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Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 12 Mai 2011, 08:37
por Huxley
Uma correção de conceito, não existe “opção sexual”, visto que o termo “opção” é aplicado quando alguém exerce a livre escolha. O processo que ativa a atração sexual – ou o interesse sexual – não é uma questão de escolha. De acordo com os neurocientistas, ela não discorre através do pensamento (e nem da emoção), mas sim da via sensorial. Por exemplo, a visão do corpo de uma mulher ativa um impacto nos centros cerebrais de prazer do homem. Homem nenhum exerce “opção” nesse caso. A via pela qual se efetiva o instinto sexual é um circuito que opera de forma automática, com uma velocidade muito grande.

Se há referência às virtudes de caráter normalmente atribuídas aos “machos alfa”, como aquelas que envolvem o autocontrole, então você pode falar de “opção”. O autocontrole envolve recursos da via principal do cérebro. A via principal atravessa os sistemas neurais que atuam mais metodicamente. Estamos conscientes dela, isso proporciona certo controle sobre nossa vida interior.

Portanto, virtude de caráter e atração sexual são conceitos completamente distintos e independentes. Ou melhor, o nível de atração sexual – e/ou o tipo de atração sexual – que alguém sente é um conceito completamente distinto e independente do grau de virtude que esse alguém tem.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 12 Mai 2011, 21:45
por Res Cogitans
Acauan escreveu:Res,

Livros que abordam exclusivamente o homossexualismo dificilmente escapam de algum tipo de partidarismo, geralmente viadista.

Acho muito mais confiáveis as referências ao tema registradas em abordagem amplas, onde a questão é tratada como apenas uma entre tantas.

O repúdio formal dos gregos ao homossexualismo pode ser aferido em diversas fontes, pesquisáveis pelo termo "atimia", usado para definir a perda de direitos de cidadania imposta a quem violava leis ou a honra pública ateniense.

Um conceito explicativo, pesquisável em inúmeras fontes é o de muliebria pati, usado pelos romanos, que se aplicava bem à realidade dos gregos antigos.
A idéia básica é que "ser usado como mulher" define uma condição de inferioridade ao homem que se sujeita a isto. Obviamente não era a expressão de um relacionamento romântico entre iguais, muito menos uniões socialmente aceitáveis como proposto por Foucault & cia.


Certamente Foucault e Halperin estão longe de serem razoáveis na sua pesquisa. Veriquei com minha mulher que tenho o livro "A história da sexualidade" de Peter N. Stearns, infelizmente eu compro mais livro do que minha capacidade de lê-los e de saber onde estão :emoticon13: . Depois vou dar uma folheada com maior cuidado.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 14 Mai 2011, 00:28
por Apo
Esta da falha de caráter foi de última. O fundo do poço do conservadorismo. O pior é que este tipo de conservadorismo é pior do que uma inquisição. Tortura, mata, aniquila...e Deus continua não existindo.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 14 Mai 2011, 13:27
por Acauan
Apo escreveu:Esta da falha de caráter foi de última. O fundo do poço do conservadorismo. O pior é que este tipo de conservadorismo é pior do que uma inquisição. Tortura, mata, aniquila...e Deus continua não existindo.


O único consenso conservador sobre viadagem é que este comportamento sexual é questão privada e não pública, como devem ser todos os comportamentos sexuais.
O que os conservadores não admitem é que comportamentos sexuais sejam igualados à instituição familiar, como querem os viadistas.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 14 Mai 2011, 14:16
por Melchior Valentine
Acauan escreveu:O que os conservadores não admitem é que comportamentos sexuais sejam igualados à instituição familiar, como querem os viadistas.


Você fala como se a homossexualidade pudesse ser reduzida a comportamento sexual. Gay também ama, chapa, tanto quanto um heterossexual é capaz de amar.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 14 Mai 2011, 17:09
por Acauan
Melchior Valentine escreveu:Você fala como se a homossexualidade pudesse ser reduzida a comportamento sexual. Gay também ama, chapa, tanto quanto um heterossexual é capaz de amar.


