"Pelo fim da ditadura do amor materno"

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Herf
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"Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Herf »

A ditadura do amor

18/01/2011
por Paulo Ghiraldelli Jr.

As ditaduras são vistas como regimes de ódio. Mas a pior ditadura é a ditadura do amor. Entre as ditaduras do amor, a mais perversa é a que abocanha a mulher, condenada a amar sua prole.

Uma mulher que cai na prisão por qualquer crime só é unanimemente molestada pelas outras caso sua falta seja a de abandonar um filho. Jogadas ao azar da vida, as mulheres na prisão, barbarizadas, enxergam que devem fazer justiça com as próprias mãos se uma outra mulher não cumprir sua “função de mãe”. A sociedade fora das grades faz a mesma coisa. A mãe que mostra qualquer gesto visto como o do não-amor ao filho só tem equivalente em monstruosidade ao homem que é acusado de pedofilia. Essa moral das cavernas é reproduzida no lar, na manicure, no trabalho e na universidade. A mulher pode não mais saber cozinhar e pode falar com gosto que “cuidar do marido” é coisa do passado. Mas, ser mãe e amar os filhos, ou ela faz isso e, mais importante, diz que faz, ou será posta para escanteio. A mulher não perdoa a mulher por não viver a ditadura do amor à prole.

Não são poucos os filósofos que, quando buscam a essência do que seria o amor verdadeiro, querem encontrá-lo na relação mãe-filho. (1) Talvez eles até tenham alguma razão nisso. Mas a contrapartida aparentemente lógica dessa idéia não é nada boa. Diz-se então, numa falácia, que se a mulher não mostra que ama seu filho, então ela não ama nada. Um homem que não ama nada é um homem frio. Uma mulher que não ama nada é um alienígena perverso que merece a morte – mas não sem antes uma boa tortura. Sabe-se muito bem que bruxas não têm filhos.

Essa ditadura é aceita pelas mulheres e incentivada antes por elas mesmas que pelos homens. Na história do Ocidente só mesmo o movimento anarquista, em algum momento, conseguiu falar em “greve de útero”. Foi esmagado talvez antes por isso que pelas supostas greves no trabalho. Atualmente, qualquer atividade que possa aparecer como a negação da atividade materna, antes em teoria que de fato (!), é vista com maus olhos. A maioria das mulheres que defendem o direito ao aborto são as primeiras a ficarem horrorizadas com algumas de suas colegas que, antes do direito ao aborto, querem ter o direito de não ter de gastar o amor com filhos.

A ditadura do amor, porém, não tem só defensores explícitos. São dezenas de profissionais os que estão a serviço dela, trabalhando dioturnamente para que a lei da maternidade seja cúmplice e incentivadora, subrepticiamente, do que se pode chamar de lei do amor a todo custo. Li esses dias na nossa imprensa uma dessas sutis incursões a favor da ditadura do amor. (2) Psicólogos, terapeutas, pedagogos e outros dessa linha falando do “movimento pelo brincar”. Esses inventores da roda e descobridores de Américas dizem que as crianças precisam brincar. Falam (vagamente, é claro) sobre as distorções causadas pela falta da brincadeira tradicional na vida de meninos e meninas. Rousseauístas inconscientes e acríticos, eles insinuam que os adultos não serão boas pessoas caso não brinquem. Tentam apavorar as mães com as estatísticas, mostrando o quanto as crianças do mundo todo estão deixando de brincar, optando pela “abominável TV”, a Internet e atividades programadas em escolas ou atividades extra-curriculares. A classe média se apavora com o futuro de seus rebentos. A conclusão é óbvia: de um lado, as escolas interessadas no dinheiro, podem voltar ao lúdico, caso a classe média engula essa “novidade”; de outro, as mães devem, por amor, voltar a brincar mais com seus filhos. Nesse caso, toda e qualquer mãe! E até não mães! Haja mulher para agarrar e botar nessa senzala.

