Os Espíritos da Mata

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Os Espíritos da Mata

Mensagem por Acauan »

Os Espíritos da Mata

Por Acauan

Antes do Código, os Homens e os Espíritos da Mata viviam em guerra.
Os Homens, feitos de matéria pesada, caminhavam sobre a terra e podiam viver sob a luz do dia.
Os Espíritos da Mata eram feitos de matéria leve. À noite os Espíritos da Mata vagavam entre o chão e as copas das árvores mais altas.
Durante o dia os Espíritos da Mata repousavam no corpo dos animais da floresta.

Como eram feitos de matéria leve, os Espíritos da Mata não podiam ferir os Homens. Os Homens não podiam matar os Espíritos da Mata, pois eles não morrem.

Os Homens combatiam os Espíritos da Mata durante o dia, matando os animais da floresta e abandonando suas carcaças ao sol, para que os Espíritos da Mata ficassem presos nos corpos mortos até que fossem totalmente consumidos.
Quando o sol desaparecia, os Espíritos da Mata deixavam os corpos dos animais, rumavam para o lugar onde os Homens dormiam, se misturavam aos humores e fumos noturnos que os homens respiravam e os envenenavam com a febre que matava ou enfraquecia os Homens.

A guerra durava gerações.
Um dia, jovens da tribo se revoltaram contra os anciãos que comandavam os Homens. Propunham que para vencer os Espíritos da Mata deviam entrar na floresta, matar todos os animais e queimar todas as árvores, assim os Espíritos da Mata não teriam onde se abrigar da luz do dia e sem a copa das árvores altas para lhes servir de teto se perderiam entre as estrelas.

O mais forte dos jovens rebeldes dizia que os Espíritos da Mata eram Aqueles que Não Morrem. Como os Homens morrem, era preciso queimar a floresta e matar os animais para derrotar os Espíritos da Mata, antes que eles exterminassem os Homens com a febre.

Temendo os jovens, os anciãos procuraram Mayra.
Desde o princípio Mayra dizia aos anciãos que a guerra entre os Homens e os Espíritos da Mata devia terminar.
Os anciãos morriam e os jovens se tornavam anciãos sem que o conselho de Mayra fosse acatado.

Mayra ouviu os anciãos e perguntou a eles se os Homens queriam dormir a noite sem temer o ataque dos Espíritos da Mata.
Os anciãos entenderam que Mayra queria terminar a guerra e responderam que fariam o que Mayra lhes dissesse para fazer.

Mayra disse aos anciãos que demarcassem na floresta um grande círculo, que derrubassem as árvores dentro do círculo, mas nenhuma fora dela, que marcassem o ponto onde o sol nasce e o ponto onde o sol se põe e fizessem uma linha que unisse os dois pontos. Que dividissem o círculo em oito partes iguais e que, partindo do centro do círculo, das linhas de cada uma das oito partes traçassem trilhas na floresta. Nestas trilhas derrubariam as árvores para abrir um caminho no qual passasse dois Homens lado a lado. E quando o círculo e as trilhas estivessem prontos, que erguessem ocas alinhadas ao longo do círculo, habitassem as ocas e deixassem a floresta para ser habitada pelos Espíritos da Mata.

Os anciãos fizeram conforme as palavras de Mayra.
Os jovens derrubaram as árvores para fazer o círculo e a trilha, acreditando estar fazendo a guerra contra os Espíritos da Mata.

Quando o círculo, as trilhas e as ocas ficaram prontas, Mayra procurou os Espíritos da Mata.
Os Espíritos da Mata não falavam a língua dos Homens, mas Mayra falava a língua deles.
Por toda a noite Mayra e os Espíritos da Mata conversaram sobre a guerra.
Quando amanheceu, os Espíritos da Mata foram para o repouso e Mayra voltou e reuniu os anciãos na oca maior.

Mayra disse aos anciãos que a guerra entre os Homens e os Espíritos da Mata estava terminada.
Durante o dia os Homens caminhariam sobre a terra e sob a luz. Matariam apenas os animais que precisassem para comer e comeriam toda a carne de cada animal que matassem.
À noite a floresta pertenceria aos Espíritos da Mata e os Homens se manteriam dentro do círculo e das trilhas.
Mesmo nas noites sem lua, os Espíritos da Mata não invadiriam o círculo nem qualquer das trilhas onde os Homens dormissem ou caminhassem.

