Expansão de "megaigrejas" preocupa líder religioso
Enviado: 21 Fev 2006, 22:46
Expansão de "megaigrejas" preocupa líder religioso
Por Andrei Khalip
PORTO ALEGRE (Reuters) - O chefe do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) se disse preocupado na terça-feira com a expansão das megaigrejas mundo afora, pois isso pode levar a um Cristianismo "com duas milhas de comprimento e uma polegada de profundidade".
O secretário-geral da entidade, Samuel Kobia, disse que as megaigrejas evangélicas, com seus pastores carismáticos, música animada e outras atrações, funcionam em geral num esquema empresarial, que faz os fiéis se sentirem bem, mas são rasas em sua teologia.
Esse tipo de igreja é muito popular nas cidades dos Estados Unidos e do Brasil, por exemplo. São em geral da linha evangélica pentecostal, com pouca ou nenhuma ligação com denominações tradicionais, como a Igreja Luterana ou a Episcopal.
Essas megaigrejas não têm representação no CMI, que reúne linhagens mais tradicionais de cristãos ortodoxos e protestantes. Para Kobia, elas usam uma mensagem populista para derrubar fronteiras.
"Elas não têm profundidade, na maioria dos casos, em termos teológicos, e não têm apelo por qualquer compromisso", disse o metodista queniano à Reuters em Porto Alegre, onde acontece a cúpula mundial do CMI.
As megaigrejas, segundo ele, só querem que os indivíduos se sintam bem consigo mesmos. "É uma igreja sendo organizada segundo uma lógica corporativa. Isso pode ser bem perigoso se não estivermos muito cuidadosos, porque isso pode se tornar um Cristianismo que eu descreveria como duas milhas de comprimento e uma polegada de profundidade".
O reverendo Geoff Tunnicliffe, diretor internacional da Aliança Evangélica Mundial, que reúne 400 milhões de membros, disse na reunião que "questões históricas e profundamente sentidas" separaram esses ramos de outras denominações cristãs.
Os maiores templos pentecostais dos EUA atraem cerca de 20 mil fiéis por domingo. Eles estão presentes também na Coréia do Sul, na Austrália, na Grã-Bretanha, no Canadá e em outros países.
Segundo relatório do Instituto Hartford para a Pesquisa Religiosa, há nos EUA 1.210 igrejas que recebem mais de 2.000 fiéis por culto, o mínimo para que ela seja considerada "mega". Em 2000, havia metade disso.
Kobia disse também que há agora tantas igrejas e grupos cristãos que fica impossível manter a unidade promovida pelo conselho. "O que me perturba neste tempo é a proliferação de estruturas ecumênicas. Temos de encontrar formas de integrá-los. A maioria não tem um objetivo claro e é difícil de distinguir."
O CMI reúne cerca de 350 igrejas protestantes e ortodoxas-- grupos que romperam com a Igreja Católica Romana no Grande Cisma de 1054 ou na Reforma do século 16.
A existência de menos grupos, ou a menor sobreposição entre eles, também permitira que as igrejas se dedicassem mais a questões como pobreza e fome no mundo, segundo Kobia.
http://br.news.yahoo.com//060222/5/1252n.html
Por Andrei Khalip
PORTO ALEGRE (Reuters) - O chefe do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) se disse preocupado na terça-feira com a expansão das megaigrejas mundo afora, pois isso pode levar a um Cristianismo "com duas milhas de comprimento e uma polegada de profundidade".
O secretário-geral da entidade, Samuel Kobia, disse que as megaigrejas evangélicas, com seus pastores carismáticos, música animada e outras atrações, funcionam em geral num esquema empresarial, que faz os fiéis se sentirem bem, mas são rasas em sua teologia.
Esse tipo de igreja é muito popular nas cidades dos Estados Unidos e do Brasil, por exemplo. São em geral da linha evangélica pentecostal, com pouca ou nenhuma ligação com denominações tradicionais, como a Igreja Luterana ou a Episcopal.
Essas megaigrejas não têm representação no CMI, que reúne linhagens mais tradicionais de cristãos ortodoxos e protestantes. Para Kobia, elas usam uma mensagem populista para derrubar fronteiras.
"Elas não têm profundidade, na maioria dos casos, em termos teológicos, e não têm apelo por qualquer compromisso", disse o metodista queniano à Reuters em Porto Alegre, onde acontece a cúpula mundial do CMI.
As megaigrejas, segundo ele, só querem que os indivíduos se sintam bem consigo mesmos. "É uma igreja sendo organizada segundo uma lógica corporativa. Isso pode ser bem perigoso se não estivermos muito cuidadosos, porque isso pode se tornar um Cristianismo que eu descreveria como duas milhas de comprimento e uma polegada de profundidade".
O reverendo Geoff Tunnicliffe, diretor internacional da Aliança Evangélica Mundial, que reúne 400 milhões de membros, disse na reunião que "questões históricas e profundamente sentidas" separaram esses ramos de outras denominações cristãs.
Os maiores templos pentecostais dos EUA atraem cerca de 20 mil fiéis por domingo. Eles estão presentes também na Coréia do Sul, na Austrália, na Grã-Bretanha, no Canadá e em outros países.
Segundo relatório do Instituto Hartford para a Pesquisa Religiosa, há nos EUA 1.210 igrejas que recebem mais de 2.000 fiéis por culto, o mínimo para que ela seja considerada "mega". Em 2000, havia metade disso.
Kobia disse também que há agora tantas igrejas e grupos cristãos que fica impossível manter a unidade promovida pelo conselho. "O que me perturba neste tempo é a proliferação de estruturas ecumênicas. Temos de encontrar formas de integrá-los. A maioria não tem um objetivo claro e é difícil de distinguir."
O CMI reúne cerca de 350 igrejas protestantes e ortodoxas-- grupos que romperam com a Igreja Católica Romana no Grande Cisma de 1054 ou na Reforma do século 16.
A existência de menos grupos, ou a menor sobreposição entre eles, também permitira que as igrejas se dedicassem mais a questões como pobreza e fome no mundo, segundo Kobia.
http://br.news.yahoo.com//060222/5/1252n.html