu:Essa questão de latifúndios de terras sempre me deixou puto da cara.


O problema é que na maior parte é mito/propaganda.


O que dá a uma pessoa o direito de ser dona de áreas de terras no tamanho de um estado? Justiça? A mesma justiça que loteou essas terras 500 anos atrás?


Não tem terras dessa extensão há um bom tempo, porque, mesmo antes dessa proposta, já havia o conceito de latifúndio "por dimensão", além de por improdutividade, e a reforma agrária já vem sendo feita há algum bom tempo, sendo raras ou inexistentes as propriedades que se classifiquem como latifúndios por improdutividade ou pelos padrões legais vigentes de latifúndio por extensão.

Acredito que, na maior parte do tempo, atualmente, os donos de grandes terras sejam simplesmnete pessoas que tenham pago por elas, eventualmente herdado, em alguns casos. Para ambos os casos, mas especialmente para o primeiro, não há nada que devesse causar indignação no direito deles serem donos daquilo que compraram legalmente.


Vivemos em uma democracia e agora quem decide o que fazer com os recursos naturais do país é a maioria. E a maioria certamente irá e optar por um parcelamento mais justo do solo, de forma a garantir a produtividade e disponibilidade de terras para quem deseja trabalhar nela.


Tomara que a maioria seja melhor informada e que entenda que a produtividade do Brasil é já exemplar ao redor do mundo todo (o que em parte se deve aos grandes produtores) e que não há realmente uma injustiça perpetrada por aqueles que são donos legais de suas terras hoje em dia, contra aqueles que foram convencidos de que poderiam ter uma vida feliz se fossem tentar ser trabalhadores rurais, mas não têm dinheiro para comprar terras. Da mesma maneira que aqueles que têm carros ou os produzem não cometem injustiça alguma com aqueles que imaginam que seria bom poderem ser taxistas, mas não têm carro.



Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).

É simples ou não é?

Fui!


Bem, a produtividade só vem aumentando a passos largos, não sei se se deveu significativamente à reforma agrária já executada (possivelmente, mas não sei de muitos casos de sucesso famosos, parece que, especialmente após o MST, o que mais se têm são favelas rurais), então não sei se isso chega a ser necessário. Acho que é meio exagerado o "medo" do latifúndio, que, como disse, já é essencialmente inexistente. Pense que você é um latifundiário. O quanto ganha com suas terras lá, paradas, só como patrimônio. Nada. Então o melhor seria investir, alugar, ou vender. O problema é que, talvez você não tenha dinheiro para isso, e outras pessoas não tenham dinheiro para comprar. Aí a coisa complica, especialmente se você for mesmo dono das terras, tiver pago por elas, não vai querer simplesmente dar de presente para quem quer tê-las como fonte de subisistência, evnetualmente perdendo por usucapião, se não conseguir um comprador ou um negócio que ao menos não fosse te representar prejuízo.

Mas isso não deve ser muito comum. E para aqueles que já produzem, bem, o interesse econômico deles mesmos é produzir tanto mais quanto possam produzir, na menor extensão possível. Aí o problema nem é tanto o latifúndio como terreno improdutivo em si, mas justamente vigiar para que não haja desmatamento de matas virgens e outras preocupações ecológicas. Preocupações essas que não seriam todas sanadas simplesmente se dividindo as terras ou mesmo cobrando mais impostos, sendo até talvez esses caminhos para piorar a situação.
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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Alcioneijr escreveu:
Fernando Silva escreveu:A democracia é a escolha dos representantes pela maioria e não a imposição da vontade da maioria em todo e qualquer caso. Se a maioria resolver lhe matar, você acharia justo?


Em alguns países a maioria optou pela pena de morte. Se é justo ou não vai depender da moral e costumes de cada povo. É uma decisão que a maioria tomou e esta arcará com as consequencias da decisão. Isso é democracia.

Não funciona. A maioria não está capacitada a decidir, por isto mesmo escolhe quem lhe parece que estará. Eu, por exemplo, não saberia definir as taxas de juros e tenho que confiar no Banco Central.

Não sei se você já percebeu, mas a virtude e o talento não são regra, são exceção.
Eu não quero que o mesmo povinho que elegeu bandidos presos, aqui no Rio, decida cada detalhe da minha vida.

Se para tudo houver uma consulta ao povo, será um festival de erros, manipulações e injustiças.

Alcioneijr escreveu:
Fernando Silva escreveu:Se a maioria decide, devemos deixar que ela defina a taxa de juros? A pena de morte para bandidos?


