Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

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zumbi filosófico
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por zumbi filosófico »


Ponto de vista: Claudio de Moura Castro
A cultura da repetência

"Precisamos abandonar a discussão
bolorenta da aprovação automática
versus reprovação em massa"


A promoção automática e os chamados ciclos viraram o bode expiatório do que está errado com a educação. Com Cândido Gomes, saí à busca de explicações.

Alguns países desenvolvidos permitem a reprovação. Mas não é em massa, como prática pedagógica para incentivar a aprendizagem. Outros, como o Japão, têm promoção automática. Contudo, há enorme pressão da família, dos colegas e da sociedade. Nos Estados Unidos e no Reino Unido praticamente não há reprovação, porém há possibilidade de agrupar os alunos mais e menos "fortes" em turmas diferentes. A Espanha conseguiu bons resultados não reprovando no interior de cada ciclo e está mantendo a mesma política em seu projeto de reforma. Esses países aprenderam – não sem muito empenho – a fazer com que os alunos se esforcem, sem o terror da reprovação. Comparando os países que adotam e os que não adotam a reprovação, os testes internacionais não mostram nenhuma vantagem para a prática sistemática da reprovação. Uma pesquisa recente, nos Estados Unidos, mostrou que reprovar tende a ser pior do que aprovar quem não sabe. Exceto em casos de aproveitamento muito baixo, o aprovado sem saber aprende mais na série seguinte do que o repetente.
Ilustração Ale Setti




De tempos idos, glorificamos no Brasil a "cultura da repetência", em que a marca do ensino sério era reprovar muitos alunos. Nos últimos anos, houve uma tentativa de erradicar essa prática, seja convencendo os professores de que é uma política equivocada, seja pela criação de ciclos de dois ou mais períodos, dentro dos quais não há reprovação. Obviamente, não há mágica, pois essas experiências não passam da ponta do iceberg de uma solução complexa. Não se trata somente de eliminar a reprovação, por súplica ou decreto. O que fará com que os alunos se dediquem aos estudos? Não devem nos surpreender as reclamações dos pais dos alunos de classe média, pois as ameaças de punições tenebrosas aos reprovados tinham bons resultados.

Portanto, ensaiamos um primeiro passo ao criar os ciclos escolares e frear as reprovações. Mas há que substituir o medo da reprovação por mecanismos mais saudáveis de recompensas e punições. Para haver ganhos de aprendizagem, precisamos mexer na caixa-preta da sala de aula. Mas boas idéias e pregações não resolvem o problema.

O balancete da não-reprovação no Brasil ainda está pouco claro, mas o que sabemos não permite condená-la, a priori. Um estudo cuidadoso do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito por Kaizo Beltrão e Ferrão, mostrou que "a penalização de reter o aluno na série é muito maior que a de ele estudar numa escola com o ensino organizado em ciclos". Todavia, deixar avançar um aluno não completamente alfabetizado pode ser uma péssima idéia.

A maldição de tais medidas é ser uma solução "fácil", pois elas aumentam as conclusões e os custos se reduzem, sem o trabalho árduo de melhorar a sala de aula. Portanto, para mostrar melhores resultados, algumas autoridades "sugerem" que não se reprove. Mas tampouco podemos condenar uma idéia cuja implementação não se completou. Falta construir o sistema que vai substituir o medo da repetência por outros estímulos mais eficazes, sobretudo diante de alunos heterogêneos.

Estamos diante de um dilema. A reprovação em massa é péssima. Para beneficiar os alunos de classe média, em que o medo da reprovação e das punições paternas faz milagres, não podemos voltar a um sistema de conseqüências sinistras para os mais pobres. Mas eliminar a reprovação sem melhorar a sala de aula é quase tão ruim. Escapar do dilema requer condições mínimas para o aprendizado, avaliação contínua e feedback ao aluno, com novos prêmios e sanções. Quem tropeça precisa de oportunidades concretas de recuperação paralela e atenção especial. As exigências e expectativas em relação ao aluno têm de ser realistas e sua auto-estima, tratada com carinho.

Precisamos abandonar a discussão bolorenta da aprovação automática versus reprovação em massa. O desafio é melhorar a sala de aula, de tal forma que os alunos sejam aprovados porque sabem o que precisam saber.

Claudio de Moura Castro é economista
(claudiodmc@attglobal.net)



http://veja.abril.com.br/070104/ponto_de_vista.html
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Johnny
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Johnny »

Nos Estados Unidos e no Reino Unido praticamente não há reprovação, porém há possibilidade de agrupar os alunos mais e menos "fortes" em turmas diferentes.