Não! Não adianta as mães contratarem babás. Nem adianta a Gelol querer dizer que “não basta ser pai, tem de participar”, porque a sociedade nossa não é movida familiarmente pelo macho e, sim, pela fêmea. A mãe é trazida para dentro de casa, amarrada com bola de ferro aos filhos, infantilizada pela brincadeira das crianças, separada de sua vida sexual e, então, ou se transforma em bola de puro amor ou deve ser jogada no poço do desprezo. É claro que as mulheres, diante disso, entram em depressão.

A raiva das mulheres contras os que denunciam a ditadura do amor é tamanha que não espante o leitor inteligente quando ler os comentários a este texto, de mulheres gritando contra mim: “eu sou feliz por brincar com meus filhos, sou feliz, sou feliz, sou feliz”. Vão esgoelar – duvidam? Outras dirão que não sei de nada, e que elas arrumam tempo para não só cuidar dos filhos como também brincar com eles. Outras falarão do quanto é importante não só para os filhos, mas também para os adultos, aprenderem a brincar com seus próprios filhos – aliás, já há profissionais da psicologia dizendo isso por aí. O romantismo disseminado pelo filósofo que Nietzsche chamava de “a tarântula moral”, Rousseau, sempre teve algo de malévolo, ditatorial e, enfim, como todos sabem, conservador.

É claro que do ponto de vista dos sociólogos, o mundo nunca tem problema. Entendendo pouco dos componentes subjetivos da vida, uns vão dizer que a questão se resolve com creches, através de uma política social democrata, outros vão dizer que o socialismo, criando uma nova sociedade, também disporá dos meios de fazer a criança brincar na escola. Ou seja, que se arrumem mães em algum lugar! O que não pode parar é a ditadura do amor.

Mas nós filósofos, que não temos como solucionar os problemas com tanta facilidade assim, iremos desconfiar de que essas medidas não trarão senão a libertação da mulher para que ela entre em outra prisão do amor – talvez a mesma! A ditadura do amor é a mais perversa invenção nossa, o que começou a partir do momento em que começamos a criar a possibilidade de reservar a mulher livre para o sexo – que acabamos nem fazendo direito –, prendendo as restantes a uma forma de amor que é o da relação com o mundo infantil.

Essa ditadura do amor foi uma invenção nossa, de homens e mulheres, mas não tem trazido felicidade real para nenhum de nós, embora suas verdades sejam mostradas como verdades para todo o sempre, certezas tão certas que… banais.

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo, escritor e professor da UFRRJ

(1) Harry Frankfurt assume isso em As razões do amor. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

(2) Movimento em Prol do Brincar: Estadão online de 16 janeiro de 2011.

http://ghiraldelli.wordpress.com/2011/0 ... #more-2143

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salgueiro
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por salgueiro »

Vai ter que parir para entender. não existe ditadura, é simplesmente amor. Flui.
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Fernando Silva
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Fernando Silva »

salgueiro escreveu:Vai ter que parir para entender. não existe ditadura, é simplesmente amor. Flui.

Não existe "amor materno" no sentido de uma coisa transcendente, uma dádiva divina, que paira no ar.
O que existe é uma reação físico-química no cérebro que faz com que as mães se apeguem à sua prole.

Como emoção, não se diferencia em nada do ódio ou do desejo sexual, a não ser pelos seus efeitos, vantagens evolucionárias e aceitação social.

Nem sempre funciona, é claro, como mostram os casos de síndrome pós-parto em que as mães afogam seus filhos devido a desequilíbrios hormonais.

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Aranha
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Aranha »

Fernando Silva escreveu:
salgueiro escreveu:Vai ter que parir para entender. não existe ditadura, é simplesmente amor. Flui.

Não existe "amor materno" no sentido de uma coisa transcendente, uma dádiva divina, que paira no ar.
O que existe é uma reação físico-química no cérebro que faz com que as mães se apeguem à sua prole.