Me parece uma coisa meio óbvia né. Afinal todos querem o melhor pra suas vidas. Façamos um plebiscito.

Sim, querem o melhor para suas vidas e que se danem os outros. Ou, mesmo com a melhor das intenções, não têm capacidade para escolher certo.
Já foi a uma reunião de condomínio? Acabam sendo tomadas as decisões que algum grupo queria. O resto da assembleia nem pensa direito no que está votando, apenas segue quem sabe falar melhor. Ou vota logo para se livrar.
Alcioneijr escreveu:Disponibilidade de terra pra quem deseja produzir garante a produtividade com todo certeza!

Querer ajuda, mas não é poder.
Acho que você anda lendo muito livro de auto-ajuda.
Alcioneijr escreveu:Sim. Na democracia quem deve descidir é a maioria. Se não descide daí é uma outra questão.

Tudo bem, se decidirem que você deve morrer, então você aceitará sem discutir.
Alcioneijr escreveu:
Fernando Silva escreveu:Será que ainda há terras não produtivas que já não estejam nas mãos de assentados?

Terra não falta no Brasil.

Mas está sobrando, sem uso?

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Alcioneijr
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Alcioneijr »

zumbi filosófico escreveu:
Alcioneijr escreveu:Essa questão de latifúndios de terras sempre me deixou puto da cara.


O problema é que na maior parte é mito/propaganda.


Será? Tempos atraz eu vi uma reportagem no jornal onde um extrangeiro havia comprado uma área enorme de terras na Amazônia. Te pergunto? O que essa pretende fazer com uma áreas desse tamanho? Investimento futuro? Esses investidores certamente serão os futuros patrocinadores de politicos que futuramente irão viabilizar a exploração/valorização das terras adquiridas.

zumbi filosófico escreveu:
Alcioneijr escreveu:O que dá a uma pessoa o direito de ser dona de áreas de terras no tamanho de um estado? Justiça? A mesma justiça que loteou essas terras 500 anos atrás?


Não tem terras dessa extensão há um bom tempo, porque, mesmo antes dessa proposta, já havia o conceito de latifúndio "por dimensão", além de por improdutividade, e a reforma agrária já vem sendo feita há algum bom tempo, sendo raras ou inexistentes as propriedades que se classifiquem como latifúndios por improdutividade ou pelos padrões legais vigentes de latifúndio por extensão.
Acredito que, na maior parte do tempo, atualmente, os donos de grandes terras sejam simplesmnete pessoas que tenham pago por elas, eventualmente herdado, em alguns casos. Para ambos os casos, mas especialmente para o primeiro, não há nada que devesse causar indignação no direito deles serem donos daquilo que compraram legalmente.


Existe uma grande diferença em ser dono uma caneta por exemplo e ser dono de um pedaço de terra. A caneta é um produto manufaturado e teve trabalho humano até se tornar uma caneta. Portanto justifica-se a cobrança de uma valor por ela. Agora um pedaço de terra é um recurso natural que esteve e estará alí por milhões de anos e por esse motivo, por não ter sido produzido pelo homem, ao meu ver não deveria ser negociável como um produto.
Quanto aos que compraram terras legalmente... voltando um século para traz, veremos uma situação parecida. Na quela época era permitida a comercialização de escravos. Os donos dos escravos também alegavam que haviam pago caro pelo recurso e que não achavam justo ter que libertá-lo. Portanto não concordo com o seu argumento.

zumbi filosófico escreveu:
Alcioneijr escreveu:Vivemos em uma democracia e agora quem decide o que fazer com os recursos naturais do país é a maioria. E a maioria certamente irá e optar por um parcelamento mais justo do solo, de forma a garantir a produtividade e disponibilidade de terras para quem deseja trabalhar nela.


Tomara que a maioria seja melhor informada e que entenda que a produtividade do Brasil é já exemplar ao redor do mundo todo (o que em parte se deve aos grandes produtores) e que não há realmente uma injustiça perpetrada por aqueles que são donos legais de suas terras hoje em dia, contra aqueles que foram convencidos de que poderiam ter uma vida feliz se fossem tentar ser trabalhadores rurais, mas não têm dinheiro para comprar terras. Da mesma maneira que aqueles que têm carros ou os produzem não cometem injustiça alguma com aqueles que imaginam que seria bom poderem ser taxistas, mas não têm carro.


Idem acima. O valor maior de um carro é o trabalho humano empregado nele. Senão seria apenas uma sucata.

zumbi filosófico escreveu:
Alcioneijr escreveu:
Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).

É simples ou não é?

