A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservadorismo

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user f.k.a. Cabeção
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A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservadorismo

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Globalismo, pacifismo, multiculturalismo, relativismo, desconstrucionismo, racialismo, gayzismo, ambientalismo, abortismo, feminismo e os bons e velhos socialismo, sindicalismo, trabalhismo e comunismo.

Conservadores sabem, ou ao menos podem imaginar com detalhismo grafico, as conseqüências dessas idéias no mundo real, feito de pessoas de carne e osso. Exatamente por isso, existe uma tendência entre conservadores a demonizar os defensores desse tipo de idéia.

Mas essa postura é um erro. O conservador a adota por acreditar que o esquerdista está agindo de forma consequente, que ele almeja os fins que suas próprias ações procuram. O conservador, ciente de que essas ações não podem produzir nada bom, conclui daí que o globalista (ou ativista equivalente) é necessariamente mau.

Esse tem sido um dos grandes obstáculos na transmissão da mensagem conservadora. A tendência a presumir uma imoralidade de intenções baseada numa imoralidade de ações. Essa conclusão aplica-se apenas a pessoas consequentes, capazes de fundamentar seus atos num aprendizado passado, e é exatamente isso que esquerdistas não são.

Essa é uma hipótese completamente fora de propósito com os fatos, e denota a incapacidade de conservadores de capturar a curiosa essência da condição esquerdista.. A maior parte da esquerda não faz idéia das conseqüências decorrentes de suas próprias idéias, e as defendem com a melhor das intenções. De tão apegados a bondade inerente de suas propostas, eles se dispõe a fazer pouco caso dos fatos contraditórios que lhes são apresentados, que demonstrem inexoravelmente a desconexão completa de suas ações e dos objetivos pretendidos. Isso não é sintomático de uma personalidade essencialmente má, mas de uma psicologia demente.

Eles são acometidos por um delírio megalomaníaco altruísta, e dessa condição mentalmente debilitada eles conduzem suas incríveis atrocidades. Embora seu altruismo seja abstrato, uma vez que esquerdistas não tendem a engajar-se em atos práticos de caridade na mesma intensidade que conservadores, ele não é necessariamente insincero. Na sua condição delirante, ele justifica seu altruismo nas ações que, pelo menos em teoria, conduzem a sociedade futurista que ele idealizou, ainda que para isso precise incinerar populações inteiras durante o processo de construção.

Uma das maiores dificuldades auto-impostas por conservadores é sua insistência em tratar a posição esquerdista como um argumento legítimo a ser atacado logicamente, ao invés de reconhecer que essa condição decorre de uma desordem cognitiva socialmente induzida e auto-fortalecida.

Eu mesmo reconheço ter insistido nesse approach por mais tempo do que deveria. O tratamento dedicado a esquerda deve ser mais psiquiátrico e menos dialético, e isso é algo que os conservadores precisam levar em consideração se quiserem efetivamente combater esse transtorno persistente.

Ao elevar esquerdistas de sua condição de paciente de um disturbio de realidade ao patamar de opositor legítimo, o conservador está admitindo um debate com um oponente que não está amarrado a premissas fundamentais de qualquer troca de idéias racional, como a existência de uma realidade comum e cognoscível por meio dos fatos experimentados no passado. Derivando dessa premissa, qualquer tentativa de debate é um empreendimento fútil de produção de ruídos, saliva e agitação de braços condizente com a realidade de um hospício.
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Acauan
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservadorismo.


Impecavelmente correto.

Só acrescentaria que os conservadores não pecam apenas por não compreender corretamente a dinâmica dos esquerdistas, mas também e principalmente por não conseguirem estabelecer um dinâmica conservadora própria, independente das estratégias da Esquerda, contra a qual atuam apenas como forças de reação. Muitas vezes tardia.
Nós, Índios.

