Doações às campanhas foram de quase 1 bilhão
Enviado: 07 Nov 2010, 13:19
Construtoras ajudam a eleger 54% dos novos congressistas
As empreiteiras mais que triplicaram o volume de doações para os políticos que se elegeram para o Congresso neste ano em relação a 2006. Dos congressistas eleitos, 54% receberam recursos das construtoras em 2010, um total de R$ 99,3 milhões. Levantamento feito pela Folha nas prestações de contas disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral mostra que 306 congressistas que assumirão mandatos em fevereiro (264 deputados e 42 senadores) receberam contribuições de construtoras.
Há quatro anos, as empreiteiras declararam ter doado R$ 32,6 milhões (valores corrigidos pela inflação). A conta tem apenas uma ressalva: neste ano foram disputadas 27 vagas a mais no Senado do que em 2006, quando foi eleito apenas um senador para cada Estado. As empreiteiras superaram com folga outros tradicionais doadores, como bancos, mineradoras e empresas ligadas ao agronegócio.
TSE fracassa ao tentar barrar doação oculta
A tentativa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de inibir a prática das chamadas doações ocultas nas eleições deste ano fracassou. Levantamento feito pela Folha sobre as prestações de contas de todos os 567 congressistas eleitos revela que não é possível saber a origem exata de R$ 179 milhões dos R$ 801 milhões que abasteceram as campanhas.
Isso aconteceu porque, em vez de serem destinados diretamente aos candidatos, os recursos foram doados aos partidos políticos, que os repassaram. Com isso, na prestação de contas do candidato são os diretórios partidários que aparecem como responsáveis pela doação -e não as empresas que efetivamente fizeram as contribuições.
Só 58 ministérios acomodariam aliados
Se Dilma Rousseff decidisse contemplar todos os pedidos dos 12 partidos de sua base, teria de ampliar o tamanho da Esplanada de 37 para no mínimo 58 ministérios. Sua maior dor de cabeça será a indicação de nomes para os disputadíssimos ministérios dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional, cobiçados por PMDB, PT, PSB, PP e PSC. O poder de investimento dessas pastas explica a atração que exercem: são R$ 31,9 bilhões livres para obras neste ano (46% do total de toda a Esplanada) e uma previsão generosa para o próximo.
Caso Erenice provocou o 2º turno, diz marqueteiro
Dilma Rousseff ganhou a eleição para presidente, a primeira de sua vida. Mas seu marqueteiro, João Santana, venceu sua terceira disputa desse gênero. Ele é o profissional latino-americano mais bem-sucedido na área de comunicação política-eleitoral em anos recentes. Além de ser o responsável pela propaganda de Dilma, comandou também a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e a eleição do presidente de El Salvador, Mauricio Funes, em 2009.
Em uma de suas raras entrevistas, Santana, 57, falou à Folha na quarta-feira em sua casa de veraneio, na Bahia. Sobre as razões de a disputa ter sido remetida ao segundo turno, aponta como principal fator o escândalo do esquema de tráfico de influência na Casa Civil, envolvendo Erenice Guerra, sucessora de Dilma naquela pasta:
"O caso Erenice foi o mais decisivo porque atuou, negativamente, de forma dupla: reacendeu a lembrança do mensalão e implodiu, temporariamente, a moldura mais simbólica que estávamos construindo da competência de Dilma, no caso, a Casa Civil".
Santana filosofa sobre a troca de poder de Lula para Dilma. "As paixões populares são múltiplas porque o povo não é politicamente monogâmico. O povo é, por natureza, sincretista e politicamente polígamo", diz. Para ele, haverá um "vazio oceânico" com a saída de Lula. Mas haveria "na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia" que ele chama "metaforicamente" de "cadeira da rainha", e que "poderá ser ocupada por Dilma".
Arrisca um conselho aos políticos: "Não subestimem Dilma. Vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente". O marqueteiro agora estuda propostas para atuar em eleições presidenciais no Peru, na Argentina, na Guatemala, na República Dominicana e no México.
