Breve resumo das eleições tupiniquins

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Apáte
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Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Apáte »

03/10/2010 - 23h45
Eleições: o que o Brasil tem de pior

Deveria ter sido o contrário. Um momento para se discutir os grandes desafios do Brasil.

Mas a eleição de 2010 foi, até aqui, um festival de incongruências e enganações.

É o grande paradoxo do Brasil: o país tem eleições livres que coroam um período de realizações importantes, com um futuro promissor.

Mas o momento cívico maior só revela, mais uma vez, o que o país tem de pior.

Movida a gastos públicos insustentáveis, a economia brasileira deve crescer também insustentáveis 8% neste ano. A poupança para controlar a dívida pública está comprometida pela sanha gastadora. Tudo para aprofundar a sensação de bem estar dos eleitores e a popularidade de Lula e de sua candidata.

Ao final do processo, ficamos sabendo que a mulher de confiança de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra, era o gancho de um enorme cabide de empregos de seus parentes. Alguns trabalhando em negociatas corruptas dentro do Palácio do Planalto.

A revelação do caso gera ataques furiosos de Lula e Dilma à imprensa. Como se os jornais tivessem inventado tudo. Para completar, Lula diz que gostaria de exterminar um partido de oposição ao seu governo, o DEM.

Na oposição, o principal candidato, José Serra (que vive criticando a "farra nos gastos públicos") promete reajustar para R$ 600, sem mais nem menos, o salário mínimo. Pela regra em voga, o aumento seria quase zero, mas ele promete 18%.

Sem saber do que falava, mas também atrás de votos, Serra disse ainda que o aumento do mínimo elevaria o número de pessoas elegíveis para o Bolsa Família. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O mínimo nunca (nem no governo FHC) foi parâmetro para esse tipo de benefício social.

No final, Serra é pego telefonando para um ministro do STF, Gilmar Mendes, para falar sobre a obrigatoriedade de se levar dois documentos para a seção eleitoral neste ano. O ministro adia a votação, cujo desfecho não interessava aos tucanos.

O STF e o TSE deixam decisões cruciais para a undécima hora. A da obrigatoriedade dos dois documentos caiu na semana final da eleição. A decisão sobre contabilizar ou não os votos dos "fichas-sujas" ficou para depois.

Toda a configuração do Congresso pode ser alterada no futuro, assim como o peso dos partidos na Casa. Numa confusão digna de uma República de Bananas.

No mais, a Justiça em vários Estados ajudou a censurar notícias, a circulação de jornais e a divulgação de pesquisas eleitorais.

Isso tudo sem falar de Tiririca e Mulher Pêra. Ou de candidatos como Dilma, Quércia, Aloysio Nunes e Roriz que dizem guardar milhares de reais em casa sem nenhuma explicação plausível ou lógica.

Ao final, nada sobre infraestrutura, deficit gigantesco nas contas externas, dólar em baixa matando indústrias ou boas propostas para grandes problemas.

Difícil esperar um segundo turno mais edificante e honesto.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/fe ... pior.shtml
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Apáte
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Apáte »

Derrota completa do PT
NIVALDO CORDEIRO | 03 OUTUBRO 2010
ARTIGOS - ELEIÇÕES 2010


O grande derrotado das eleições foi a pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva. Seu suposto encanto eleitoral quebrou-se. O PT virou o partido dos grotões.


Praticamente encerradas as apurações dos votos das eleições de hoje (agora são 23:00 horas), já podemos apontar que houve uma completa derrota das forças governistas. A maior de todas foi deixar escapar a vitória no primeiro turno para a Presidência da República. O segundo turno é sempre uma eleição completamente diferente. No segundo turno todos os interesses estão cristalizados e aqueles que estão bem posicionados nos principais colégios eleitorais saem fortalecidos.
O PSDB ganhou os dois principais colégios eleitorais, São Paulo e Minas Gerais. Não apenas fez os governadores no primeiro turno, como também elegeu três dos quatro senadores. Nesses dois estados a vitória foi total, esmagadora, e este desempenho poderá definir as eleições no segundo turno. Principalmente em Minas Gerais José Serra poderá ampliar, de forma considerável, sua base eleitoral.

Ainda não há clareza de como ficará a composição do Congresso Nacional, mas o governo teve frustrada a sua pretensão de ampliar sua base de apoio congressual. Essa é também uma das suas grandes derrotas, na hipótese de Dilma Rousseff vir a ser eleita presidenta.