Mayra também advertiu os anciãos. Disse que instruíssem os Homens para cumprirem o acordo, caso contrário os Espíritos da Mata caminhariam sobre a terra, como os Homens.

Os anciãos reuniram os Homens e disseram que a guerra com os Espíritos da Mata havia terminado, mas por orgulho assumiram a honra para si próprios, não contaram que fora Mayra quem fez o acordo que terminou a guerra.

Então os anciãos disseram aos jovens que os obedecessem ou sua magia, que fora poderosa para silenciar os Espíritos da Mata, se voltaria contra os desobedientes.
Os jovens temeram a ameaça dos anciãos e obedeceram quando ordenaram que só matassem animais para comer, comessem os que matassem e só caminhassem na mata à noite pelas trilhas, omitindo que fora Mayra quem lhes ensinara a fazer assim.

Um dia, o mais forte dos jovens, aquele que queria queimar a floresta para derrotar os Espíritos da Mata, reuniu outros jovens e os convenceu que os Espíritos da Mata cederam por medo de suas ameaças e não pela magia dos anciãos.
Para provar o que dizia, esperou uma noite sem lua, reuniu os jovens que o seguiam e caminhou com eles por uma das trilhas. No coração da mata, abandonou a trilha e adentrou sozinho na floresta, onde atirou ao chão a carcaça de animal que matara e não comera, em desafio aos Espíritos da Mata.

Os Espíritos da Mata viram que os Homens traíram o acordo e sabiam que os anciãos traíram Mayra. Porém deixaram o jovem rebelde entrar e sair da floresta sem molestá-lo, pois os Espíritos da Mata tinham seus ardis.

Quando o jovem rebelde voltou ileso do coração da mata, os demais concordaram que não mais obedeceriam aos anciãos, que eram fracos e mentirosos. Entrariam no grande círculo, matariam os anciãos e os fortes comandariam os Homens.

Os Espíritos da Mata sentiram as intenções dos jovens e os seguiram. Como os Homens traíram o acordo, podiam agora entrar nas trilhas e no grande círculo. Quando chegasse a hora, caminhariam sobre a terra como os Homens e os matariam. Não mais com os humores e fumos causadores da febre, mas com a força da matéria pesada.

Quando os jovens se aproximaram do grande círculo, os anciãos os esperavam para puni-los por sua desobediência, sem imaginar que os jovens pretendiam matá-los.

Só Mayra viu a cena completa, pois podia ver o que os Homens não viam.
Mayra viu que os anciãos confiavam que os jovens ainda temiam a magia deles, viu que os jovens queriam matar os anciãos para comandar os Homens e viu que os Espíritos da Mata seguiam os jovens para – depois que os Homens se matassem entre si – matar aqueles que sobrassem.

Quando os anciãos, os jovens e os Espíritos da Mata se encontraram na entrada do grande círculo, Mayra surgiu entre eles.

Todos temeram Mayra, pois cada um, a seu modo, havia traído o acordo.

Por um momento os anciãos, os jovens e os Espíritos da Mata ficaram imóveis sob o olhar de Mayra.
Então, num movimento súbito e sem dizer palavra, o mais forte dos jovens ergueu sua clava e golpeou pesadamente a cabeça de Mayra.
O jovem soltou um grito selvagem enquanto o corpo de Mayra caía ao chão, com o crânio fendido.

Os Espíritos da Mata circundaram o corpo de Mayra e viram nele que era chegado seu tempo de caminhar sobre a terra e destruir os Homens.
E da escuridão que emanou da ausência de Mayra, os Espíritos da Mata assumiram a forma dos medos dos Homens, pisaram o chão da terra pela primeira vez e se fizeram Anhangá.

Quando os anciãos viram Anhangá se encheram de medo e tentaram fugir, mas os jovens tomados de fúria não viram Anhangá e atacaram os anciãos para matá-los.

Anhangá esperou que os jovens matassem os anciãos.

