Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasileiro
Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasileiro
Pesquisa aponta a existência de preconceito no ensino religioso brasileiro
Para fornecer um panorama do cenário político que fundamenta o exercício do ensino religioso nas escolas do país, um grupo de pesquisadoras analisou, entre 2008 e 2010, as regulamentações estaduais para entender de que forma essa disciplina figura nos marcos legais de cada estado e qual a diversidade social e cultural presente nos livros didáticos dessa disciplina. O Brasil é um Estado laico, ou seja, não adota nenhuma religião oficial. Entretanto, é uma nação que promove e respeita a diversidade religiosa.
O estudo aponta lacunas e contradições nas práticas legislativa, normativa e didática sobre o ensino religioso nas escolas públicas a partir do marco constitucional e dos acordos internacionais firmados pelo país, que prevêem como atribuição da educação pública a formação básica comum e o respeito aos valores culturais e artísticos. A pesquisa foi coordenada pela antropóloga Debora Diniz, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT).
"Ao analisarmos as regulamentações estaduais sobre ensino religioso, buscávamos entender de que forma essa disciplina figurava nos marcos legais de cada estado. A análise dos livros de ensino religioso, por outro lado, buscava descortinar de que forma essa disciplina é dada em sala de aula. O livro didático é um elemento central para a ação de ensino-aprendizagem nas escolas públicas. E é no contexto escolar que são construídas novas práticas sociais. Assim, a análise dos livros de ensino religioso buscou verificar de que forma os temas da diversidade cultural e social, do proselitismo religioso e do pluralismo religioso são tratados", explica Diniz.
Falta regulamentação
O conteúdo do ensino religioso bem como o material didático a ser utilizado não é regulamentado pelo Ministério da Educação. Dessa forma não é possível saber ao certo que material é usado, por isso foram analisados os 25 livros de ensino religioso mais adotados pelas escolas públicas do Brasil, produzidos por editoras laicas e seculares. Para a pesquisadora, nas regulamentações estaduais sobre o ensino religioso existe pouca clareza sobre a modalidade de ensino adotada em cada estado, bem como sobre o conteúdo dessa disciplina e sobre os critérios de habilitação e admissão dos professores.
"Essa falta de clareza abre espaço para o proselitismo religioso. Em estados como a Bahia e o Rio de Janeiro, por exemplo, o ensino religioso tem caráter confessional, isto é, o ensino religioso se confunde com educação religiosa. Nesses estados a disciplina é oferecida por professores ou orientadores religiosos credenciados por igrejas ou entidades religiosas. A confessionalidade do ensino contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e também o texto constitucional que proíbem o proselitismo religioso" , afirma Debora.
Segundo a pesquisa, a falta de regulamentação sobre o conteúdo do ensino religioso refletiu-se também no conteúdo dos livros didáticos. "Encontramos uma preponderância de representação das religiões cristãs, sobretudo do catolicismo. As religiões afro-brasileiras e indígenas eram sub-representadas, nem sequer eram reconhecidas como religiões; era conferido àquelas uma identidade primitiva ou de crenças mágicas. Não havia nenhuma representação positiva de pessoas ou grupos sem religião. Além disso, encontramos um cenário de estigmatização da pessoa com deficiência", esclarece Diniz.
Para a estudiosa, o Estado brasileiro, apesar de laico, não adota uma posição neutra em matéria religiosa e confessional. "As religiões participam ativamente das instituições básicas do Estado. No campo educacional, as escolas públicas recorrentemente se constituem como espaços de disputas. Refletir sobre o ensino religioso nas escolas públicas significa repensar o papel do Estado na promoção da justiça religiosa e, em última instância, na garantia da laicidade. O que é importante frente a esse cenário é que sejam definidos delineamentos claros quanto ao ensino religioso, especialmente no que se refere ao conteúdo dessa disciplina, para que as escolas não sejam utilizadas como espaço para o proselitismo", finaliza.
Livro
Os resultados foram publicados no livro "Laicidade e Ensino Religioso no Brasil". A pesquisa teve a participação de Tatiana Lionço e Vanessa Carrião e contou com apoio do Programa de Iniciação Científica da Universidade de Brasília (UNB), da Comissão de Cidadania e Reprodução e da UNESCO.
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Assessoria de Comunicação Social do CNPq
(61) 2108-9414
http://www.cnpq.br/saladeimprensa/notic ... 0/1227.htm
Para fornecer um panorama do cenário político que fundamenta o exercício do ensino religioso nas escolas do país, um grupo de pesquisadoras analisou, entre 2008 e 2010, as regulamentações estaduais para entender de que forma essa disciplina figura nos marcos legais de cada estado e qual a diversidade social e cultural presente nos livros didáticos dessa disciplina. O Brasil é um Estado laico, ou seja, não adota nenhuma religião oficial. Entretanto, é uma nação que promove e respeita a diversidade religiosa.
