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O ódio a Israel

Enviado: 01 Jun 2011, 12:47
por Fernando Silva
"O Globo" 31/05/11
http://sergyovitro.blogspot.com/2011/05 ... ntino.html
O ódio a Israel - Rodrigo Constantino

“Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos.” (Karl Popper)

As recentes declarações do presidente Obama reacenderam o debate sobre o confronto entre Palestina e Israel. Todos gostam de emitir opinião sobre o assunto, mesmo sem embasamento. Não pretendo entrar na questão histórica em si, até porque isso foge da minha área de conhecimento. Mas gostaria de colaborar com o debate pela via econômica.

Do meu ponto de vista, há muita inveja do relativo sucesso israelense. A tendência natural é defender os mais fracos. Isso nem sempre será o mais justo.

O antissemitismo é tão antigo quanto o próprio judaísmo. Os motivos variaram com o tempo. Mas, em minha opinião, não podemos descartar a inveja como fator importante. A prática da usura era condenada pelos católicos enquanto os judeus desfrutavam de sua evidente lógica econômica. Shakespeare retratou o antissemitismo de seu tempo em seu clássico “O mercador de Veneza”, em que Shylock representa o típico agiota insensível. Marx, sempre irresponsável com suas finanças, usou os judeus como bode expiatório para atacar o capitalismo. O nacional-socialismo de Hitler foi o ponto máximo do ódio contra judeus.

Vários países existem por causa de decisões arbitrárias de governos, principalmente após guerras. Israel é apenas mais um. Curiosamente, parece que somente Israel não tem o direito de existir. Culpa- se sua existência pelo conflito na região, sem levar em conta que os maiores inimigos dos muçulmanos vêm do próprio Islã. O que Israel fez de tão terrível para que mereça ser “varrido do mapa”, como os fanáticos defendem?

Israel é um país pequeno, criado apenas em 1948, contando hoje com pouco mais de sete milhões de habitantes. Ao contrário de seus vizinhos, não possui recursos naturais abundantes, e precisa importar petróleo. Entretanto, o telefone celular foi desenvolvido lá, pela filial da Motorola. A maior parte do sistema operacional do Windows XP foi desenvolvida pela Microsoft de Israel.

O microprocessador Pentium-4 foi desenvolvido pela Intel em Israel. A tecnologia da “caixa postal” foi desenvolvida em Israel. Microsoft e Cisco construíram unidades de pesquisa e desenvolvimento em Israel. Em resumo, Israel possui uma das indústrias de tecnologia mais avançadas do mundo.

O PIB de Israel, acima de US$ 200 bilhões por ano, é muito superior ao de seus vizinhos islâmicos. A renda per capita é de quase US$ 30 mil. Apesar da pequena população e da ausência de recursos naturais, as empresas israelenses exportam mais de US$ 50 bilhões por ano. A penetração da internet é uma das maiores do mundo. Israel possui a maior proporção mundial de títulos universitários em relação à população.

Lá são produzidos mais artigos científicos per capita que em qualquer outro país. Israel tem o maior IDH do Oriente, e o 15o- do mundo. Não custa lembrar que tudo isso foi conquistado sob constante ameaça terrorista por parte dos vizinhos, forçando um pesado gasto militar do governo. Ainda assim, o país despontou no campo científico e tecnológico, oferecendo enormes avanços para a humanidade.

Quando comparamos a realidade israelense com a situação miserável da maioria dos vizinhos, fica mais fácil entender parte do ódio que é alimentado contra os judeus. Claro que fatores religiosos pesam, assim como o interesse de autoridades islâmicas no clima de guerra. Nada como um inimigo externo para justificar atrocidades domésticas. Mas as gritantes diferenças econômicas e sociais sem dúvida adicionam lenha à fogueira.

Como agravante, Israel é uma democracia parlamentar, enquanto a maioria dos vizinhos vive sob regimes autoritários que ignoram os direitos humanos mais básicos. Isso para não falar das gritantes diferenças quanto às liberdades femininas. Israel não é um paraíso. Longe disso. Seu governo comete abusos que merecem repúdio. Mas, perto da realidade de seus vizinhos islâmicos, o contraste é chocante.