Quando o último ancião foi golpeado, os jovens soltaram gritos de vitória, mas quando a fúria passou Anhangá se mostrou a eles e a fúria foi substituída pelo terror.
Os jovens largaram suas armas e tentaram fugir, mas Anhangá que assumia a forma dos medos dos Homens os paralisou e dançou em torno deles urrando.

Anhangá encarou o mais forte dos jovens, que não ousou enfrentar seus olhos vermelhos. O jovem mais forte chorou e implorou, e quanto mais chorava e implorava mais terror Anhangá lhe infringia, até que o jovem caiu de joelhos e Anhangá o ergueu sobre sua cabeça, despedaçou seu corpo e lançou os pedaços sobre os demais jovens, que choravam apavorados diante de Anhangá.

Exceto um.
Um jovem que não se unira aos rebeldes, não conspirou contra os anciãos e não violou o acordo com Mayra.
Anhangá sentiu o cheiro do jovem. Seu cheiro não emanava medo como o dos demais.
Anhangá se pôs diante do destemido e o fitou nos olhos, mas o jovem enfrentou seu olhar. Anhangá urrou e dançou, mas o jovem permaneceu firme e sem medo, mesmo Anhangá assumindo todas as formas de todos os medos dos Homens.

Anhangá decidiu deixar aquele jovem e matar todos os outros Homens. Anhangá sabia que os Homens temiam a solidão e quando fosse o último dos Homens o jovem temeria Anhangá, Anhangá o mataria e os Espíritos da Mata voltariam a pairar sobre o chão e sob a copa das árvores, sem que ninguém mais os ameaçasse.

Anhangá então começou a matar os Homens, que um por um, paralisados pelo medo, eram despedaçados pelas garras dele.
E quando pareceu que os Homens deixariam de caminhar sobre a terra para sempre, Anhangá parou de matá-los e sem motivo aparente recuou para onde estava o corpo de Mayra, até estancar imóvel e silencioso diante dele.

O jovem que enfrentara o olhar do Anhangá repetiu o feito e viu que Anhangá estava com medo. O jovem viu o medo nos olhos do Anhangá, mas não entendia, pois os anciãos ensinaram que os Espíritos da Mata não sentiam medo, porque não morriam.

Por instantes o silêncio engoliu a mata.
E então veio o estrondo de mil trovões, que não soavam das nuvens do céu, mas do crânio fendido de Mayra.
A escuridão da noite penetrou o crânio de Mayra e o mundo dos Homens e o mundo dos Espíritos da Mata foi tragado para dentro do crânio e depois cuspido para fora dele com violência.

E do crânio de Mayra, entre raios de tempestades surgiu Tupã.

Tupã ordenou ao Anhangá que se retirasse do grande circulo.
Anhangá obedeceu.

Tupã falou aos Espíritos da Mata.
Disse que os Espíritos da Mata retornariam à matéria leve e não mais caminhariam sobre a terra, exceto nas noites sem lua, ao longo das trilhas da mata, pois como os Homens traíram o acordo, perderam o direito à proteção das trilhas, que pertenceriam a Anhangá, que poderia atacar os Homens que violassem a floresta.
Tupã proibiu Anhangá e os Espíritos da Mata de invadir o grande círculo.

Tupã falou aos Homens.
Disse que os Homens caminhariam sobre a terra e viveriam sob a luz do dia, os Espíritos da Mata pairariam entre o chão e a copa das árvores à noite, repousariam no corpo dos animais durante o dia e de sobre a copa das árvores altas, onde o gavião voa, no dia e na noite, Tupã vigia a todos.

Tupã falou ao jovem que fitou a face de Anhangá e perguntou seu nome.

- Sumé, respondeu o jovem.

Tupã leu a alma de Sumé e viu que naquela alma as Antigas Virtudes escreveram o Código.

Tupã ordenou aos Espíritos da Mata que retornassem à floresta.
Depois ordenou aos Homens que enterrassem seus mortos e cumprissem o acordo que fizeram com Mayra.

