O uso de "massagem vulvar" como uma terapia para pacientes de “histeria” data dos tempos de Hipócrates. Durante o século XIX, foi tomado como um tratamento para para disfunções diagnosticadas como "rampantes", a histeria e a neurastenia. O médico de Alice James, a irmã problemática dos famosos Henry e Willian, provavelmente levou ela rotineiramente ao "paroxismo histérico" (*).
O tratamento não era geralmente considerado como sexual, mas sim como uma terapia inevitável. Não surpreendentemente, tal terapia era uma máquina de fazer dinheiro para na profissão médica. Mas fazer isso manualmente era um trabalho exaustivo e tedioso: algumas mulheres tinham de ser massageadas por uma hora antes de chegarem ao paroxismo.
Então médicos neurologistas começaram a experimentar a mecanização do processo.
A hidroteparia, que consistia em jogar um jato de água na região reprodutiva da paciente, provou-se efetiva, tornando-se uma moda. Mas ela tinha alguns contras: fazia muita bagunça, era cara e não era portátil.
(*) Aqui acredito que os caras quiseram fazer uma ironia com o termo usado na época no meio médico para se referir ao orgasmo (hysterical paroxysm)
Nos anos 1880, um doutor britânico inventou o primeiro vibrador elétrico, um equipamento de tamanho industrial destinado a ficar permanentemente no consultório do médico. Era um grande poupador de trabalho, permitindo muitas pacientes a alcançarem o paroxismo em menos de 10 minutos.
Paradoxalmente, enquanto as mulheres eram massageadas até o paroxismo semana após semana, homens com tendência ao onanismo excessivo e secreções noturnas indesejáveis eram diagnosticados com “espermatorréia”. Medidas com jeito de tortura eram receitadas para por trazê-los de volta à normalidade.
Homens com sorte suficiente para serem diagnosticados com distúrbios mais indefinidos às vezes eram tratados com massagem vibratória. O lendário naturalista John Muir patenteou o seu próprio vibrador para homens em 1899.
Na virada do século, empreendedores começaram a reconhecer o imenso mercado potencial para vibradores portáteis para uso doméstico. A inovação dos vibradores foi de fato uma grande força por trás da criação de um motor elétrico pequeno. A Hamilton Beach (empresa norte-americana que fabrica até hoje batedeiras e outros utensílios de cozinha), da cidade de Racine, Wiscosin, patenteou o seu primeiro vibrador doméstico em 1902, fazendo do vibrador o quinto eletrodoméstico a ser introduzido no lar, antes da máquina de costura e muito antes do ferro elétrico.
Em 1917, havia mais vibradores do que torradeiras nos lares americanos. Dúzias de patentes foram feitas com novos desenhos entre 1900 e 1940. Manufaturado muito antes da era da obsolência de engenharia, essas máquinas eram construídas para durar. Muitos vibradores dessa época ainda sobrevivem; pelo menos uma dúzia estão na verdade à venda na eBay no presente momento.
Nos anos 20, filmes pornográficos detonaram o disfarce dos vibradores, revelando-o como o brinquedo sexual que ele era. O mais famoso desse filmes foi The Nun's Story (“A História da Freira” – não confundir com o filme de 1959 com Audrey Hepburn de mesmo nome) . Nele estrelava a esposa do fisiculturista Vic Tanney, numa cena qual ela tira seu hábito e se reclina luxuriosamente com seu vibrador elétrico até um viril mas bem arrumado amante aparecer.
Dos anos 50 até os 70, o vibrador tornou-se o que os acadêmicos gostam de chamar uma tecnologia camuflada. Catálogos de venda pelo correio cheios de geringonças para o lar mostravam mulheres com cabelos longos e sedosos relaxando os músculos tensos dos ombros com vibradores em formato de banana. Também populares eram os vibradores disfarçados de kits para unhas, escovas, coçadores-de-costas, e alguns eram desenhados como acessórios para aspiradores de pó. A maioria deles eram aparelhos movidos à pilha e de segunda linha e vinham em cores brega como abacate, dourado e laranja queimado.
Em 1973, Betty Dodson iniciou grupos de masturbação para mulheres para aumentar a sua consciência sexual e introduziu-as às maravilhas da Magic Wand da Hitachi, que segundo ela podia acordar o mais sonolento clitóris. Seu livro Sex for One foi traduzido em oito línguas. No mesmo ano, Eve´s Garden, um sex shop para mulheres, abriu suas portas em Nova York. Good Vibrations o seguiu 5 anos depois em São Francisco.
Em 1999, Rachel Maines publicou The Technology of Orgasm , uma história provocativa do vibrador na qual ela gasto 20 anos pesquisando. Maines começou estudando sobre costura mas ficou intrigada ao descobrir que as capas de trás das revistas de corte e costura eram cheias de anúncios de vibradores. Além de tratamento para histeria, esses vibradores eram multi-propósito: eles relaxavam testas tensas, curavam gargantas inflamadas e restauravam a força dos ossos dos braços.
Em uma pequena demonstração privada da “telidildônica”(2) em 1º de junho de 2005, a autora de livros sobre sexo Violet Blue, enquanto em São Francisco, induziu dois orgasmos em sua parceira, que estava usado um mega-vibrador feito sob medida conhecido com ‘Thrillhammer’ no Museu do Sexo em Nova York. O invento incluiu algumas falhas tecnológicas: em um ponto a mulher (mostrada aqui em uma outra demonstração) puxou sem querer o fio da tomada. Parace que a “teledildônica” – sexo por vibrador remotamente controlado via computador – tem um longo caminho a percorrer.
Enquanto isso, uma semana depois do show de Blue, um executivo aposentado da indústria petrolífera recebeu uma patente para uma melhoria para os vibradores que ele diz que fará pelos cidadão comum o que o orgasmatron fez pelos personagens do filme de Wood Allen “O Dorminhoco”: permitir que eles atinja, o clímax sem nenhum tipo de esforço qualquer que seja. A invenção, que o site
http://toysinmotion.com recentemente começou a vender, é um motor especial que é uma espécie de mistura de uma chave de fenda sem fio e um vibrador convencional. Diferente das máquinas similares no mercado, o inventor anuncia, ele empurra e gira, eliminando dessa forma qualquer necessidade de trabalho da usuária. E por 139 Dólares e 95 centavos é uma relativa barganha.
