Os malditos burgueses e as palavras

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Lúcifer
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Re: Os malditos burgueses e as palavras

Mensagem por Lúcifer »

Sr. Babaquara escreveu:
Lúcifer escreveu:Em sua visão, entao quem seria o mais indicado para governar o Brasil?

Ninguém. O governo é o maior problema, não a solução.
A maior parte da democracia se da na esfera privada, longe da atuação do estado, a intervenção deste elimina a democracia e a substitui por uma fraude.

A solução seria então que todos os serviços oferecidos à população fosse privatizado? Que o governo, seja federal, estadual ou municipal, não metesse mais o betelho em serviços publicos? Sei...Qual a sua experiência em serviços públicos e privados? Estou falando do lado de dentro da instituição.


É preciso a diminuição do governo e a separação entre o que é publico e o que é privado.
Isso significa o fim da intervenção do governo na economia, o fim dos monopólios estatais, dos cartéis sindicais, das agencias reguladoras e de vigilância, dos pseudo-direitos do consumidor, etc...
O governo tem que diminuir, tornar-se uma minarquia e servir apenas para policiamento, defesa nacional, legislar e julgar, além de garantir o cumprimento dos contratos livremente firmados pela iniciativa privada e administrar o bem publico.

Sei...por exemplo, os serviços de saude particulares são uma maravilha, né? Que eu entendi, todos os serviços oferecidos à população deveriam ser privados, restando ao governo, seja ele estadual, federal ou municipal, fiscalizarem se estão fazendo tudo certo. Aqui no Brasil isso nunca funcionaria pois as sujeiras continuariam sendo feitas; empresas privadas contratadas via licitação continuariam no bolso ou sendo sócios dos governantes. Para isso funcionar, a população, primeiro tem que deixar de prestar atenção e dar prioridades às coisas frivolas como futebol, novelas e Big Bosta Brasil e começar a exigir o que lhe é de direito, coisa que isso nunca irá acontecer, pois quanto mais burro for a população, melhor para manobrar. Por que voce acha que aqui em São Paulo, o governo do PSDB acabou com a repetição nas escolas colocando a aprovação automatica? Como diria Nero: "De ao povo pão e circo e eles ficarão felizes e não nos pertubarão."


Lúcifer escreveu:Se, por acaso, voce está falando dos EUA, em que período exatamente isso ocorreu? Quando houve a Guerra da Independência, separando-o da coroa britânica?
Onde e quando isso funcionou?
Quando essa funcionalidade funcionou? Vai me dizer que foi na Guerra da Seceção?

Por volta desse período. O sistema vive um processo longo de lenta caminhada rumo a liberdade, vive seu ápice pouco após o fim da escravidão, quando negros e mulheres passam a ter direito ao voto, muito embora políticas econômicas protecionistas já fossem adotas nessa época, e tem seu fim definitivo com a grande depressão.

Vai desculpar eu jogar agua fria em voce, mas nada desse periodo voi uma iniciativa do povo. Sempre foram iniciativas governamentais, portanto fica nula a sua observação.


Lúcifer escreveu:Que eu saiba, essa dfivisão sempre existiu no mundo desde antes de haver a maior das invenções: a escrita.

A separação entre os três poderes e os direitos civis são novidades históricas.
Ainda hoje no ocidente temos direitos que sociedade antigas não tinham, nem tem as novas sociedade socialistas que trouxeram de volta o absolutismo.


A isso podemos chamar de evolução política. Sempre haverá essas transformações. E nenhuma delas irá ser, pelo menos aqui no Brasil, por iniciativa da população.
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Sr. Babaquara
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Re: Os malditos burgueses e as palavras

Mensagem por Sr. Babaquara »

Lúcifer escreveu:
A solução seria então que todos os serviços oferecidos à população fosse privatizado? Que o governo, seja federal, estadual ou municipal, não metesse mais o betelho em serviços publicos? Sei...Qual a sua experiência em serviços públicos e privados? Estou falando do lado de dentro da instituição.

Estou falando sobre a separação entre assunto publico e privado, questão muito mais primordial que a simples oferta de serviços públicos por parte do estado.