"Clone" de Dilma, diretora da Petrobras tem cotação em alta
Primeira mulher a ocupar uma diretoria da Petrobras, a engenheira química Graça Silva Foster, 56, é nome certo para assumir um cargo no primeiro escalão do governo Dilma Rousseff (PT). Funcionária de carreira da Petrobras, onde começou como estagiária há mais de 30 anos, ocupava cargos gerenciais na estatal antes do governo Lula. Mas foi pelas mãos da então ministra de Minas e Energia que, no começo de 2003, trocou o Rio por Brasília e começou a alçar voos maiores. No período de Dilma no Ministério de Minas e Energia, foi secretária de Petróleo e Gás.
No Rio, em 2005, dirigiu a Petroquisa e a BR Distribuidora antes de chegar, em setembro de 2007, ao sóbrio e desejado 23º andar do edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio, onde estão as salas dos diretores. Nos oito anos de governo Lula, a mineira de Caratinga, que se define "carioca de coração", torce pelo Botafogo, adora carnaval e é fã dos Beatles, foi escudeira disciplinada e fiel de Dilma, segundo relato de interlocutores. Ela é cotada para a presidência da Petrobras, a Casa Civil ou algum outro posto próximo da presidente eleita.
Bancadas de PT e nanicos crescem nas Assembleias
O PRTB de Levy Fidelix, o PSDC de José Maria Eymael e uma série de pequenos partidos ganharam espaço nos Estados, com o encolhimento de siglas tradicionais, e terão bancadas expressivas nas Assembleias Legislativas a partir do início de 2011. Tucanos, demistas e peemedebistas elegeram menos deputados e abriram caminho para o PT se tornar a maior bancada somada nos Legislativos estaduais.
Um grupo de 11 partidos nanicos ficou com 141 vagas nos Estados nas eleições de outubro, o equivalente aos plenários das Assembleias de Rio e Minas somados. A conta inclui partidos que hoje nem sequer possuem representação na Câmara, como o PRP. O PT do B, que nem site oficial tem, ganhou 20 cadeiras e deixou para trás o tradicional PC do B.
As empreiteiras mais que triplicaram o volume de doações para os políticos que se elegeram para o Congresso neste ano em relação a 2006. Dos congressistas eleitos, 54% receberam recursos das construtoras em 2010, um total de R$ 99,3 milhões. Levantamento feito pela Folha nas prestações de contas disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral mostra que 306 congressistas que assumirão mandatos em fevereiro (264 deputados e 42 senadores) receberam contribuições de construtoras.
Há quatro anos, as empreiteiras declararam ter doado R$ 32,6 milhões (valores corrigidos pela inflação). A conta tem apenas uma ressalva: neste ano foram disputadas 27 vagas a mais no Senado do que em 2006, quando foi eleito apenas um senador para cada Estado. As empreiteiras superaram com folga outros tradicionais doadores, como bancos, mineradoras e empresas ligadas ao agronegócio.
TSE fracassa ao tentar barrar doação oculta
A tentativa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de inibir a prática das chamadas doações ocultas nas eleições deste ano fracassou. Levantamento feito pela Folha sobre as prestações de contas de todos os 567 congressistas eleitos revela que não é possível saber a origem exata de R$ 179 milhões dos R$ 801 milhões que abasteceram as campanhas.
Isso aconteceu porque, em vez de serem destinados diretamente aos candidatos, os recursos foram doados aos partidos políticos, que os repassaram. Com isso, na prestação de contas do candidato são os diretórios partidários que aparecem como responsáveis pela doação -e não as empresas que efetivamente fizeram as contribuições.
Só 58 ministérios acomodariam aliados
Se Dilma Rousseff decidisse contemplar todos os pedidos dos 12 partidos de sua base, teria de ampliar o tamanho da Esplanada de 37 para no mínimo 58 ministérios. Sua maior dor de cabeça será a indicação de nomes para os disputadíssimos ministérios dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional, cobiçados por PMDB, PT, PSB, PP e PSC. O poder de investimento dessas pastas explica a atração que exercem: são R$ 31,9 bilhões livres para obras neste ano (46% do total de toda a Esplanada) e uma previsão generosa para o próximo.
