O Despertar da Existência
Enviado: 12 Mar 2006, 14:24
Eu acredito no que aqui está escrito.
Sei que é um texto um tanto comprido, impróprio, para ser lido de uma só vez, na tela de um computador.
Sugiro que ele seja impresso, para ser apreciado em doses, em qualquer lugar em que a leitura não se torne um saco.
Até no banheiro, naquela hora em que não gostamos de ficar concentrados no que estamos fazendo, (hehehe!), é uma boa. Ajuda a fugir da realidade. (hehehe!)
Eu faço isso em textos grandes e acho ótimo.
Sua amiga está grávida? Seu amigo está grávido? Imprima e ofereça este presente.
O DESPERTAR DA EXISTÊNCIA
Por zencem
Agradecimentos a Res Cogitans e Delerue
Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades presumíveis eram de 2 e 8 anos.
Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas meninas-lobo. Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos.”A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas, que caíram de seus olhos, no dia em que Amala morreu.
O fato acima, ultrapassando os limites de um acontecimento curioso e, de certa forma, emocionante, nos dá pistas sobre a formação da consciência humana assim como rudimentos para algumas reflexões sobre “a responsabilidade” que a sociedade tem sobre esta formação.
O que, com efeito, explicaria o insucesso do Reverendo Singh em restabelecer as condições naturais de um ser racional, principalmente, em Kamala, já que, embora tenha sido criada por lobos, era um ser semelhante a nós racionais?
Isso leva a cogitar que há algo extraordinário na consciência humana, que determina as semelhanças, que se configura em determinado período da vida, e que é capaz até de transformar alguém, espiritualmente, de uma espécie, em outra completamente estranha à sua.
Corroborando no sentido de fornecer mais elementos para esta reflexão, cito, também, outro fato interessante, onde o avanço da ciência “possibilitou, a recuperação do órgão da visão” da paciente “MM”, “aos 45 anos”, cega quando ainda bebê, mas que, apesar da ajuda da ciência, não conseguia concretizar o ato de ver, tendo como motivo, a incapacidade do cérebro em processar e compreender os dados das imagens que recebia, e que levou a conclusão de que, dificilmente, voltaria a enxergar normalmente, apesar da vista estar recuperada.
Isso, talvez, esteja nos revelando, que a construção de nossa consciência, faculdades, capacidade cerebral, caráter, forma de sentir e de pensar, se assenta numa estrutura de formatos, instalados no primeiro período de nossa existência, circunscrito entre o nascimento e os seis anos iniciais, determinando o que seremos, pelo resto da vida.
Não é à-toa que os traumas ocorridos nesse período são devastadores, causando as seqüelas que nos acompanham em todo o existir.
Sem dúvida que o aprendizado, que vem depois desse período, será sempre bitolado por uma razão atrofiada, se, “neste período”, a criança não for cuidada e protegida do obscurantismo e de idéias que não representem fatos que ela possa compreender.
Estes dois relatos podem servir de referência, para descobrirmos que, o que somos depois de uma determinada idade, tem uma conexão com aquilo que ficou instalado no início da vida, não havendo condições da mente desenvolver determinadas capacidades se não houver a correspondente formatação, elaborada no despertar da existência.
Para ratificar isso, me valho de mais três exemplos:
a) Segundo pesquisa realizada pelo Governo de São Paulo, crianças que freqüentaram creches e jardim de infância até aos 6 anos, tem a capacidade de aprender diferenciada, quando comparadas com as que não freqüentaram.
b) Que crianças, até 6 anos, se submetidas a um ambiente apropriado, aprendem a falar, simultaneamente, vários idiomas, enquanto que, na condição de adultas, têm notável dificuldade em aprender outro idioma.
c) A peculiaridade estranha do cérebro humano, quando alguém sofre amputação de uma perna e continua a senti-la, como se ela ali estivesse tão presente, quanto não a tivesse perdido. É de se supor que este fenômeno não deve ocorrer em alguém, que tenha nascido sem tal membro, ou que tenha sido amputado em período próximo ao nascimento.
Este é um fato eloqüente nos confirmando que, uma vez definida a sua programação, o cérebro fica a ela condicionado “sem conseguir mais disso se livrar”, mesmo diante da mudança indiscutível, gerada por uma nova realidade.
“O que nos torna humanos?”
Faria parte da resposta a esta questão, algo que elucide o fato de sermos tão divididos e destruidores como, a bem da verdade, temos sido até hoje, com esta mente enclausurada, conflituosa e limitada, que não condiz com um animal, supostamente, superior, racional, como estamos condicionados a pensar, e que, portanto, deveria, com facilidade, achar solução para seus problemas?
