Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
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Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Março
Por David Biello
Um dia, ao trabalhar até mais tarde no laboratório de biologia do desenvolvimento da Universidade do Wisconsin, Matthew Harris percebeu que o bico do embrião de uma galinha mutante que ele estava examinando havia caído. Um exame mais cuidadoso revelou que, no lugar do bico, haviam surgido pequenas protuberâncias que se assemelhavam a dentes - dentes de jacaré, mais precisamente. A descoberta acidental mostrou que as galinhas mantêm a capacidade de desenvolver dentes, mesmo que as aves tenham perdido essa característica muito tempo atrás. Fez também renascer a controversa teoria de um dos fundadores da anatomia comparada, Etienne Geoffroy Saint-Hillaire.
No começo do século XIX, Saint-Hillaire observou que papagaios em desenvolvimento apresentam pequenos nódulos no bico, semelhantes a dentes. Ele atribuiu essa particularidade ao fato de que os animais modernos seriam derivados de formas mais primitivas. Contudo, devido à sua polêmica com Georges Cuvier acerca da evolução, então no auge, a descoberta permaneceu esquecida até que Harris, ainda estudante de graduação, retomou-a após quase 200 anos.
As galinhas mutantes estudadas por Harris possuem um traço recessivo chamado "talpid". Tal característica é letal, de maneira que esses mutantes nunca chegam a nascer; alguns, porém, permanecem incubados em ovos por até 18 dias. Durante esse período, os mesmos dois tecidos a partir dos quais, em mamíferos, desenvolvem-se os dentes, unem-se na mandíbula do embrião mutante e fazem surgir primórdios de dentes, estrutura que as aves perderam há no mínimo 70 milhões de anos. "Não chega a ser um molar", explica o biólogo do desenvolvimento John Fallon, que supervisionou o trabalho de Harris. "Mas essa estrutura cônica, com a forma de um sabre, é claramente um dente. O outro animal que possui dentes assim é o jacaré."
Esforços anteriores para produzir dentes em galinhas haviam partido da idéia de introduzir informação genética de camundongos. Como resultado, as galinhas desenvolviam molares como os de mamíferos. Mas a capacidade natural que a galinha apresenta para desenvolver dentes deriva de um ancestral comum com o jacaré - o arcossauro, que é mais recente do que o elo que une as aves aos mamíferos. Contudo, o mecanismo genético que produz dentes em ratos, jacarés e galinhas mutantes permanece o mesmo.
A maneira exata como a mutação faz com que as galinhas desenvolvam dentes ainda é desconhecida, observa Fallon, mas um efeito similar pode ser obtido com galinhas normais. Harris provou esse fato ao conceber, por meio de engenharia genética, um vírus que imita os sinais moleculares da mutação. Assim, ele conseguiu que galinhas normais desenvolvessem dentes por um breve período, os quais então são reabsorvidos no bico. A descoberta desse atavismo - apresentada na edição de 21 de fevereiro de 2006 da revista Current Biology - abre um novo caminho de pesquisas na tentativa de desvendar como estruturas específicas como os dentes desaparecem em diferentes linhagens evolucionárias. A descoberta também recupera as observações pioneiras de um dos pais da anatomia comparada.
http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/n ... a_118.html
Março
Por David Biello
Um dia, ao trabalhar até mais tarde no laboratório de biologia do desenvolvimento da Universidade do Wisconsin, Matthew Harris percebeu que o bico do embrião de uma galinha mutante que ele estava examinando havia caído. Um exame mais cuidadoso revelou que, no lugar do bico, haviam surgido pequenas protuberâncias que se assemelhavam a dentes - dentes de jacaré, mais precisamente. A descoberta acidental mostrou que as galinhas mantêm a capacidade de desenvolver dentes, mesmo que as aves tenham perdido essa característica muito tempo atrás. Fez também renascer a controversa teoria de um dos fundadores da anatomia comparada, Etienne Geoffroy Saint-Hillaire.