O significado de homossexualismo é autoexplicativo e o que eu falo ou deixo de falar é irrelevante no que tange a este significado.
Capacidade de amar também é irrelevante do ponto de vista legal para a questão.
Poligâmicos também são capazes de amar, o que não implica que isto confira ou deva conferir igualdade legal com as uniões monogâmicas.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 05:56
por user f.k.a. Cabeção

Uma leitura menos diagonal do texto teria percebido que o homossexualismo não foi tratado como uma deformidade de caráter, ao menos no sentido que vocês estão subentendendo.

O que eu disse é que eu acredito na possibilidade de re-educação de certos aspectos abjetos de uma personalidade, ao menos em casos não muito degenerados, incluso aí tanto falhas de caráter quanto pederastia.

Um exemplo que eu citei foram as conversões religiosas que regeneram tanto homossexuais quanto bandidos. Mas em nenhum momento eu os tratei como equivalentes, já que não considero a correlação entre sodomia e comportamento sociopata como crítica a ponto de se permitir uma identificação, ainda que possa ser mais alta do que a norma.

Correlações tampouco são necessariamente causais. Uma conduta sexual aberrante não necessariamente induz ou aumenta a probabilidade do comportamento social virulento, mas ambas podem ser associadas aos mesmos traumas formativos e em virtude disso apresentariam uma correlação sem que uma cause necessariamente a outra.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 06:20
por user f.k.a. Cabeção

Para algumas pessoas não há nada mais aterrador do que a noção de que tanto o Mal quanto o Bem são resultados de escolhas pessoais, e não de imposições cósmicas.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 07:08
por Fernando Silva
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Para algumas pessoas não há nada mais aterrador do que a noção de que tanto o Mal quanto o Bem são resultados de escolhas pessoais, e não de imposições cósmicas.

Quais são as escolhas pessoais de um hermafrodita?
Tirando o caso do hermafrodita, todos os demais são, ou 100% homens ou 100% mulheres?

Como ficam casos como Phineas Gage?

http://pt.wikipedia.org/wiki/Phineas_Gage
Phineas Gage (1823-1860) foi um operário americano que, num acidente com explosivos, teve seu cérebro perfurado por uma barra de metal, sobrevivendo apesar da gravidade do acidente.

Após o ocorrido, Phineas, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou uma mudança acentuada de comportamento, sendo objeto para estudos de caso muito conhecidos entre neurocientistas.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 11:41
por Rapidfire
Esses casos de ex-gays evangélicos são sem dúvida muito estranhos. É muito fácil ver esses reabilitados com claros sinais de trejeitos efeminados, embora jurem que não sentem mais a mesma atração pelo mesmo sexo que antes.

Também não são raros os casos de membros que declaram a coisa toda como farsa. Como exemplo existe esse caso do fundador de um grupo de recuperação que afirma que tudo era uma fraude:

http://extestemunhasdejeova.net/forum/v ... c86195ffca

Este aqui é recente:

http://noticias.gospelmais.com.br/pasto ... 19775.html

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 14:38
por Aranha
user f.k.a. Cabeção escreveu:

Um exemplo que eu citei foram as conversões religiosas que regeneram tanto homossexuais quanto bandidos.


- A argumentação cabecística chegou no limite da falta de razão, citar como exemplo as regenerações de homossexuais evangêlicas é um claro sinal de total desespero.

Abraços,

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 17 Mai 2011, 23:03
por Huxley
Tentar provar a eficácia das terapias de reorientação sexual com os depoimentos de crentes de um livro homofóbico como a Bíblia é o mesmo que tentar provar a eficácia das terapias de vidas passadas com os depoimentos de discípulos de Allan Kardec.