Existem dois lados na democracia que precisam de equilíbrio ou ela é colocada abaixo.
Assuntos como relacionamentos pessoais, sejam eles do tipo romântico, amizade ou trabalho são de esfera privada, são da responsabilidade unicamente dos indivíduos envolvidos. A interferência de terceiros nesses assuntos é contraria a democracia.
A maior parte da democracia se realiza justamente no aspecto privado e a tentativa de tirar das pessoas a auto-representação em questões de cunho pessoal e substituir por decisões de um sistema estatal, tomadas por representantes eleitos por voto popular, termina por eliminar os dois lados da democracia.
Lúcifer escreveu:
Sei...por exemplo, os serviços de saude particulares são uma maravilha, né? Que eu entendi, todos os serviços oferecidos à população deveriam ser privados, restando ao governo, seja ele estadual, federal ou municipal, fiscalizarem se estão fazendo tudo certo. Aqui no Brasil isso nunca funcionaria pois as sujeiras continuariam sendo feitas; empresas privadas contratadas via licitação continuariam no bolso ou sendo sócios dos governantes. Para isso funcionar, a população, primeiro tem que deixar de prestar atenção e dar prioridades às coisas frivolas como futebol, novelas e Big Bosta Brasil e começar a exigir o que lhe é de direito, coisa que isso nunca irá acontecer, pois quanto mais burro for a população, melhor para manobrar. Por que voce acha que aqui em São Paulo, o governo do PSDB acabou com a repetição nas escolas colocando a aprovação automatica? Como diria Nero: "De ao povo pão e circo e eles ficarão felizes e não nos pertubarão."

Se os serviços privados são bons ou ruins é irrelevante. A única coisa que importa é a existência de liberdade e escolha.
Um hospital particular ser ruim, não faz os hospitais públicos funcionarem melhor. O monopólio estatal nunca é capaz de corrigir problemas da estrutura privada, o que ele faz é agravar o problema ao remover das pessoas suas opções.
A questão é antes de tudo o direito as varias formas de democracia que se realizam em um livre-mercado e que são superiores a democracia estatal que impõe pseudo-soluções únicas, ineficientes e mais caras.

Temos um aspecto de democracia eletiva e plural no livre-mercado.
Se três empresários ofertam três sistemas de saúde, eu posso "eleger" o de minha preferência ao contratar um deles e você continua sendo livre para fazer uso do outro que é mais do seu agrado.
A democracia publica do estado não permite esse tipo de pluralidade, ela foi desenvolvida para tomada de decisões onde existe a necessidade de um consenso entre todos e a escolha de um só caminho.

Temos também um aspecto de democracia direta no livre-mercado.
Se eu não gosto de nenhuma das empresas de saúde, posso abrir a minha própria empresa, não preciso do voto, nem da permissão de nenhuma autoridade, basta ofertar aquilo que o consumidor demanda.
No mercado ninguém paga imposto, ninguém é obrigado a contratar o que não quer, não precisa ou não gosta e os serviços ofertados são de fato uma forma de criação de riqueza.

Lúcifer escreveu:Vai desculpar eu jogar agua fria em voce, mas nada desse periodo voi uma iniciativa do povo. Sempre foram iniciativas governamentais, portanto fica nula a sua observação.

Como não?
Primeiramente não existe governo separado da sociedade, ou governo que crie a si próprio, os governos são instituições que como qualquer outra são antes de tudo uma criação da sociedade e que reflete a forma como nós nos organizamos politicamente.

A criação da primeira carta magna, a separação entre os três poderes, a criação da república, o direito a propriedade privada e todo o processo que se deu antes da efetiva criação da democracia e que levaram a ela, sempre simbolizam rupturas de certos setores da sociedade com aqueles que até então são os detentores do poder.
Seja a nobreza impondo ao rei uma constituição, seja uma burguesia lutando contra a nobreza, uma colônia se libertando da pátria-mãe ou um levante popular, temos sempre setores da sociedade indo na contramão do poder estabelecido.
Depois de tudo isso, no período citado, temos um governo republicano. Isso significa que o governo já deixou de ser uma instituição inacessível ao povo e destacada deste. Grande parte da luta pelos direitos civis vem da luta de setores populares da sociedade, em pró dos direitos dos negros e das mulheres nos EUA, que mais uma vez são contrários aos interesses majoritários da elite governante.
Lúcifer escreveu:
A isso podemos chamar de evolução política. Sempre haverá essas transformações. E nenhuma delas irá ser, pelo menos aqui no Brasil, por iniciativa da população.

Não existe política sem povo.
As grandes transformações políticas quase nunca são fruto dos desejos e sapiência da elite governante, refletem antes de tudo a insatisfação de um setor da sociedade contra o setor dominante, resultando na inevitável quebra do frágil equilíbrio que permitia ao grupo dominante governar e resultando em um novo arranjo capaz de satisfazer os setores descontentes.

No caso do Brasil, o que falta é a organização de certos setores da sociedade e não um levante popular revolucionário.

Trancado