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Acauan
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por Acauan »

Por uma nova Direita

Por Acauan Guajajara


Publicado originalmente em 14/01/2011

Ao fim do regime militar brasileiro nenhum político tinha coragem de se dizer de Direita e enfrentar inevitáveis acusações de ser um "filhote da ditadura".
Tal situação - e tal covardia - deu aos esquerdistas três décadas para se apresentar como heróis da resistência, em uma estratégia de propaganda que visava redesenhar a imagem que a população tinha deles como baderneiros e terroristas, ao mesmo tempo em que lançava toda a Direita na vala comum dos torturadores e golpistas.
A Esquerda perdeu a luta armada, mas saiu ganhando na Guerra Cultural.

Os danos poderiam ter sido neutralizados se, do outro lado, políticos direitistas rechaçassem as acusações valendo-se apenas da verdade óbvia, que a Direita não era o que a Esquerda dizia ser. Ninguém de bom senso espera que inimigos políticos em guerra ideológica troquem alegações isentas um sobre o outro.

Fizeram o contrário.
A Direita assumiu uma postura defensiva, chegando a negar sua própria identidade classificando-se como "centro", postura suicida que legitimou tacitamente o discurso de ataque das esquerdas.

Sem resistência, a Esquerda se viu livre para se apropriar dos qualificativos de democrática, progressista e promotora da justiça social, infligindo à Direita os rótulos de autoritária, retrógrada e elitista.

Por mais pueril que seja a idéia de que um dos lados do espectro político só reúna virtudes enquanto o outro só acumula pecados, a repetição ano após ano, década após década do discurso autobeatificante da Esquerda, somada ao silêncio dos que deveriam contestá-lo, alimentou no público uma dúvida razoável – se a Direita não é o que a Esquerda diz, é o que então?

Qualquer projeto direitista no Brasil deve começar divulgando claramente quem e o que a Direita é.

Uma nova Direita brasileira que assuma a missão de combater a Esquerda tanto no embate político-partidário quanto na Guerra Cultural, precisa mostrar sua cara, assumir seu nome e dizer a que veio – mostrar-se alternativa melhor para o exercício do poder político.




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zumbi filosófico
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por zumbi filosófico »

Há um tempo li um texto interessante com uma mensagem um pouco parecida, mas também fugindo bem mais do maniqueísmo, que, de qualquer forma, dá um ótimo sinal de declínio nessa postagem. :emoticon12:


The extraordinary success of liberaltarianism
I was reading the comment section of Will Wilkinson’s blog, and came across this assertion:

The libertarian effort to convert liberals will be about as successful as the libertarian effort to convert conservatives. Liberals would at base have to share some common ideology with libertarians for that to work, but since they don’t, it won’t.


I couldn’t disagree more strongly.  Liberaltarianism is basically libertarians attempting to knock some sense into liberals on economic issues.  As you may know, I think both left and right wing liberals have basically the same (quasi-utilitarian) values, but different worldviews.  And as you know, I think the right wing worldview is more accurate on most economic issues (although now I guess I have to exclude monetary policy.)

Let’s review what liberals used to believe, before libertarians knocked some sense into them:

1.  In the US, they believed the prices of goods and services should be set by the government.  Ditto for wages.  This took the form of the NIRA in the 1930s.  It took the form of multiple industry regulatory agencies like the ICC and CAB.  By the late 1960s and early 1970s they favored “incomes policies” which were essentially across the board wage and price controls.  Today they generally favor letting the market set wages and prices.  Very liberal Massachusetts recently abolished all rent controls.

2.  In the US, they believed the government should control entry to new industries.  They have abandoned that belief in many industries, and based on recent posts by people like Matt Yglesias, are becoming increasingly disillusioned with remaining occupational restrictions.

3.  They favored 90% tax rates on the rich.  Today they favor rates closer to 50% on the rich.

4.  In most countries liberals thought government should own large corporations.  Today most liberals around the world think large enterprises should be privatized.  Over the next few decades there will be trillions of dollars in new privatizations, and very few nationalizations.