Não é muito difícil imaginar um “terapeuta-evangélico” pegar um caso de um homossexual ou um bissexual predominantemente homossexual e fazê-lo renunciar a prática homossexual sem retirar a essência que diagnostica a sua orientação sexual. Reprimir a prática homossexual não garante reversão da homossexualidade pela mesma razão que Clodovil não poderia ser classificado “não-homossexual” caso tivesse morrido virgem e BV. Todavia, essas “conversões” certamente rendem depoimentos que dão aparência de eficácia da “heteroterapia” e que convencerão facilmente crentes que compartilham a homofobia da Bíblia.

Não existe “opção sexual”. Mesmo que essa coisa existisse, tê-la não implica quaisquer “escolhas pessoais do mal”. Apontar implicação moral negativa em ter certa “opção sexual” é tão cômico quanto apontar uma “realidade moral negativa” em uma escolha coerente (subjetivamente) de ter os quadros de Van Gogh em vez dos de Picasso.

Eu lembrei agora que, quando fazia o ginásio na escola, teve uma camarada que justificou sua aversão aos negros para uma professora através do fato de achar feia a cor de pele preta. Utilizando a lógica que foi apresentada aqui nesse tópico, certamente ele estaria autorizado a atribuir imoralidade a namorar pessoas negras. Afinal, essa é a consequência de derivar atribuições de imoralidade de preferências estéticas e/ou tipos de apreços subjetivos.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 19 Mai 2011, 11:16
por Ayyavazhi
Não estou bem certo se eu tinha cinco ou seis anos. Minha memória não atinge tal precisão. Mas as lembranças são fortes o bastante para que não reste fragmento de dúvida sobre o caráter sexual daqueles sentimentos e desejos que me atormentavam. Até minha irmã teria entrado no cardápio, SE eu soubesse o que fazer com ela.

Ninguém me ensinou a ser homem (no sentido heterossexual da palavra). Nenhum fator externo mostrou-se necessário para que o meu natural desejo por mulheres aflorasse, além da simples visão e convivência com elas. A gente olha para uma mulher e a deseja. Simples assim. Ninguém escolhe se vai sentir tal desejo ou não. Você escolhe, sim, o que fazer com esse desejo e é por isso que eu sou um homem normal e não um estuprador. É nesse nível que podemos fazer escolhas e treinar o caráter.

E por que seria diferente com um homossexual?

Pelo que eu li, até agora, os colegas consideram que TODOS nós, homens e mulheres, nascemos heterossexuais e, por opção e práticas moralmente condenáveis, alguns se tornam homossexuais. Eu já conversei com homossexuais e todos, sem exceção, sabiam de sua homossexualidade desde a mais tenra infância, tanto quanto eu sabia de meu desejo por mulheres, como descrevi no começo. Muitos deles demoram bastante até ter coragem de assumir sua sexualidade, o que é bem fácil de se entender. Até para eles, o assunto é tabu, pelo menos nos primeiros anos. Depois, vencidos pelo inevitável, eles se aceitam e pedem ao mundo que os aceite. Isso é o que pude inferir, conversando com alguns amigos homossexuais. Esse processo demorado de autoaceitação acaba por enviar uma idéia errada à sociedade: a de que essas pessoas eram heterossexuais até determinada época de suas vidas e, de repente, “resolveram” mudar de lado.

O emprego dos termos “opção”, “escolha”, “moral”, “ética”, entre outros, numa mesma sentença onde figura a palavra homossexual é, no mínimo, bizarro e absolutamente desconectado da realidade. Eu nem precisaria citar os quantos homossexuais que já conheci que não apresentavam em seu comportamento nenhum desvio de caráter, nenhum traço de imoralidade, nenhuma conduta que os diminuísse frente aos heteros. O bom senso prescinde de tais exemplos. O óbvio é óbvio e dispensa explicações. O cara gosta de homem e, eu, de mulher. É só o que nos difere. Ele pode ser tão ou mais ético do que eu.