Será que isso tem alguma ligação com o ódio a Israel e o constante uso de critérios parciais na hora de julgar os acontecimentos na região? O sucesso costuma despertar a inveja nas almas pequenas, vide o antiamericanismo patológico que ainda sobrevive na esquerda latino-americana. Em tempo: O ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia deveria aprender com Israel como produzir tecnologia de ponta, com ampla abertura econômica e investimento em educação, em vez de tentar resgatar o fracassado protecionismo, no afã de estimular a indústria nacional.

RODRIGO CONSTANTINO é economista.

Re: O ódio a Israel

Enviado: 01 Jun 2011, 14:41
por Acauan
Alguns mitos e mentiras sobre Israel e os conflitos do Oriente Médio:

Por Acauan

1. Israel promove o genocídio dos palestinos.

Desde a criação de Israel, o governo que mais matou palestinos em ações militares diretas foi o da Jordânia, nação à qual os palestinos pertencem étnica, cultural e geograficamente. A organização terrorista Setembro Negro foi nomeada assim para lembrar a data do massacre promovido pelo exército jordaniano.
Em segundo lugar vem o Líbano, que assim como a Jordânia promoveu ações- sem fazer distinção entre militantes armados e refugiados civis - para expulsar de seu território a OLP, Organização para Libertação da Palestina, de Yasser Arafat.
Outras nações do Oriente Médio reagiram violentamente à presença de refugiados palestinos em seus territórios.

Israel mantém supremacia militar absoluta sobre os territórios árabes ocupados há mais de quarenta anos. Se reprimisse os palestinos com a mesma fúria com que o fizeram seus irmãos e vizinhos árabes, hoje o povo palestino não existiria mais.

2. Israel é um estado racista, que nega direitos aos que não são judeus

Cerca de 20% da população de Israel é composta de cidadãos árabes aos quais é garantida plena igualdade de direitos civis com os judeus. Estes cidadãos árabes israelenses têm direito a voto, possuem seus próprios partidos políticos de oposição ao governo e mantém representantes eleitos no parlamento.
A maioria dos países árabes impede seus cidadãos judeus de ter acesso a cargos no governo ou de instituir organizações políticas de qualquer espécie.

3. Israel move uma guerra covarde contra um povo fraco e indefeso

Desde sua criação Israel vive em estado permanente de guerra não declarada contra uma coalizão de países árabes cuja somatória das populações, efetivos militares e recursos estratégicos superam os do Estado Judeu em proporção de dezenas contra um.
Mesmo assim o Estado de Israel derrotou seus inimigos em campo de batalha por três vezes.

4. O sucesso militar de Israel é devido ao apoio dos Estados Unidos

Israel venceu a guerra de independência contra a coalizão de países árabes em 1948 mobilizando as forças e recursos dos movimentos insurgentes judeus que combateram os britânicos.
A Guerra dos Seis Dias foi vencida por um conjunto de estratégias que teve como protagonista o supersônico Mirage III, de fabricação francesa.
Na Guerra do Yom Kippur Israel contou com armamento avançado de fabricação americana, mas seus inimigos árabes eram fartamente supridos pela União Soviética em quantidades muito superiores.

5. O Estado de Israel é ilegítimo

Todos os estados árabes do Oriente Médio tiveram suas fronteiras definidas por tratados arbitrados pelas potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial que desmembraram o vencido Império Otomano.
A criação do Estado de Israel também foi arbitrada, porém com a chancela da Assembléia Geral das Nações Unidas.

6. Anti-sionismo é diferente de anti-semitismo, nem todo judeu é sionista

O apoio da comunidade judaica internacional ao Estado de Israel é praticamente unânime.
As exceções numericamente desprezíveis são grupos ultra-ortodoxos como a Naturei Karta ou judeus étnicos ligados a alguma militância política de esquerda.
Ressalve-se que reconhecimento e apoio ao direito de existência do Estado de Israel como Lar Nacional Judeu não significa aprovação de qualquer coisa que o governo de Israel faça.

7. Israel é um estado terrorista

O movimento sionista promoveu atentados terroristas contra militares britânicos e civis palestinos, se destacando o atentado ao Hotel King David e o massacre de Deir Yassin.
Estas ações se deram antes da criação do Estado de Israel.