Ou quem sabe até, algo que nos mostre o caminho, que nos vislumbrasse a oportunidade de descobrir “no que podemos nos tornar”, movidos, quem sabe, pelo inconformismo com esta realidade, optando por uma compreensão que nos conduza a um ser mais elevado, que se capacite, não só a conhecer e se libertar de seu obscurantismo, mas também, e por isso mesmo, a construir as condições para a paz, a harmonia e o amor.
Que espécie de humano sou, ou me satisfaço em ser?
Preferindo a conclusão de que o conflito e a divisão sejam mesmo uma fatalidade, da qual não podemos nos livrar; seria bastante simular uma dessas matizes ilusórias da nossa hipocrisia, diante desta variação de significados, que a palavra humano possa nos oferecer.
Ou seria melhor reconhecermos de uma vez que, na realidade, somos também irracionais como os outros animais, com um potente hardware, é verdade, que nos confere mais um diferencial de periculosidade do que a distinção de um suposto atributo espiritual?
Sim, porque de pouco adianta nos distinguirmos “como racionais”, se não somos capazes de aprender a nos livrar dessa fatalidade.
Por conseguinte, se o animal irracional, com seu cérebro rudimentar, é capaz de satisfazer, adequadamente, os objetivos comportamentais para que foi programado, pode-se concluir que a maneira de ver o homem como um Ser superior, distinto e evoluído, não passa de uma presunção estúpida, já que não conseguiu ser mais do que um projeto comprovadamente mal sucedido... um desastre para a natureza, para a sociedade e para si mesmo.
Para o conjunto da vida, o homem parece ser a comprovação de que
monstros existem.
Onde poderia, então, estar o problema?
Bem, o homem possui a mente como ferramenta, cuja utilidade é guiar suas ações.
Ela possui dois aspectos importantes: um é o formado pelos sentidos, que funcionam como antenas para coloca-lo em contacto com o ambiente com que se relaciona, e outro é a memória, que lhe fornece os dados do conhecimento que traduzem o que é experimentado, possibilitando à mente raciocinar e definir a ação.
Portanto, uma mente nutrida de bons conhecimentos, está capacitada para boas soluções.
Tais conhecimentos, formados pelos dados contidos na memória, serão “tão preciosos quanto o nível de realidade”, de que são formados estes dados.
A ciência construída pelo homem, e que é responsável pelo seu desenvolvimento material é constituída de dados de “alta veracidade”, que se acumularam durante séculos, mantendo sempre este sentido de realidade, construindo conceitos que são aceitos universalmente, sem provocar sectarismos.
Portanto, a ciência é o único fenômeno de união humana, porque se baseia na observação da realidade.
Mas isso é apenas um aspecto da mente.
Existem outros, onde, nem todos os dados contidos na memória representam fatos reais, principalmente, quando se referem aos que formam a consciência e que trabalham as emoções e os sentimentos, que fazem parte do relacionamento com o ambiente e a sociedade.
Se os dados desta área tivessem seguido o mesmo critério de realidade do conhecimento científico e que tal conhecimento fosse produto de experiências reais, certamente teríamos uma humanidade iluminada, mais sábia, tranqüila e feliz.
Como não é, eis a razão, a meu ver, da nossa ruína espiritual, de nossos conflitos e depressões.
Portanto, se o (2+2 = 4), é um dado que pode ajudar-nos a resolver problemas lógicos, crer em superstições e invencionices é um dado que causa a distorção e o obscurantismo e nos leva a agir, subjetivamente, pela emoção do medo, gerando confusão, ansiedades, stress, enganação, charlatanismo, etc...
Assim, dados irreais funcionam na nossa mente como vírus de computador, deixando-a limitada e estúpida, ou reduzindo a sua capacidade de processar a compreensão.
Dados irreais, que vão formar “o condicionamento da mente”, são dados enganadores, que podemos chamá-los de parasitas ou MEMES, e que tem a finalidade apenas de frustrar a capacidade da inteligência.
Penso que está neste condicionamento a chave de nossos problemas, pois que, enquanto no chamado animal irracional, a programação é o instinto natural; no homem, ela segue uma variação artificial, diversa e instável conforme a cultura em que se vive, sintetizada a partir da acumulação da própria experiência e da influência de idéias e fantasias que surgiram para dominá-lo, como um véu que ofusca “o sentimento de importância que ele deveria dar à realidade”.
Daí, o choque entre o que é incontestável contido na natureza e o que é passível de suspeição contido na artificialidade humana.