Eu concordo muito com o Cabeção, quando ele defende que comportamentos humanos podem ser treinados. Indiscutível. Acho até que podemos encontrar, entre os homossexuais, exemplos que se encaixariam nesse perfil. E isso seria não mais que a exceção da regra. A regra, meus amigos, diz que ninguém escolhe essas coisas. Ninguém treina para ser homem e tampouco seria necessário treinar para ser homossexual. A despeito de eu não poder explicar as causas da existência de homos e heteros, nada obsta minha defesa de que ambos são frutos de um mesmo princípio, e este princípio não aceita barganhas e não faz concessões. Nós ainda vamos demorar muito para compreender todo o processo com exatidão, mas, desde já, entendo que moral não tem nada a ver com isso.

Citando ainda o nobre Cabeção, ele nos apontou um dado quase estatístico onde o grau de delinquência seria elevado em comunidades de travestis e outros nichos. Podemos tomar isso como verdade, mas, já está definido que esta delinquência é consequência direta do homossexualismo? Ou esses grupos são marginalizados pela sociedade e, aí sim, à margem dos valores e costumes sociais, desenvolvem a delinquência? Fico com a segunda opção.

Para polemizar um pouco mais e mexer com o vespeiro, digo que não vejo muita diferença entre este nível de preconceito e um outro, bem conhecido dos senhores, quando os crentes tentam atribuir a si mesmos uma moral superior à dos ateus. Sinceramente, olhando aqui de fora, muito de fora, eu estou vendo a mesma coisa, com outra roupagem.

Entendam que não estou levantando nenhuma bandeira pró-isso ou aquilo. Meu discurso jamais será viadista, plagiando aqui as palavras do índio velho. Mas não encontro nenhum traço de razoabilidade no discurso que tenta vincular homossexualiade e moral, por isso me manifesto (E também porque sou um fã declarado das polêmicas orquestradas pelo caríssimo Res Cogitans). E para que qualquer vestígio de dúvida seja dissipado, lembrem-se que até de homofóbico eu já fui chamado. Se bem que esses, os que me acusaram, são completos imbecis e não servem como referência.

Abraços.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 20 Mai 2011, 23:15
por Res Cogitans
Quando o fórum voltar ao normal retorno a este tópico. Está muito irritante a demora para carregar qq merdinha que você faz aqui.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 21 Mai 2011, 07:12
por SabeNada
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Para algumas pessoas não há nada mais aterrador do que a noção de que tanto o Mal quanto o Bem são resultados de escolhas pessoais, e não de imposições cósmicas.

Já disse isso muitas vezes aqui e volto a repetir: A sexualidade não se limita a imposição biológica. O comportamento sexual está sujeito a aprendizado e refino nos "gostos". Falar sobre sexo é como falar sobre comida, é possível "treinar" o gosto por certas praticas sexuais, tanto quanto se pode "treinar" o paladar.

Eu sou um dos tantos casos de ex-heterossexual exclusivo que aprendeu a apreciar relações com pessoas do mesmo sexo. Relatos também não faltam na medicina de homossexuais exclusivos que aprendem a ter prazer em relações heterossexuais.

As pessoas gostam de negar esses diversos casos para fugir a discussão do COMPORTAMENTO e da ESCOLHA em como se comportar. Assim todos podem se comportar como querem sem serem obrigados a assumir a responsabilidade pelo que fazem.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 21 Mai 2011, 07:23
por SabeNada
Huxley escreveu:Tentar provar a eficácia das terapias de reorientação sexual com os depoimentos de crentes de um livro homofóbico como a Bíblia é o mesmo que tentar provar a eficácia das terapias de vidas passadas com os depoimentos de discípulos de Allan Kardec.

As pessoas gostam de usar esse argumento do "fanatismo" para descartar o relato, mas o que diz dos casos de ex-heterossexuais? A sexualidade não é imutável.

Existe aqui ainda a questão do comportamento.
Mesmo que os tais "ex-gays" ainda sintam atração por pessoas do mesmo sexo, o comportamento homossexual continua sendo uma escolha. Sentir atração não obriga a praticar o ato em si, é possível aprender a ter prazer em relações heterossexuais e escolher praticar apenas elas.