Tupã disse aos Homens que sempre que olhassem a floresta à noite, os Espíritos da Mata estariam olhando para eles. Os Homens não os verão, mas saberão que olhos que não vêem os observam.
Tupã decretou que a mata e a noite seriam os limites e fronteiras do Homem.
Dentro do grande círculo da taba o Homem conheceria e dominaria a natureza.
Na mata escura os elementos e o desconhecido reinariam.
Sobre a taba iluminada dos homens e sobre a mata escura Tupã vigia do céu, que se sobrepõe ao mundo dos Homens e ao mundo dos Espíritos da Mata, os reconhece e os une em um plano distante que governa a luz e as trevas.

Quando Tupã se calou o sol nasceu.
Sob a luz do dia, os corpos despedaçados lembraram os Homens dos horrores da noite e os Homens temeram.

Sumé olhou demoradamente um gavião no céu, depois falou aos Homens e disse que não temessem.
- O forte defenderá o fraco e lutará pelos que não podem lutar.
- Juntos, caminharemos sobre a terra e deixaremos nela nossa marca e o brilho de nossas pegadas ofuscará o dia e expulsará a noite.

Os Homens ouviram Sumé.

Antes de adormecerem nos corpos dos animais da floresta, de fora do grande círculo os Espíritos da Mata também ouviram.
E compreenderam.

Como manda o Código.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Fernando Silva »


Avatar do usuário
Reid
Mensagens: 2057
Registrado em: 26 Dez 2008, 10:17
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Reid »

Bem legal acauan :emoticon1:

Avatar do usuário
Lúcifer
Mensagens: 8607
Registrado em: 26 Out 2005, 16:24
Gênero: Masculino
Localização: São Paulo
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Lúcifer »

Esse texto já dava pra fazer uma pequena apresentação.
Pena que estou sem atores.
Imagem

Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Acauan »

Lúcifer escreveu:Esse texto já dava pra fazer uma pequena apresentação.
Pena que estou sem atores.


Por que não coloca um anúncio na Fundação das Artes de São Caetano do Sul?
Tem sempre um monte de estudantes de teatro procurando montagens por lá.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Edson Jr »

Acauan virou espírita ... :emoticon1:
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

Avatar do usuário
Lúcifer
Mensagens: 8607
Registrado em: 26 Out 2005, 16:24
Gênero: Masculino
Localização: São Paulo
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Lúcifer »

Valeu a dica, indio velho.
E Edson, resgatar antigos costumes ou declara-los não é necessariamente tornar-se espirita. É somente uma foma de prestar homenagem aos antigos costumes e histórias. Pois são nessas histórias que estáo a força e a nobreza de um povo. A sua tradição que não pode morrer ou ser esquecida.
Imagem

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Edson Jr »

Lúcifer escreveu:E Edson, resgatar antigos costumes ou declara-los não é necessariamente tornar-se espirita. É somente uma foma de prestar homenagem aos antigos costumes e histórias. Pois são nessas histórias que estáo a força e a nobreza de um povo. A sua tradição que não pode morrer ou ser esquecida.


Só estava brincando.

Agora que li o texto. Ele parece ter sido inspirado no filme "A VILA".
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Que Anhangá não o ouça...
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Apo
Mensagens: 25468
Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
Gênero: Feminino
Localização: Capital do Sul do Sul

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Apo »

Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Virou, queira Anhangá ou não. :emoticon45:
Imagem

Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Virou, queira Anhangá ou não. :emoticon45:


Acauan, em 21/08/2009 às 17:21, escreveu:
Benetton escreveu:Mas que diabo! Você Acauan, acredita que Espíritos indígenas sobreviva à morte? :emoticon27:


Bem, em uma comparação muito forçada, os Espíritos da Mata estão mais próximos dos elementais da cultura celta que do espiritismo.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Apo
Mensagens: 25468
Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
Gênero: Feminino
Localização: Capital do Sul do Sul

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Virou, queira Anhangá ou não. :emoticon45:


Acauan, em 21/08/2009 às 17:21, escreveu:
Benetton escreveu:Mas que diabo! Você Acauan, acredita que Espíritos indígenas sobreviva à morte? :emoticon27:


Bem, em uma comparação muito forçada, os Espíritos da Mata estão mais próximos dos elementais da cultura celta que do espiritismo.