Materialmente, aplicamos nossa inteligência com sucesso, para superar nossas dificuldades junto aos desafios com a natureza; Já no campo mental, ou espiritual, somos incapazes de ver com clareza as nossas dificuldades e pôr em prática, com naturalidade, um caminho comum, que nos leve à harmonia.
Bem dizendo, somos castrados para não sentir a importância de solucionar tais dificuldades, embora elas causem muito mais insegurança, desconforto e ameaças do que a materialidade da natureza, em relação a qual, obedecendo aos princípios da verdade, temos logrado esse incontestável sucesso.
Cada um de nós tem um pouco de KAMALA, definitivamente implantado na consciência: É quase impossível aprender o NOVO, e se, para alguns, há a dádiva deste encantamento pela verdade, para a grande maioria, nem esta oportunidade se oferece. Somos cérebros que continuam a querer andar com a perna amputada.
Os casos KAMALA e MM servem-nos de um alerta para constatar que, embora o descobrimento da verdade pelo livre pensar possa operar um resultado espetacular em nossa consciência, restarão sempre seqüelas daquilo que se formou no início da vida:
É ali, onde fica sentenciado o nosso destino, as nossas emoções e a nossa capacidade de viver e de pensar.
Mais do que nunca, se torna eloqüente o pensamento de Saint Exuperie, ao se ver diante daquele bebê que estava sendo amamentado por sua mãe:
“Eis aí um Mozart.
Cuidado, educado, o que não seria ele?
...Mas Mozart está condenado.
Não haverá jardineiros para ele.
Mozart entrará para esta estranha máquina de entortar homens e fará as suas alegrias mais altas, da música podre dos cafés-concertos.
“Mozart está morto”...
...Porque será educado por uma sociedade doente, cheia de fanatismos, cheia de gente interessada em que a ele sejam vedados “os princípios da verdade, da liberdade e do respeito à individualidade”.
As religiões, as instituições políticas, que são a amostra do que de mais torpe e hipócrita tem a humanidade, tratarão de fazer de Mozart mais uma aberração.
Por isso são tão sôfregos em professar religião nas escolas.
Bem aventurada és tu, KAMALA, que foste educada pelos lobos.
Certamente, se existe paraíso, estás lá, grandiosa na tua solidão, junto com tua irmãzinha AMALA, sem a marca que “os impostores infligem em nossa alma infantil, como se fôssemos gados de sua propriedade”.
Sei que é um texto um tanto comprido, impróprio, para ser lido de uma só vez, na tela de um computador.
Sugiro que ele seja impresso, para ser apreciado em doses, em qualquer lugar em que a leitura não se torne um saco.
Até no banheiro, naquela hora em que não gostamos de ficar concentrados no que estamos fazendo, (hehehe!), é uma boa. Ajuda a fugir da realidade. (hehehe!)
Eu faço isso em textos grandes e acho ótimo.
Sua amiga está grávida? Seu amigo está grávido? Imprima e ofereça este presente.
O DESPERTAR DA EXISTÊNCIA
Por zencem
Agradecimentos a Res Cogitans e Delerue
Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades presumíveis eram de 2 e 8 anos.
Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas meninas-lobo. Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos.”A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas, que caíram de seus olhos, no dia em que Amala morreu.
O fato acima, ultrapassando os limites de um acontecimento curioso e, de certa forma, emocionante, nos dá pistas sobre a formação da consciência humana assim como rudimentos para algumas reflexões sobre “a responsabilidade” que a sociedade tem sobre esta formação.
O que, com efeito, explicaria o insucesso do Reverendo Singh em restabelecer as condições naturais de um ser racional, principalmente, em Kamala, já que, embora tenha sido criada por lobos, era um ser semelhante a nós racionais?
Isso leva a cogitar que há algo extraordinário na consciência humana, que determina as semelhanças, que se configura em determinado período da vida, e que é capaz até de transformar alguém, espiritualmente, de uma espécie, em outra completamente estranha à sua.
Corroborando no sentido de fornecer mais elementos para esta reflexão, cito, também, outro fato interessante, onde o avanço da ciência “possibilitou, a recuperação do órgão da visão” da paciente “MM”, “aos 45 anos”, cega quando ainda bebê, mas que, apesar da ajuda da ciência, não conseguia concretizar o ato de ver, tendo como motivo, a incapacidade do cérebro em processar e compreender os dados das imagens que recebia, e que levou a conclusão de que, dificilmente, voltaria a enxergar normalmente, apesar da vista estar recuperada.