Por que o PT perdeu? Porque no Brasil existe uma base considerável de pessoas conservadoras, que andavam dispersas e desinteressadas de política. Essa passividade foi superada pela ameaça de hegemonia petista, de caráter marxista-leninista. Por isso a bandeira do anti-aborto e anti casamento gay ganhou dimensão decisiva, a tal ponto de que bispos católicos, como Paulo Evaristo Arns, tradicionais apoiadores do PT, terem quebrado o silêncio em favor das oposições.

Da mesma forma, pastores protestantes falaram abertamente contra a candidata do governo por causa desses pontos. Dilma Rousseff não pode apagar o que está escrito no Plano Nacional dos Direitos Humanos e demais documentos programáticos do PT em favor dessas aberrações morais. Então ela vai para o segundo turno enfraquecida e não tem como recuperar esse eleitorado.

Muita gente votou em Marina Silva por não se achar representada por José Serra. É absolutamente importante que o candidato da oposição se componha com ela, mas penso que os eleitores não seguirão necessariamente a escolha da candidata, que tem sua história dentro do PT. Bem sabemos que, o que de fato pesa, são os interesses de cada agremiação. Não apenas com o PV de Marina, como também de todos os apoios disponíveis José Serra precisa se valer. Um presidente da República precisa espelhar a pluralidade política da sociedade. José Serra não pode se isolar, ele precisa ouvir todos os grupos, sobretudo lideranças exponenciais como Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. Da mesma forma, é preciso estreitar os laços com os Democratas, que tiveram desempenho além do esperado nas eleições e são leais ao candidato.

José Serra precisa especialmente cultivar o volumoso voto conservador mobilizado para ele e para eleger Geraldo Alckmin em São Paulo. É um voto claramente anti-PT. Esse sentimento está espelhado especialmente nas regiões Sudeste e Sul, mas compreende as classes médias e as igrejas de um modo geral. Serra terá que fazer um discurso de centro-direita, se quiser ganhar as eleições.

O grande derrotado das eleições foi a pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva. Seu suposto encanto eleitoral quebrou-se. Tem a rejeição dos conservadores e não tem qualquer penetração nos estados mais desenvolvidos da federação. Se ele tinha qualquer pretensão caudilhista, esta fugiu de suas mãos como água pelos dedos. Provou-se que o PT virou o partido dos grotões.

Em trinta dias saberemos quem será o vencedor. Penso que José Serra poderá ser consagrado presidente da República, se amalgamar as forças de oposição que precisam ver nele uma liderança confiável.

A nota desconcertantemente previsível foram os erros brutais dos institutos de pesquisa. Mais que erros, parece ter havido grande má fé e imperícia dos institutos. Se há alguém mais derrotado do que o presidente Lula são os institutos de pesquisa.

FONTE: http://www.midiasemmascara.org/artigos/ ... do-pt.html
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Johnny
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Johnny »

Excelente tópico. Mostra exatamente que nosso país está à procura de vantagens pessoais e não seu aperfeiçoamento político e crescimento.
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Fernando Silva
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Fernando Silva »

Roseana ganhou. Crivella também. Garotinho foi um dos mais votados. Ô povinho...

E falaram tanto que as esmolas não iriam influenciar, mas basta ver no mapa onde é que a Dilma teve maioria absoluta.

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Apáte
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Apáte »

Fernando Silva escreveu:basta ver no mapa onde é que a Dilma teve maioria absoluta.

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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Sorrelfa »

Gauchos, gostam de tomar no rabo mesmo!

O RS é um estado curioso, pois com o mesmo vigor que elegem um governador o leva a ruina politica nos anos seguintes.
Talvez seja bom o Tarso ter sido eleito, se o povo do Rio Grande seguir sua tradição é bem provável que esta anta do Genro seja varrido da politica nacional nos proximos anos.
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !

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Apáte
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por Apáte »

Derrota completa do PT (II)
NIVALDO CORDEIRO | 04 OUTUBRO 2010
ARTIGOS - ELEIÇÕES 2010


Alguns leitores fizeram objeção à minha tese, exposta no artigo anterior, de que houve uma completa derrota do PT, mostrando que aquele partido ganhou o Rio Grande do Sul, ampliou sua bancada no Senado e viu seu aliado, o PMDB, ter ainda maior sucesso legislativo, construindo a maior bancada de senadores. Na Câmara viu-se igualmente uma ampliação de ambos os partidos da coligação. São argumentos de peso.