Em minha época era assim. Minha mãe sempre reclamava "caiu na sexta C?"
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Apo
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Apo »

Este negócio de agrupamento também não resolve nada. O menos capacitados ficam enjaulados com os vagabundos?
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Apáte
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Apáte »

Ponto de vista: Claudio de Moura Castro
A cultura da repetência

Ou a cultura do diplomismo.

"Precisamos abandonar a discussão
bolorenta da aprovação automática
versus reprovação em massa"

Precisamos aceitar logo o meu ponto de vista sem nem mesmo discuti-lo.

A promoção automática e os chamados ciclos viraram o bode expiatório do que está errado com a educação. Com Cândido Gomes, saí à busca de explicações.

Saiu já com um resultado em mente, procurou apenas explicações favoráveis a esse resultado.
Pra quem tanto critica:
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Alguns países desenvolvidos permitem a reprovação. Mas não é em massa, como prática pedagógica para incentivar a aprendizagem.

Já começa com uma mentira descarada. Não há, nem nunca houve, reprovação em massa ou reprovação coletiva no Brasil. Não há, nem nunca houve, sequer uma escola que reprovasse os demais alunos da classe por causa do mau desempenho de um estudante em particular. Toda reprovação no Brasil é individual. Se há muitos alunos sendo reprovados, é porque há muitos alunos que não aprenderam a matéria. Simplesmente passá-los pra frente sem que eles tenham aprendido é tapar o sol com a peneira.

Além disso, a regra hoje em escolas públicas é permitir a aprovação para que ele não consuma a mesma vaga mais de uma vez, e nas escolas particulares, aprovar para não perder o cliente, logo não é a realidade brasileira essa mentira descarada que há muitos alunos sendo reprovados.
Há muitos que não aprendem, mas todos saem com seu diploma de término de curso em mão.

Outros, como o Japão, têm promoção automática. Contudo, há enorme pressão da família, dos colegas e da sociedade.

Aqui não tem porra nenhuma disso. Ou você obriga o pivete a estudar, ou ele não vai. Pronto e acabou.

Nos Estados Unidos e no Reino Unido praticamente não há reprovação,

Não há reprovação nos EUA e Reino Unido porque a lei proíbe, ou porque os alunos aprendem e tiram as notas mínimas para serem aprovados?


porém há possibilidade de agrupar os alunos mais e menos "fortes" em turmas diferentes.

Concordo que o joio e o trigo devem mesmo ser separados, mas apenas segregar os dois e tratá-los igualmente no quesito aprovação, não adianta.

A Espanha conseguiu bons resultados não reprovando no interior de cada ciclo e está mantendo a mesma política em seu projeto de reforma. Esses países aprenderam – não sem muito empenho – a fazer com que os alunos se esforcem, sem o terror da reprovação.

É interessante que qualquer proposta conservadora que se faça em relação à educação, logo esse bando de mentiroso começa a analisar o Brasil como um país único, que necessita de soluções super-extravagantes e especiais. Mas quando se trata de copiar o que os outros países fizeram de pior, ou que realmente não serve para o Brasil, eles convenientemente se esquecem do próprio argumento.

Quanta cara-de-pau!

Comparando os países que adotam e os que não adotam a reprovação, os testes internacionais não mostram nenhuma vantagem para a prática sistemática da reprovação.

Obviamente, todos os outros critérios foram convenientemente esquecidos.

Uma pesquisa recente, nos Estados Unidos, mostrou que reprovar tende a ser pior do que aprovar quem não sabe.

Como sempre, não mostra a pesquisa, a metologia, a amostragem, as escolas pesquisadas e suas realidades.

Exceto em casos de aproveitamento muito baixo, o aprovado sem saber aprende mais na série seguinte do que o repetente.

Ah, então caso o aluno tenha 0 de presença e 0 de nota, aí é melhor repetir mesmo? Então quer dizer que o pensamento mágico da aprovação automática não serve em todos os casos? Que bacana.

Uma outra questão que os defensores do oba-oba diplomista nunca responde. Como o aluno pode aprender mais na série seguinte sem ter absorvido o conteúdo da série anterior que é necessário para "tocar para frente"? Como eu posso aprender polinômios sem saber somar?

O fantástico mundo dos diplomistas...

De tempos idos, glorificamos no Brasil a "cultura da repetência", em que a marca do ensino sério era reprovar muitos alunos. Nos últimos anos, houve uma tentativa de erradicar essa prática, seja convencendo os professores de que é uma política equivocada, seja pela criação de ciclos de dois ou mais períodos, dentro dos quais não há reprovação.