Fui!


Bem, a produtividade só vem aumentando a passos largos, não sei se se deveu significativamente à reforma agrária já executada (possivelmente, mas não sei de muitos casos de sucesso famosos, parece que, especialmente após o MST, o que mais se têm são favelas rurais), então não sei se isso chega a ser necessário. Acho que é meio exagerado o "medo" do latifúndio, que, como disse, já é essencialmente inexistente. Pense que você é um latifundiário. O quanto ganha com suas terras lá, paradas, só como patrimônio. Nada. Então o melhor seria investir, alugar, ou vender. O problema é que, talvez você não tenha dinheiro para isso, e outras pessoas não tenham dinheiro para comprar. Aí a coisa complica, especialmente se você for mesmo dono das terras, tiver pago por elas, não vai querer simplesmente dar de presente para quem quer tê-las como fonte de subisistência, evnetualmente perdendo por usucapião, se não conseguir um comprador ou um negócio que ao menos não fosse te representar prejuízo.

Mas isso não deve ser muito comum. E para aqueles que já produzem, bem, o interesse econômico deles mesmos é produzir tanto mais quanto possam produzir, na menor extensão possível. Aí o problema nem é tanto o latifúndio como terreno improdutivo em si, mas justamente vigiar para que não haja desmatamento de matas virgens e outras preocupações ecológicas. Preocupações essas que não seriam todas sanadas simplesmente se dividindo as terras ou mesmo cobrando mais impostos, sendo até talvez esses caminhos para piorar a situação.


A minha sugestão é para garantir a disponibilidade de terra para quem deseja produzir nela, seja esta rica ou probre. Claro que teriam que ser feito alguns ajustes para garantir por exemplo preservação do meio ambiente.
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Alcioneijr
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Alcioneijr »

Fernando Silva escreveu:Tudo bem, se decidirem que você deve morrer, então você aceitará sem discutir.


Porra Fernando! Eu prefiro a Democracia que uma mente inteligiente e iluminada feito um Hittler por exemplo, decidindo pela maioria.

Sem a democracia essa hipotese absurda que você citou, seria muito mais provável de acontecer.
Ateísmo como pura vaidade é mais um dogma de certeza que não existe.

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Fernando Silva
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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Fernando Silva »

Alcioneijr escreveu:A minha sugestão é para garantir a disponibilidade de terra para quem deseja produzir nela, seja esta rica ou probre.

Não há terra suficiente para isto. Ela já está nas mãos de gente que produz os alimentos e outras coisas que abastecem quase 200 milhões de brasileiros e ainda sobra muito para exportar.

Estragar o que levou tanto tempo para se conseguir em nome de ideologias bem intencionadas, mas equivocadas, é besteira.

Só porque alguém quer uma terra para produzir não significa que temos que tirar de quem tem muito para dar a esse alguém.
"Fulano tem muito portanto deve ceder um pouco" não é uma boa justificativa.

Produzir com a máxima eficiência é prioritário, distribuir terras não é.

Além disto, o que é produzido por uma única pessoa necessariamente vai custar mais caro se produzido por 10 pessoas.

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Re: Plebiscito pelo fim do latifúndio

Mensagem por Acauan »

Alcioneijr escreveu:Existe uma maneira simples e bem menos traumática de resolver essa questão, que seria a criação de um IPTU rural. Faz-se um calculo de quanto se consegue produzir por metro quadrado de terra e aplica-se 10% por exemplo, sobre esse valor. Bingo! Está definida a taxa de imposto a ser aplicada por metro quadrado de terra rural. E como resultado teremos:
-Produtores utilizando o solo da melhor maneira para maximizar os seu lucros.
-Latifundiários tendo que vender suas terras por não darem conta de pagar os imposto para deixá-las parada.
-Disponibilidade de terras pra quem deseja produzir nelas(devido a grande oferta provocada pelos que não produziam nela).

É simples ou não é?


Tão simples que já foi feito.

Os chamados latifúndios improdutivos eram mantidos por seus proprietários como bens especulativos, uma vez que na época da hiperinflação as terras eram ativos que não se desvalorizavam.
Com a estabilização da economia deixou de valer a pena comprar terra como investimento especulativo, uma vez que os custos tributários e de manutenção superavam os lucros da venda. Assim, os especuladores venderam suas propriedades para produtores.
Isto somado às desapropriações da Reforma Agrária praticamente fez com que sumisse o chamado latifúndio improdutivo no Brasil, que hoje só ocupa vastas extensões na mente dos esquerdistas.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Trancado