Nunca é demais insistir na completa derrota do PT e seus aliados nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Neste último, então, o naufrágio foi integral, esfacelou-se. Estamos aí a falar de algo equivalente a mais de um terço do eleitorado nacional. Aqui José Serra tem ampla margem para aumentar a votação, angariando apoios que, por motivos de sobrevivência política, ou foram claudicantes ou foram inexistentes no primeiro turno. Especialmente em Minas a margem de crescimento é estupenda.



A eleição de Tarso Genro no Rio Grande do Sul foi conseqüência das trapalhadas de Yeda Crusius e do seu vice, Paulo Feijó. Está aqui a raiz da vitória fácil do PT. É menos mérito do que aproveitamento das circunstâncias. O PT era a única força capaz de substituir a governadora. Foi um acontecimento fortuito e fora da curva.
A análise da bancada de senadores pode enganar o observador à primeira vista. Quem ganhou mesmo foi o PMDB, que nunca passou do antigo "Centrão" e apóia o PT como apóia qualquer um que esteja na chefia do Executivo. Mas o partido tem agenda própria e aqui temos que olhar o movimento dialeticamente. Se Lula já comia na mão do PMDB quando ele era apenas o fiel da balança no Congresso Nacional, agora que o partido tem maioria certamente ditará seus interesses, contra e a despeito da agenda do PT. Essa gente do "Centrão" é a velha oligarquia patrimonialista que nada tem de revolucionária, como o PT. Ela quer apenas se locupletar com as verbas do Estado. Assim será.

Jamais podemos esquecer que devemos a esse mesmo "Centrão" de Severino Cavalcanti e de José Sarney a derrota da CPMF e, com ela, o enterro do desejado terceiro mandato de Lula. Então onde se vê uma vitória podemos até dizer que é uma derrota desde dentro da composição das forças políticas em torno do PT. Quer me parecer que quem vai mandar mesmo é o PMDB, agora fortalecido. O PT ficou pálido diante do seu aliado agigantado e guloso. E incapaz de ser controlado.

Na Câmara de Deputados o Executivo já ditava as regras, nunca perdendo ali uma votação. As eleições ora encerradas não mudaram o cenário. A Câmara quase sempre é dócil ao governante do dia, mas duvido que a nova correlação de forças queira aprovar mudanças constitucionais que coloquem em risco o Estado de Direito, como é o desejo do PT desde sempre.

Os velhos caciques derrotados agora, como Marco Maciel e Cesar Maia , foram substituídos por gente do mesmo perfil. Tasso Jereissati é outro que não fará falta. Eles todos formam um bando de coronéis patrimonialistas, que não fará falta à democracia brasileira. Em horas decisivas essa gente se omitiu, especialmente quando o PT mostrou arreganhos totalitários. Já vão tarde.

Certo que é muito difícil a vitória de José Serra no segundo turno, mas não é impossível. Vai depender da postura do candidato, de afinar um discurso que possa encantar o eleitorado. É preciso fazer alianças. É preciso angariar apoios. Dilma perdeu a vantagem do tempo adicional de televisão. Os escândalos estão na prateleira, à espera de serem relembrados com ênfase. Erenice Guerra é ainda a grande cabo eleitoral de José Serra, junto com seus filhos "empresários". Serra não pode se acovardar, precisa partir para cima da Dilma, estocando os pontos fracos. E precisa cultivar o eleitorado conservador, de quem obteve os votos sem que lhe pedisse. É hora de ser firme, afirmativo, companheiro, estadista. É hora de ter junto a si gente como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso. É hora de oferecer a Marina Silva parcela ponderável do poder para que ela seja uma aliada entusiasta. É hora de resgatar aliados renegados como Gabriel Chalita, cujo padrinho é o próprio Alckmin.

Enfim, há muitos degraus a serem superados, mas José Serra tem reais chances de se sagrar presidente da República.

FONTE: http://www.midiasemmascara.org/artigos/eleicoes-2010/11482-derrota-completa-do-pt-ii.html
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rapha...
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Re: Breve resumo das eleições tupiniquins

Mensagem por rapha... »

O artigo é muito focado em São Paulo e Minas Gerais. Aliás, só fala disso.

No Paraná e em Santa Catarina, a oposição também venceu no primeiro turno, PSDB e DEM, em situações bem semelhantes. Ambos os estados estavam há oito anos com governo do PMDB.

Trancado