A discussão da "escolha" não é eliminada só pelo "desejo" ser involuntário, a "prática" não é obrigatória.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 22 Mai 2011, 16:16
por Ayyavazhi
SabeNada escreveu:Já disse isso muitas vezes aqui e volto a repetir: A sexualidade não se limita a imposição biológica. O comportamento sexual está sujeito a aprendizado e refino nos "gostos". Falar sobre sexo é como falar sobre comida, é possível "treinar" o gosto por certas praticas sexuais, tanto quanto se pode "treinar" o paladar.

Eu sou um dos tantos casos de ex-heterossexual exclusivo que aprendeu a apreciar relações com pessoas do mesmo sexo. Relatos também não faltam na medicina de homossexuais exclusivos que aprendem a ter prazer em relações heterossexuais.

As pessoas gostam de negar esses diversos casos para fugir a discussão do COMPORTAMENTO e da ESCOLHA em como se comportar. Assim todos podem se comportar como querem sem serem obrigados a assumir a responsabilidade pelo que fazem.


Ayyavazhi escreveu:Eu concordo muito com o Cabeção, quando ele defende que comportamentos humanos podem ser treinados. Indiscutível. Acho até que podemos encontrar, entre os homossexuais, exemplos que se encaixariam nesse perfil. E isso seria não mais que a exceção da regra. A regra, meus amigos, diz que ninguém escolhe essas coisas. Ninguém treina para ser homem e tampouco seria necessário treinar para ser homossexual.


Bom, eu tive o bom senso de concordar que o comportamento humano pode ser treinado. O que não é razoável, e nunca será, é supor que experiências pessoais sejam um medidor confiável e honesto para toda a humanidade.


Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 23 Mai 2011, 07:27
por Fernando Silva
SabeNada escreveu:As pessoas gostam de usar esse argumento do "fanatismo" para descartar o relato, mas o que diz dos casos de ex-heterossexuais? A sexualidade não é imutável.

Por que seria diferente com supostos ex-heterossexuais? E se eles cansaram de fingir e assumiram?
E se eles eram bi, mesmo sem se dar conta, e resolveram assumir os dois lados ou só um deles?
E se eles são gays, mas a religião os fez acreditar, sinceramente, que estão "curados"?
E se eles são bi, mas acreditam que são heteros que estão seguindo uma filosofia que prega o bissexualismo?
Como já disse alguém, há 7 bilhões de sexos, ou seja, um para cada habitante do planeta. Sem essa de classificações rígidas.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 24 Mai 2011, 04:11
por Sr. Babaquara
Ayyavazhi escreveu:
Ayyavazhi escreveu:Eu concordo muito com o Cabeção, quando ele defende que comportamentos humanos podem ser treinados. Indiscutível. Acho até que podemos encontrar, entre os homossexuais, exemplos que se encaixariam nesse perfil. E isso seria não mais que a exceção da regra. A regra, meus amigos, diz que ninguém escolhe essas coisas. Ninguém treina para ser homem e tampouco seria necessário treinar para ser homossexual.


Bom, eu tive o bom senso de concordar que o comportamento humano pode ser treinado. O que não é razoável, e nunca será, é supor que experiências pessoais sejam um medidor confiável e honesto para toda a humanidade.


Não tomando por base somente a experiência pessoal, é fato que por muito tempo tentaram "tratar" os gays disso que muitos achavam ser uma "doença" e muito embora as tentativas tenham sido frustradas quanto a intenção de eliminar o desejo por pessoas do mesmo sexo, os relatos de gays que foram capazes de aprender a apreciar o sexo oposto, estão longe de constituir mera "exceção".

Agora tomando por base minha experiência pessoal, tenho convívio próximo com muitas pessoas desse meio e inclusive já frequentei em São Paulo os estabelecimentos específicos de balada gay como a famosa "a louca". Posso afirmar que nunca conheci um homossexual exclusivo de fato, embora alguns poucos assim se declarem.

