O Problema com Randi
Enviado: 20 Fev 2006, 23:00
O Problema com James Randi
e sua fundação sobre paranormal, pseudociência e sobrenatural
por Skylaire Alfvegren
Dogmáticos de todas as tendências estão profundamente feridos, sejam eles terroristas islâmicos, cristãos que bombardeiam clínicas de aborto ou mágicos com um machado para afiar.
Imagine isto: Um menininho com imaginação e aficionado por magia começa a perder seu tempo com baralhos, prestidigitação ... enquanto esse rapaz investiga a magia mais a fundo, percebe que não passa de um mundo de fumaça e espelhos, de "fraudes" e "representações." Os mágicos de palco, como advogados e agentes secretos, ganham a vida com logros, então talvez eles suponham que todos os outros ajam como eles, também. Dessa perspectiva, a conexão entre magia de palco e ceticismo faz sentido.
O que é mais importante, o que ciência sabe ou o que ela não sabe (ainda)? O que é mais benéfico ao inquérito científico, uma mente aberta ou um sentimento de auto-importância? Estas são as perguntas que tem que ser feitas pelo movimento cético, que vai a Las Vegas este fim de semana para o The Amazing Meeting, em benefício da James Randi Educational Foundation. (A conferência acontece no Stardust e tem a presença de Murray Gell-Mann, Nadine Strossen, the Mythbusters, Penn & Teller, Mac King, Jamy Ian Swiss, Phil Plait, Julia Sweeney, and Michael Shermer.) Afinal de contas, enquanto seja verdadeiro que oportunistas lucram com os obscuros mundos do paranormal e do desconhecido, e que algumas pessoas acreditarão em qualquer coisa, é também verdadeiro que cientistas falsificam dados para receber concessões ou negligenciam fenômenos inconvenientes para manter o status quo em seu campo.
Bem, como o escritor iconoclástico Charles Fort uma vez anotou, "Feitiçaria sempre passa por um período difícil, até se estabelecer e mudar seu nome."
Mas não vamos generalizar. Deixe-nos examinar as contribuições feitas por Randi, a figura principal do movimento cético, à ciência e ao pensamento objetivo.
Randi pode ser eloqüente e é um showman; é também bastante inteligente—recebeu uma concessão de gênio de MacArthur em 1986. Mas de acordo com seus detratores, as qualidades principais do Randi são sua malícia e hipocrisia. É ansioso por despedaçar qualquer um que considere um maluco, incluindo cientistas distintos e ganhadores do Prêmio Nobel. Isto diverte, já que Randi não tem nenhuma credencial científica (embora ele uma vez tenha escrito uma coluna de astrologia para um tablóide canadense e mantenha um programa de rádio com tema paranormal).
Em 1997, Randi ameaçou voar ao Sri Lanka para convencer Arthur C. Clarke para parar de advogar em prol da fusão a frio. (Clarke, um visionário científico genuíno, inventor do satélite de comunicação e autor ganhador de prêmios, recebedor de títulos, com honrarias, em física e matemática.) Em 2001, num programa de Rádio da BBC, Randi atacou Brian Josephson, Prêmio Nobre e professor de física na Universidade de Cambridge.
Por que? Josephson ficou interessado nas possíveis conexões entre física quântica e a consciência. Randi também tem um carinho por processos—ele uma vez tentou processar um escritor conhecido por cobrir a questão de UFOs, simplesmente porque imprimiu uma informação pouco lisonjeira mas verificável sobre o mágico. Randi deixou o Comitê para a Investigação Científica de Alegações Paranormais (CSICOP) por causa de todo o litígio contra ele.
O carismático psíquico Uri Geller, cujas capacidades foram testadas por um número de laboratórios prestigiosos, provavelmente foi o maior alvo do Randi[1]. No processo de tentar desacreditar o psíquico, Randi também atacou instituições, como Stanford, intrigada por Geller ter supostas capacidades. Difamou dois cientistas eminentes, Harold Puthoff e Russell Targ, chamando-os de "incompetentes." Na época, o autor Robert Anton Wilson estranhamente observou, "Randi não estava lá, mas alega saber o que ocorria [durante a experiência] melhor que os dois cientistas que a supervisionavam. O único meio que ele poderia saber melhor ... é se tivesse telepatia 100 por cento exata." [2]
Randi provavelmente é melhor conhecido por seu desafio infame de um milhão de dólares a "qualquer pessoa ou pessoas que possam demonstrar qualquer capacidade psíquica, sobrenatural ou paranormal de qualquer espécie" sob o que Randi se refere a “condições de observação satisfatórias."