Nos últimos anos a educação vem despencando morro abaixo, o que mostra a qualidade da estratégia adotada.

Obviamente, não há mágica, pois essas experiências não passam da ponta do iceberg de uma solução complexa Não se trata somente de eliminar a reprovação, por súplica ou decreto.

Pensei que bastaria distribuir diplomas de medicina a macacos e teríamos símios descobrindo a cura do câncer.

O que fará com que os alunos se dediquem aos estudos? Não devem nos surpreender as reclamações dos pais dos alunos de classe média, pois as ameaças de punições tenebrosas aos reprovados tinham bons resultados.

Não respondeu.

Portanto, ensaiamos um primeiro passo ao criar os ciclos escolares e frear as reprovações. Mas há que substituir o medo da reprovação por mecanismos mais saudáveis de recompensas e punições.

É, devíamos dar uma Ferrari para cada aluno da rede pública que com grande esforço conseguiu uma média acima de 60% em cada matéria e uma presença em sala de 75%.

O balancete da não-reprovação no Brasil ainda está pouco claro, mas o que sabemos não permite condená-la, a priori.

Ah, é claro, o fato do sucateamente da educação ter se iniciado no mesmo instante em que se começou esse discurso de elitismo da educação tradicional e "reprovadora" é apenas uma mera coincidência.

Um estudo cuidadoso do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito por Kaizo Beltrão e Ferrão, mostrou que "a penalização de reter o aluno na série é muito maior que a de ele estudar numa escola com o ensino organizado em ciclos".

A reprovação não é uma pena ou punição porra nenhuma. Ninguém vai parar na cadeia por ter sido reprovado.

A reprovação existe porque há alunos que simplesmente não aprenderam o conteúdo que foi ensinado durante o ano. Só. Tentar fazer com que o aluno progrida no sistema escolar sem antes ter aprendido, é passar o carro na frente dos bois.

Todavia, deixar avançar um aluno não completamente alfabetizado pode ser uma péssima idéia.

Pois é justamente o que acontece com a reprovação automática.

A maldição de tais medidas é ser uma solução "fácil", pois elas aumentam as conclusões e os custos se reduzem, sem o trabalho árduo de melhorar a sala de aula.

Ah, agora aprovar qualquer macaco que tenha se inscrito no início do ano é sinônimo de trabalho árduo!

Portanto, para mostrar melhores resultados, algumas autoridades "sugerem" que não se reprove.

Quais autoridades? Os pedagogos responsáveis pela destruição do ensino brasileiro?

Mas tampouco podemos condenar uma idéia cuja implementação não se completou.

Ah, é mesmo, então se o nazismo nunca foi implementado no Brasil, não podemos condená-lo. Genial!

Falta construir o sistema que vai substituir o medo da repetência por outros estímulos mais eficazes, sobretudo diante de alunos heterogêneos.

Também falta construir uma máquina que assimile o conhecimento ao cérebro dos alunos para que eles possam aprender o conteúdo de todo o ensino médio em apenas 5 segundos.

Estamos diante de um dilema. A reprovação em massa é péssima.

Ainda bem que ela não existe no Brasil.

Para beneficiar os alunos de classe média, em que o medo da reprovação e das punições paternas faz milagres, não podemos voltar a um sistema de conseqüências sinistras para os mais pobres.

Claro, pois temos um compromisso assumido de nivelar por baixo.

Mas eliminar a reprovação sem melhorar a sala de aula é quase tão ruim.

Não tenha vergonha de dizer a verdade: É MUITO PIOR!

Escapar do dilema requer condições mínimas para o aprendizado, avaliação contínua e feedback ao aluno, com novos prêmios e sanções.

Pra que serve uma merda de avaliação contínua se ela não serve pra bosta nenhuma? Ah, eu perdi meu tempo até aqui pra descobrir que esse autor foi aprovado pelo sistema automático.

Quem tropeça precisa de oportunidades concretas de recuperação paralela e atenção especial.

O que não configura aprovação automática.

As exigências e expectativas em relação ao aluno têm de ser realistas e sua auto-estima, tratada com carinho.

Claro, talvez se comecemos a distribuir medalhas douradas olímpicas a todo mundo que já tenha subido numa esteira uma vez na vida, um dia todos nós seremos atletas do nível de Usain Bolt.

Precisamos abandonar a discussão bolorenta da aprovação automática versus reprovação em massa.