Como emoção, não se diferencia em nada do ódio ou do desejo sexual, a não ser pelos seus efeitos, vantagens evolucionárias e aceitação social.

Nem sempre funciona, é claro, como mostram os casos de síndrome pós-parto em que as mães afogam seus filhos devido a desequilíbrios hormonais.


- Que reducionismo extremado !!!!!

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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salgueiro
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por salgueiro »

Fernando Silva escreveu:
salgueiro escreveu:Vai ter que parir para entender. não existe ditadura, é simplesmente amor. Flui.

Não existe "amor materno" no sentido de uma coisa transcendente, uma dádiva divina, que paira no ar.
O que existe é uma reação físico-química no cérebro que faz com que as mães se apeguem à sua prole.

Como emoção, não se diferencia em nada do ódio ou do desejo sexual, a não ser pelos seus efeitos, vantagens evolucionárias e aceitação social.

Nem sempre funciona, é claro, como mostram os casos de síndrome pós-parto em que as mães afogam seus filhos devido a desequilíbrios hormonais.


E por um acaso comparei amor materno com gripe para pairar no ar ? :emoticon16:

Posso ficar aqui horas usando vocabulário extenso e não vou conseguir transmitir o que é. É a única coisa que acho de grande perda aos homens, por ser único. :emoticon4:

E Fernando, doenças existem o que não impede depois de serem curadas que esse amor tão único prevaleça.
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

Flui, nada. Esta fluidez não é assim para todas e nem acontece por mágica, assim como nem toda mulher deseja ter filhos ou casar de branquinho, véu e grinalda.

A mulher foi impelida a "evoluir" neste sentido porque ela gera, amamenta e arca com a parte emocional da criação, queira ou não. Mas muitas se sentem presas, mesmo sem ter consciência disto. Esta é a verdade.

Em outras espécies, as coisas não são bem assim.
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Acauan
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Acauan »

Herf escreveu:
A ditadura do amor

18/01/2011
por Paulo Ghiraldelli Jr.
...

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo, escritor e professor da UFRRJ


Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo, escritor, professor da UFRRJ e completo idiota.
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Herf escreveu:
A ditadura do amor

18/01/2011
por Paulo Ghiraldelli Jr.
...

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo, escritor e professor da UFRRJ


Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo, escritor, professor da UFRRJ e completo idiota.


É?


Independente disto, há mais gente que não vê o amor materno como valor em si ou tão natural e mágico assim.
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Acauan
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:É?
Independente disto, há mais gente que não vê o amor materno como valor em si ou tão natural e mágico assim.


Não duvido, mesmo assim o Ghiraldelli continha sendo um idiota pelo conjunto da obra.
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:É?
Independente disto, há mais gente que não vê o amor materno como valor em si ou tão natural e mágico assim.


Não duvido, mesmo assim o Ghiraldelli continha sendo um idiota pelo conjunto da obra.


Tendi.
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Fernando Silva
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Fernando Silva »

salgueiro escreveu:Posso ficar aqui horas usando vocabulário extenso e não vou conseguir transmitir o que é. É a única coisa que acho de grande perda aos homens, por ser único. :emoticon4:

E Fernando, doenças existem o que não impede depois de serem curadas que esse amor tão único prevaleça.

Pode ser único, pode lhe dar enorme prazer, mas o que o provoca não deixa de ser uma reação físico-química no cérebro.
E que a falta dele seja uma doença curável com produtos químicos.

Acontece também com os animais. A diferença é que eles não procuram explicações transcendentais.

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salgueiro
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por salgueiro »

Fernando Silva escreveu:
salgueiro escreveu:Posso ficar aqui horas usando vocabulário extenso e não vou conseguir transmitir o que é. É a única coisa que acho de grande perda aos homens, por ser único. :emoticon4:

E Fernando, doenças existem o que não impede depois de serem curadas que esse amor tão único prevaleça.

