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Liberdade de Imprensa segundo Lênin e Trótski

Enviado: 26 Jan 2011, 09:59
por Rapidfire
Do livro Lênin, Stálin e Hitler - A era da catástrofe social de Robert Gellately; página 63-64.

Eliminando as Liberdades Civis


O entendimento de Lênin de "verdadeira liberdade" foi logo esclarecido. A primeira liberdade civil a ser removida como um membro gangrenado foi a liberdade de expressão. Menos de 48 horas após a revolução, um “decreto sobre a imprensa” foi emitido com a assinatura de Lênin, Isso aconteceu em 27 de Outubro e já marcou o fim de qualquer esperança que o novo regime fosse ser tolerante, quanto mais de que a estabelecesse a democracia. Ele ousadamente declarou que estava mantendo a promessa de fechar a imprensa da classe média, ou burguesia. Quaisquer opiniões divergentes identificadas com os interesses dessa classe eram condenadas. A partir daí, qualquer jornal que incitasse (segundo vagas definições) a resistência ao Sovnarkom podia ser fechado. Jonh Reed, o americano que registrou a revolução, anotou, sem fazer crítica, a lógica de Lênin durante um debate no Congresso dos Sovietes: “Nós, bolcheviques, sempre dissemos que quando chegássemos a uma posição de poder, fecharíamos a imprensa. Tolerar jornais burgueses significaria parar de ser um socialista. Quando se faz uma revolução, não se pode ficar parado, é preciso avançar sempre- ou recuar. Quem agora fala sobre ‘liberdade de imprensa’ retrocede e detém nosso curso impetuoso rumo ao socialismo.

Leon Trótski também falou longamente a favor da resolução. Disse que “durante a guerra civil o direito de usar violência” – isso menos de 48 horas após o início do que ainda era uma revolução sem derramamento de sangue – “pertence ao oprimido”. Houve vaias na reunião: “Quem é o oprimido agora? Canibal!” Trótski seguiu em frente: “Se vamos nacionalizar os bancos, podemos tolerar os jornais econômicos? O velho regime tem que morrer: é preciso entender isso de uma vez por todas.

A supressão da imprensa não foi bem recebida por todos os bolcheviques, e Kamenev, Zinoviev e outros renunciaram ao Comitê Central. (Jamais seriam perdoados.) A nova censura chocou apoiadores da revolução, que corretamente a interpretaram como um sinal de ainda viria coisa pior. A desculpa de Lênin ao Sovnarkom foi a de que “a guerra civil ainda não acabou; o inimigo ainda está conosco; consequentemente, é impossível abolir medidas de repressão contra a imprensa”.

Sua opinião era decisiva em quase todas as instâncias, mas Trótski, que culparia Stálin por tudo que deu errado, apoiou o mesmo curso. Os poucos que renunciaram ao Comitê Central ou ao Sovnarkom por causa da eliminação da imprensa e de outras medidas antidemocráticas rapidamente buscaram paz com Lênin e imploraram para reconquistar seu beneplácito antes do final do ano, mesmo enquanto ele estabelecia uma ditadura absoluta baseada no terror. Eles colocaram “a causa” na frente dos direitos civis e legais.