Não tem muita escapatória. :emoticon12:

Elementais é o nome dado a todo e qualquer espírito existente na natureza. Todo princípio divino, após emanar-se do "Absoluto", deve iniciar seu processo de desenvolvimento incorporando-se à matéria.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Elementais
:emoticon4:
Imagem

Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:
Acauan escreveu:
Apo escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Virou, queira Anhangá ou não. :emoticon45:


Acauan, em 21/08/2009 às 17:21, escreveu:
Benetton escreveu:Mas que diabo! Você Acauan, acredita que Espíritos indígenas sobreviva à morte? :emoticon27:


Bem, em uma comparação muito forçada, os Espíritos da Mata estão mais próximos dos elementais da cultura celta que do espiritismo.

Não tem muita escapatória. :emoticon12:

Elementais é o nome dado a todo e qualquer espírito existente na natureza. Todo princípio divino, após emanar-se do "Absoluto", deve iniciar seu processo de desenvolvimento incorporando-se à matéria.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Elementais
:emoticon4:


Apo, uma sugestão:

Sempre que consultar a wiki em português, confira se há verbete idêntico em inglês e compare.

No caso temos o verbete Elemental.

Se comparar as duas versões verá que a portuguesa é uma tradução do original em inglês, acrescida de um preâmbulo que tenta forçar um sentido kardecista ao conceito.
Ou seja, o redator em português tendenciou o termo.

Se eu me importasse com isto, corrigiria o artigo na Wiki e o remeteria às fontes mitológicas celtas e suas origens na cultura druídica. Se eu me importasse...

Por enquanto ficamos com o fato de que não há correlação entre elementais e kardecismo e que a relação traçada entre os Espíritos da Mata e os elementais célticos era grosseira, para evitar entrar em detalhes chatíssimos de questões técnicas que não interessam a ninguém.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Edson Jr »

Relação dos Espíritos da Mata:
(complementando o texto do Acauan)

Boitatá

Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como fogo que corre.

Boto

Surgiu, provavelmente, na região amazônica. Esta figura folclórica é representada por um homem jovem, bonito e charmoso que seduz mulheres em bailes e festas. Após a conquista, conduz as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes da madrugada, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se num lindo boto.

Curupira

Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.

Lobisomem

Aparece em várias regiões do mundo. Tudo começou quando um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.

Mãe-D'água

Existe um personagem muito parecido com a mãe-d'água: a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.

Corpo-seco

É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.

Pisadeira

É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.

Mula-sem-cabeça

Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Mãe-de-ouro

Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.

Saci-Pererê

O saci é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.

Matintapereira

Pequena coruja que canta, durante a noite, anunciando a morte de alguém. Em algumas regiões, é uma mulher grávida que deixa seu feto na rede ou na cama de quem não lhe dá fumo.

Porca-dos-sete-leitões

Mulher que namorou um padre e, por isso, se transformou num animal semelhante a um porco. Aparece no meio da estrada grunhindo com seus sete filhotes. Em algumas regiões, é considerada a personificação do diabo.

Cuca

É uma velha feia com forma de jacaré, que rouba as crianças desobedientes. A figura da Cuca tem afinidades funcionais com a do Bicho-papão e do Velho-do-saco, seres medonhos a quem alguns pais ameaçam entregar as crianças rebeldes.

Mandioca

Menina Mara, filha de um cacique (relatos antigos dizem que tal cacique era Acauan), que vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Certa noite, adormeceu e sonhou com um jovem loiro e belo que descia da Lua e dizia que a amava. Mara apaixonou-se, mas logo o jovem desapareceu de seus sonhos, e embora virgem, percebeu que esperava um filho. Deu à luz uma graciosa menina, de pele branca e cabelos loiros, a quem chamou Mandi. Em sua tribo foi adorada como uma divindade, mas adoeceu e acabou falecendo. Mara sepultou a filha em sua oca e, inconsolável, de joelhos, chorava todos os dias sobre a sepultura, deixando cair leite de seus seios, para que a filha revivesse. Um dia brotou ali um arbusto. Cavando a terra, Mara encontrou raízes muito brancas, brancas como Mandi, que, ao serem raspadas, exalavam um aroma agradável. Todos entenderam que criança viera à Terra para alimentar seu povo. O novo alimento recebeu o nome de Mandioca, pois Mandi fora sepultada na oca

