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Arqueólogos acham dente-de-sabre vegetariano



WASHINGTON — Cientistas surpresos descobriram os restos de um animal vegetariano com dentes de sabre.

O comedor de folhas – que tinha o tamanho de um cachorro grande — viveu há cerca de 260 milhões de anos no Brasil. O anúncio foi feito na edição de sexta-feira da Science.

Seus caninos superiores tinham quase 13 centímetros de comprimento. Dentes tão grandes são mais comuns em animais comedores de carne e são usados para capturar e matar as presas.

Os grandes caninos eram provavelmente usados pelo comedor de plantas para brigar com entre si ou se proteger de predadores, disse o pesquisador Juan Carlos Cisneros, da Universidade do Piauí. “Por exemplo, ele pode ter brigado por território, recursos ou fêmeas, como os cervos himalaios modernos, que também têm um par de destes pontudos”, disse ele por e-mail.

“Essas situações são extremamente importantes para a sobrevivência de um indivíduo eo sucesso de uma espécie”, disse ele. Descobriri animais assim “nos mostra que anatureza é extremamente criativa ao fornecer soluções para diferentes tipos de tarefas”.

Além de seus dentes de sabre, o animal recém-descoberto chamado Tiarajudens eccentricus possuía fileiras de dentes no céu da boca para a mastigação, disseram os pesquisadores. A mandíbula inferior estava incompleta, mas elesacreditam que ela possuía fileiras semelhantes.

O Tiarajudens era parte de um grupo de animais conhecidos como anomodontes, também chamados de “répteis parecidos com mamíferos”, e era um grande comedor de planta de sua época.

“A descoberta dá uma nova perspectiva sobre a diferenciação dos dentes nesses animais primitivos e a evolução dos herbívoros e sua complexa rede de interações”, disse Joerg Froebisch, da Universidade Humboldt em Berlim. Ele não fazia parte da equipe de pesquisa de Cisnero.

“A evolução dos dentes de sabre é muito incomum em herbívoros”, disse Froebisch, que chamou o anomodonte brasileiro de “extraordinário”.

Ele disse ainda que o anima parece pertencer a um grupo novo, incomum, de anomodontes que viveram no antigo supercontinente Gondwana. Antes que ele se separasse, o Gondwana incluía o que é hoje a Antártica, a América do Sul, a África, Madagascar e a Austrália.