Até onde posso ver, Homossexuais exclusivos são a exceção e não a regra.
Dos que se declaram homossexuais a maioria o faz não por exclusividade e sim por indicação de "preferência", são bissexuais que preferem relações homossexuais e que em geral tendem a se apaixonar por pessoas do mesmo sexo.

Presenciei também entre alguns grupos de lésbicas a tendência ao preconceito as avessas, elas reclamam quando as amigas "ficam" com homens e dizem que deviam curtir só as "meninas"

Só conheci uma garota que se dizia exclusivamente homossexual, comentei essa "tendência" e ela falava que "depende" da pessoa, que ela mesma não se encaixava nisso e que meninos não são de jeito nenhum a praia dela e ela não é bi nem a pau e só gosta de meninas. Algumas semanas depois acabamos nos beijando por iniciativa dela que, uns dias antes, já tinha transado com um outro colega nosso.

Diversidade de pessoas, comportamentos e sentimentos realmente existem, mas vou discordar aqui de você sobre o que constituí regra e do que é realmente exceção.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 24 Mai 2011, 09:28
por Ayyavazhi
Sr. Babaquara escreveu:Diversidade de pessoas, comportamentos e sentimentos realmente existem, mas vou discordar aqui de você sobre o que constituí regra e do que é realmente exceção.


Existem duas questões a ser tratadas aqui.

A primeira é quanto ao que eu chamei de “regra e exceção”. Alguns colegas estão defendendo a idéia de que o homossexualismo é algo adquirido – pelo menos, foi o que pareceu. O cara nasceria hetero e, por uma sequência de escolhas e práticas quaisquer “aprenderia” a gostar de homem. Eu defendo que, se isso acontece, essa é a exceção pois a maioria, senão todos os homossexuais com quem conversei me confidenciaram que já na infância, muito antes de entenderem o que era sexo, sentiam-se atraídos por homens. Ou seja, o cara nasceu assim, ele não se tornou assim por opção. Essa foi minha defesa e seria interessante conhecer sua opinião a respeito.

A outra parte do seu relato, e que me deixou muito curioso, é essa afirmação de que homossexuais exclusivos são raros. Eu nunca vi nenhum gay ficando com mulher, mas tenho que admitir que minha convivência com eles não é lá muito próxima. Mesmo assim, estou surpreso.

PS.: Agora é só esperar aparecer o próximo imbecil (ou os mesmos de sempre) que irá me acusar de homofobia por essa declaração de que não convivo muito com homossexuais. Como se, para provar que não sou preconceituoso, eu precisasse escolher meus amigos de acordo com suas inclinações sexuais, em detrimento de outras e mais importantes afinidades.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 01 Jun 2011, 13:29
por user f.k.a. Cabeção

Avatar,

Você parece ter sido um dos poucos a pegar a idéia do que eu to falando.

Pois é, eu não sou especialista no assunto “sexualidade e genética”, isso precisa ficar claro, para não me acusarem depois.

Mas, eu acho que as pessoas tem uma tendência a atribuir certas manifestações comportamentais a fatores naturais (genéticos) simplesmente porque elas não conseguem isolar as causas específicas para elas.

Isso ocorre com inteligência também. Associações do tipo se dois irmãos apresentam comportamentos diferentes, logo, eles possuem propensões genéticas diferentes.

Eu não concordo com isso.

Eu acho que o código genético é muito pequeno quando comparado com a experiência.

O código genético armazena 60 megabytes de informação. Isso é menos do que o binário do Microsoft Word. A minha fonte aqui é um livro do Ray Kurzweil chamado “The age of spiritual machines”.

Isso é bem pouco para ser capaz de codificar padrões mais complexos de comportamento do que apenas instintos simples, mas é suficiente para a expressão de proteínas que mais tarde servirão para reconhecer os padrões de estímulos ambientais e permitir o aprendizado dos comportamentos avançados.