Sure the recent crisis has created setbacks, such as the government takeover of GM.  But the long run trend around the world has been strongly liberaltarian, and will almost certainly remain so for the foreseeable future.  Just the other day Denmark decided to cut unemployment benefit eligibility from 4 years to 2 years.  Think about what that means.  Two French researchers (Algan and Cahuc) found that Danes had the most liberal/civic-minded attitudes on Earth.  They argued that Denmark was the country most suited to have social insurance programs, because the non-deserving would be less likely to abuse the programs in Denmark than in any other country.  Yet even in ultra-honest Denmark it was found that a large number of workers mysteriously found jobs immediately after their unemployment benefits ran out.  So they are cutting back.  Denmark already has the freest markets in the world, and now they are shrinking their welfare state.  No wonder the Danes are so happy, despite dreary weather.

I see people like Brink Lindsey as trying to make pragmatic libertarians better understand their role in the ongoing policy debate.  We are not engaged in some sort of Manichean struggle between good and evil.  We are trying to convince well-meaning policy wonks like Matt Yglesias of the virtues of free markets.  Whether success on that front would actually change public policy depends on how civic-minded (or “liberal” in the original sense of idealistic) the society is.  In very civic-minded societies liberaltarian ideas are accepted much more easily that in less civic-minded societies, where rent-seeking may be endemic.  In the long run, the only hope for those societies is a change in attitudes.  I believe that occurs through the narrative arts.  Progress seems slow, because the problems seem so overwhelming.  But taking the long view, the progress we have already achieved has been mind-boggling.

Good luck to Brink and Will in their new jobs.


http://www.themoneyillusion.com/?p=6593





E outro, esse já vindo da esquerda:


A different approach to the BNP?

by Rowenna Davis    
May 13, 2009 at 4:10 pm

This week the anti-BNP coalition Hope Not Hate released a video depicting Nick Griffin as Hitler leading the next Reich. A viral tool to help prevent the BNP obtaining a seat in the fast approaching European elections, the video made my mates laugh – but it made me feel uncomfortable.

Don’t get me wrong – I’m a big fan of Hope not Hate. In fact, I’m currently sitting in front of several large boxes of their leaflets to deliver around Tower Hamlets and Islington. But I’m worried about the one-sided, overly negative approach we’re taking.

Fellow Hope not Hate campaigners continue to shout accusations of racism outside gatherings of BNP members, and the leaflets I’m set to deliver brand the BNP a “Nazi party”. I might agree with this, but what about our target audience? I’m concerned they’ll just get BNP sympathisers and supporters’ backs up, and push them further from the mainstream.

I understand why the policy of stigmatisation is useful. I understand that if you brand the party as unacceptable, then it’s harder for the BNP to campaign, to build their membership base or to get platforms for the hate they’re spreading. But negative campaigning on its own is not enough, and in some cases it can be counterproductive.

A recent BBC documentary exposed the stereotypical BNP supporter – the disillusioned racist intent on causing trouble – as a myth. Although the party leaders might be out and out racists, we have to be careful that we don’t isolate grassroots BNP members by tarring them with the same brush. Many BNP supporters are active community figures who simply want to make their neighbourhoods cleaner, safer and more cohesive. These are leftist goals, and we should capitalise on that. Rather than stigmatise BNP supporters, we should try to harness their energy and put it to better use.

History informs this debate. In my local campaign area in the East End, a Jewish anti-fascist campaigner in the 1930s – Phil Piratin – argued that engaging with fascists was a better way to combat racism than the left’s traditional policy of zero tolerance. He persuaded local anti-racist campaigners to join the boxing clubs where the fascists played, encouraging them to make friends and challenge their opinions.