Ray Hyman, um membro importante do CSICOP, assinalou que o desafio de Randi é ilegítimo de um ponto de vista científico. "Cientistas não resolvem questões com um simples teste ... em ciência isso ocorre por replicação." Se o desafio do Randi fosse legítimo, faria uma experiência duplo-cego em que ele próprio não julgaria. Mas considerando sua hostilidade em relação a cientistas receptivos a fenômenos paranormais, isto não parece possível. Seu "desafio" é guarnecido, ainda que ele possa gritar que seu prêmio prossegue irrevogável porque fenômenos paranormais simplesmente não existem.
Compare esta perspectiva à filosofia adotiva por seguidores de Charles Fort. Forteanos (um termo cunhado pelo roteirista de Ben Hecht, que, junto com Theodore Dreiser, H.L. Mencken e Oliver Wendell Holmes, eram membros da original Fortean Society, formada após a morte de Fort em 1932) mantém a noção que algo é possível até que seja provado em contrário.
Alguns são cientistas, alguns são músicos de ruas. Não são nem crédulos nem pomposos, nem "crentes verdadeiros” — nem repudiam friamente — em algo. E têm um sentido de humor que falta em grande parte ao povo de Randi.
"Dentro e fora de si," disse um homem uma vez denegrido pelo movimento cético, "o ceticismo não fez nenhuma contribuição real à ciência, assim como críticas de música no jornal não fazem nenhuma contribuição à arte de composição."
O universo está pleno de mistérios, assim como de charlatões. Cabe ao indivíduo pesar a evidência objetivamente. Somente não use sua intuição para fazer isto, ou você pode ser o próximo alvo dos céticos.
Este artigo apareceu em http://www.lasvegasweekly.com/2006/01/26/awsi3.html
[1] O cientista John Taylor testou Geller por cerca de dois anos, e disse que sempre que usava boas condições de controle, como vídeos e sensores de atividade muscular, os fenômenos desapareciam. E ainda afirma que viu fraude. Link: http://www.geocities.com/Omegaman_uk/taylor.html (acessado dia 20/02/2006).
Além disso, o mágico Massimo Polidoro encontrou um vídeo feito por um programa de televisão italiano que mostra que Geller fraudou. Link: http://meta-religion.com/Paranormale/Sk ... r_hoax.htm (acessado dia 20/02/2006). Nota de Vitor Moura Visoni.
[2] Para conhecer críticas tanto a Randi quando a Puthoff sobre este episódio, ver o link http://geocities.yahoo.com.br/criticand ... -randi.htm (acessado dia 20/02/2006). Nota de Vitor Moura Visoni.
e sua fundação sobre paranormal, pseudociência e sobrenatural
por Skylaire Alfvegren
Dogmáticos de todas as tendências estão profundamente feridos, sejam eles terroristas islâmicos, cristãos que bombardeiam clínicas de aborto ou mágicos com um machado para afiar.
Imagine isto: Um menininho com imaginação e aficionado por magia começa a perder seu tempo com baralhos, prestidigitação ... enquanto esse rapaz investiga a magia mais a fundo, percebe que não passa de um mundo de fumaça e espelhos, de "fraudes" e "representações." Os mágicos de palco, como advogados e agentes secretos, ganham a vida com logros, então talvez eles suponham que todos os outros ajam como eles, também. Dessa perspectiva, a conexão entre magia de palco e ceticismo faz sentido.
O que é mais importante, o que ciência sabe ou o que ela não sabe (ainda)? O que é mais benéfico ao inquérito científico, uma mente aberta ou um sentimento de auto-importância? Estas são as perguntas que tem que ser feitas pelo movimento cético, que vai a Las Vegas este fim de semana para o The Amazing Meeting, em benefício da James Randi Educational Foundation. (A conferência acontece no Stardust e tem a presença de Murray Gell-Mann, Nadine Strossen, the Mythbusters, Penn & Teller, Mac King, Jamy Ian Swiss, Phil Plait, Julia Sweeney, and Michael Shermer.) Afinal de contas, enquanto seja verdadeiro que oportunistas lucram com os obscuros mundos do paranormal e do desconhecido, e que algumas pessoas acreditarão em qualquer coisa, é também verdadeiro que cientistas falsificam dados para receber concessões ou negligenciam fenômenos inconvenientes para manter o status quo em seu campo.
Bem, como o escritor iconoclástico Charles Fort uma vez anotou, "Feitiçaria sempre passa por um período difícil, até se estabelecer e mudar seu nome."
Mas não vamos generalizar. Deixe-nos examinar as contribuições feitas por Randi, a figura principal do movimento cético, à ciência e ao pensamento objetivo.
Randi pode ser eloqüente e é um showman; é também bastante inteligente—recebeu uma concessão de gênio de MacArthur em 1986. Mas de acordo com seus detratores, as qualidades principais do Randi são sua malícia e hipocrisia. É ansioso por despedaçar qualquer um que considere um maluco, incluindo cientistas distintos e ganhadores do Prêmio Nobel. Isto diverte, já que Randi não tem nenhuma credencial científica (embora ele uma vez tenha escrito uma coluna de astrologia para um tablóide canadense e mantenha um programa de rádio com tema paranormal).