Mapinguari

Monstro que ainda hoje atemoriza os moradores da floresta na região amazônica. Segundo as descrições o Mapinguari é uma criatura parecida com um macaco, mais alto que um homem, de pelo escuro, com grande focinho que lembra o de um cachorro, garras pontiagudas, uma pele de jacaré, um ou dois olhos e que exala um forte mau cheiro. Segundo o índio Domingos Parintintin, líder de uma tribo, ele só pode ser morto com uma pancada na cabeça. Mas há grande risco, pois a criatura tem o poder de fazer a vítima ficar tonta e "ver o dia virar noite".

Vitória Régia

Segundo os tupis, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte ia folgar com suas virgens prediletas. Se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela. Naiá, filha de um chefe, princesa da tribo e ex-esposa de Acauan, ficou impressionada com a história. Quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse e a transformasse em estrela. Fez isso por longo tempo, e chorava porque a Lua não a notava. Certa noite, em prantos à beira de um lago, Naiá viu refletida nas águas a imagem da Lua. Pensado que ela enfim viera buscá-la, Naiá atirou-se nas águas, e nunca mais foi vista. Compadecida, a Lua resolveu transformá-la em uma estrela diferente, a "Estrela das Águas", a planta vitória régia, cujas flores brancas e perfumadas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Ps: Existem muitos outros Espíritos da Mata, mas não posso mencionar o nome, pois se fizer, puxarão meu pé na calada da noite. :emoticon39:
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Fernando Silva »

Edson Jr escreveu:Relação dos Espíritos da Mata:
(complementando o texto do Acauan)

Boa parte deles é herança européia.
Edson Jr escreveu:Boto

Surgiu, provavelmente, na região amazônica. Esta figura folclórica é representada por um homem jovem, bonito e charmoso que seduz mulheres em bailes e festas. Após a conquista, conduz as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes da madrugada, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se num lindo boto.

Variante de mito celta em que golfinhos ou focas têm filhos com mulheres e, depois que eles crescem, vêm buscá-los para que se tornem também golfinhos ou focas.

"Le dauphin" (adaptação Tri Yann)

Sur la lande déserte, une femme fredonne
Pour son enfant et pour elle aussi
"Je connais ton père petit bonhomme
Il vit très loin, très loin d'ici"

Un soir de tempête, il est entré
Mon Dieu la tête qu'il avait !
Il dit, s'asseyant sur le lit
"C'est moi le père du petit

Je suis un homme sur la terre
Je suis un dauphin dans la mer
Je vis très loin, très loin d'ici
Dans le courant du Sweal Scery"

Jetant sur la table une bourse d'or
Il dit "Voilà pour ton effort,
Quant au petit dès aujourd'hui
Il faut te séparer de lui

Je viendrai le prendre un soir à la brume
Quand le ciel s'accroche au filet meurtri
Je lui apprendrai à prendre l'écume
Comme mon père me l'avait appris

Un marin pécheur tu épouseras
Et harponeur le plus adroit
Au premier coup qu'il décrochera
Tuera mon fils, mon fils et moi !"

Sur la lande déserte, une femme fredonne
Pour son enfant et pour elle aussi
"Je connais ton père, petit bonhomme,
Il vit très loin, très loin d'ici"


"Le Mariage Insolite De Marie La Bretonne"

Elle a retiré son tablier
Pour mettre une robe de mariée
Elle a caché ses mains dans des gants
Et ses pieds dans des souliers... blancs
Elle s'est regardée dans le miroir
Et s'est trouvée belle
Puis elle est descendue en chantant
En offrant ses sourires au printemps
Aux grands arbres, aux fleurs et aux oiseaux
S'est assise près de l'étang
Se voyant et s'admirant... dans l'eau
C'est lorsqu'elle voulut se relever
Qu'elle vit un jeune homme s'approcher
Il semblait sortir du fond de l'eau
Tout mouillé, elle l'a trouvé... beau
Et elle a compris à son regard
Qu'il la trouvait belle
Et son corps ne s'est pas défendu
Et l'amour en elle s'est répandu
Et la cloche a sonné au château
C'est alors que l'inconnu
S'est perdu, a disparu... dans l'eau
Elle est remontée dans le grenier
A rangé dans la malle d'osier
La robe, les souliers et les gants
A remis son tablier... blanc
Pour préparer le repas du soir
Faire la vaisselle