Dito isso, eu acho que talvez alguns tipos de anomalia, como produção insuficiente ou anômala de hormônios sexuais, possam afetar comportamentos relacionados, mas isso não determina o comportamento homossexual, apenas o torna mais provável.

Assim como outros hormônios reguladores afetam o metabolismo de gordura e podem tornar certas pessoas mais propensas a serem obesas.

Mas a maioria das pessoas só é obesa porque come um monte de porcaria, independente de predisposições endocrinológicas.

Da mesma forma, a maioria das pessoas só é pederasta quando seus comportamentos progressivamente aberrantes são tolerados e não há qualquer atitude tomada no sentido de orientá-los a desenvolver uma masculinidade sadia.

A depressão e inadequação social experimentadas pelos dois grupos, homossexuais e obesos, deve ser combatida através do estímulo a comportamentos saudáveis e ao esforço e dedicação daqueles que por ventura sofram qualquer tipo de handicap biológico.

Não que gays e obesos que desejem permanece-lo devam ser martirizados, não se trata disso. Cada pessoa deve ter o direito de estabelecer os padrões que ela espera de si mesma.

Mas tampouco devem ser encorajados e nem devem ser vistos como normais, mas como indivíduos que decidiram deixar alguns de seus problemas pessoais fugirem de seu controle.

E é claro, um problema de gestão pessoal não impede a pessoa de ter uma existência digna e prolífica como um todo.

Muitos gordos e gays podem ter vidas excepcionalmente ricas e felizes. Aliás, obviamente, ninguém é perfeito, e cada um tem suas próprias áreas escuras da personalidade, manias, vícios e comportamentos de segunda classe. Algumas pessoas mentem, outras são vacilantes, outras são tacanhas, outras são anti-sociais, outras são arrogantes, outras tem personalidades instáveis, outras se drogam etc.

Isso tudo é até certo ponto aceitável e faz parte da realidade humana geral.

O que não dá é para escolher alguns desses comportamentos degradantes e transformá-los em objeto de um culto politicamente correto, ou em produtos inevitáveis de uma programação genética determinista, porque eles não são.

A educação do indivíduo deve se ocupar de tentar superar a maioria desses problemas de caráter, mas é claro que nem todos poderão ser derrotados. Só que não adianta nada tentar resolver um problema chamando-o de “condição natural incontornável”.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 02 Jun 2011, 07:29
por Fernando Silva
user f.k.a. Cabeção escreveu:Não que gays e obesos que desejem permanece-lo devam ser martirizados, não se trata disso. Cada pessoa deve ter o direito de estabelecer os padrões que ela espera de si mesma.
[...]
O que não dá é para escolher alguns desses comportamentos degradantes e transformá-los em objeto de um culto politicamente correto, ou em produtos inevitáveis de uma programação genética determinista, porque eles não são.

Acho simplista e até ofensivo chamar homossexualismo e gordura de "comportamento degradante".
Já foi bonito ser gordo, sinal de status e riqueza. Já foi um fator de sobrevivência no passado remoto, quando não se sabia quando viria a próxima refeição.

Eu sou esquelético e não faço força para isto: é genético. O resto da família é gordo ou tendendo a gordo e tem que fazer dieta o tempo todo. Também é genético: puxaram o lado gordo da família. Quando eles engordam, eu não digo que é degeneração e sim, no máximo, falta de força de vontade para continuar lutando (e talvez eu não deva dar palpite porque não engordo de jeito nenhum e não é mérito meu).

Não gosto de homem, mas não chamo de degradados aos que gostam. E não acho que devam lutar contra suas inclinações naturais.

Mas concordo com você em que o homossexualismo não deve ser defendido como uma virtude ou transformado em objeto de culto, assim como não gosto nem de "orgulho negro" nem de "orgulho branco". É apenas uma coisa natural e não confere direitos especiais e nem torna ninguém melhor ou pior que os outros.