O governo do Estado de Israel mais de uma vez forçou os limites aceitos pelas leis internacionais, podendo ser acusado de violações ou mesmo de crimes de guerra nos termos da Convenção de Genebra sobre territórios ocupados.
Mesmo assim, classificar Israel como Estado terrorista é propaganda política que visa igualar moralmente o Estado judeu com seus agressores ou mesmo inverter os papéis.

Israel devolveu ao Egito a Península do Sinai, o maior e mais estratégico dos territórios ocupados sem maiores exigências que a preservação da paz pelos egípcios. Cumprido este requisito mínimo, Israel nunca mais fez incursões agressivas contra o governo do Cairo.

Analisando o retrospecto, Israel manteve os acordos de paz que lavrou com organizações palestinas até o limite em que estas sistematicamente se valeram das posições conquistadas para promover mais ataques.

O quadro histórico evidencia que o Estado de Israel apresentou violações ao direito internacional enquanto existe e atua dentro dele, ao passo que seus inimigos ignoram completamente tal direito, caracterizando a chamada Guerra Assimétrica, que não isenta Israel da responsabilidade por violações, mas deixa claro quem é o lado terrorista neste conflito.


Re: O ódio a Israel

Enviado: 01 Jun 2011, 18:21
por Mig29


Abandonei a questão politica referente a este conflito. A minha preferência continua a ser uma nação para todos, isto constitui a totalidade do meu comentário politico a respeito deste conflito.
Apoio a paz, o perdão, como tal não é possível o constante reciclar argumentativo para no final, parcialmente, escolher um dos lados. Escolho a paz incondicional.

Re: O ódio a Israel

Enviado: 02 Jun 2011, 07:11
por Fernando Silva
Mig29 escreveu:Abandonei a questão politica referente a este conflito. A minha preferência continua a ser uma nação para todos, isto constitui a totalidade do meu comentário politico a respeito deste conflito.
Apoio a paz, o perdão, como tal não é possível o constante reciclar argumentativo para no final, parcialmente, escolher um dos lados. Escolho a paz incondicional.

A paz não é possível se um dos lados jurou destruir o outro e não aceita nenhuma outra hipótese.
E, se a paz não for possível, minhas simpatias estão com Israel.

Re: O ódio a Israel

Enviado: 02 Jun 2011, 08:33
por Mig29
Fernando, antes, fui como você, procurava todos os sinais para justificar a parcialidade. Encontrava um líder obscuro qualquer que, dizia ser a solução jogar os judeus no mar ou afogar os palestinianos no mar vermelho e apegava-me nisto. A sua simpatia por Israel, em nada prejudica a possibilidade de paz. O que impede a paz é não resolver a situação de milhões de cidadãos sobre ocupação/ anexação por parte de Israel.

O que me fez mudar? Sionista, anti-sionista, conclui que o melhor não podia ser a bola da vez.
Lançar a culpa nada resolveu até hoje, muito menos o recurso à violência. Recuperei os meus valores éticos e morais e fiz deles uso incondicional. Nunca mais deixarei a parcialidade permitir ou justificar o reprovável.
Podemos usar exemplos práticos para entender:
1- Uso da violência contra manifestações não violentas.
2 - Uso da violência contra qualquer autoridade do estado democrático (ou contra os cidadãos)
3 - Negação de cidadania a qualquer cidadão com base na origem étnica, religiosa ou outra
4 - Negação de direitos cívicos por objeção de consciência

A maioria das pessoas escolheu um lado e acomoda-se, mas isto nunca resolveu conflitos. A minha fé, pois é preciso ter fé, a paz aproxima-se. Existe uma conjuntura instável, mas propicia à resolução do conflito: primavera árabe, reajuste dos movimentos de resistência à primavera árabe. E de modo distante, a morte de Osama Bin Laden.

Re: O ódio a Israel

Enviado: 02 Jun 2011, 12:35
por Fernando Silva
Mig29 escreveu:O que impede a paz é não resolver a situação de milhões de cidadãos sobre ocupação/ anexação por parte de Israel.