It worked, as did his other strategies. When two families who belonged to the British Union of Fascists faced eviction, Piratin convinced his fellow campaigners to stand shoulder to shoulder with them. The families were saved from eviction, and they tore up their fascist membership cards. Perhaps if we engaged with BNP supporters in this way, they’d do the same.

In some areas, this positive engagement is already going on. In Barking and Dagenham for example, members of Hope not Hate are working with young people on the estates where the BNP is active. By providing them with training and activities, they are stopping the spread of boredom and unemployment that the BNP feeds on. We need more of this.

As a committed member of the movement who wants to see it succeed, I think we’re getting the balance between positive and negative campaigning wrong. I’ll still hand out the stigmatizing leaflets, but I want the chance to hand out some more positive alternatives too.





http://liberalconspiracy.org/2009/05/13 ... o-the-bnp/

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zumbi filosófico
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por zumbi filosófico »

Ainda outro esquerdista sobre os tea partiers.


The tea partiers are as good as you and me

WhoIsIOZ? escreveu:
[P]eople feel legitimate anger toward their government. They sense that the vague democratic ideals they have held since childhood have been traduced and betrayed. And they have.


We live in a post-manufacturing society, but this has different implications for different people.

Communities whose wealth came from manufacturing operations have had to replace that with some service-sector alternative. You're going from $30-an-hour jobs to minimum wage.

Then you have a wave of immigration from Mexico: you've got people willing to work for less than minimum wage -- people who get picked up by van services in the mornings, get robbed by their employers, and then pay a fee to the van service to bring them home.

Naturally, if you're going from some decent union job to competing with desperate immigrants for work, you're going to be pissed. Sure, you want to "take back your country," and you probably don't have good things to say about Mexicans, either. Meanwhile, you're listening to Beck and Limbaugh, because they're making sense of what is happening to you. No one else is addressing your concerns, so you tune into the people that do.

If we judge the Tea Party-types by the racism they display while bearing the brunt of the pain that comes from NAFTA and a move away from manufacturing, and put them up against all the progressively-minded people in corporate America who helped bring these things about, I don't see much of a moral distinction to get worked up about.

The only meaningful distinction comes from people who do something to challenge these trends.


http://ladypoverty.blogspot.com/2010/08 ... nd-me.html
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por zumbi filosófico »

Lembrei também que eu mesmo tentei postar um longo resmungo/esclarecimento parecido, só que do outro lado, num blog abortista/feminista, reclamando de coisas como o uso de uns termos como "anti-mulher", "anti-vida", "pró-morte de mulheres", ou sei lá o que. Mas não publicaram. Feministas filhas de umas trabalhadoras do entretenimento adulto. :-/
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »



Pois é Acauan.

A esquerda brasileira conseguiu a proeza de transformar termos como "conservador" e "reacionário" em qualificativos pejorativos a priori, sem necessidade de maiores explicações.

Assim um esquerdista pode desqualificar um adversário ao designar sua posição como reacionária, ainda que esta seja simplesmente a definição de qualquer resistência ao reformismo radical que a esquerda defende.

Esses termos são sinônimos de anti-esquerdismo. Ser conservador ou reacionário consiste exatamente em objetar projetos de mudanças e reformas institucionais radicais credenciadas pela teórica moralidade superior da sociedade futura que essas reformas produzirão.

E essa é exatamente a natureza das propostas esquerdistas, a predisposição a privilegiar o conhecimento extraído da experiência futura hipotética a sabedoria real acumulada no passado. Que uma pessoa oriente sua própria vida dentro desse princípio, problema dela e de sua insanidade. Mas quando ela o aplica a sociedade como um todo, e tenta obrigar todos a obedecer sua visão, trata-se de um visionário progressista.

No mundo em geral, mas no Brasil principalmente, a noção de conservadorismo parece descrever uma atitude contrária a qualquer tipo de mudança, sendo eles portanto paladinos do status quo, embora essa seja uma premissa completamente despropositada.

