Cerceamento ideológico?
Enviado: 23 Fev 2006, 11:56
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... 200616.htm
Demissão de professores abre crise na FGV
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quarenta professores do curso de administração da FGV-SP, um dos melhores do país, entregaram anteontem um documento à direção da escola em que pedem explicações sobre a demissão de 16 docentes da escola, ocorrida neste mês. No texto, eles se dizem "preocupados com as conseqüências acadêmicas desse fato".
Fazem parte da lista (enviada ao diretor Fernando Meirelles) o diretor acadêmico, três coordenadores, cinco dos sete chefes de departamento e um ex-diretor. Os 40 docentes são integrantes da Congregação, principal instância da escola, que é formada por pouco mais de cem pessoas, representando todos os seus segmentos. O corte também gerou protestos de alunos e de funcionários.
Como os nomes não foram discutidos dentro da faculdade (como tradicionalmente ocorre), esses grupos entendem que a direção pretende acabar com a democracia da instituição, que é uma de suas marcas. A conseqüência disso, diz esse grupo, é que docentes e pesquisadores passariam a ter receio de abordar assuntos que possam desagradar aos dirigentes, com medo de retaliações e até demissão -o que influi na qualidade de ensino de uma faculdade.
Anteontem, alunos distribuíram um manifesto, chamado de "Democracia em risco". O texto, assinado por associações representativas de estudantes e de funcionários, afirma: "[...] preocupa-nos a possibilidade de motivações subjetivas ou políticas nestas demissões". Além disso, 160 camisetas foram distribuídas a alunos com frases de protesto.
Congregação
A principal queixa na faculdade é que os cortes não foram discutidos pela Congregação. "A escola vive um clima democrático, que cultiva o contraditório, base para a excelência acadêmica. E isso está ameaçado", diz o professor Michael Paul Zeitlin, ex-diretor da faculdade e secretário de Transportes de São Paulo entre 1997 e 2002, durante a gestão Mário Covas. Zeitlin é um dos signatários da lista. "Fazem parte da GV nomes tão distintos quanto Eduardo Suplicy [senador pelo PT] e Marcos Cintra [ex-deputado federal pelo PFL]."
A direção da escola afirma que o corte ocorreu simplesmente devido a um ajuste financeiro (leia mais em texto nesta página).
"Até entendemos fazer um ajuste, mas tudo precisa ser discutido dentro da faculdade", diz Celso Napolitano, também professor da escola e diretor do Sinpro-SP (sindicato dos professores). "Do jeito que foi feito, houve cerceamento da liberdade de expressão, o que prejudica a qualidade acadêmica. A GV pode começar a ter uma visão simplesmente mercantilista."
Os alunos endossam as críticas. "Demissões assim [sem discussão] podem tirar da faculdade pessoas importantes", diz o presidente do diretório acadêmico da faculdade, Fernando Oshima.
Demissão de professores abre crise na FGV
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quarenta professores do curso de administração da FGV-SP, um dos melhores do país, entregaram anteontem um documento à direção da escola em que pedem explicações sobre a demissão de 16 docentes da escola, ocorrida neste mês. No texto, eles se dizem "preocupados com as conseqüências acadêmicas desse fato".
Fazem parte da lista (enviada ao diretor Fernando Meirelles) o diretor acadêmico, três coordenadores, cinco dos sete chefes de departamento e um ex-diretor. Os 40 docentes são integrantes da Congregação, principal instância da escola, que é formada por pouco mais de cem pessoas, representando todos os seus segmentos. O corte também gerou protestos de alunos e de funcionários.
Como os nomes não foram discutidos dentro da faculdade (como tradicionalmente ocorre), esses grupos entendem que a direção pretende acabar com a democracia da instituição, que é uma de suas marcas. A conseqüência disso, diz esse grupo, é que docentes e pesquisadores passariam a ter receio de abordar assuntos que possam desagradar aos dirigentes, com medo de retaliações e até demissão -o que influi na qualidade de ensino de uma faculdade.
Anteontem, alunos distribuíram um manifesto, chamado de "Democracia em risco". O texto, assinado por associações representativas de estudantes e de funcionários, afirma: "[...] preocupa-nos a possibilidade de motivações subjetivas ou políticas nestas demissões". Além disso, 160 camisetas foram distribuídas a alunos com frases de protesto.
Congregação
A principal queixa na faculdade é que os cortes não foram discutidos pela Congregação. "A escola vive um clima democrático, que cultiva o contraditório, base para a excelência acadêmica. E isso está ameaçado", diz o professor Michael Paul Zeitlin, ex-diretor da faculdade e secretário de Transportes de São Paulo entre 1997 e 2002, durante a gestão Mário Covas. Zeitlin é um dos signatários da lista. "Fazem parte da GV nomes tão distintos quanto Eduardo Suplicy [senador pelo PT] e Marcos Cintra [ex-deputado federal pelo PFL]."
A direção da escola afirma que o corte ocorreu simplesmente devido a um ajuste financeiro (leia mais em texto nesta página).
"Até entendemos fazer um ajuste, mas tudo precisa ser discutido dentro da faculdade", diz Celso Napolitano, também professor da escola e diretor do Sinpro-SP (sindicato dos professores). "Do jeito que foi feito, houve cerceamento da liberdade de expressão, o que prejudica a qualidade acadêmica. A GV pode começar a ter uma visão simplesmente mercantilista."
Os alunos endossam as críticas. "Demissões assim [sem discussão] podem tirar da faculdade pessoas importantes", diz o presidente do diretório acadêmico da faculdade, Fernando Oshima.