O estudo aponta lacunas e contradições nas práticas legislativa, normativa e didática sobre o ensino religioso nas escolas públicas a partir do marco constitucional e dos acordos internacionais firmados pelo país, que prevêem como atribuição da educação pública a formação básica comum e o respeito aos valores culturais e artísticos. A pesquisa foi coordenada pela antropóloga Debora Diniz, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT).
"Ao analisarmos as regulamentações estaduais sobre ensino religioso, buscávamos entender de que forma essa disciplina figurava nos marcos legais de cada estado. A análise dos livros de ensino religioso, por outro lado, buscava descortinar de que forma essa disciplina é dada em sala de aula. O livro didático é um elemento central para a ação de ensino-aprendizagem nas escolas públicas. E é no contexto escolar que são construídas novas práticas sociais. Assim, a análise dos livros de ensino religioso buscou verificar de que forma os temas da diversidade cultural e social, do proselitismo religioso e do pluralismo religioso são tratados", explica Diniz.
Falta regulamentação
O conteúdo do ensino religioso bem como o material didático a ser utilizado não é regulamentado pelo Ministério da Educação. Dessa forma não é possível saber ao certo que material é usado, por isso foram analisados os 25 livros de ensino religioso mais adotados pelas escolas públicas do Brasil, produzidos por editoras laicas e seculares. Para a pesquisadora, nas regulamentações estaduais sobre o ensino religioso existe pouca clareza sobre a modalidade de ensino adotada em cada estado, bem como sobre o conteúdo dessa disciplina e sobre os critérios de habilitação e admissão dos professores.
"Essa falta de clareza abre espaço para o proselitismo religioso. Em estados como a Bahia e o Rio de Janeiro, por exemplo, o ensino religioso tem caráter confessional, isto é, o ensino religioso se confunde com educação religiosa. Nesses estados a disciplina é oferecida por professores ou orientadores religiosos credenciados por igrejas ou entidades religiosas. A confessionalidade do ensino contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e também o texto constitucional que proíbem o proselitismo religioso" , afirma Debora.
Segundo a pesquisa, a falta de regulamentação sobre o conteúdo do ensino religioso refletiu-se também no conteúdo dos livros didáticos. "Encontramos uma preponderância de representação das religiões cristãs, sobretudo do catolicismo. As religiões afro-brasileiras e indígenas eram sub-representadas, nem sequer eram reconhecidas como religiões; era conferido àquelas uma identidade primitiva ou de crenças mágicas. Não havia nenhuma representação positiva de pessoas ou grupos sem religião. Além disso, encontramos um cenário de estigmatização da pessoa com deficiência", esclarece Diniz.
Para a estudiosa, o Estado brasileiro, apesar de laico, não adota uma posição neutra em matéria religiosa e confessional. "As religiões participam ativamente das instituições básicas do Estado. No campo educacional, as escolas públicas recorrentemente se constituem como espaços de disputas. Refletir sobre o ensino religioso nas escolas públicas significa repensar o papel do Estado na promoção da justiça religiosa e, em última instância, na garantia da laicidade. O que é importante frente a esse cenário é que sejam definidos delineamentos claros quanto ao ensino religioso, especialmente no que se refere ao conteúdo dessa disciplina, para que as escolas não sejam utilizadas como espaço para o proselitismo", finaliza.
Livro
Os resultados foram publicados no livro "Laicidade e Ensino Religioso no Brasil". A pesquisa teve a participação de Tatiana Lionço e Vanessa Carrião e contou com apoio do Programa de Iniciação Científica da Universidade de Brasília (UNB), da Comissão de Cidadania e Reprodução e da UNESCO.
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Assessoria de Comunicação Social do CNPq
(61) 2108-9414
http://www.cnpq.br/saladeimprensa/notic ... 0/1227.htm
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.
Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
Beemmm
Apesar da predominância evangélica, os EUA levam essa questão mais a sério. Quando algum estado ou município (condado?) americano faz aprovar uma lei que obriga o ensino do Criacionismo, a Corte Suprema cai de pau em cima e caça a tal lei espúria.
Agora num país onde há "leis que pegam e leis que não pegam" (tentem imaginar o que um europeu ou americano sério pensa disso), o que mais você esperaria quanto a essa confusão entre ensinar SOBRE religião e ensina UMA religião?