Pode ser único, pode lhe dar enorme prazer, mas o que o provoca não deixa de ser uma reação físico-química no cérebro.
E que a falta dele seja uma doença curável com produtos químicos.

Acontece também com os animais. A diferença é que eles não procuram explicações transcendentais.


E em algum momento falei em explicação transcedental ? Só coloquei que é único.
“Um homem é rico na proporção do número de coisas das quais pode prescindir”, Thoreau

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Melchior Valentine
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Melchior Valentine »

Daria pra ter calma e dizer que quem escreveu isso é apenas um ignorante. Mas, já que tem graduação acadêmica, o sujeito é um retardado mesmo.

Não! Não adianta as mães contratarem babás.

E as babás contratam quem para cuidar dos seus próprios filhos? Elitismo porco.

Essa ditadura do amor foi uma invenção nossa, de homens e mulheres, mas não tem trazido felicidade real para nenhum de nós, embora suas verdades sejam mostradas como verdades para todo o sempre, certezas tão certas que… banais.

O problema das ciências humanas é esse antropocentrismo de quem supõe que tudo o que tem implicações sociais tem também origem social.
Qualquer biólogo sabe que o cuidado parental é essencial no caso das espécies em que a sobrevivência dos filhotes, dada a sua fragilidade, depende dos seus genitores. Nessas espécies, ter um filho é sempre um resultado do emprego de muito tempo, esforço e recursos, os quais não podem ser postos a perder com a negligência das demandas da prole. O cuidado parental evoluiu como traço de comportamento em determinadas espécies justamente para que, na corrida da seleção natural, alguns genes não "morressem na praia" após todo o esforço empreendido na procriação. Daí o absurdo de dizer que a tal "ditadura do amor" é invenção humana. Não há ditadura alguma: cuidado parental é padrão de comportamento adaptativo.

Apesar de tudo isso, eu não nego que durante a vida toda as mulheres sofram bombardeios de propaganda social acerca de qual deve ser o seu papel na vida adulta. Elas crescem brincando de boneca e são treinadas a desenvolverem empatia desde cedo, todos observamos isso. Mas o distanciamento do que seria a forma natural de criar os filhos, ou seja, aquela em que as crianças têm sempre a mãe e outras mulheres presentes durante todo o processo de amadurecimento, é o preço que se paga pelo modelo de sociedade construído, em que o crescimento econômico e a acumulação de capital são princípios postos acima de quaisquer outros.

O esforço dos profissionais de psicologia, pedagogia e de outras áreas de humanidades, conscientes de que humanos são animais e que, portanto, têm características comportamentais que lhes são naturais, é o de tentar conciliar o modo de vida moderno (não necessariamente num sentido postivo do termo) com as demandas próprias das nossas crianças. Com esse texto, o cara está simplesmente desnaturalizando o homem, ou ao menos julgando que natural mesmo é a mãe poder expelir a criança como quem arrota o que comeu no almoço, e em seguida voltar a acumular capital. Avanços nas leis de licença-maternidade são positivos justamente por possibilitarem uma interação mais contínua e de melhor qualidade entre mãe e criança.

Enfim, que otário.
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Judas
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Judas »

Bom demais isso Melchior. Parabéns!
Quando vejo um religioso protestando, irritado, exigindo respeito às suas crenças idiotas, penso logo...BOM SINAL! Sinal de que alguém esta fazendo alguma coisa certa.

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Apo
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

salgueiro escreveu:
Fernando Silva escreveu:
salgueiro escreveu:Posso ficar aqui horas usando vocabulário extenso e não vou conseguir transmitir o que é. É a única coisa que acho de grande perda aos homens, por ser único. :emoticon4:

E Fernando, doenças existem o que não impede depois de serem curadas que esse amor tão único prevaleça.

Pode ser único, pode lhe dar enorme prazer, mas o que o provoca não deixa de ser uma reação físico-química no cérebro.
E que a falta dele seja uma doença curável com produtos químicos.