No começo do século XIX, Saint-Hillaire observou que papagaios em desenvolvimento apresentam pequenos nódulos no bico, semelhantes a dentes. Ele atribuiu essa particularidade ao fato de que os animais modernos seriam derivados de formas mais primitivas. Contudo, devido à sua polêmica com Georges Cuvier acerca da evolução, então no auge, a descoberta permaneceu esquecida até que Harris, ainda estudante de graduação, retomou-a após quase 200 anos.
As galinhas mutantes estudadas por Harris possuem um traço recessivo chamado "talpid". Tal característica é letal, de maneira que esses mutantes nunca chegam a nascer; alguns, porém, permanecem incubados em ovos por até 18 dias. Durante esse período, os mesmos dois tecidos a partir dos quais, em mamíferos, desenvolvem-se os dentes, unem-se na mandíbula do embrião mutante e fazem surgir primórdios de dentes, estrutura que as aves perderam há no mínimo 70 milhões de anos. "Não chega a ser um molar", explica o biólogo do desenvolvimento John Fallon, que supervisionou o trabalho de Harris. "Mas essa estrutura cônica, com a forma de um sabre, é claramente um dente. O outro animal que possui dentes assim é o jacaré."
Esforços anteriores para produzir dentes em galinhas haviam partido da idéia de introduzir informação genética de camundongos. Como resultado, as galinhas desenvolviam molares como os de mamíferos. Mas a capacidade natural que a galinha apresenta para desenvolver dentes deriva de um ancestral comum com o jacaré - o arcossauro, que é mais recente do que o elo que une as aves aos mamíferos. Contudo, o mecanismo genético que produz dentes em ratos, jacarés e galinhas mutantes permanece o mesmo.
A maneira exata como a mutação faz com que as galinhas desenvolvam dentes ainda é desconhecida, observa Fallon, mas um efeito similar pode ser obtido com galinhas normais. Harris provou esse fato ao conceber, por meio de engenharia genética, um vírus que imita os sinais moleculares da mutação. Assim, ele conseguiu que galinhas normais desenvolvessem dentes por um breve período, os quais então são reabsorvidos no bico. A descoberta desse atavismo - apresentada na edição de 21 de fevereiro de 2006 da revista Current Biology - abre um novo caminho de pesquisas na tentativa de desvendar como estruturas específicas como os dentes desaparecem em diferentes linhagens evolucionárias. A descoberta também recupera as observações pioneiras de um dos pais da anatomia comparada.
http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/n ... a_118.html
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
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Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Isso prova que o Jacaré dá seus pulinhos. Se o galo não dá conta...
Existem dois tipos de humanos: Os manipuladores e os manipulados. Qual deles você é?
- Aurelio Moraes
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Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Que horror, uma galinha mutante dentuça.
- Fernando Silva
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Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Na verdade, ela ainda tem a informação genética para produzir os dentes, só que há uma outra instrução que diz, a uma certa altura do desenvolvimento do feto: "Suspende os dentes!".
Nos seres humanos, há uma instrução que manda suspender o crescimento do rabo, mas às vezes ela também falha e a criança nasce com uma cauda.
Nos seres humanos, há uma instrução que manda suspender o crescimento do rabo, mas às vezes ela também falha e a criança nasce com uma cauda.
- Aurelio Moraes
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Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Se somos feitos à imagem e semelhança de deus (sic), deus também pode ter rabo?
- Simão_Bacamarte
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Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Mr.Hammond, sim. Só não se alguém já comeu.
Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Isso me faz lembrar o dilema de Maynard-Smith. Porque razao as aves nao desenvolveram cornos, já que os seus antepassados dinossauros eram fartamente cornudos? Será essa uma resposta possível. Genes que nao se expressam. Mas em tantos milhares de espécies de aves, porque razao nao há sequer uma linhagem com cornos? A mesma pergunta vale para os dentes. De certeza que ao longo da história devem ter aparecido inumeros mutantes com dentes. Mas nunca formaram uma linhagem. Isto mostra que a evoluçao deve trabalhar com restriçoes á variaçao...
Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Agora, minhocas, centopéias e larvas poderão sentir o que é ser destroçado por dentes de jacaré...
Nem deus pensaria nisso...
Nem deus pensaria nisso...

- Ateu Tímido
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Re: Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
Najma escreveu:Agora, minhocas, centopéias e larvas poderão sentir o que é ser destroçado por dentes de jacaré...
Nem deus pensaria nisso...




Re: Re.: Galinha mutante desenvolve dentes de jacaré.
x03k98r escreveu:Isso me faz lembrar o dilema de Maynard-Smith. Porque razao as aves nao desenvolveram cornos, já que os seus antepassados dinossauros eram fartamente cornudos? Será essa uma resposta possível. Genes que nao se expressam. Mas em tantos milhares de espécies de aves, porque razao nao há sequer uma linhagem com cornos? A mesma pergunta vale para os dentes. De certeza que ao longo da história devem ter aparecido inumeros mutantes com dentes. Mas nunca formaram uma linhagem. Isto mostra que a evoluçao deve trabalhar com restriçoes á variaçao...

Bem, tem o casuar, mas provavelmente não é uma ressurreição genética.
Acredito que quanto aos dentes.... 1 - acho que todas aves atuais descendem de aves não-dentadas, possivelmente como adaptação inicial à dieta herbívora, inclusive as carnívoras; como em algum momento evoluiu nelas uma moela boa o suficente para que pudessem ser o grupo vertebrado terrestre mais diverso (suponho), apesar de desdentados, eventuais mutantes dentados não tiveram qualquer grande vantagem seletiva (deriva obviamente também não foi suficiente)
2 - o longo período de evolução sem dentes pode ter tido como base para "construção" posterior isso delas nunca desenvolverem os dentes, ficando "dependentes" disso. Já faz um tempo que li a notícia, mas parece que a galinha mutante original ao menos, morreu de outras más formações, talvez - talvez - relacionadas. Acho que é uma forma de restrição como você falou, a "lei" de Dollo é sobre isso, a tendência de estruturas perdidas em não voltarem mais
3 - quanto aos cornos especificamente, apenas uns poucos dinossauros mais relacionados às aves os tinham, tanto quanto sei; dos terópodes (onde as aves se incluem), do que me lembro, só ceratossauros, carnotaurus, e talvez o tiranossauro tivesse chifres meio modestos, segundo uns. Evolução de chifres como dos marginocéfalos, seria algo totalmente convergente, não se aplicando o tal dilema. E não deve ter convergido nisso porque, como adornos sexuais, penas parecem ter dado conta, ao mesmo tempo que são mais baratas, acabaram sendo mais "prováveis", com a exceção do casuar (talvez outras), que tem essa coisa (que na verdade, não sei se é adorno sexual ou o que)
4 - tanto cornos ou dentes possivelmente atrapalhariam adaptações atuais das aves, com relação ao vôo. Chifres, possivelmente arodinamicamente e em equilíbrio (tanto que o casuar não voa; ainda que não voasse mesmo sem o chifre); poderiam de qualquer forma evoluir como adorno sexal, assim como a cauda do pavão e outras aves atrapalha/impede o vôo, e ainda assim existem. Os dentes acho que atrapalhariam no "preening", nas aves "se pentearem", "fechando os zíperes" das penas com os bicos, o que acho que não daria muito certo com dentes, que estragariam as penas. Se não voassem mais, se mutantes dentados não tivessem qualquer outra inviabilidade que venha junto com a mutação que traz de volta os dentes, e se esses dentes fossem suficientemente vantajosos, aí talvez tivessemos alguma linhagem de aves dentadas ressurgindo.
Sem tempo nem paciência para isso.
Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:
www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.
Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution
Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções
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