Avatar do usuário
Apo
Mensagens: 25468
Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
Gênero: Feminino
Localização: Capital do Sul do Sul

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:
Acauan escreveu:
Apo escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan virou espírita ... :emoticon1:


Virou, queira Anhangá ou não. :emoticon45:


Acauan, em 21/08/2009 às 17:21, escreveu:
Benetton escreveu:Mas que diabo! Você Acauan, acredita que Espíritos indígenas sobreviva à morte? :emoticon27:


Bem, em uma comparação muito forçada, os Espíritos da Mata estão mais próximos dos elementais da cultura celta que do espiritismo.

Não tem muita escapatória. :emoticon12:

Elementais é o nome dado a todo e qualquer espírito existente na natureza. Todo princípio divino, após emanar-se do "Absoluto", deve iniciar seu processo de desenvolvimento incorporando-se à matéria.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Elementais
:emoticon4:


Apo, uma sugestão:

Sempre que consultar a wiki em português, confira se há verbete idêntico em inglês e compare.

No caso temos o verbete Elemental.

Se comparar as duas versões verá que a portuguesa é uma tradução do original em inglês, acrescida de um preâmbulo que tenta forçar um sentido kardecista ao conceito.
Ou seja, o redator em português tendenciou o termo.

Se eu me importasse com isto, corrigiria o artigo na Wiki e o remeteria às fontes mitológicas celtas e suas origens na cultura druídica. Se eu me importasse...

Por enquanto ficamos com o fato de que não há correlação entre elementais e kardecismo e que a relação traçada entre os Espíritos da Mata e os elementais célticos era grosseira, para evitar entrar em detalhes chatíssimos de questões técnicas que não interessam a ninguém.


Entendi.
Mas evidente que eu não estava a falar de kardecismo. Estava apenas no âmbito da espiritualidade mais ampla mesmo. Costumo chamar o kardecismo de Espiritismo ( com E maiúsculo ou ainda de Doutrina Espírita). De qualquer forma, não leve a sério, era só uma pegação no seu pé.
Imagem

Avatar do usuário
Lúcifer
Mensagens: 8607
Registrado em: 26 Out 2005, 16:24
Gênero: Masculino
Localização: São Paulo
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Lúcifer »

Edson Jr escreveu:Relação dos Espíritos da Mata:
(complementando o texto do Acauan)

Boitatá

Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como fogo que corre.

Algumas variações da lenda dizem que o boitatá é uma bola de fogo que sobrevoa as florestas e , quem o vê, tem que esconder as suas unhas, dentes e fechar os olhos, pois se o botatá ver esses brilhos, ele desce e mata o cabra.


Boto

Surgiu, provavelmente, na região amazônica. Esta figura folclórica é representada por um homem jovem, bonito e charmoso que seduz mulheres em bailes e festas. Após a conquista, conduz as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes da madrugada, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se num lindo boto.


O boto, em forma de homem, smpre anda coim algum tipo de "chapéu" para esconder o buraco que ele tem no meio da cabeça, sendo a unica forma de reconhece-lo em forma humana


Lobisomem

Aparece em várias regiões do mundo. Tudo começou quando um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.

A lenda do lobisomen é muito mais antiga e, geralmente está ligada aos vampiros. Bala de prata em seu coração é folclore. No Brasil, dependendo da região, é um homem sétimo filho com seis irmãos. Para ele não virar lobisomen, o mais velho tem que batizar ele. No caso das mulheres, a irmã mais velha tem que batizar senão ela vira bruxa. Em noite de lua cheia, no meio de uma ponte, ele dá sete nós em sua camisa e se transforma em um grande cachorro e visita sete cemitérios e tem que voltar ao local onde se transformou antes de o sol nascer. A única forma de se quebrar a maldição é um valente desatar os nós da camisa, enquanto ele estiver transformado.