Acontece também com os animais. A diferença é que eles não procuram explicações transcendentais.


E em algum momento falei em explicação transcedental ? Só coloquei que é único.


Também não tem como saber se é "único" ou não, visto que nunca fui pai , por exemplo, pra saber como é.
Isto de definir o que é um sentimento apenas pelas nossas impressões pessoais é meio ego-cêntrico ( no sentido de centrar-se apenas no seu ego em vista dos egos dos demais).
É como aquele papo que mãe de criança adotada é especial porque a criança foi escolhida - e não nasceu do acaso biológico. Papo furado.
Mães amam e odeiam filhos porque o que sentimos incialmente é o mesmo que todo genitor do tipo que permanece com a cria sente: instinto. Mas mesmo dentro destes, há os que se esquivam desta pulsão ( por vários motivos).
O resto é aprendido e desenvolvido ao longo da convivência.
Não é o fato de ser mãe da criança que faz o amor existir por si só. É um caminho que passa pela proximidade e intimidade. E realmente pode ser de uma força indiscritível. Mas as mães amam cada filho de forma diferente, e amam mais a uns do que a outros. Assim como mãe que nunca conviveu com o filho não desenvolveu o mesmo amor que aquela que teve um relacionamento próximo desde os primeiros momentos e por uma grande parte da vida. O mesmo vale para os pais.
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Apo
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

Há outra ditadura acerca da mulher e sua relação com o filho, que antes era apenas algo natural.
Quando as mulheres começaram a sair mais horas de casa do que nossas avós saíam ( as que iam pra lavoura levavam os filhos nas costas), a amamentação passou a ser o calo no sapato do machismo renitente. Não que amamentar não seja importante, não que amamentar não seja um prazer ( esta história do prazer aqui é outrio capítulo burlesco a ser tratado com cuidado). Mas amamentar virou uma bola de ferro descomunal! Oque antes era natural e não gerava grandes polêmicas sociais e antropológicos, agora é visto sob o prisma dogmático de pesquisadores, sociólogos, psicólogos, psiquiatras, esquerdistas inclusivos, revistas especializadas e acirra ainda mais a culpa da mulher que não consegue deixar o peito à mostra 24 horas por dia!

Mitos doutrinários que os sabichões dos relacionamentos criaram:

1. Criança tem que mamar no peito ( e apenas no peito, nem água deve tomar!) por 6 meses, NO MÍNIMO!!!! Criança que não mama no peito por 6 meses fica mais doente, tem mais doença contagiosa, fica mais suscetível a germes, vírua e bactérias, ao bicho papão e à Cuca!!!!

2. Amamente até os 2 anos de idade, pois se não for assim seu filho pode:

- Ficar com problemas de aprendizado.
- Ficar com problemas de relacionamento com a mãe e até ter problemas de relacionamentos íntimos no futuro.
- Ficar menos independente porque não teve o contato primordial com a fonte da segurança e do prazer quando era tão importante!
- Ficar traumatizado e com algum buraquinho psicótico no coração porque o inconsciente vai sentir que a mãe o renegou na provisão do alimento primeiro e mais completo que existe!
-Terá vergonha de preencher o questionário da escola na festinha de dia das mães porque a mãe disse que só o amamentou durante 1 mês.
- Outros problemas ainda não inventados.

3. Amamentar é bom porque é bom e não se discute.
4. Amamentar tem ser íntimo e maravilhoso para ambos ( a mãe, o bebê e a família enchendo o saco e exigindo relatório completo).
5.Olhe seu filho nos olhos ( mesmo se a criança estiver dormindo) e deixe fluir toda a energia natural entre vocês que foi rompida abruptamente pelo médico apressado em ganhar mais dinheiro no próximo parto.
6.Se a criança estiver dormindo, acorde seu filho pra dar o peito, porque tem que mamar de 3 em 3 horas.