Em 1997, Randi ameaçou voar ao Sri Lanka para convencer Arthur C. Clarke para parar de advogar em prol da fusão a frio. (Clarke, um visionário científico genuíno, inventor do satélite de comunicação e autor ganhador de prêmios, recebedor de títulos, com honrarias, em física e matemática.) Em 2001, num programa de Rádio da BBC, Randi atacou Brian Josephson, Prêmio Nobre e professor de física na Universidade de Cambridge.
Por que? Josephson ficou interessado nas possíveis conexões entre física quântica e a consciência. Randi também tem um carinho por processos—ele uma vez tentou processar um escritor conhecido por cobrir a questão de UFOs, simplesmente porque imprimiu uma informação pouco lisonjeira mas verificável sobre o mágico. Randi deixou o Comitê para a Investigação Científica de Alegações Paranormais (CSICOP) por causa de todo o litígio contra ele.
O carismático psíquico Uri Geller, cujas capacidades foram testadas por um número de laboratórios prestigiosos, provavelmente foi o maior alvo do Randi[1]. No processo de tentar desacreditar o psíquico, Randi também atacou instituições, como Stanford, intrigada por Geller ter supostas capacidades. Difamou dois cientistas eminentes, Harold Puthoff e Russell Targ, chamando-os de "incompetentes." Na época, o autor Robert Anton Wilson estranhamente observou, "Randi não estava lá, mas alega saber o que ocorria [durante a experiência] melhor que os dois cientistas que a supervisionavam. O único meio que ele poderia saber melhor ... é se tivesse telepatia 100 por cento exata." [2]
Randi provavelmente é melhor conhecido por seu desafio infame de um milhão de dólares a "qualquer pessoa ou pessoas que possam demonstrar qualquer capacidade psíquica, sobrenatural ou paranormal de qualquer espécie" sob o que Randi se refere a “condições de observação satisfatórias."
Ray Hyman, um membro importante do CSICOP, assinalou que o desafio de Randi é ilegítimo de um ponto de vista científico. "Cientistas não resolvem questões com um simples teste ... em ciência isso ocorre por replicação." Se o desafio do Randi fosse legítimo, faria uma experiência duplo-cego em que ele próprio não julgaria. Mas considerando sua hostilidade em relação a cientistas receptivos a fenômenos paranormais, isto não parece possível. Seu "desafio" é guarnecido, ainda que ele possa gritar que seu prêmio prossegue irrevogável porque fenômenos paranormais simplesmente não existem.
Compare esta perspectiva à filosofia adotiva por seguidores de Charles Fort. Forteanos (um termo cunhado pelo roteirista de Ben Hecht, que, junto com Theodore Dreiser, H.L. Mencken e Oliver Wendell Holmes, eram membros da original Fortean Society, formada após a morte de Fort em 1932) mantém a noção que algo é possível até que seja provado em contrário.
Alguns são cientistas, alguns são músicos de ruas. Não são nem crédulos nem pomposos, nem "crentes verdadeiros” — nem repudiam friamente — em algo. E têm um sentido de humor que falta em grande parte ao povo de Randi.
"Dentro e fora de si," disse um homem uma vez denegrido pelo movimento cético, "o ceticismo não fez nenhuma contribuição real à ciência, assim como críticas de música no jornal não fazem nenhuma contribuição à arte de composição."
O universo está pleno de mistérios, assim como de charlatões. Cabe ao indivíduo pesar a evidência objetivamente. Somente não use sua intuição para fazer isto, ou você pode ser o próximo alvo dos céticos.
Este artigo apareceu em http://www.lasvegasweekly.com/2006/01/26/awsi3.html
[1] O cientista John Taylor testou Geller por cerca de dois anos, e disse que sempre que usava boas condições de controle, como vídeos e sensores de atividade muscular, os fenômenos desapareciam. E ainda afirma que viu fraude. Link: http://www.geocities.com/Omegaman_uk/taylor.html (acessado dia 20/02/2006).
Além disso, o mágico Massimo Polidoro encontrou um vídeo feito por um programa de televisão italiano que mostra que Geller fraudou. Link: http://meta-religion.com/Paranormale/Sk ... r_hoax.htm (acessado dia 20/02/2006). Nota de Vitor Moura Visoni.
[2] Para conhecer críticas tanto a Randi quando a Puthoff sobre este episódio, ver o link http://geocities.yahoo.com.br/criticand ... -randi.htm (acessado dia 20/02/2006). Nota de Vitor Moura Visoni.