Efêmera existência
Enviado: 08 Fev 2006, 18:45
Efêmera existência
by Alter-ego
O Alter-ego está triste...
Ontem de manhã, enquanto saía para ver o mar e deixar nas ondas um pouco do peso do existir, enquanto preparava-se para lamentar mais uma vez as asas partidas que já não lhe permitem voar, deteve-se, inusitadamente, no seu jardim.
E enquanto sonhava acordado, enquanto via sob a névoa do seu olhar a sombra de deuses que morreram junto com seus fiéis, seus olhos detiveram-se na mais bela das coisas que já observara.
Enquanto, lá fora, continuava a aterna batalha da existência e os povos disputavam os louros da vitória, o jovem Ego abaixou-se serenamente, para tocar uma flor, uma linda flor que nascera em seu jardim. Vê! Diante dos espinhos que já se avolumavam naquele pequeno campo, brotara uma flor: bela e única. Sim, brotara para ele, um guerreiro erguido após o tombar de um outro guerreiro.
Sentiu-se extasiado. Alter-ego tem impetos de dançar. Vê: Alter-ego dança ao som do exército dos céus e, também ele, já não acreditaria num deus que não soubesse dançar... Alter-ego sorrí, e naquele instante, que dura uma eternidade, ele poderia responder a qualquer um que lhe perguntasse: - Quo vadis, Ego? (Onde vai, Ego?). Porque, naquele mesmo instante, ele sabia que encontraria a Paz, tendo entre seus dedos a mais bela das flores - mágica do absurdo - que lhe fora feita como oferenda dos deuses, ou como dádiva do acaso.
Ele se vai feliz. Sim, ele se vai. E já não está perdido, e já não está só, e já não é um célebre errante por entre vales viventes. Ao cair da tarde, ele saberá que a lua já nem será tão grandiosa, nem a noite tão sedutora, pois ao antever o derramar da essência do existir, que acompanha o seu "presente dos deuses", vê que tudo é muito pequeno, ante o sublime cuidado primordial.
Alter-ego desperta feliz. Caminhou por entre gigantes, empunhou a espada da justiça e venceu um dragão em sua garagem. Alter sorrí e ao abrir os olhos já está no jardim. Alter procura a flor que anima os seus dias. De repente, tem ímpetos de chorar. Ele sente tremer o chão sob sí e vê o céu se despedaçar. As estrelas caem ao seu redor e Alter já não pode, se não, chorar: a sua flor não está mais no jardim...
O Alter-ego está triste, muito triste...
by Alter-ego
O Alter-ego está triste...
Ontem de manhã, enquanto saía para ver o mar e deixar nas ondas um pouco do peso do existir, enquanto preparava-se para lamentar mais uma vez as asas partidas que já não lhe permitem voar, deteve-se, inusitadamente, no seu jardim.
E enquanto sonhava acordado, enquanto via sob a névoa do seu olhar a sombra de deuses que morreram junto com seus fiéis, seus olhos detiveram-se na mais bela das coisas que já observara.
Enquanto, lá fora, continuava a aterna batalha da existência e os povos disputavam os louros da vitória, o jovem Ego abaixou-se serenamente, para tocar uma flor, uma linda flor que nascera em seu jardim. Vê! Diante dos espinhos que já se avolumavam naquele pequeno campo, brotara uma flor: bela e única. Sim, brotara para ele, um guerreiro erguido após o tombar de um outro guerreiro.
Sentiu-se extasiado. Alter-ego tem impetos de dançar. Vê: Alter-ego dança ao som do exército dos céus e, também ele, já não acreditaria num deus que não soubesse dançar... Alter-ego sorrí, e naquele instante, que dura uma eternidade, ele poderia responder a qualquer um que lhe perguntasse: - Quo vadis, Ego? (Onde vai, Ego?). Porque, naquele mesmo instante, ele sabia que encontraria a Paz, tendo entre seus dedos a mais bela das flores - mágica do absurdo - que lhe fora feita como oferenda dos deuses, ou como dádiva do acaso.
Ele se vai feliz. Sim, ele se vai. E já não está perdido, e já não está só, e já não é um célebre errante por entre vales viventes. Ao cair da tarde, ele saberá que a lua já nem será tão grandiosa, nem a noite tão sedutora, pois ao antever o derramar da essência do existir, que acompanha o seu "presente dos deuses", vê que tudo é muito pequeno, ante o sublime cuidado primordial.
Alter-ego desperta feliz. Caminhou por entre gigantes, empunhou a espada da justiça e venceu um dragão em sua garagem. Alter sorrí e ao abrir os olhos já está no jardim. Alter procura a flor que anima os seus dias. De repente, tem ímpetos de chorar. Ele sente tremer o chão sob sí e vê o céu se despedaçar. As estrelas caem ao seu redor e Alter já não pode, se não, chorar: a sua flor não está mais no jardim...
O Alter-ego está triste, muito triste...