7. Tem que dar os dois peitos na mesma mamada DA SEGUINTE FORMA: ( opções):
- Dois minutos e 36 segundos de cada lado, porque tem que ter disciplina, senão a criança fica toda bagunçada.
- O quanto a criança quiser, e você que se dane na manhã seguinte ( isto durante 2 anos!)

8. Se tiver gêmeos, arranje mais peitos, não durma, não tome banho, não faça suas necessidades fisiológicas antes dos bebês ficarem satisfeitos ( seja lá os sinais que ele emita a respeito de sua satisfação - há controvérsias...).

9. Depois de voltar a trabalhar, dê um jeito de ir em casa ou na escolinha dar de mamar por 6 meses no mínimo até 2 anos. Se tiver mais de 1 filho em duas gestações nestes 2 anos, o problema é seu. Dê um jeito ou....leia ítens 1 e 2 deste compêndio.

10. O capítulo do prazer sexual envolvido na amamentação.

VETADO
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

A respeito do PARIR.

Parir não é bem a determinante do tamanho ou genuinidade do amor materno. SE está ligado ao ato químico/biológico, é mais o GESTAR. O processo que pode durar de 26 a 42 semanas ( parâmetros de uma gestação que possa ir a termo da forma mais natural observada na espécie) é que parece ser o gatilho para o tal amor "incondicional", segundo reza a lenda tida como óbvia.
Parir, expulsar ( para os conservadores, preferencialmente com muita dor) pode ser mais um ritual traumático ou uma comprovação de que a mulher seria saudável e forte, como suas ancas de potranca e seus peitos fartos de leite. Sem este ritual do "trabalho" de parto ( como no caso da cesárea), existe a mesma pulsão ao amor inicial que mitificaram eclodir através da passagem vaginal? Mulheres que tiverem os dois tipos de experiências podem responder. Eu não posso. E também deve variar, porque há mulheres que se traumatizam ou beneficiam com a experiência de parto natural ou cirúrgico. Particularmente penso que os naturebas a favor da punição emocional da mulher que opta pela cesárea eletiva são afeitos ao sofrimento cristão e machista. Mais uma ditadura.

Seria muito interessante se houvesse uma forma de pesquisar se mulheres grávidas que passam a gravidez conscientes e outras que por algum motivo acidental e/ou médico estiverem "sedadas" durante o processo, são dotadas do mesmo amor materno quando a criança vier à luz. É diferente de adotar, pois o processo inconsciente, químico e físico da gestação estaria presente.
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Edson Jr
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Edson Jr »

Apo escreveu:Mitos doutrinários que os sabichões dos relacionamentos criaram:

1. Criança tem que mamar no peito ( e apenas no peito, nem água deve tomar!) por 6 meses, NO MÍNIMO!!!! Criança que não mama no peito por 6 meses fica mais doente, tem mais doença contagiosa, fica mais suscetível a germes, vírua e bactérias, ao bicho papão e à Cuca!!!!


Isso é mito mesmo!? ... pois só mamei até os 3 meses ... minhas doideiras devem ter outras explicações então! :emoticon16:
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Herf
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Herf »

Inventores do futuro

Olavo de Carvalho | 24 Fevereiro 2011
Artigos - Globalismo

Os movimentos mais disparatados, como abortismo, gayzismo, feminismo, vegetarianismo, "direitos dos animais", anticatolicismo, antitabagismo e liberação de drogas, vêm todos da mesma fonte.

O conceito mesmo de "engenharia social" implica que os membros da sociedade a ser modificada ou reconstruída não sejam concebidos como agentes livres, conscientes de suas escolhas, mas como peças inermes de um mecanismo que, no conjunto, não podem compreender e em geral nem mesmo enxergar. As metas finais da operação não devem portanto ser apresentadas de modo direto e franco que arrisque fazer delas alvos de discussão, mas devem ser atingidas por vias indiretas. Para tanto, são subdivididas em operações parciais, à primeira vista separadas e inconexas, que, uma vez bem sucedidas, produzirão o desejado efeito global de maneira aparentemente impessoal, espontânea e quase mágica, de modo que ninguém possa ser responsabilizado por ele e seja fácil atribuí-lo retroativamente a um determinismo histórico anônimo, inelutável e irreversível.