Conservadores propoem mudanças, muitas vezes mais significativas que as mudanças dos progressistas, sobretudo em ambientes onde as instituições já estão profundamente corroídas pelo ativismo radical.

A diferença está no que inspira as propostas conservadoras. Ao contrário do socialista e sua credencial futurista imaginária, o conservador se inspira pelo conhecimento adquirido pela experiência real e autoridade do passado. A experiência conservadora é aquela que se produz dentro das margens de variação previstas pelas próprias instituições, ao longo do tempo. A maioria dessas experiências sendo pequenos fracassos não comprometedores a serem eliminados, mas uma pequena fração sendo pequenos sucessos a serem acumulados e compostos uns sobre os outros, permitindo o progresso real.

O conservador reconhece não compreender em detalhe como todas as instituições se entrelaçam criando a estrutura da sociedade. E que ele não precisa conhecer, para respeita-los e assumir seu funcionamento. Ele admite a existência de uma complexidade cuja dimensão transcende a sua própria razão governando a evolução dos assuntos humanos e da moralidade, da qual ele pode obter apenas um conhecimento incompleto e imperfeito, e a qual ele não se julga capaz de reconstruir, muito menos de criar algo novo melhor a partir do nada.

O conservadorismo sendo a atitude racional legítima, de uma razão destituída de egocentrismo megalomaníaco dos reformadores do mundo. Do reconhecimento de que no passado as pessoas não eram idiotas cegos a obviedade de uma visão futurista, e que deve existir uma razão para que um plano revolucionário simplista não tenha sido posto em prática antes, ou porque ele não teria sucedido nas vezes em que se tentou aplica-lo. O conservador olha para as instituições e se maravilha com o seu funcionamento ainda que este seja imperfeito. Ele não percebe instituições como superstições irracionais que persistiram graças a incompetência e ignorância das gerações passadas, mas como produtos da sofisticação e da razão daqueles que o precederam.O conservador se reconhece como mais um indivíduo membro de uma espécie humana racional como um todo, e não como membro de uma casta priveligiada capaz de acessar uma visão do futuro para as massas ignóbeis. Mesmo quando ele é um grande homem, ele ainda se vê como indivíduo e entende a sua contribuição como aquela de um indivíduo visando acrescentar algo ao edifício já existente.

Em contraste, o esquerdista propoe demolir todo o edifício, provavelmente porque imagina que nunca antes na história do mundo ninguém foi tão esplêndido quanto ele próprio.

Existe uma atitude entre conservadores "moderados" e centristas de acreditar que um equilíbrio dinâmico entre conservadores e progressistas é a fórmula ideal para o progresso de uma sociedade. Eu não sei se essa é a sua visão, mas com certeza não é a minha.

Na medida que se discutam objetivos políticos de curto termo, reconhecer a realidade e a penetração do progessismo na sociedade de fato não é uma alternativa, e admitir algumas concessões pode ser imperativo para sua estratégia de sobrevivência. Face a ameaça nazista, Churchill admitiu a aliança com Stalin, e segundo ele próprio, se aliaria ao próprio satanás contra Hitler.

Mas não se deve perder de vista quea atitude progressista, em todas as suas formas, é uma doença moral e uma ameaça constante a civilização humana, e um problema que no longo prazo não deve ser menosprezado ou ignorado.
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

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É engraçado ver a esquerda tentando descaracterizar de forma condescendente os Tea Parties que vem ocorrendo, como se eles fossem compostos de caipiras blue-collar e concentrassem toda atenção nas políticas de contenção de imigração, e não na expansão do gasto governamental, sobretaxação e irresponsabilidade monetária, pontos que ela não por acidente não aborda.
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

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Não é o único post sobre os tea partiers, e nem é uma descaracterização:

