Moradora do rio diz preferir os bandidos...
Enviado: 03 Dez 2010, 12:00
Moradora diz preferir os bandidos e afirma que "a favela vai ficar chata" após ação no Alemão
Moradores tentavam retomar a rotina e mostravam ceticismo em relação ao futuro do Complexo do Alemão após a operação policial deste domingo (28).
Do alto de sua janela, a jovem Cristina Teixeira, 19, observa toda a movimentação de policiais e jornalistas. "Não mudou nada. A única diferença foram esses tanques, mas nem deu medo", comenta. "A favela vai ficar chata. Era melhor com os bandidos, porque eles não mexiam com a gente", conta a moradora, nascida e criada no Complexo do Alemão. Ela é contra a pacificação.
No principal acesso ao Complexo do Alemão, o rastro de entulho, grande quantidade de lixo acumulado na via de terra batida e o cheiro de carniça dão mostra do que a comunidade está vivendo. As galerias pluviais são como veias abertas na rua Joaquim Queiróz e vigas retorcidas saem do concreto como espinhos no asfalto destruído.
Três moradores, que pediram anonimato, mostram-se reticentes sobre o futuro do Complexo do Alemão e a promessa de paz. "Eu acompanhei pela TV", conta a moradora, já sentada na cadeira de praia junto à calçada. Dois vizinhos tentavam engatar uma conversa sobre amenidades, mas não conseguiram.
Alguns metros adiante, um comerciante verifica se o portão de ferro de sua loja de roupas está bem trancada. Indagado sobre a operação de pacificação, ele responde rápido, seco, sem dar impressão de querer conversa. "A gente tem que achar bom, né?"
Palácio do Polegar
Nesta operação contra a bandidagem no Complexo do Alemão, a polícia descobriu um verdadeiro palácio no meio do labirinto de becos e escadarias da favela da Grota. Um triplex que pertencia ao traficante conhecido como Polegar, um dos chefes do narcotráfico no complexo, preso pela polícia.
A casa tinha poucos móveis, mas sobrava luxo. O ar condicionado ainda estava ligado e a cozinha estava impregnado com o cheiro de abacaxi fresco após a investida da polícia. Eletrodomésticos de última geração, TV de plasma, banheiro com blindex e uma suíte com banheira de hidromassagem contrastavam com louças quebradas e cacos de vidro espalhados pelo chão. No último andar, havia uma piscina onde algumas crianças aproveitavam para se refrescar. "Tá boa a água?" "Tá! Vem!", responde uma das crianças, que não esconde o sorriso.
Dali é possível ver toda a favela e o teleférico no alto do lago do Coqueiro, onde agora tremulam as bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/20 ... lemao.jhtm