Isso, talvez, esteja nos revelando, que a construção de nossa consciência, faculdades, capacidade cerebral, caráter, forma de sentir e de pensar, se assenta numa estrutura de formatos, instalados no primeiro período de nossa existência, circunscrito entre o nascimento e os seis anos iniciais, determinando o que seremos, pelo resto da vida.
Não é à-toa que os traumas ocorridos nesse período são devastadores, causando as seqüelas que nos acompanham em todo o existir.
Sem dúvida que o aprendizado, que vem depois desse período, será sempre bitolado por uma razão atrofiada, se, “neste período”, a criança não for cuidada e protegida do obscurantismo e de idéias que não representem fatos que ela possa compreender.
Estes dois relatos podem servir de referência, para descobrirmos que, o que somos depois de uma determinada idade, tem uma conexão com aquilo que ficou instalado no início da vida, não havendo condições da mente desenvolver determinadas capacidades se não houver a correspondente formatação, elaborada no despertar da existência.
Para ratificar isso, me valho de mais três exemplos:
a) Segundo pesquisa realizada pelo Governo de São Paulo, crianças que freqüentaram creches e jardim de infância até aos 6 anos, tem a capacidade de aprender diferenciada, quando comparadas com as que não freqüentaram.
b) Que crianças, até 6 anos, se submetidas a um ambiente apropriado, aprendem a falar, simultaneamente, vários idiomas, enquanto que, na condição de adultas, têm notável dificuldade em aprender outro idioma.
c) A peculiaridade estranha do cérebro humano, quando alguém sofre amputação de uma perna e continua a senti-la, como se ela ali estivesse tão presente, quanto não a tivesse perdido. É de se supor que este fenômeno não deve ocorrer em alguém, que tenha nascido sem tal membro, ou que tenha sido amputado em período próximo ao nascimento.
Este é um fato eloqüente nos confirmando que, uma vez definida a sua programação, o cérebro fica a ela condicionado “sem conseguir mais disso se livrar”, mesmo diante da mudança indiscutível, gerada por uma nova realidade.
“O que nos torna humanos?”
Faria parte da resposta a esta questão, algo que elucide o fato de sermos tão divididos e destruidores como, a bem da verdade, temos sido até hoje, com esta mente enclausurada, conflituosa e limitada, que não condiz com um animal, supostamente, superior, racional, como estamos condicionados a pensar, e que, portanto, deveria, com facilidade, achar solução para seus problemas?
Ou quem sabe até, algo que nos mostre o caminho, que nos vislumbrasse a oportunidade de descobrir “no que podemos nos tornar”, movidos, quem sabe, pelo inconformismo com esta realidade, optando por uma compreensão que nos conduza a um ser mais elevado, que se capacite, não só a conhecer e se libertar de seu obscurantismo, mas também, e por isso mesmo, a construir as condições para a paz, a harmonia e o amor.
Que espécie de humano sou, ou me satisfaço em ser?
Preferindo a conclusão de que o conflito e a divisão sejam mesmo uma fatalidade, da qual não podemos nos livrar; seria bastante simular uma dessas matizes ilusórias da nossa hipocrisia, diante desta variação de significados, que a palavra humano possa nos oferecer.
Ou seria melhor reconhecermos de uma vez que, na realidade, somos também irracionais como os outros animais, com um potente hardware, é verdade, que nos confere mais um diferencial de periculosidade do que a distinção de um suposto atributo espiritual?
Sim, porque de pouco adianta nos distinguirmos “como racionais”, se não somos capazes de aprender a nos livrar dessa fatalidade.
Por conseguinte, se o animal irracional, com seu cérebro rudimentar, é capaz de satisfazer, adequadamente, os objetivos comportamentais para que foi programado, pode-se concluir que a maneira de ver o homem como um Ser superior, distinto e evoluído, não passa de uma presunção estúpida, já que não conseguiu ser mais do que um projeto comprovadamente mal sucedido... um desastre para a natureza, para a sociedade e para si mesmo.
Para o conjunto da vida, o homem parece ser a comprovação de que
monstros existem.
Onde poderia, então, estar o problema?
Bem, o homem possui a mente como ferramenta, cuja utilidade é guiar suas ações.
Ela possui dois aspectos importantes: um é o formado pelos sentidos, que funcionam como antenas para coloca-lo em contacto com o ambiente com que se relaciona, e outro é a memória, que lhe fornece os dados do conhecimento que traduzem o que é experimentado, possibilitando à mente raciocinar e definir a ação.
Portanto, uma mente nutrida de bons conhecimentos, está capacitada para boas soluções.
Tais conhecimentos, formados pelos dados contidos na memória, serão “tão preciosos quanto o nível de realidade”, de que são formados estes dados.