Claro.

Uma medida que muda completamente o sistema educacional brasileiro e o futuro da nação não merece ser discutida. Meu ponto deve ser aceito.

O desafio é melhorar a sala de aula, de tal forma que os alunos sejam aprovados porque sabem o que precisam saber.

E os que não aprenderem, que estudem de novo para que possam aprender.

Claudio de Moura Castro é economista

Formado pela UniPEGD. Universidade Pague e Ganhe seu Diploma.
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zumbi filosófico
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por zumbi filosófico »

Não é uma questão de "diplomismo", mas simplesmente de que a uma avaliação de um bloco anual de conteúdo de todas as matérias não é uma espécie de lei da física que não pode ser desrespeitada para que o ensino possa funcionar, ou que garanta o melhor ensino possível.

(diga-se de passagem, acredita que nas faculdades, deveria ser abandonado o sistema de dependências, e adotada a repetência tudo-ou-nada?)

Ainda que se pergunte "como pode ser isso", o fato é que os alunos que repetem acabam tendo pior aproveitamento do que aqueles que, nas mesmas condições de assimilação de conteúdo, não foram reprovados.

Explicações não são tão difíceis de imaginar, começa por não se partir da assunção de que um aluno que comumente seria reprovado, de fato não absorveu o conteúdo necessário para continuar avançando, estando ainda equivalente a um aluno que não tivesse cursado todo aquele ano que se passou.

Ele não vai estar tão afiado quanto os que não seriam comumente reprovados, talvez daí venha a alguma parte da vantagem do desempenho de colégios com reprovação -- quando esta vantagem é detectada. Vão se filtrando apenas os melhores, descartando aqueles que, apesar de ainda aptos, não estavam no mesmo nível. E esses tendem, quando reprovados, a abandonar os estudos.

Se o que se quer são escolas que tenham os melhores dentre os melhores alunos, então reprovação é sim o canal. Só que isso se dá na base da exclusão de um contingente de alunos que ainda teve um aproveitamento funcional, apenas não sendo a "elite" dos estudantes. Se o que se quer não é apenas uma seleção de alunos-troféu para exibir, mas um ensino que beneficie ao maior número de pessoas possível (e não só com diplomas, com ensino), então essa medida grosseira de reprovação deve ser descartada.
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Apáte
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Apáte »

zumbi filosófico escreveu:Não é uma questão de "diplomismo",

Como não? A proposta é que alunos continuem estudando e progredindo anualmente, mesmo sem aprender porcaria alguma, apenas para não abandonar a escola e concluírem o curso.

Isso não tem outro nome além de diplomismo.

zumbi filosófico escreveu:mas simplesmente de que a uma avaliação de um bloco anual de conteúdo de todas as matérias não é uma espécie de lei da física que não pode ser desrespeitada para que o ensino possa funcionar, ou que garanta o melhor ensino possível.

Independente de qualquer coisa que possa ser discutida a respeito, o fim da reprovação não é uma solução para educação brasileira. É apenas uma maneira de dar diploma a quem não o merece.

zumbi filosófico escreveu:(diga-se de passagem, acredita que nas faculdades, deveria ser abandonado o sistema de dependências, e adotada a repetência tudo-ou-nada?)

Para alunos que não conseguiram a nota mínima necessária para progredir no curso, ou que simplesmente não tiveram a presença mínima, óbvio que devem ser reprovados.

zumbi filosófico escreveu:Ainda que se pergunte "como pode ser isso", o fato é que os alunos que repetem acabam tendo pior aproveitamento do que aqueles que, nas mesmas condições de assimilação de conteúdo, não foram reprovados.

Nunca foi mostrado como esses alunos são avaliados, mas já saquei como funciona. O aluno que é passado pra frente não abandona a escola, tampouco aprende, tira boas notas ou mesmo freqüenta a aula, mas pelo simples fato de ele "progredir" aos olhos do sistema em que até um asno progrediria, ele tem aproveitamento melhor.

zumbi filosófico escreveu:Explicações não são tão difíceis de imaginar, começa por não se partir da assunção de que um aluno que comumente seria reprovado, de fato não absorveu o conteúdo necessário para continuar avançando, estando ainda equivalente a um aluno que não tivesse cursado todo aquele ano que se passou.

Que motivo um aluno que assimilou o conteúdo ensinado teria para não conseguir atingir a nota mínima necessária para aprovação (que diga-se de passagem, é uma piada)?