Por outro lado, é normal que todos os movimentos de reação contra alguma coisa tendam a passar do limite no início para só mais tarde se estabilizar num meio termo racional. Foi assim com o feminismo, por exemplo. Sem esse exagero inicial, as coisas mudam muito mais devagar e talvez nem mudem. É a velha tática de negociação: começar pedindo muito para depois aceitar menos. Sem falar em que coisas represadas por muito tempo tendem a explodir.

Re: Homossexualidade e moralidade

Enviado: 02 Jun 2011, 11:18
por Huxley
Dizer que a aparição de uma atração sexual DEPENDE de um mecanismo biológico involuntário não implica dizer que TODO o comportamento sexual seja explicado pelos genes. Tentar associar uma coisa a outra é uma falácia. Basta imaginar uma analogia para entender isso melhor. Se eu digo que a mobilidade de um automóvel depende da conexão de um cabo (que é o caso em que, na circunstância de ele ser cortado, há uma interrupção de funcionamento), isso não quer dizer que um cabo sozinho é responsável pela mobilidade do carro.

Os primeiros passos da atração sexual discorrem através da via secundária do cérebro (a via sensorial), mas isso não quer dizer que TODO o comportamento sexual se dê através dela. Um substrato biológico cria o molde do processo inicial, mas há adição de complementos a esse molde. Não há como escapar disso. TODAS as orientações sexuais conhecidas têm correlatos de moldes biológicos. Quem duvida, veja essa notícia sobre um estudo publicado no PNAS: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2 ... u3823.jhtm

A comparação da necessidade de tratamento da obesidade com a “necessidade de tratamento de reorientação sexual” excede os limites do absurdo. A permanência da obesidade pode implicar a aparição de processos fisiológicos patológicos, assim uma negligência com o corpo nessa magnitude PODE implicar uma negligência moral. Mas quais seriam os processos fisiológicos ou psicológicos maléficos relacionados à homossexualidade? Tudo o que já foi apresentado aqui se resume a uma petição de princípio e nada mais.

O conceito de “masculinidade sadia” faz tanto sentido quanto falar em “branquitude sadia”. Da mesma forma que saúde mental não é propriedade de uma etnia, saúde mental também não é propriedade de um gênero. Se os atributos da “masculinidade sadia” são bons só porque são tipicamente masculinos, então não têm qualquer valor relevante. Se eles têm valores por si mesmos, então todas as mulheres que se alegam morais não estariam “desobrigadas” a tê-los. Isso automaticamente nos impeliria a falar em termos de “caráter sadio”, e não de “masculinidade sadia” ou “feminilidade sadia”. Por outro lado, podemos falar de uma “heterossexualidade sadia”. Isso implica ter uma relação romântica e/ou sexual ativa e feliz com o sexo oposto, mas aí a aplicabilidade disso para um homossexual exclusivo é análoga ao da aplicabilidade da felicidade para o número 9.

O raciocínio embutido no argumento tratado nesse fórum lembra um episódio dos Simpsons em que Homer começa a suspeitar que Bart é gay e então chega a pensar em levá-lo para caçar veados. Na imaginação de Homer, Bart não conseguiria ter uma ereção por uma mulher porque não cultivava os “atributos da masculinidade sadia”. Mas se o que Homer chegou a pensar é verdade, então porque existem gays que enfrentam a disciplina rígida do treinamento militar, enquanto existem heterossexuais exclusivos que quase não cultivam algum dos já listados “atributos da masculinidade sadia”? Enfim, a confusão entre os conceitos de atributos de caráter e orientação sexual deve ser tratada da mesma como os produtores dos Simpsons trataram: como uma piada. Ou melhor, uma piada de péssimo gosto que merece ser satirizada. Se Homer fosse um humano ele seria facilmente perdoável, tamanha é a ignorância e a ingenuidade que caracterizam o personagem. Seria bom que isso fosse aplicável a todos os outros humanos, mas eu não estou certo se isso é possível.