Caso Erenice provocou o 2º turno, diz marqueteiro
Dilma Rousseff ganhou a eleição para presidente, a primeira de sua vida. Mas seu marqueteiro, João Santana, venceu sua terceira disputa desse gênero. Ele é o profissional latino-americano mais bem-sucedido na área de comunicação política-eleitoral em anos recentes. Além de ser o responsável pela propaganda de Dilma, comandou também a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e a eleição do presidente de El Salvador, Mauricio Funes, em 2009.
Em uma de suas raras entrevistas, Santana, 57, falou à Folha na quarta-feira em sua casa de veraneio, na Bahia. Sobre as razões de a disputa ter sido remetida ao segundo turno, aponta como principal fator o escândalo do esquema de tráfico de influência na Casa Civil, envolvendo Erenice Guerra, sucessora de Dilma naquela pasta:
"O caso Erenice foi o mais decisivo porque atuou, negativamente, de forma dupla: reacendeu a lembrança do mensalão e implodiu, temporariamente, a moldura mais simbólica que estávamos construindo da competência de Dilma, no caso, a Casa Civil".
Santana filosofa sobre a troca de poder de Lula para Dilma. "As paixões populares são múltiplas porque o povo não é politicamente monogâmico. O povo é, por natureza, sincretista e politicamente polígamo", diz. Para ele, haverá um "vazio oceânico" com a saída de Lula. Mas haveria "na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia" que ele chama "metaforicamente" de "cadeira da rainha", e que "poderá ser ocupada por Dilma".
Arrisca um conselho aos políticos: "Não subestimem Dilma. Vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente". O marqueteiro agora estuda propostas para atuar em eleições presidenciais no Peru, na Argentina, na Guatemala, na República Dominicana e no México.
"Clone" de Dilma, diretora da Petrobras tem cotação em alta
Primeira mulher a ocupar uma diretoria da Petrobras, a engenheira química Graça Silva Foster, 56, é nome certo para assumir um cargo no primeiro escalão do governo Dilma Rousseff (PT). Funcionária de carreira da Petrobras, onde começou como estagiária há mais de 30 anos, ocupava cargos gerenciais na estatal antes do governo Lula. Mas foi pelas mãos da então ministra de Minas e Energia que, no começo de 2003, trocou o Rio por Brasília e começou a alçar voos maiores. No período de Dilma no Ministério de Minas e Energia, foi secretária de Petróleo e Gás.
No Rio, em 2005, dirigiu a Petroquisa e a BR Distribuidora antes de chegar, em setembro de 2007, ao sóbrio e desejado 23º andar do edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio, onde estão as salas dos diretores. Nos oito anos de governo Lula, a mineira de Caratinga, que se define "carioca de coração", torce pelo Botafogo, adora carnaval e é fã dos Beatles, foi escudeira disciplinada e fiel de Dilma, segundo relato de interlocutores. Ela é cotada para a presidência da Petrobras, a Casa Civil ou algum outro posto próximo da presidente eleita.
Bancadas de PT e nanicos crescem nas Assembleias
O PRTB de Levy Fidelix, o PSDC de José Maria Eymael e uma série de pequenos partidos ganharam espaço nos Estados, com o encolhimento de siglas tradicionais, e terão bancadas expressivas nas Assembleias Legislativas a partir do início de 2011. Tucanos, demistas e peemedebistas elegeram menos deputados e abriram caminho para o PT se tornar a maior bancada somada nos Legislativos estaduais.
Um grupo de 11 partidos nanicos ficou com 141 vagas nos Estados nas eleições de outubro, o equivalente aos plenários das Assembleias de Rio e Minas somados. A conta inclui partidos que hoje nem sequer possuem representação na Câmara, como o PRP. O PT do B, que nem site oficial tem, ganhou 20 cadeiras e deixou para trás o tradicional PC do B.