A ciência construída pelo homem, e que é responsável pelo seu desenvolvimento material é constituída de dados de “alta veracidade”, que se acumularam durante séculos, mantendo sempre este sentido de realidade, construindo conceitos que são aceitos universalmente, sem provocar sectarismos.
Portanto, a ciência é o único fenômeno de união humana, porque se baseia na observação da realidade.
Mas isso é apenas um aspecto da mente.
Existem outros, onde, nem todos os dados contidos na memória representam fatos reais, principalmente, quando se referem aos que formam a consciência e que trabalham as emoções e os sentimentos, que fazem parte do relacionamento com o ambiente e a sociedade.
Se os dados desta área tivessem seguido o mesmo critério de realidade do conhecimento científico e que tal conhecimento fosse produto de experiências reais, certamente teríamos uma humanidade iluminada, mais sábia, tranqüila e feliz.
Como não é, eis a razão, a meu ver, da nossa ruína espiritual, de nossos conflitos e depressões.
Portanto, se o (2+2 = 4), é um dado que pode ajudar-nos a resolver problemas lógicos, crer em superstições e invencionices é um dado que causa a distorção e o obscurantismo e nos leva a agir, subjetivamente, pela emoção do medo, gerando confusão, ansiedades, stress, enganação, charlatanismo, etc...
Assim, dados irreais funcionam na nossa mente como vírus de computador, deixando-a limitada e estúpida, ou reduzindo a sua capacidade de processar a compreensão.
Dados irreais, que vão formar “o condicionamento da mente”, são dados enganadores, que podemos chamá-los de parasitas ou MEMES, e que tem a finalidade apenas de frustrar a capacidade da inteligência.
Penso que está neste condicionamento a chave de nossos problemas, pois que, enquanto no chamado animal irracional, a programação é o instinto natural; no homem, ela segue uma variação artificial, diversa e instável conforme a cultura em que se vive, sintetizada a partir da acumulação da própria experiência e da influência de idéias e fantasias que surgiram para dominá-lo, como um véu que ofusca “o sentimento de importância que ele deveria dar à realidade”.
Daí, o choque entre o que é incontestável contido na natureza e o que é passível de suspeição contido na artificialidade humana.
Materialmente, aplicamos nossa inteligência com sucesso, para superar nossas dificuldades junto aos desafios com a natureza; Já no campo mental, ou espiritual, somos incapazes de ver com clareza as nossas dificuldades e pôr em prática, com naturalidade, um caminho comum, que nos leve à harmonia.
Bem dizendo, somos castrados para não sentir a importância de solucionar tais dificuldades, embora elas causem muito mais insegurança, desconforto e ameaças do que a materialidade da natureza, em relação a qual, obedecendo aos princípios da verdade, temos logrado esse incontestável sucesso.
Cada um de nós tem um pouco de KAMALA, definitivamente implantado na consciência: É quase impossível aprender o NOVO, e se, para alguns, há a dádiva deste encantamento pela verdade, para a grande maioria, nem esta oportunidade se oferece. Somos cérebros que continuam a querer andar com a perna amputada.
Os casos KAMALA e MM servem-nos de um alerta para constatar que, embora o descobrimento da verdade pelo livre pensar possa operar um resultado espetacular em nossa consciência, restarão sempre seqüelas daquilo que se formou no início da vida:
É ali, onde fica sentenciado o nosso destino, as nossas emoções e a nossa capacidade de viver e de pensar.
Mais do que nunca, se torna eloqüente o pensamento de Saint Exuperie, ao se ver diante daquele bebê que estava sendo amamentado por sua mãe:
“Eis aí um Mozart.
Cuidado, educado, o que não seria ele?
...Mas Mozart está condenado.
Não haverá jardineiros para ele.
Mozart entrará para esta estranha máquina de entortar homens e fará as suas alegrias mais altas, da música podre dos cafés-concertos.
“Mozart está morto”...
...Porque será educado por uma sociedade doente, cheia de fanatismos, cheia de gente interessada em que a ele sejam vedados “os princípios da verdade, da liberdade e do respeito à individualidade”.
As religiões, as instituições políticas, que são a amostra do que de mais torpe e hipócrita tem a humanidade, tratarão de fazer de Mozart mais uma aberração.
Por isso são tão sôfregos em professar religião nas escolas.
Bem aventurada és tu, KAMALA, que foste educada pelos lobos.
Certamente, se existe paraíso, estás lá, grandiosa na tua solidão, junto com tua irmãzinha AMALA, sem a marca que “os impostores infligem em nossa alma infantil, como se fôssemos gados de sua propriedade”.