A oposição que essas várias campanhas parcelares pode gerar será ela também parcelar e inconexa, esgotando-se em discussões periféricas que deixam a salvo de ataques o coração do empreendimento, de modo que as metas finais possam ser atingidas mesmo ao preço de recuos e abdicações pontuais e localizadas.

Diante das inúmeras campanhas soi disant progressistas, libertárias ou humanitárias que vêm se espalhando pelo mundo desde os anos 70, sempre bem subsidiadas e tendo como garotas-propaganda as mais destacadas figuras do show business, o cidadão comum não tem jamais a ideia - ou os meios intelectuais - de rastrear as ligações entre as entidades envolvidas e o fluxo de dinheiro que as move. Se pudesse investigar isso, descobriria que os movimentos mais disparatados, como abortismo, gayzismo, feminismo, vegetarianismo, "direitos dos animais", anticatolicismo, antitabagismo e liberação de drogas, vêm todos da mesma fonte e, por meios aparentemente inconexos, servem a um objetivo comum: reduzir a população do planeta.

O controle demográfico é uma obsessão da elite globalista - especialmente da família Rockefeller - pelo menos desde os anos 40. As primeiras campanhas nesse sentido, na década seguinte, vinham com objetivo declarado, promoviam a esterilização em massa e visavam a atingir sobretudo o Terceiro Mundo, mas deram resultado inverso: em vez de deter o crescimento populacional nas nações pobres, baixaram drasticamente o das nações desenvolvidas (vejam o livro de Pat Buchanan, The Death of the West, para a descrição de um panorama estatístico apavorante).

Nada mais natural, nessas condições, que uma mudança de estratégia. Assim nasceram as campanhas de que estou falando.

Notem, de um lado, que, independentemente dos demais resultados socioculturais que delas podem germinar, cada uma das mudanças de conduta que essas campanhas visam a produzir tem pelo menos um ou dois de três efeitos necessários, imediatos e evidentes:

(1) Reduzir a duração média da vida humana. Gays, vegetarianos e drogados vivem notoriamente menos que as outras pessoas.

(2) Reduzir a capacidade procriativa. No caso das drogas ilegais, como maconha e cocaína, isso é mais que evidente. A abstinência de carne tem o mesmo efeito. A campanha antitabagista pareceria tender na direção contrária, mas, como ela está associada na fonte à luta pela liberação das drogas pesadas e não passa de uma preparação de terreno para induzir populações inteiras a trocar de vício, a correlação estatística entre diminuição do consumo de cigarros e redução populacional não é de maneira alguma mera coincidência. (Os pretextos médicos do combate ao fumo revelam-se cada vez mais falsos à medida que nenhuma, absolutamente nenhuma redução da incidência das doenças "associadas ao fumo" se verificou nas áreas mais afetadas pela onda antitabagista.)

(3) Reduzir o desejo de procriar. Quem negaria que o feminismo radical, o divórcio fácil e a oferta maciça de operações de aborto sob demanda desembocam nisso necessariamente?
Várias são as modificações socioculturais periféricas que essas diversas campanhas podem produzir, e tanto seus apóstolos quanto seus detratores dirigem o foco das discussões para essas mudanças, sem reparar que, mesmo alguma destas falhando, o efeito de redução populacional terá sido atingido. A lógica do processo causal bastaria, por si, para sugerir fortemente a coerência global por trás de tantos e tão disparatados fronts de combate, mas a sugestão plausível se transmuta em certeza factual quando se nota que tanto as várias concepções quanto o dinheiro para implementá-las vêm sempre da mesma fonte: a elite globalista, que por sua vez tem muitos objetivos, mas um acima de todos - o controle demográfico mundial.