Views of supporters
Various polls have also probed Tea Party supporters for their views on a variety of political and controversial issues. A University of Washington poll of 1,695 registered voters in the State of Washington reported that 73% of Tea Party supporters disapprove of Obama's policy of engaging with Muslim countries, 88% approve of the controversial immigration law recently enacted in Arizona, 82% do not believe that gay and lesbian couples should have the legal right to marry, and that about 52% believed that "lesbians and gays have too much political power."[67][68]

More than half (52%) of Tea Party supporters told pollsters for CBS/New York Times that they think their own "income taxes this year are fair."[61] Additionally, a Bloomberg News poll found that Tea Partiers are not against increased government action in all cases. “The ideas that find nearly universal agreement among Tea Party supporters are rather vague,” says J. Ann Selzer, the pollster who created the survey. “You would think any idea that involves more government action would be anathema, and that is just not the case.”

The 2010 midterm elections demonstrated considerable skepticism within the Tea Party movement with respect to the dangers and the reality of global warming. A New York Times/CBS News Poll during the election revealed that only a small percentage of Tea Party supporters considered global warming a serious problem, much less than the portion of the general public that does. Opposition is particularly strong to Cap and Trade with Tea Party supporters vilifying Democratic office holders who supported efforts to mitigate climate change by emissions trading which would encourage use of fuels which emitted less carbon dioxide.[69] An example is the movement's support of California Proposition 23, which would suspend AB32, the Global Warming Solutions Act of 2006.[70] The proposition failed to pass, with less than 40% voting in favor.[71]

Many of the movement's members also hold conservative views on social issues such as illegal immigration.[72] However, political analyst Dick Morris has argued that in a "fundamental change" evangelical or social issues do not dominate the Republican activists in 2010, because "economic and fiscal issues prevail. The Tea Party has made the Republican Party safe for libertarians."[7]


http://en.wikipedia.org/wiki/Tea_Party_movement


Ao mesmo tempo, a perspectiva que eles têm da economia costuma ser qualquer coisa desconexa da realidade que algum Beck ou Limbaugh da vida disse no rádio.
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

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Cabeção, seu primeiro post trata da paralaxe cognitiva exposta pelo Olavo de Carvalho, não sei se a idéia original é dele. Você já ouviu falar ?
Tudo é vaidade e correr atrás do vento

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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

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Globalismo, pacifismo, multiculturalismo, relativismo, desconstrucionismo, racialismo, gayzismo, ambientalismo, abortismo, feminismo e os bons e velhos socialismo, sindicalismo, trabalhismo e comunismo.

Conservadores sabem, ou ao menos podem imaginar com detalhismo grafico, as conseqüências dessas idéias no mundo real, feito de pessoas de carne e osso. Exatamente por isso, existe uma tendência entre conservadores a demonizar os defensores desse tipo de idéia.

Mas essa postura é um erro. O conservador a adota por acreditar que o esquerdista está agindo de forma consequente, que ele almeja os fins que suas próprias ações procuram. O conservador, ciente de que essas ações não podem produzir nada bom, conclui daí que o globalista (ou ativista equivalente) é necessariamente mau.

Esse tem sido um dos grandes obstáculos na transmissão da mensagem conservadora. A tendência a presumir uma imoralidade de intenções baseada numa imoralidade de ações. Essa conclusão aplica-se apenas a pessoas consequentes, capazes de fundamentar seus atos num aprendizado passado, e é exatamente isso que esquerdistas não são.

Essa é uma hipótese completamente fora de propósito com os fatos, e denota a incapacidade de conservadores de capturar a curiosa essência da condição esquerdista.. A maior parte da esquerda não faz idéia das conseqüências decorrentes de suas próprias idéias, e as defendem com a melhor das intenções. De tão apegados a bondade inerente de suas propostas, eles se dispõe a fazer pouco caso dos fatos contraditórios que lhes são apresentados, que demonstrem inexoravelmente a desconexão completa de suas ações e dos objetivos pretendidos. Isso não é sintomático de uma personalidade essencialmente má, mas de uma psicologia demente.