Se este problema for resolvido, aqueles que só aceitam a destruição de Israel ficarão satisfeitos?
Se não, o que fazer com eles?

Re: O ódio a Israel

Enviado: 02 Jun 2011, 14:58
por Mig29
Fernando Silva escreveu:
Mig29 escreveu:O que impede a paz é não resolver a situação de milhões de cidadãos sobre ocupação/ anexação por parte de Israel.

Se este problema for resolvido, aqueles que só aceitam a destruição de Israel ficarão satisfeitos?
Se não, o que fazer com eles?


O que faz Israel com os seus raivosos?
Pergunto, para dizer que não é preciso fazer nada. No livro, "Está Tudo Ligado – O Poder da Música", do Daniel Barenboim.,ficamos a conhecer a vida de um palestiniano, criado na opressão, cheio de ódio e desejoso de vingança. Quando lhe mostraram outro mundo, ele aceitou com agrado, hoje transmite essa nova realidade aos outros.

O problema de milhões privados de direitos de cidadania é o alimento do medo mutuo. A todos é necessário ensinar a vida em conjunto. Todas as iniciativas neste sentido foram bem sucedidas, falta apenas ampliar o fenómeno.

No meu entender, você cai num pequeno equivoco, ao pensar que existe um lado a querer destruir o outro, não vendo que o problema reside nos dois lados. Ambos, temem a vida em conjunto, derivado do sofrimento passado. Quer se goste ou não, eles estão condenados a viver juntos, não adianta retardar a realidade, na esperança de se eliminarem mutuamente. O que é a expansão dos colonatos, senão a esperança de descartar os palestinianos?
O que é a rejeição de integração no estado de Israel, senão a esperança de concretizar a Palestina, sem Israel?

Não vejo paz com dois estados, mas se funcionar, qualquer solução de paz é bem vinda.

Re: O ódio a Israel

Enviado: 03 Jun 2011, 18:54
por Mig29
http://www.independent.co.uk/opinion/co ... 90761.html

Ao ler o artigo completo, lembrei de você, Fernando.

"Of course, cynicism grows the longer you live in the Middle East. I recall, for example, travelling to Gaza in the early 1980s when Yasser Arafat was running his PLO statelet in Beirut. Anxious to destroy Arafat's prestige in the occupied territories, the Israeli government decided to give its support to an Islamist group in Gaza called Hamas. In fact, I actually saw with my own eyes the head of the Israeli army's Southern Command negotiating with bearded Hamas officials, giving them permission to build more mosques. It's only fair to say, of course, that we were also busy at the time, encouraging a certain Osama bin Laden to fight the Soviet army in Afghanistan. But the Israelis did not give up on Hamas. They later held another meeting with the organisation in the West Bank; the story was on the front page of the Jerusalem Post the next day. But there wasn't a whimper from the Americans.

Then another moment that I can recall over the long years. Hamas and Islamic Jihad members – all Palestinians – were, in the early 1990s, thrown across the Israeli border into southern Lebanon where they spent more than a year camping on a freezing mountainside. I would visit them from time to time and on one occasion mentioned that I would be travelling to Israel next day. Immediately, one of the Hamas men ran to his tent and returned with a notebook. He then proceeded to give me the home telephone numbers of three senior Israeli politicians – two of whom are still prominent today – and, when I reached Jerusalem and called the numbers, they all turned out to be correct. In other words, the Israeli government had been in personal and direct contact with Hamas."

O jogo de manipular as pessoas é perigoso, quando estas se fartam tornam-se incontroláveis. A democracia que se perfila no médio oriente é o descontrolo do poder sobre os manipulados. A democracia não vai permitir a existência de um conflito daquela natureza, o total desrespeito pelos direitos cívicos. Os povos árabes estão a aprender a usar uma nova arma, pacifica, não sem dificuldades, mas por isto tudo acredito que a paz vai ser uma realidade mais próxima do que há anos suporia. Em democracia, não irá existir ameaças à existência de um dos grupos, no caso os judeus. Espero não estar errado,

Re: O ódio a Israel

Enviado: 04 Jun 2011, 10:36
por Fernando Silva
Estratégias erradas muitas vezes voltam-se contra quem as usou.