Como toda operação complexa de engenharia social, essa conta não só com seus planejadores e militantes conscientes, mas com a colaboração frenética e servil de milhões de idiotas úteis, sobretudo entre "formadores de opinião" e mini-intelectuais, que de repente se apaixonam por algum slogan solto e, sem cogitar dos efeitos sociais de conjunto, passam a defendê-lo com aquele ardor cretino que vale por um juramento de nunca entender nada. Alguns, no arrebatamento da paixão retórica, inventam até novos argumentos que, por sua ousadia insana, surpreenderiam os próprios formuladores originais do projeto.

Outro dia, o Sr. Paulo Ghiraldelli, que de boa fonte me informam ser uma voz influente naquilo que no Brasil, não sei por quê, se chama de "educação", publicou um artigo em que declarava ser uma imposição tirânica da sociedade repressora a expectativa de que as mães, normalmente, amem seus bebês. Sim, por que não seria mais humano, mais democrático, mais coerente com o espírito destes tempos iluminados, consentir que as pobres senhoras odiassem, espancassem ou jogassem pela janela os filhos recém-nascidos, aqueles miúdos seres horríveis que não têm outra missão na vida senão ficar berrando no bercinho e sujar fraldas com uma obstinação reacionária e - digamos logo - nazista?

http://www.midiasemmascara.org/artigos/ ... uturo.html

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Melchior Valentine
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Melchior Valentine »

Me recuso a comentar qualquer coisa que o Olavão diga.
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Herf
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Herf »

Porque concorda incondicionalmente ou porque discorda incondicionalmente?

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Melchior Valentine
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Melchior Valentine »

Não comento porque o cara argumenta xingando. Tipo de discurso em que tem razão quem usa mais ardilosamente a ironia e o insulto. Desprezo o Reinaldo Azevedo pelo mesmo motivo.
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Herf
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Herf »

Sério. Isso é só desculpa de quem não consegue refutá-lo. Não porque ele esteja certo sempre, mas porque o nível dos adversários dele costuma ser bem inferior. E mais de uma vez usaram deste recurso para escapar do debate com ele: atribuir-lhe truculência e com isso ignorar arrogantemente todos os argumentos apresentados.

Mas se nos textos ele usa insultos e ironias, os argumentos ainda estão lá.

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Apo
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Apo »

Edson Jr escreveu:
Apo escreveu:Mitos doutrinários que os sabichões dos relacionamentos criaram:

1. Criança tem que mamar no peito ( e apenas no peito, nem água deve tomar!) por 6 meses, NO MÍNIMO!!!! Criança que não mama no peito por 6 meses fica mais doente, tem mais doença contagiosa, fica mais suscetível a germes, vírua e bactérias, ao bicho papão e à Cuca!!!!


Isso é mito mesmo!? ... pois só mamei até os 3 meses ... minhas doideiras devem ter outras explicações então! :emoticon16:


Pode crer que é. Eu mamei até os 15 dias e é por isto que sou doida? Claro que não!
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Edson Jr
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Re: "Pelo fim da ditadura do amor materno"

Mensagem por Edson Jr »

Apo escreveu:
Edson Jr escreveu:
Apo escreveu:Mitos doutrinários que os sabichões dos relacionamentos criaram:

1. Criança tem que mamar no peito ( e apenas no peito, nem água deve tomar!) por 6 meses, NO MÍNIMO!!!! Criança que não mama no peito por 6 meses fica mais doente, tem mais doença contagiosa, fica mais suscetível a germes, vírua e bactérias, ao bicho papão e à Cuca!!!!


Isso é mito mesmo!? ... pois só mamei até os 3 meses ... minhas doideiras devem ter outras explicações então! :emoticon16:


Pode crer que é. Eu mamei até os 15 dias e é por isto que sou doida? Claro que não!


Meu pai então nem se fala: foi criado com leite de cabra, pois minha avô não produzia leite ... e a saúde dele é de ferro!!!
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

Trancado