Explicação para o paradoxo amor/temor de Jeová

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Rapidfire
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Explicação para o paradoxo amor/temor de Jeová

Mensagem por Rapidfire »

Os trechos abaixo foram retirados do livro Deus: uma biografia de Jack Miles.

(Pag 184-186)

[...]
Na história dessas orações de véspera de batalha, o amor é sempre um tema tão frequente quanto a bravura, e a família uma imagem ao menos tão poderosa quanto a da irmandade nas armas. De sua imagem numa parte de seu discurso que constitui, até hoje, o texto mais sagrado do judaísmo:

Deuteronômio 6: (João Ferreira de Almeida Atualizada)

4 Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor.

5 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.

6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;

7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.

8Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos;

9e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.


A passagem é também, evidentemente, de extrema relevância para a história posterior do judaísmo como uma religião baseada na sagrada escritura. Mas nosso interesse é por aquilo que Deus exige e que Moisés chama de amor.

O fato de ele não exigir amor de maneira como entendemos normalmente essa palavra fica claro na passagem que vem imediatamente antes da que acabamos de citar. Nesta passagem o verbo temer - Traduzido como “reverenciar” pela Jewish Publication Society (JPS) – funciona quase exatamente como a palavra amor. no trecho que acabamos de citar:

Deuteronômio 6: (João Ferreira de Almeida Atualizada)

1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres;
2 para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os guardes, para que te vá bem, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor Deus de teus pais.


O que pede então o Senhor, amor ou medo? Uma resposta fácil é que ele exige ambos, mas de fato trata-se essencialmente de palavras alternativas para a mesma atitude. Acrítica histórica afirmou isso enfatizando que o amor em questão não é a emoção espontânea, interpessoal, mas o amor da aliança. Amar o Senhor teu Deus “com todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força” significa meramente empenhar todos os esforços em permanecer fiel aos termos da aliança, e a diferença entre esforçar-se para manter uma aliança e temer quebrá-la é pequena. A distância entre hesed, “amor”, conforme é utilizada em antigos textos israelitas, e amor no sentido moderno da palavra é algo que fica claro um pouco adiante no Tanach, em Juízes 1:24. Aí, espiões isreaelitas que se preparam para atacar Betel vêem um homem saindo da cidade e dizem a ele: “Mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos de misericórdia para contigo”; literalmente, “dar-lhe-emos hesed”. A mensagem não vai muito além de: “Se ficar do nosso lado, ficamos do teu”- o homem, encurralado, coopera, e quando tomam a cidade eles permitem que ele fuja.
[...]
(pag 191 – O autor cita os trechos da maldição de Deuteronômio 28)

[...]
Fica claro, portanto, que o amor de que fala Moisés no livro do Deuteronômio não é uma emoção terna, não é o amor no nosso sentido da palavra. E, apesar do sentido de coerção esmagadora que uma leitura objetiva da eloqüência de Moisés possa deixar, a palavra amor não é simplesmente mal usada. Seria errado traduzir essa importante passagem assim: “Sirvas ao Senhor teu Deus de todo o teu coração” etc. Há algo mais do que servir com lealdade por trás dessa relação. Pois o amor da aliança foi precedido por um amor mais misterioso e gratuito, que serviu para estabelecer a aliança em primeiro lugar. Vejamos a passagem que fala da circuncisão do coração, citada antes: “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo que nela há. Tão-somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar [...]”. [...]
"Filipenses 1:18 - Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisso me regozijo, e me regozijarei ainda."(Paulo de Tarso)

Mesmo se Deus(es) existir(em) os motivos para a crença nele(s) estão errados.

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Apo
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Re: Explicação para o paradoxo amor/temor de Jeová

Mensagem por Apo »

Deus é corrupção. Esta é a explicação.

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