Auto-trolling? "Eu sei responder esta questão, mas vou me sacanear para perder esse ano"

zumbi filosófico escreveu:Ele não vai estar tão afiado quanto os que não seriam comumente reprovados, talvez daí venha a alguma parte da vantagem do desempenho de colégios com reprovação -- quando esta vantagem é detectada. Vão se filtrando apenas os melhores, descartando aqueles que, apesar de ainda aptos, não estavam no mesmo nível. E esses tendem, quando reprovados, a abandonar os estudos.

Papo furado.

Ninguém é capaz de aprender regra de 3 sem saber as 4 operações.
Ninguém é capaz de aprender regras de pontuação sem saber ler e escrever.

A nota mínima para aprovação no Brasil é jogada por baixo, sendo que mesmo alunos que não aprenderam, ou aprenderam mais ou menos, mais pra menos que pra mais, conseguem atingi-la, logo se o aluno chegou mesmo a ser reprovado, é porque ele não tem condição de progredir naquela matéria.

zumbi filosófico escreveu:Se o que se quer são escolas que tenham os melhores dentre os melhores alunos, então reprovação é sim o canal. Só que isso se dá na base da exclusão de um contingente de alunos que ainda teve um aproveitamento funcional, apenas não sendo a "elite" dos estudantes. Se o que se quer não é apenas uma seleção de alunos-troféu para exibir, mas um ensino que beneficie ao maior número de pessoas possível (e não só com diplomas, com ensino), então essa medida grosseira de reprovação deve ser descartada.

Se isso tivesse alguma coisa próxima da verdade, ainda não vejo nivelar por baixo como solução para nada.

Mas a questão não é essa. A nota mínima para aprovação cobrada no Brasil nem de longe é elitista, nem mesmo medíocre, sendo que só os alunos cretinos não conseguem atingi-las. Esses alunos, que são a exceção e não a regra, realmente não aprenderam porra nenhuma.

Durante todo meu ensino médio, em turmas de 40 alunos mais ou menos, não teve um só que fora reprovado, sendo que esse sistema de aprovação automática não existe nas escolas que estudei (embora se tenha bastante facilidades para conseguir passar de ano). Do jeito que você escreve, parece que mais da metade dos alunos brasileiros são reprovados. E mesmo que fossem, com as exigências atuais que são uma piada só mostraria que mais da metade dos estudantes brasileiros não aprenderam porra nenhuma.
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Apáte »

A ausência de reprovação é uma das idéias mais toscas que já vi na vida, nem merece atenção.

O que pode ser discutido são as exigências para aprovação, inclusive acredito que a própria escola deve ter autonomia para fazer sua própria "nota de corte". Ninguém aqui vai defender que apenas alunos que tiveram 100% de presença em sala de aula e uma média de notas girando acima de 99% sejam aprovados.

Independente de quanto e como deve ser feita a cobrança para a aprovação, é lógico que se queremos aumentar a qualidade do ensino, devemos sempre cobrar mais dos alunos. Lembrando sempre que mesmo existindo reprovação, todo mundo sabe que as exigências para aprovação no Brasil são pífias, sendo que os reprovados quase sempre são retardados ou vagabundos. Por fim, se queremos aumentar a produtividade dos funcionários numa empresa, devemos estabelecer metas mais ambiciosas ou afrouxar as exigências de produção?
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Res Cogitans »

zumbi filosófico escreveu:E, antes de continuarem discutindo o assunto, seria interessante separarem o que são de fato os modelos, do que é posto em prática no país, e de eventuais espantalhos.

Pode começar por aqui:
http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n130/09.pdf
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por Apáte »

A Toda-Poderosa scielo, na página 3 (fonte 200%) escreveu:Do conjunto dos resultados analisados, percebe-se que ao final de um
ano (medidas tomadas no T3), o desempenho em matemática dos alunos repetentes
é significativamente inferior ao dos alunos fracos promovidos. Porém,
os pesquisadores não observam diferenças no nível do desempenho em língua.
Ao final do terceiro ano primário, os alunos repetentes têm desempenho
em Matemática e em língua superior ao dos alunos fracos promovidos
, mas são
um ano mais velhos. Isso leva os autores a dizer: ABOBRINHA


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Adoro quando você precisa ler apenas 3 páginas de um estudo pra saber que ele mesmo se desmente.
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Re: Geraldo Alckmin defende aprovação automática nas escolas

Mensagem por zumbi filosófico »

Já eu odeio quando nem terminam de ler um estudo e acham que entenderam que diz o oposto daquilo que diz dizer, e ainda acham que o estudo é de dar risada.
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Trancado