Bibliotecas Públicas: Onde estão os leitores
No mês em que se comemora o 'Dia do livro' faltam leitores nas bibliotecas públicas. A prática da leitura é pouco estimulada nos dias atuais 21/04/2010 - 07:42
Bibliotecas não possuem muitos leitores
A Organização das Naçãoes Unidas para Educação (Unesco) instituiu 23 de abril como o Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, em virtude da data assinalar o falecimento de alguns escritores.
Em Sergipe, além destas datas comemora-se também o Dia Estadual do Livro em 7 de abril. A data foi escolhida como forma de homenagear Epfânio Dórea, que nasceu em 7 de abril de 1884.
Com tantas razões para comemorar a população sergipana parece ter esquecido o hábito da leitura, pois as bibliotecas estão cada dia mais vazias. A biblioteca Pública Epfânio Dórea que já foi palco de tantas leituras, hoje vive uma realidade diferente. “Nos últimos três anos, nós temos aumentado o nosso número de usuário, mas é um crescimento tímido. Embora a biblioteca esteja mudando um pouco a sua cara, essa era das tecnologias acabou influenciando um pouco”, lamentou a diretora Sônia Carvalho.
Tentando atrair o público
Sônia apontou atividades que são desenvolvidas para atrair leitores
De acordo com ela, diversas atividades são realizadas dentro do espaço com a intenção de atrair o leitor e melhorar o desenvolvimento da leitura. “Nós temos concertos, exposições encontros palestras, seminários, para que as pessoas possam discutir e trabalhar o livro e a leitura” informou.
Outra atividade que acontece uma vez por mês, segundo Sônia é a ‘Roda de leitura’, que completa dois anos da sua existência e que está trazendo bons resultados. “Temos como mediadores Antônio Carlos Viana e Maruse Reis, que proporcionam uma relação maravilhosa com o leitor e o livro, além do olhar novo para a leitura”, pontuou a diretora.
Um ponto importante levantado pela diretora é a renovação do acervo, já que os usuários querem buscar atualidades. “Foram mais de 22 anos sem realizar a compra de um livro e o acervo era apenas mantido com doações de entidades, escritores e pela própria comunidade”, comentou.
Ainda de acordo com a diretora, o governo lançou no ano passado a Lei do Livro, onde uma verba é direcionada para aquisição de novos livros. “Depois de tantos anos, conseguimos com essa lei fazer a aquisição de 101 novos títulos, entre didático, técnico e literário", diz.
Biblioteca Infantil
A diretora Cláudia disse que os livros ainda são as melhores fontes
Quem também sofre com a falta de leitores e usuários é a biblioteca infantil Aglaé Fontes de Alencar, que segundo a diretora Claudia Stokcer, tem uma média de saída mensal de em torno de 80 a 100 livros. “Isso ainda é muito pouco porque cada criança pode levar até três livros para casa”, ressaltou a diretora da biblioteca infantil.
Claudia pontuou que o livro continua sendo o melhor suporte para as pesquisas. “ Mesmo com a internet, o livro ainda é a fonte mais confiável e o meio mais democrático e acessível de conhecimento” comentou.
De acordo com Cláudia a biblioteca infantil é um espaço multicultural e que proporciona diversos tipos de atividades. “Nós tornamos esse lugar em um espaço onde buscamos desenvolver a leitura através das dinâmica que atraem as crianças, como a contação de história, teatrinho de fantoche, exposições, dentre outras”, relatou.
Leitores
A leitora diz que a família também é responsável pelo incentivo a leitura
No entanto com tanta diversidade poucos leitores são atraídos até as bibliotecas e segundo a usuária do espaço, Maria José do Nascimento, os pais também são responsáveis para o incentivo a leitura. ” Eu entendo que ela tem estado vazia por uma questão erronia por parte dos estudante e até mesmo dos professores, mas também é papel da família estimular o hábito a leitura”, comentou Maria José.
Para a leitora, a biblioteca é o local que podemos ter contato com a nossa história, já que esta, está presente nos livros e nas cartilhas. “Eu considero a biblioteca o melhor meio para você ter contato com a cultura e é uma pena perceber esses espaços tão vazios”, comentou
Segundo Maria José, mesmo estando em uma era de praticidade e de busca imediata, é importante realizar a busca diretamente nos livros. “Aqui tem muitos bons livros, a exemplo dos livros de Silvio Romero além de um acervo maravilhoso na área de Literatura não se pode deixar acabar assim", ressaltou.
Já segundo para a professora Polyana Bitencourt a leitura é importante para a formação crítica do indivíduo. "Estimular a criança a ler o que quer que seja já é o primeiro passo e depois da descoberta e do prazer, a criança aprende a caminhar sozinha e a fazer boas escolhas de histórias, quadrinhos que no futuro serão substituídos por revistas, livros e jornais", comentou.
Família
Biblioteca infantil que deveria ser um espaço multicultural costuma ficar vazia
De acordo com Polyana Bittencourt, a leitura é um exercício que deveria ser habitual. Ela acredira que se essa prática acontecesse com mais frequência a sociedade seria formada por cidadãos mais críticos e participativos.
A professora também ressatou a influência dos outros meios de pesquisa e de conhecimento "Confesso que é difícil optar pela leitura do livro quando temos acesso fácil às informações publicadas com tantos recursos audiovisuais. A internet nos oferece inúmeras opções interessantes e muito atrativas, mas nada comparado à leitura do livro publicado em material impresso", pontuou
Polyana, que tem uma filha de 7 anos de idade, diz que sempre se esforça para criar condições necessárias para que ela descubra por si só o prazer da leitura e que a escola ajuda a reforçar isso, pois existe projetos de leitura que levam as crianças à biblioteca e facilitam a confecção do cartão de leitor. "É um processo simples e que pode ter bons resultados no desenvolvimento da criança. No começo parece brincadeira, mas depois os pais percebem que eles passam a sentir necessidade da leitura" finalizou.
Por Alcione Martins e Raquel Almeida
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