Eles são acometidos por um delírio megalomaníaco altruísta, e dessa condição mentalmente debilitada eles conduzem suas incríveis atrocidades. Embora seu altruismo seja abstrato, uma vez que esquerdistas não tendem a engajar-se em atos práticos de caridade na mesma intensidade que conservadores, ele não é necessariamente insincero. Na sua condição delirante, ele justifica seu altruismo nas ações que, pelo menos em teoria, conduzem a sociedade futurista que ele idealizou, ainda que para isso precise incinerar populações inteiras durante o processo de construção.

Uma das maiores dificuldades auto-impostas por conservadores é sua insistência em tratar a posição esquerdista como um argumento legítimo a ser atacado logicamente, ao invés de reconhecer que essa condição decorre de uma desordem cognitiva socialmente induzida e auto-fortalecida.

Eu mesmo reconheço ter insistido nesse approach por mais tempo do que deveria. O tratamento dedicado a esquerda deve ser mais psiquiátrico e menos dialético, e isso é algo que os conservadores precisam levar em consideração se quiserem efetivamente combater esse transtorno persistente.

Ao elevar esquerdistas de sua condição de paciente de um disturbio de realidade ao patamar de opositor legítimo, o conservador está admitindo um debate com um oponente que não está amarrado a premissas fundamentais de qualquer troca de idéias racional, como a existência de uma realidade comum e cognoscível por meio dos fatos experimentados no passado. Derivando dessa premissa, qualquer tentativa de debate é um empreendimento fútil de produção de ruídos, saliva e agitação de braços condizente com a realidade de um hospício.


Trocando em miúdos, nem todos os esquerdistas não são necessariamente maus, mas todos são necessariamente estúpidos, sendo que para lidar com os mesmos é necessário ou estar disposto a bater palmas para ver louco dançar ou então saber que se está tratando com um debilóide e agir como quem trata com tal. :emoticon12:

Perfeito.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Tranca,

É isso, mas não é “só isso”.

A atitude política conservadora é também a contraposição ao ativismo progressista na sua forma incipiente, o Groupthink.

O fenômeno do Groupthink consiste na manifestação embrionária de uma agenda progessista, e em virtude disso é abominável, seja ele de qualquer natureza. Ele subentende uma sociedade regida por uma guerra de grupos, cada qual dotado de um tipo de pensamento particular, e por conseguinte de uma natureza juridica diferente, concretizada em direitos (grupais) fundamentais distintos.

Para o conservador, se a lei distinguir grupos e for assimétrica na sua natureza, deve-se defender a sua modificação, mas não com base no direito de grupos abstratos prejudicados, mas no direito de indivíduos reais e isonômicos. "[A]ll men are created equal, and are endowed by their Creator with certain and unalienable rights,[...]"

Como você pode perceber, a objeção ao ambientalismo, o gayzismo, o globalismo, o pacifismo, o multiculturalismo não se sustenta numa agenda poluidora, homofóbica, nacionalista, belicosa ou supremacista secreta, mas ela é consistente com uma posição incondicionalmente conservadora e anti-coletivista face as diversas formas de progressivismo anti-civilizacional que emergem como modismos intelectuais nas diferentes gerações que se passam.

Um conservador não espera inspirar as mesmas emoções da retórica progressista. Sua posição não se baseia em delírio coletivo, ao contrário, ele tem a missão ingrata de quebrar o transe hipnótico que os mantras progressistas induzem. Lembrar as pessoas de viver na realidade, cujo contraste com os devaneios delirantes progressistas parece muito insatisfatória e decepcionante, pode ser demasiado desgastante, mas é ao mesmo tempo extremamente necessário.