Mãe-D'água

Existe um personagem muito parecido com a mãe-d'água: a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.

Para se proteger dela, é só pegar o seu espelho.


Pisadeira

É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.

Essa lenda é mais antiga e tem um pouco a ver com velhas lendas sobre vampiros. Um pouco relacionada com as Sucubus e os Incubus.


Mula-sem-cabeça

Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Esqueceu de dizer que seus cascos são mais afiados do que navalha. E, novamente, para se quebrar a maldição, um valente tem que cortar o seu arreio. (ou era o freio? Agora não me lembro)


Mãe-de-ouro

Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.

Mãe-DO-ouro ou Mãed'ouro também é representada por uma mulher belissima vestida com vestid dourado que ficava na beira dos riachos e rios. Muito bondosa, ela indicava o local onde existia oura somente para as pessoas boas, com a condição de nunca dizer onde encontrou o ouro.



Matintapereira

Pequena coruja que canta, durante a noite, anunciando a morte de alguém. Em algumas regiões, é uma mulher grávida que deixa seu feto na rede ou na cama de quem não lhe dá fumo.

Provavelmente foi a lenda da Matintapereira que originou a lenda do saci-perere. Me falha a memoria agora, mas para descobrir quem, da comunidade, era a Matinta, era somente oferecer um cafe da manha. A primeira pessoa que aparecesse era a danada.


Mandioca

Menina Mara, filha de um cacique (relatos antigos dizem que tal cacique era Acauan), que vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Certa noite, adormeceu e sonhou com um jovem loiro e belo que descia da Lua e dizia que a amava. Mara apaixonou-se, mas logo o jovem desapareceu de seus sonhos, e embora virgem, percebeu que esperava um filho. Deu à luz uma graciosa menina, de pele branca e cabelos loiros, a quem chamou Mandi. Em sua tribo foi adorada como uma divindade, mas adoeceu e acabou falecendo. Mara sepultou a filha em sua oca e, inconsolável, de joelhos, chorava todos os dias sobre a sepultura, deixando cair leite de seus seios, para que a filha revivesse. Um dia brotou ali um arbusto. Cavando a terra, Mara encontrou raízes muito brancas, brancas como Mandi, que, ao serem raspadas, exalavam um aroma agradável. Todos entenderam que criança viera à Terra para alimentar seu povo. O novo alimento recebeu o nome de Mandioca, pois Mandi fora sepultada na oca

Uma de minhas lendas favoritas.



Vitória Régia

Segundo os tupis, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte ia folgar com suas virgens prediletas. Se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela. Naiá, filha de um chefe, princesa da tribo e ex-esposa de Acauan, ficou impressionada com a história. Quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse e a transformasse em estrela. Fez isso por longo tempo, e chorava porque a Lua não a notava. Certa noite, em prantos à beira de um lago, Naiá viu refletida nas águas a imagem da Lua. Pensado que ela enfim viera buscá-la, Naiá atirou-se nas águas, e nunca mais foi vista. Compadecida, a Lua resolveu transformá-la em uma estrela diferente, a "Estrela das Águas", a planta vitória régia, cujas flores brancas e perfumadas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Outra lenda que gosto muito.


Ps: Existem muitos outros Espíritos da Mata, mas não posso mencionar o nome, pois se fizer, puxarão meu pé na calada da noite. :emoticon39:


Eu posso falar a vontade que não tenho medo, afinal nenhum espírito da mata jamais aguentou o futum de meus pezinhos. :emoticon12: :emoticon12:
Imagem

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Os Espíritos da Mata

Mensagem por Fernando Silva »

Boitatá

Representada por uma cobra de fogo que protege as matas, florestas e os animais. Possui a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre José de Anchieta, em 1560. Na região Nordeste do Brasil, o boitatá é conhecido como fogo que corre.

Talvez seja um "fogo fátuo", ou seja, emanações de metano em combustão. Acontece em áreas pantanosas, com material orgânico em decomposição.

Trancado