Apesar da predominância evangélica, os EUA levam essa questão mais a sério. Quando algum estado ou município (condado?) americano faz aprovar uma lei que obriga o ensino do Criacionismo, a Corte Suprema cai de pau em cima e caça a tal lei espúria.
Agora num país onde há "leis que pegam e leis que não pegam" (tentem imaginar o que um europeu ou americano sério pensa disso), o que mais você esperaria quanto a essa confusão entre ensinar SOBRE religião e ensina UMA religião?
- Fernando Silva
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Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
Já postei em outro tópico a declaração da professora de uma escola adventista brasileira:
"A gente acredita no criacionismo. Por que iríamos ensinar o evolucionismo para as crianças?"
Ou isto:
http://e-paulopes.blogspot.com/2008/11/ ... -aula.html
"A gente acredita no criacionismo. Por que iríamos ensinar o evolucionismo para as crianças?"
Ou isto:
http://e-paulopes.blogspot.com/2008/11/ ... -aula.html
Os alunos dos três primeiros anos do ensino Fundamental 1 do Colégio Mackenzie recebem nas aulas de ciências a pregação da teoria do criacionismo, a de que Deus criou o mundo e, a sua semelhança, o homem.
Na apostila da coleção Crescer em Sabedoria adotada pela escola não há nenhuma menção a Charles Darwin, o autor da ‘Origens das Espécies”, embora o horário esteja reservado para ensinamentos científicos.
Colégio pertence ao Instituto Presbiteriano Mackenzie - zeloso de sua tradição (foi fundado em 1870) e conhecido por seu conservadorismo, é uma entidade confessional. Era de se esperar, portanto, que o criacionismo encontrasse ali abrigo, mas nas aulas de religião, não nas de ciências.
Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
Beeem
É preciso entender que para os confessionais evangélicos, Criacionismo É CIÊNCIA. É que para eles, o conceito de Ciência é como uma mola: pode ser esticado ou encolhido para caber em cada situação.
É como o Ignorácio Mulla da Silva, que deu asilo ao Batisti alegando que ele "SERIA PERSEGUIDO POLITICAMENTE NA ITÁLIA POR SEU PASSADO MILITANTE". Ué? E os atletas cubanos foram despachados direto para Cuba e lá "não sofreriam perseguição política?" Ou perseguição política numa ditadura comunista é aceitável, mas numa democracia italiana é intolerável?
Numa coisa ao menos posso dizer que admiro no Mulla e nesses donos de colégios confessionais: eles não cultuam uma moral dupla _ assumem publicamente sua contradição humana.
É preciso entender que para os confessionais evangélicos, Criacionismo É CIÊNCIA. É que para eles, o conceito de Ciência é como uma mola: pode ser esticado ou encolhido para caber em cada situação.
É como o Ignorácio Mulla da Silva, que deu asilo ao Batisti alegando que ele "SERIA PERSEGUIDO POLITICAMENTE NA ITÁLIA POR SEU PASSADO MILITANTE". Ué? E os atletas cubanos foram despachados direto para Cuba e lá "não sofreriam perseguição política?" Ou perseguição política numa ditadura comunista é aceitável, mas numa democracia italiana é intolerável?
Numa coisa ao menos posso dizer que admiro no Mulla e nesses donos de colégios confessionais: eles não cultuam uma moral dupla _ assumem publicamente sua contradição humana.
Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
O mais engraçado é q se esse povo dependesse da "ciencia religiosa" estariam até hoje batendo uma pedra na outra pra fazer fogo...
Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
Reid escreveu:O mais engraçado é q se esse povo dependesse da "ciencia religiosa" estariam até hoje batendo uma pedra na outra pra fazer fogo...
Existem religões assim até hoje. Ex: Mórmons.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."
- Fernando Silva
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Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
Johnny escreveu:Reid escreveu:O mais engraçado é q se esse povo dependesse da "ciencia religiosa" estariam até hoje batendo uma pedra na outra pra fazer fogo...
Existem religões assim até hoje. Ex: Mórmons.
Ou seriam os amish?
- Apo
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Re: Pesquisa aponta preconceito no ensino religioso brasilei
O Brasil é um Estado laico, ou seja, não adota nenhuma religião oficial. Entretanto, é uma nação que promove e respeita a diversidade religiosa.
Belas palavras embromadoras, como de costume.
Quais os limites da intersecção entre Estado e Nação?
Qual o sentido real de "não adota...mas...promove"?
Qual o limite entre respeitar e ser complacente, indulgente ou omisso?