Um conservador sempre fala de defender aquilo que existe, aquilo que é real, aquilo que é nosso, dos assaltos empreendidos pelas hordas dos fanáticos revolucionários. Mas apenas quando essas hordas adquirem uma dimensão apreciável e o perigo é real e imediato é que os conservadores passam a ser levados a sério. Enquanto isso não ocorre, as vítimas dos genocídios futuros continuam sancionando a ação de seus eventuais algozes.

O ambientalismo, o gayzismo, o globalismo, o pacifismo, o multiculturalismo reúnem todas as características dos desastres progressista na sua fase de infância e adolescência. Esses desastres não necessariamente precisam se dar na forma de colapso direto das instituições que são vilipendiadas. Eles são um campo de treinamento e teste para os métodos e táticas de desestabilização institucional que a esquerda eventualmente adotará no seu ataque final aos pilares mais vitais da nossa civilização. Seu sucesso gera momento crescente para chantagens cada vez mais abusivas da parte dos auto-proclamados “senhores do destino da humanidade”.

A resistência ativa a esses movimentos e a outras formas iniciais de globalismo é vital se quisermos evitar a repetição das calamidades ideológicas do passado.
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Tranca
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por Tranca »

Cabeça, o que você escreveu engloba uma boa parte do que penso e nunca me preocupei de externar ou ir adiante.

Mandou bem.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Minutemen escreveu:Cabeção, seu primeiro post trata da paralaxe cognitiva exposta pelo Olavo de Carvalho, não sei se a idéia original é dele. Você já ouviu falar ?



Saudações Anderson, quanto tempo...

Sim você tem razão, o texto é bastante influenciado pelas idéias de Olavo de Carvalho a respeito da paralaxe cognitiva dentro da estrutura da mentalidade revolucionária. Uma boa video-aula dele a respeito: http://www.youtube.com/watch?v=vCW5z5soPkw

O. de C. cita como influência para sua teoria de Paralaxe Cognitiva, Eric Voegelin e a noção de imanentização do escathon.
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Tranca escreveu:Cabeça, o que você escreveu engloba uma boa parte do que penso e nunca me preocupei de externar ou ir adiante.

Mandou bem.


:emoticon45:
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carlo
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por carlo »

Papo Furreco! O que interessa é aquele CARTAZ no metro de Paris... A esquerda dá certo. A foto é de Lula. Teorias por teorias, o consevadorismo atual que começou em Mont Pellerin tem, Stalin também teve. O resto é Papo furreco. As eclusas de Tucuruí estão aí para demonstrar. Lord keynes e Roosevelt, tbm, e o Lulão nem se diga. O resto é BABOSEIRA de reaças, com papo FURRECO que não muda nada na vida das pessoas, tais como: Cruzes!!!!! "Este aeroporto tá parecendo uma rodoviária"!
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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por Rapidfire »

Cabeção, acho que sua explanação explica porque alguns esquerdistas abandonam a ideologia de forma tão ressentida através dos exemplos históricos, da maturidade, da argumentação... Já outros, apesar disso tudo, continuam impermeáveis e insistem em repetir as mesmas frases feitas.
"Filipenses 1:18 - Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisso me regozijo, e me regozijarei ainda."(Paulo de Tarso)

Mesmo se Deus(es) existir(em) os motivos para a crença nele(s) estão errados.

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Re: A curiosa condição esquerdista, ou o erro do conservador

Mensagem por Tranca »

carlo escreveu:Papo Furreco! O que interessa é aquele CARTAZ no metro de Paris... A esquerda dá certo. A foto é de Lula. Teorias por teorias, o consevadorismo atual que começou em Mont Pellerin tem, Stalin também teve. O resto é Papo furreco. As eclusas de Tucuruí estão aí para demonstrar. Lord keynes e Roosevelt, tbm, e o Lulão nem se diga. O resto é BABOSEIRA de reaças, com papo FURRECO que não muda nada na vida das pessoas, tais como: Cruzes!!!!! "Este aeroporto tá parecendo uma rodoviária"!


Raciocínio linear também não é o forte dos esquerdistas.
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